Ultima atualização 31 de março

A inovação como agente de transformação social

Prêmio da Fundación Mapfre vai reconhecer iniciativas que promovam transformação social; três projetos brasileiros estão entre os finalistas

EXCLUSIVO – O sonho da maioria dos empreendedores é conseguir escalar o seu negócio. Quando se trata de um produto/serviço que pode contribuir para a evolução da sociedade, a inovação passa a ter um novo e nobre sentido. Há cinco anos, a Fundación Mapfre promove os Prêmios à Inovação Social como forma de fomentar soluções que possam contribuir para a transformação da sociedade.

A final da quinta edição acontece em maio na Espanha e conta com a participação de três iniciativas brasileiras, distribuídas entre as categorias Economia Sênior, Prevenção e Mobilidade, e Melhoria da Saúde. A seguir, conheça um pouco mais sobre cada uma delas:

Lysa Cão Guia (Categoria Prevenção e Mobilidade): Neide Sellin é CEO e co-fundadora deste projeto que existe há oito anos. Ela conta que a ideia surgiu quando ela era professora de uma escola pública e dava aulas de robótica. “Em uma das oficinas apareceu a possibilidade de simular um cão robô, porém percebemos que a ideia não contribuiria para o mundo da forma que gostaríamos, então lembramos que o cão tem um papel importante na vida das pessoas, principalmente as que possuem deficiência visual”.

A solução foi conversar com uma aluna cega para colher suas expectativas e necessidades. “Logo criei um protótipo artesanal em conjunto com os alunos do ensino médio. Em seguida, chamamos mais 20 pessoas com deficiência visual para contribuírem com a ideia. Fiquei muito impactada ao ver tantas dificuldades, mas percebi que a tecnologia poderia mudar a vida das pessoas. Em 2014, fundamos o Instituto para ajudar no desenvolvimento e na entrega de forma gratuita às pessoas com deficiência visual”, explica.

A equipe compartilha o sonho de fazer com que a Lysa alcance milhares de pessoas do mundo todo. Os colaboradores dão mais um passo na inovação das tecnologias assistivas que irão contribuir para a inclusão das pessoas deficientes visuais e o reconhecimento internacional aproxima a ideia dos beneficiados. “Não obstante, nosso reconhecimento poderá ser uma fonte de inspiração para outras empresas de pesquisa e inovação que contribuirão para que pessoas que necessitam de acessibilidade, seja por qualquer tipo de deficiência, possam ter suas vidas modificadas. Não apenas as com deficiência, mas também as que estão à volta delas”, acrescenta Neide.

A executiva completa: “Em longo prazo, também poderíamos trabalhar em mais implementações na Lysa, como o módulo de navegação, ajustes nos algoritmos da Inteligência Artificial e outras possíveis atualizações que a deixem cada dia mais completa em paralelo ao desenvolvimento da sociedade.”

Epistemic (Categoria Melhoria da Saúde): A sócia cofundadora Hilda Cerdeira é física, professora e pesquisadora, com mais de 50 anos de experiência em teoria do caos. Um dia, foi chamada ao Hospital Sírio Libanês para dar uma palestra sobre seu trabalho e nesta reunião sugeriram que ela estudasse os sinais cerebrais, que têm comportamento caótico. Assim, começou a pesquisa e o desenvolvimento de uma metodologia de análise de sinais de eletroencefalograma para prever crises epilépticas. Junto com sua filha, Paula Gomez, percebeu o impacto social que esta descoberta científica poderia causar nesse público carente de novas tecnologias. Daí nasceu a Epistemic, em 2016, quando conheceram dois engenheiros, Conrado e Giuliano Vitor, que se associaram à empresa para ajudar o projeto a se tornar realidade.

“Nosso negócio é um empreendimento social, que ajuda a trazer qualidade de vida aos pacientes com epilepsia e aos cuidadores.  Ajuda também a diminuir o estresse da família, a melhorar o tratamento dos pacientes, além de inseri-los no mercado de trabalho e, principalmente, dar mais autonomia a eles reduzindo sua dependência do cuidador”, explica Paula Gomez, CEO da Epistemic.

Paula conta que elas souberam dos Prêmios à Inovação Social através das redes sociais e acharam que seria um casamento perfeito. Ela fala: “Participar de um prêmio internacional é muito significativo pela exposição que a empresa tem, e, principalmente, por nos tornar parte de uma comunidade altamente qualificada de empreendedores, mentores e professores”.

A premiação é uma forma de financiamento do projeto, conforme explica Paula: “Nós recebemos financiamento de fomento tanto pela FAPESP quanto do CNPq. Recebemos também oito prêmios, que nos ajudaram a seguir com o projeto”, finaliza.

Mais Vívida (Categoria Economia Sênior): A Mais Vívida iniciou a validação do seu MVP (mínimo produto viável) em junho de 2019. São três anos rodando, pivotando pelo menos duas vezes neste período. “O estopim para decidirmos embarcar no sonho foi ao ganharmos – sem termos nada, apenas a ideia e alguns experimentos de validação de campo – uma disputa de pitches de fundadoras mulheres, evento que participamos em São Paulo”, conta Viviane Palladino, CEO e co-fundadora da Mais Vívida. “Este foi um sinal para seguir em frente.”

Viviane lembra que a ideia surgiu quando sua avó parou de trabalhar, e também quando os avós do Filipe (outro sócio) começaram a se sentir sozinhos. “O que quero dizer é que os três sócios tinham experiências na família que ajudaram a construir o que é a Mais Vivida hoje”, pontua Viviane.

O pontapé inicial veio com o questionamento de como poderiam melhorar a vida das pessoas e contribuir ativamente para manter o público sênior ativo e autossuficiente. “Com esse olhar para o social, começamos a observar pessoas e empresas com iniciativas que estivessem alinhadas com o nosso objetivo e, ao tomar conhecimento dos Prêmio à Inovação Social da Fundación Mapfre percebemos uma conexão perfeita com os nossos valores. Tudo contribui para que a Mais Vívida tenha condições de melhorar a vida de cada vez mais pessoas seniores e jovens. Nos sentimos empolgados e energizados ao fazer a inscrição”, ressalta a executiva.

Sobre a expectativa para o futuro, ela declara: “Temos como meta impactar 500 mil idosos no Brasil por meio de aulas e conteúdos do app. E por que não avançar para além do oceano? Estamos observando os movimentos do mercado internacional e, ao participar desse prêmio, nos colocamos frente a frente com iniciativas, mentores, empresas e startups do mundo todo que também estão fazendo a diferença em seus locais de origem. Isso nos dá novas experiências, networking e alcance para crescer de verdade em qualquer direção. É uma oportunidade ímpar de ter uma parceria que nos levará a outro patamar, o que para a Mais Vívida significa mais condições de transformar para melhor a vida de mais pessoas seniores e jovens”, completa.

Kelly Lubiato
Revista Apólice

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