Ultima atualização 08 de março

Dia das mulheres: Conheça executivas que ajudam a transformar o mercado de seguros

Segundo um estudo da ENS, elas correspondem a 55% da mão de obra no setor e são fundamentais para que o segmento continue crescendo

EXCLUSIVO – Quebrando o paradigma de que o mercado de seguros é composto em sua maioria por homens, um estudo da ENS (Escola de Negócios e Seguros) realizado em 2019 apontou que as mulheres correspondem a 55% da mão de obra no setor. A pesquisa mostra dados do ano de 2018 e foi coordenada pela diretora de ensino técnico da entidade, Maria Helena Monteiro, em parceria com o economista Francisco Galiza.

O estudo faz uma análise dessas profissionais, correlacionando não só o mercado de seguros, mas a sociedade no geral e a evolução da presença feminina nos postos de trabalho. Apesar do aumento de mulheres em cargos de gerência, elas enfrentam um desafio a mais ao chegar a mesma posição de um homem: o salário. Segundo um levantamento feito pela consultoria IDados com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, as mulheres ganham em geral 80% do salário do homens, variando em cada região do Brasil. O menor índice foi registrado no Mato Grosso do Sul, chegando a 65,4%.

Além disso, a jornada dupla e o cuidado com os filhos sempre foram vinculados ao universo feminino. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), as mulheres ocupam 53,3 horas por semana com o trabalho, incluindo afazeres domésticos, enquanto os homens tomam 50,2 horas semanalmente.

Com a pandemia e o home office, essa sobrecarga de tarefas piorou: uma pesquisa realizada pelo Datafolha em São Paulo indicou que 63% das mulheres tiveram um aumento de responsabilidade dentro de casa. Dados do Global Gender Gap Report 2021, organizado pelo Fórum Econômico Mundial, apontam que a o tempo necessário para acabar com a disparidade global de gênero subiu em uma geração, aumentando de 99,5 anos para 135,6 anos.

Disseminando a cultura de equidade de gênero no mercado de seguros, a atuação de organizações como a Sou Segura (Associação das Mulheres do Mercado de Seguros), o IDIS (Instituto pela Diversidade e Inclusão do Mercado de Seguros) e até coletivos dentro das próprias seguradoras é fundamental para uma maior igualdade no setor. Para celebrar o Dia Internacional das Mulheres, a Revista Apólice resolveu contar um pouco da trajetória de algumas representantes femininas do segmento.

Karine Barros

Karine Barros

Formada em Engenharia pela PUC-RIO e MBA em Marketing na ESPM, a atual diretora executiva Comercial da Allianz Seguros conta com mais de 20 anos de experiência no mercado de trabalho. Nesse período, a executiva já trabalhou em bancos e também em administradoras financeiras. No setor de seguros, Karine já cuidou de áreas como Gestão de Mercado e Planejamento Estratégico e Linhas Corporativas, Saúde e Resseguros.

Karine já está há sete anos na Allianz, tendo atuado na área Comercial, como Superintendente de Planejamento, e passado por várias outras áreas, entre elas a diretora Corporativa de P&C. Além disso, ela representa o Brasil no Programa Women’s Sponsorship, uma iniciativa global da companhia para o desenvolvimento de lideranças.

“Eu sempre acreditei que o seguro, além do papel fundamental no crescimento econômico, tem uma contribuição enorme para a sociedade, na medida em que protege a vida e o patrimônio das pessoas. Dessa forma, quando tive a oportunidade de ingressar nesse universo, com uma proposta de valor tão diferenciada, não tive dúvidas em aceitar. Eu cheguei até através de muito trabalho e, claro, também tive oportunidades e líderes que me formaram e que me permitiram assumir o desafio de estar em um cargo de liderança. Acredito que de alguma maneira isso serve de exemplo para que outras mulheres acreditem em seus potenciais e possam desenvolvê-los”.

Márcia Camacho

Márcia Camacho

A diretora de Vendas da Minuto Seguros é formada em Administração pela ENS e é mestre em Gestão de Negócios pela FIA. Márcia atua há 10 anos no segmento de insurtechs e, em 2012, se encantou pela possibilidade de facilitar todo o processo de cotação e compra de seguros.

Em 2017 ela recebeu uma proposta de sair do Rio de Janeiro para trabalhar na corretora em São Paulo, tendo que deixar a família para apostar em uma nova oportunidade, o que segundo ela gerou muitas críticas. “Eu não abandonei ninguém, foi uma decisão que tomamos em conjunto e naquele momento foi a minha família quem mais apoiou a busca pelos meus sonhos”, diz Márcia.

A executiva afirma que é necessário que todos os setores, não apenas o mercado de seguros, promovam debates para fazer com que mulheres se identifiquem com segmentos rotulados como masculinos. Márcia ainda dá um conselho para aquelas que desejam entrar no setor segurador. “Não limite seus sonhos baseado na expectativa do que outras pessoas vão achar de você e não se cobre a ser multitarefa. Procure trabalhar em uma empresa em que a mulher tenha voz e vez, pois os papéis das pessoas que fazem parte da sua equipe são tão importantes quanto o seu”.

Patrícia Coimbra

Patrícia Coimbra

Formada em Tecnologia da Informação, graduada em Economia e pós-graduada em Marketing, Patrícia ocupa o cargo de vice-presidente de Capital Humano, Administrativo, Sustentabilidade e Marketing da SulAmérica. A executiva iniciou sua carreira na Shell, onde atuou por nove anos. Ela começou na área de Tecnologia, com apoio às áreas de planejamento econômico, financeiro e estratégico da empresa. Após essa experiência, foi para a área de Recursos Humanos.

Na SulAmérica, Patrícia já ocupou os cargos de Diretora de Capital Humano, depois passou a ser responsável pela área Administrativa, Sustentabilidade e mais recentemente Marketing. “No setor de seguros, você trabalha com serviços em uma cadeia de muitos stakeholders e negócios envolvidos. Tem toda uma complexidade de você entregar serviços, algo bem mais subjetivo, diferente de um produto que é colocado em uma gôndola. Foi isso que despertou meu interesse na área”, diz.

A executiva afirma que apesar de toda a sua trajetória de crescimento profissional ter sido em ambientes masculinos, nunca sentiu nenhum tipo de barreira pelo fato de ser mulher, e entende que foi uma exceção. “Tive o privilégio de trabalhar em grandes empresas que o fato de ser mulher nunca foi um impeditivo para que eu pudesse chegar onde cheguei. A maioria das mulheres (e todos os pilares de diversidade e inclusão) vive uma realidade muito diferente no mercado de trabalho. O que a gente deve fazer é escutar a realidade das pessoas e ajudar a tirar as barreiras, porque o talento está em todos os lugares”.

Patrícia acredita que quanto mais diversa uma organização, mais ela irá conseguir inovar e entregar melhores resultados, mas para isso é necessário investir em ações afirmativas. “Temos que ter metas e assumir compromissos. Não só as empresas, a sociedade no geral também. Estamos evoluindo, mas é necessário acelerar essa mudança. O mercado de trabalho é diverso. Hoje, as companhias que não conseguem enxergar isso estão perdendo muitos talentos, e consequentemente, lucro”.

Thisiani Matsumura Martins

thisiani
Thisiani

Formada em Administração de Empresas pelo Mackenzie, Thisiani é a diretora Técnica Global de Subscrição da AXA XL. A executiva iniciou sua trajetória profissional no mercado de seguros na escola alemã Humbold, onde fez um curso na área. Por meio deste curso, ela ingressou em um estágio na Companhia Paulista de Seguros, que depois veio a ser comprada pela Liberty.

Em 2014, Thisiani juntou-se à equipe da AXA XL na posição de diretora técnica. Com o passar dos anos, adquiriu mais responsabilidades na corporação, exercendo novas funções estratégicas e de planejamento, expandindo também sua área de atuação para a região Latino-Americana. No final de 2020, assumiu a função de Country Manager da operação da companhia no Brasil. Seu próximo passo dentro do grupo será de ocupar a posição de Global Product CUO Aerospace, com o desafio de fortalecer ainda mais o posicionamento da empresa nesta linha de negócio.

Mesmo com toda sua experiência, a executiva afirma que enfrentou algumas dificuldades em sua trajetória. “No começo da minha carreira, observava atitudes que privilegiavam oportunidades e promoções masculinas em detrimento das mulheres. Vivenciei reuniões, ainda bem que poucas, em que parecia que eu não estava lá, entretanto acabava não dando atenção a essas situações e focava no meu trabalho. Procuro encarar essas dificuldades como desafios e oportunidades de crescimento”.

Ela ainda destaca que aos poucos, e talvez num ritmo menor do que o ideal, temos visto ações de práticas de incentivo a equidade de gênero. Thisiani também ressalta que as empresas devem promover um apoio às mulheres no período de licença maternidade, principalmente no retorno ao trabalho. “Minha dica para as mulheres é: invistam no desenvolvimento das suas softs and hard skills. Dediquem-se para fazerem o seu melhor. Definam seus objetivos, o que querem desenvolver, e onde querem chegar. Mantenham o foco, e sigam em frente com esforço, dedicação e resiliência, não deixe que os obstáculos te desanimem”.

Nicole Fraga
Revista Apólice

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