Ultima atualização 30 de junho

Mercados emergentes enfrentam déficit em poupanças para aposentadorias sustentáveis

De acordo com o Swiss Re Institute, a América Latina possui uma lacuna de poupança previdenciária de US$ 514 bi ao ano ou US$ 50.000 por trabalhador

Os trabalhadores em mercados emergentes estão se aposentando sem ativos suficientes para cobrir  suas necessidades previdenciárias, criando um déficit total de cerca  de US$ 106 trilhões, segundo a estimativa do Swiss Re Institute. Essa  lacuna de poupança previdenciária é cerca de três vezes o PIB dos  mercados emergentes, tão alta quanto a estimativa para os principais mercados desenvolvidos, como os Estados Unidos e a Austrália. Os  custos do subfinanciamento previdenciário podem retornar aos  governos por meio de maior risco de pobreza, saúde precária e  pressão sobre as gerações mais jovens, enquanto facilitar  aposentadorias sustentáveis pode abrir inúmeras oportunidades para  fortalecimento da resiliência das famílias e sociedades. Há uma  necessidade iminente de ação. 

“Os recursos previdenciários na América Latina têm sido historicamente baixos. Estimamos que a atual crise da Covid-19, combinada com o  envelhecimento da população e as crescentes demandas fiscais sobre os  governos, aumentará a lacuna de poupança previdenciária. Muitos indivíduos enfrentam a perspectiva de não conseguirem os recursos  necessários para uma aposentadoria confortável”, declara Kaspar Mueller, president reinsurance Latin America. “É possível fazer mais para garantir  que as pessoas estejam bem protegidas”.

Os indivíduos nos mercados emergentes precisarão cada vez mais fazer  seus próprios arranjos de recursos para a aposentadoria. As reformas previdenciárias estão transferindo para os indivíduos a responsabilidade de  economizar para a aposentadoria e a gestão dos riscos ao longo da vida,  como mortalidade, morbidade, longevidade e desempenho do investimento. Esses riscos restringem a capacidade do indivíduo de sustentar sua  aposentadoria, uma vez que um período de ausência do trabalho por motivo de doença, assistência à família ou mesmo morte influenciaria as economias da família. Esse desafio é agudo nos mercados emergentes, em que os recursos pessoais tendem a ser menores e as redes de segurança social mais fracas. Os indivíduos precisarão de proteção de seguro mais personalizada, na forma de coberturas de vida, assistência médica, invalidez  e doenças graves, para gerenciar esses riscos. O Swiss Re Institute estima que, para proteger totalmente a população global contra os riscos de  mortalidade e saúde, seria necessário um adicional de US$ 1.2 trilhão em  termos de prêmios equivalentes, 60% dos quais seriam em mercados emergentes.

Integrar o seguro de proteção aos sistemas previdenciários obrigatórios é uma solução comprovada. No Chile, o seguro de vida compulsório no  sistema previdenciário nacional alcançou forte proteção contra o risco de  mortalidade. Outras soluções de seguro podem incluir coberturas  biométricas, como mortalidade, morbidade e cuidados de longo prazo com  um componente de poupança, para fornecer cobertura flexível e responsiva  por toda a vida. As seguradoras podem trabalhar com plataformas confiáveis  de poupança para aposentadoria a fim de facilitar a distribuição.

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A lacuna de poupanças previdenciárias nos mercados emergentes tem  muitas causas. O envelhecimento da população está pressionando cada vez  mais os sistemas previdenciários nacionais, uma vez que uma força de  trabalho reduzida sustenta uma população cada vez mais idosa. Os gastos  públicos com previdência estão aumentando acentuadamente como  porcentagem do PIB, desafiando as finanças dos governos, enquanto a  queda nas taxas de juros está aumentando a longo prazo o desafio dos  recursos previdenciários. A crise da Covid-19 exacerbou essas tendências  no curto prazo.

América Latina: uma lacuna de poupança previdenciária de US$ 514 bilhões por ano

A preocupação com o risco de mortalidade está aumentando  significativamente na América Latina, uma vez que a pandemia de Covid-19 continua a impactar a região. A crise econômica também está  aumentando os temores sobre a segurança financeira. Na América Latina, a  lacuna de poupança previdenciária de US$ 514 bilhões por ano totaliza US$ 10 trilhões cumulativos sobre todas as aposentadorias dos  trabalhadores, destacando a necessidade de os indivíduos protegerem seus  recursos para economizar e acumular ativos para a aposentadoria. A lacuna  de poupança da região por trabalhador é de cerca de US$ 50.000,  equivalente a cerca de 6,2 vezes a renda salarial média anual. 

O Brasil tem a maior lacuna de poupança previdenciária por ano, de US$ 180 bilhões, um reflexo de sua grande população trabalhadora. Os trabalhadores chilenos enfrentam o maior déficit de poupança  previdenciária da região, de US$ 133.000 por trabalhador, devido à  combinação de uma renda salarial relativamente alta e uma baixa taxa de contribuição previdenciária (10%). Isso também gera uma baixa adequação  previdenciária, uma vez que os fundos estimados cobrem apenas 42% da  renda previdenciária da qual os trabalhadores chilenos precisam. O Brasil tem a maior adequação previdenciária, com fundos estimados capazes de fornecer cerca de 50% da renda necessária.

A cobertura previdenciária, a proporção da população trabalhadora coberta por provisão previdenciária, é baixa na América Latina, refletindo  parcialmente os grandes setores informais nas economias da região. O Peru  tem a menor taxa de cobertura previdenciária, 24%, refletindo seu alto grau  de força de trabalho informal. Uma maior formalização do trabalho ajudaria a  aumentar a cobertura previdenciária.

É necessária uma parceria mais forte para garantir a sustentabilidade previdenciária

Os governos de mercados emergentes devem apoiar um sistema previdenciário sustentável, com bases sólidas em uma estrutura regulatória  igualmente sólida, compromisso com a educação, incentivos para  participação, como isenções fiscais, e parceria sólida entre todas as partes. A parceria também pode fornecer rotas para as seguradoras investirem em projetos público-privados de longo prazo que correspondam bem às suas responsabilidades, como financiamento de infraestrutura.

“O déficit na poupança para aposentadorias adequadas e sustentáveis não pode ser superado apenas por recursos do governo. Uma forte parceria entre o estado, o setor privado e os indivíduos será fundamental”, declara Jerome Jean Haegeli, Swiss Re Group Chief Economist. “Proteger as
pessoas ao longo de seu ciclo de vida de poupança tem o potencial de reduzir a pobreza, a saúde precária e até mesmo a comoção social, e deve formar um alicerce fundamental de crescimento econômico de longo prazo nos mercados emergentes”.

N.F.
Revista Apólice

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