Ultima atualização 08 de fevereiro

Mercado deve ser capaz de incorporar proteção às experiências digitais

Julio Castellón, vice-presidente sênior da Cover Genius, fala sobre o crescimento do setor de insurtechs na América Latina e as pretensões da empresa para a região

EXCLUSIVO – Fundada em 2014, a Cover Genius é uma empresa que oferece soluções de integração entre seguradoras e e-commerces. Falando sobre o crescimento do mercado de insurtechs na América Latina, as pretensões da empresa para a Região e para o Brasil, o que esse movimento pode trazer de novas perspectivas para as marcas latino-americanas e outros assuntos, o vice-presidente sênior da organização, Julio Castellón, conversou exclusivamente com a Revista Apólice.

Confira a entrevista abaixo.

Revista Apólice: Algumas empresas do mercado de seguros já começaram a desenvolver o próprio marketplace. Como as companhias podem fazer isso e quais são os benefícios de contar com essa ferramenta?

Julio: Uma das razões para o subseguro na comunidade é o fato de que o seguro é complicado de entender e adquirir. Na maioria dos cenários, as pessoas precisam sair e procurar proteção como uma “segunda etapa”, e a maioria simplesmente desiste dessa tarefa. Outros não entendem o que estão comprando e não obtêm a cobertura adequada ou simplesmente têm seguro insuficiente. Dar aos consumidores a oportunidade de obter proteção é importante, e é por isso que estamos vendo tantas insurtechs surgindo com modelos diferentes, como um mercado, que visam resolver esse ponto problemático. No entanto, uma solução melhor e uma oportunidade maior para o setor seria disponibilizar proteção e incorporá-la diretamente à jornada de compra nos ecossistemas de comércio eletrônico digital, onde os consumidores já adquirem outros produtos.

Revista Apólice: Globalmente, estima-se que existam mais de 1500 insurtechs em operação. Como essas empresas podem ajudar no crescimento do setor? Qual a importância das seguradoras formarem parcerias com elas?

Julio: O mundo dos seguros está passando por uma revolução liderada por insurtechs que impulsionam todo o setor por meio do uso de APIs, machine learning, automação e muito mais. Atualmente, as seguradoras entendem que as startups podem contribuir para a evolução de seus negócios, tornando os processos e sistemas legados mais ágeis para melhorar as experiências do cliente em todas as facetas da cadeia de valor do seguro – do desenvolvimento do produto à distribuição e sinistros.

Revista Apólice: A Cover Genius realizou uma pesquisa que apontou interesse dos correntistas de bancos tradicionais em receber ofertas de seguros integrados, baseadas em dados de transações em tempo real. Alguns bancos digitais, como o Nubank e o Inter, já oferecem seguros em seus apps. Como você enxerga esse movimento?

Julio: No relatório, intitulado The Embedded Insurance Survey: Brazil, perguntamos aos clientes de bancos brasileiros como eles reagiriam ao recebimento de ofertas de seguro com base em dados de transações em tempo real e os resultados, esmagadoramente, descobriram que os consumidores brasileiros têm um forte desejo por serviços bancários integrados de ofertas de seguros. Isso coincide com a rápida digitalização do comércio brasileiro, o quarto país que mais cresce nas vendas de comércio eletrônico. Os resultados mostraram que 72% dos clientes de bancos digitais brasileiros estariam altamente interessados ​​em receber ofertas de seguro embutidas com base em seus dados de transações, assim como 64% dos clientes de bancos tradicionais. ‘Conveniência’ é o principal motivador de seu interesse, conforme declarado por 53% dos entrevistados.

Telegram para postA pesquisa aponta para a demanda significativa por ofertas de seguro baseadas em transações oportunas e relevantes, com a maioria dos consumidores mostrando preferências extremamente altas se fizeram grandes compras recentemente ou tiveram eventos importantes na vida. Notavelmente, os dados mostram que o modelo tradicional de distribuição de seguros está desatualizado e não alinhado com as expectativas de uma base de clientes cada vez mais digitalizada. Na verdade, 53% dos brasileiros que escolheram uma seguradora ou corretora tradicional nos últimos 12 meses prefeririam ofertas embutidas em banco durante sua próxima experiência.

Como insurtech para seguro integrado, estamos satisfeitos que bancos, fintechs e instituições financeiras (FIs) já estão começando a atender a demanda dos consumidores e oferecer seguro em seus ecossistemas. No entanto, eles apenas começaram a arranhar a superfície quando se trata de aproveitar dados transacionais em tempo real para oferecer proteções verdadeiramente personalizadas aos seus clientes, e é aqui que as insurtechs realmente agregam valor.

Revista Apólice: Quais medidas o mercado de seguros, principalmente no Brasil, pode adotar para conscientizar as pessoas sobre a importância do seguro?

Julio: A educação em seguros é um grande desafio em todo o mundo e especificamente no Brasil. A maioria da população apresenta um baixo nível de compreensão da categoria de seguros, o que leva a um alto nível de sub-seguro. Com a missão de proteger os clientes das maiores empresas digitais do mundo, entendemos que é nosso papel educar nossos parceiros e oferecer informações de forma fácil de entender, acessível e estruturada para ajudar o mercado a crescer.

Revista Apólice: Quais as pretensões da Cover para a América Latina e para o Brasil? Haverá algum lançamento ou parceria com alguma seguradora ou corretora brasileira?

Julio: O Brasil representa a maior oportunidade de mercado na América Latina. Como tal, é nossa primeira prioridade garantir que estamos sendo altamente estratégicos nesta região, fazendo investimentos significativos em recursos e ferramentas para expandir nossa equipe aqui e ajudar as empresas da região a oferecer proteção integrada.

No curto prazo, nosso principal objetivo é aumentar o reconhecimento da marca nas verticais que visamos, principalmente viagens, fintech e varejo. Também queremos contratar mais talentos na região para apoiar nossa expansão e firmar novas parcerias, enquanto aumentamos as atuais.

Com o tempo, desejamos consolidar a Cover Genius como uma marca reconhecível e a insurtech líder na região, estabelecendo parcerias adicionais com grandes empresas de comércio eletrônico nos setores de viagens e varejo. Além disso, expandiremos nossa rede de parceiros de distribuição para incluir uma variedade de algumas das maiores empresas de comércio eletrônico da LATAM, em setores como fintech e pagamentos, gig-economia, automóveis e mobilidade, pet e logística.

Nossa mensagem está sendo muito bem recebida e estamos em conversas avançadas com marcas muito grandes. Temos novidades muito empolgantes no pipeline, então aguarde!

Revista Apólice: Qual a expectativa da empresa para o setor de seguros no pós-pandemia?

Desde o início da pandemia está claro que os clientes não apenas desejam, mas esperam, que as marcas ofereçam proteção total que atenda às suas necessidades individuais. Após o Covid-19, esse desejo (e necessidade) de proteção permanecerá, causando muitos transtornos no setor de seguros. A política tradicional de tamanho único que existe há tanto tempo não atende às novas expectativas dos clientes. No futuro, as marcas precisarão trabalhar com empresas que têm a capacidade de incorporar proteção diretamente às experiências digitais, e fazê-lo de forma escalonável que atinja públicos globais em um nível personalizado.

Nicole Fraga
Revista Apólice

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