Ultima atualização 01 de fevereiro

Open Insurance: Entenda os principais desafios e oportunidades

Pedro Miranda, gerente de Serviços Financeiros da consultoria Oliver Wyman, comenta sobre como o ecossistema pode transformar o mercado brasileiro de seguros

EXCLUSIVO – Com a implementação do Open Insurance, o mercado brasileiro de seguros deve passar por uma grande transformação. É o que aponta o estudo “Perspectivas do Open Insurance”, realizado pela consultoria Oliver Wyman. De acordo com a pesquisa, o novo ecossistema, quando estiver totalmente implementado no Brasil, irá ampliar e melhorar a oferta de produtos e serviços através do compartilhamento de dados dos clientes entre seguradoras e sociedades iniciadoras de serviços de seguros.

Segundo o estudo, quase 40% dos 3 mil brasileiros entrevistados estão abertos a compartilhar os seus dados de transação de seguros e outros 40% considerariam compartilhar seus dados com outras companhias de seguros, caso isso gere melhores ofertas de serviços. Pedro Miranda, gerente de Serviços Financeiros da Oliver Wyman, conversou com a Revista Apólice e analisou benefícios e desafios do Open Insurance no Brasil.

Implementação das fases 1 e 2, e o que esperar da implementação da fase 3 do projeto

A fase 1, de dados abertos, já foi implementada, em junho 2022. Trata-se de uma etapa de menor complexidade em relação às outras, por abranger dados públicos sobre produtos e canais de atendimento das seguradoras. Já a fase 2, que sofreu atrasos, está com a conclusão do primeiro bloco de dados prevista para o início de março. Nela, serão compartilhados dados de clientes.

Para Miranda, dentre todas as implementações de Open Insurance, essa fase tem sido mais desafiadora, devido à necessidade de padronizar um alto volume de dados entre instituições. “Devemos garantir sua qualidade e desenhar um processo eficiente, mas ao mesmo tempo seguro para obtenção do consentimento do consumidor”.

No dia 24 de janeiro, a Susep (Superintendência de Seguros Privados) publicou a Circular nº 688/23, que atualiza as datas referentes ao projeto Open Insurance, previstos na Circular nº 635/21, com o objetivo de compatibilizar o cronograma com o prazo complementar concedido recentemente pela alteração da Resolução CNSP nº 415, de 2021. Com a nova estrutura de prazos definida, a fase de compartilhamento de serviços (fase 3) será implementada até 15 de setembro.

Desafios da implementação do Open Insurance e o que pode ser melhorado no processo

Segundo o executivo, a implementação do Open Insurance, similarmente ao Open Banking, traz desafios na sua implementação, sendo o principal dele o de tecnologia e qualidade dos dados, considerando o grau de complexidade da iniciativa. “Tanto a Convenção responsável pela implementação precisa garantir que a documentação disponibilizada seja robusta e completa, para mitigar problemas de conexão e inconsistência de padrões entre participantes, quanto os próprios participantes precisarão investir em seus parques tecnológicos e capacidades analíticas para conseguirem se conectar ao ecossistema, compartilhar os dados de boa qualidade de maneira fluida e transformar essas informações em soluções de valor agregado para os clientes”.

Pedro Miranda

Miranda reforça que a experiência do cliente em seu processo de autenticação é um desafio adicional para o Open Insurance (maior do que para o Open Banking), que está sendo discutido pelo mercado e precisará ser superado para permitir ampla adoção dos clientes. “Na maioria dos casos, o consumidor não se relaciona de forma digital com sua seguradora, diferentemente de um banco. As seguradoras precisarão criar uma área logada, que por vezes não existe, para realizar a autenticação do cliente ou alavancar parceiros confiáveis nesse processo”.

O gerente de Serviços Financeiros da Oliver Wyman também ressalta que a interoperabilidade entre o ecossistema do Open Insurance e o de Open Banking é uma grande oportunidade, pois possibilita que o cliente faça a gestão de toda sua vida financeira em uma única plataforma. “Entretanto, essa interoperabilidade apresenta desafios significativos em termos de governança e tecnologia, e precisa ser cuidadosamente planejada após terminar com êxito a implementação dos dois ecossistemas”.

Linhas de seguros que devem ser mais beneficiadas/afetadas pelo Open Insurance

De acordo com Miranda, ao ampliar e melhorar a oferta de produtos e serviços de seguro através do compartilhamento de dados dos clientes, a expectativa é que o impacto seja maior nas linhas de produtos massificados, focados em pessoas físicas e pequenas empresas. “Os produtos de seguros mais próximos do dia a dia do cliente, como o seguro Automóvel, Residencial e Vida, devem ser os mais afetados, pois os consumidores terão acesso mais fácil às ofertas e poderão fazer escolhas orientadas por preços”.

A adaptação das incumbentes no mercado brasileiro ao Open Insurance

Segundo o executivo, as companhias incumbentes enfrentarão tanto oportunidades quanto desafios neste novo ecossistema, tendo que inovar e melhorar a experiência do cliente para manter a competitividade. “As oportunidades são de fortalecimento do relacionamento com o segurado, desenvolvimento de produtos inovadores e mais personalizados a partir da melhor avaliação das necessidades e riscos de novos clientes”.

Para Miranda, um desafio para as empresas será o investimento significativo para cumprir as exigências e extrair valor do Open Insurance. “A concorrência baseada em preços também pode aumentar, comprimindo as margens e aumentando a propensão à troca de seguradoras ao longo do tempo. Existem também os riscos intrínsecos de maior exposição a ataques cibernéticos, vazamento de dados e responsabilidade legal associada a isso”.

Como podem insurtechs e outros novos players aproveitar as oportunidades geradas pelo Open Insurance

O estudo da Oliver Wyman apontou que ainda há dúvidas no mercado em torno do papel da SISS (Sociedades Iniciadoras de Serviço de Seguros), porém, a expectativa é que vários players irão se interessar em criar uma SISS. Insurtechs seguradoras, corretoras de seguros, bancos, instituições iniciadoras de transação de pagamento (do Open Banking), varejistas, Big Techs, Superapps e provedores de tecnologia poderão ter interesse em se tornar SISS.

Miranda ressalta que esse movimento já é esperado pelo mercado e que os novos players podem desenvolver diversos modelos de negócios, o que pode ajudar na expansão do mercado de seguros brasileiro e mundial. “Isso lhes permitirá avaliar melhor os riscos dos clientes, tornando-se mais competitivos. A capacidade de fornecer ao segurado uma ótima experiência e de inovar em seus produtos ou modelo de distribuição será um diferencial”.

Nicole Fraga
Revista Apólice

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