Os corretores de seguros, por justiça, devem constar de qualquer lista que se faça das categorias que estão se destacando e comprovando a relevância do seu trabalho para a sociedade desde o início da pandemia do coronavírus.
Pois, a exemplo de outros profissionais que vêm atuando com extrema dedicação, empatia e qualificação, como médicos, enfermeiros e outros trabalhadores da área da saúde, os corretores dedicam boa parte dos seus dias para atender, orientar, proteger e amparar seus clientes.
Para melhor atender, diuturnamente, a todos que a eles recorreram em busca de orientação, os corretores rapidamente se adaptaram ao trabalho em home office, desmentindo, assim, a falácia segundo a qual a categoria teria dificuldades para utilizar novos tecnologias.
Eles foram além. Demonstraram que a tecnologia não pode substituir a figura do profissional que se preparou a vida toda para exercer sua atividade e prestar um serviço de alto nível aos consumidores.
Assim, a pandemia do coronavírus nos proporcionou a oportunidade de provar, de vez, que a máquina não pode fazer tudo o que um ser humano faz.
Há bons motivos para acreditarmos que esse processo se aprofundará no pós-pandemia. Muitos segurados se acostumaram com o atendimento feito por meio remoto, mas não abrem mão da qualidade, da informação detalhada sobre eventuais dúvidas, coberturas, vigências, cláusulas excluídas, direitos e deveres que constam dos contratos de seguros.
Somente o corretor é capaz de unir tecnologia, atendimento humano e conhecimento.
Como eu tenho repetido há tempos nos encontros com colegas e com os seguradores, nada supera a relação pessoal, o atendimento feito pelo profissional que conhece o cliente, a sua família e o seu negócio. Aquele que, com base nessas informações, pode indicar cada cobertura que o consumidor necessita e o que ele não quer contratar mesmo que pareça ser algo excepcionalmente interessante.
A relação afetiva e pessoal não desaparece. A conversa direta, olho no olho, também não, ainda que seja feita por aplicativos ou redes sociais. Afinal, para isso, sim, a tecnologia é fundamental e importante.
Sem contar que os avanços tecnológicos não são capazes de mudar o comportamento dos consumidores que temem ou não suportam “falar com máquinas”. Não são poucos os que preferem o atendimento personalizado. Não ficarei surpreso, inclusive, se essa aversão aumentar com a vigência da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que exigirá cuidados ainda maiores com a exposição de informações pessoais.
Seja como for, o espaço do corretor de seguros está assegurado “no novo normal”. Diria até que, possivelmente, será ampliado, acompanhando o mais que provável aumento exponencial da demanda por seguros no Brasil, como consequência do susto que o mundo levou diante da pandemia.
As prioridades mudaram. Mais do que nunca, o importante agora é proteger a vida e a saúde o tempo todo e a qualquer momento. A máquina não pode assegurar essa proteção em tempo integral. O corretor, sim, tem essa capacidade.
* Por Henrique Brandão, presidente do Sincor-RJ e fundador da Assurê