Ultima atualização 14 de dezembro

Relatórios financeiros passarão a divulgar riscos climáticos

Criada pelo G20, força-tarefa recomenda às empresas que divulguem como gerenciam esses riscos e como cortam as emissões dos gases de efeito estufa

riscos

Uma força-tarefa global criada para tentar evitar choques de mercado causados pelo aquecimento do planeta recomenda às empresas que divulguem como gerenciam os riscos que as mudanças climáticas causam a seus negócios e como estão cortando as emissões dos gases de efeito estufa. A Força-Tarefa sobre Divulgações Financeiras Relacionadas com o Clima (TCFD), convocada pelo grupo das 20 principais economias (G20) e criada por seu Conselho de Estabilidade Financeira (FSB), apresentou o primeiro relatório de recomendações, aberto a consulta pública por 60 dias até 12 de fevereiro de 2017 neste link.

As recomendações apresentadas para empresas listadas em mercados de capitais incluem a identificação, avaliação e gerenciamento dos riscos e oportunidades relacionados ao clima, bem como a comunicação de como os riscos climáticos no curto, médio e longo prazo afetam os negócios, as estratégias e o planejamento financeiro. Elas também abrangem a descrição do impacto potencial sobre as empresas advindos da limitação do aumento da temperatura global a 2 graus Celsius, como determina o acordo climático global que entrou em vigor em novembro deste ano, e como os cortes nas emissões de gases de efeito estufa afetarão os resultados financeiros.

Entre a comunidade financeira, crescem as preocupações de que os ativos estejam sendo mal precificados porque a extensão total do risco do clima não está devidamente contabilizada, ameaçando a estabilidade do mercado. De acordo com o Barclays, somente a indústria de combustíveis fósseis poderia perder US$ 34 trilhões em receitas até 2040, já que um acordo global para limitar o aumento da temperatura para bem abaixo de 2 graus Celsius reduz a demanda por petróleo, carvão e gás. Nos Estados Unidos, a Exxon Mobil Corp. é investigada sobre a indução de seus investidores ao erro sobre riscos climáticos aos quais ela está exposta. “Apenas um terço das 1.000 principais empresas dos EUA produzem informações amplamente comparáveis sobre os riscos climáticos que enfrentam”, lembrou Mark Carney, presidente do Bank of England, que preside o FSB, durante o lançamento do relatório com recomendações.

Embora as medidas recomendadas pela TCFD sejam voluntárias, alguns de seus membros argumentam que elas devem se tornar obrigatórias. “Só então o risco climático irá se tornar integrante da governança corporativa e da forma como todos nós fazemos negócios”, disse Mark Wilson, diretor executivo da empresa de seguros Aviva Plc, em comunicado.

Ingrid Holmes, diretora do think tank E3G concorda. “As recomendações desta força-tarefa são um movimento muito bem vindo à luta para fornecer aos investidores as informações necessárias para que eles possam identificar, precificar e gerenciar adequadamente os riscos climáticos. No entanto, somente a comunicação mandatória desses riscos permitirá a ampla cobertura que tanto os investidores como os agentes reguladores do mercado precisam para evitar que desastres climáticos se tornem desastres financeiros. O próximo passo óbvio é que governos e reguladores tornem estas exigências de voluntárias em obrigatórias”.

De acordo com o relatório, energia, transporte, materiais de construção e edifícios, agricultura, produtos florestais e alimentares, bancos, companhias de seguros, proprietários e gestores de ativos são os setores com maior probabilidade de exposição aos impactos financeiros relacionados com o clima.

Para Mark Campanale, fundador e diretor executivo da Carbon Tracker, as recomendações são o sinal mais forte de que os riscos relacionados ao clima são riscos financeiros. “Muitas grandes empresas do passado foram vítimas de transições tecnológicas que elas não identificar. As recomendações da força tarefa ressaltam a importância do envolvimento dos conselhos de administração com as realidades de riscos e oportunidades relacionados ao clima, a fim de que as empresas de combustíveis fósseis não sigam o mesmo caminho da extinção como Olivetti e Blockbuster.”

A TCFD tem 32 membros, entre bancos, companhias de seguros, empresas de gestão de ativos, fundos de pensões, agências de rating de crédito, empresas de contabilidade e consultoria.

L.S.
Revista Apólice

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