Ultima atualização 08 de março

Mapfre Investimentos: dados medem inflação do setor produtivo

Produtores e varejistas trabalham com margens reduzidas; expectativa do mercado é de que a disparidade entre os índices seja acentuada

No Brasil, com a divulgação do Índice de Commodities do Banco Central (IC-Br) e o IGP-DI, o foco é a inflação. Um olhar atento para a evolução do nível de preços sob uma ótica ampliada, da cadeia produtiva até o preço que chega ao consumidor final, mostra que a inflação não foi expurgada da economia, está apenas represada entre as etapas do processo produtivo e o varejista.

O IGP-DI é composto majoritariamente pelo Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que mede a inflação no setor produtivo e possibilita uma análise sóbria sobre o processo inflacionário na economia doméstica. A inflação anual média ao produtor industrial de 2010 a 2018 foi de 5,4%. Este número sobe para 8,5%, se considerado a média das últimas 12 observações. No mesmo período, a inflação que chegou até o consumidor final foi de apenas 1,4%. A expectativa do mercado é de que a disparidade entre os índices será acentuada com os dados divulgados.


É claro que a inflação atípica sentida pelo consumidor não se deve à benevolência do produtor ou do varejista. É, na verdade, produto do desaquecimento econômico. Não existe, no contexto econômico atual, margem para repasse de preços. O desemprego, que custa a ceder, e os salários estagnados mantêm a demanda baixa e amassam as margens do produtor e do varejista. Estes, por enquanto, têm dado conta do ônus inflacionário.

Conforme a economia doméstica recobrar seu dinamismo, os preços devem chegar ao consumidor final. Espera-se que isto não demore a acontecer, porque inflação representa custo, e, no limite, custos crescentes e inviáveis de serem repassados expulsam players do mercado, catalisando uma lógica perversa.

Ciclo das empresas de corretagem imobiliária

Durante o chamado boom da construção civil, ocorrido entre 2007 e 2012, não só as empresas do segmento conheceram uma forte alta em suas respectivas demandas, mas também as empresas correlatas do setor, como as de corretagem de imóveis.

Para o corretor, em especial aquele que começou a trabalhar durante a fase de expansão, era fácil atuar nos lançamentos. A construtora usualmente dedica recursos para divulgar a novidade, anúncios nos jornais, bandeiras nas ruas, panfletagem nos semáforos, estandes de visitação. Com renda em alta e estabilidade no emprego, a oferta encontrava sua demanda.

No período de retração econômica, que já começava a dar seus primeiros sinais em 2015, os corretores sofreram com a falta de lançamentos. Vender estoques é uma tarefa bem mais difícil do que imóveis novos. O comprador tem muito mais dificuldade em adquirir o bem, pois precisa pagar pelo menos 20% do valor à vista ao banco. Em uma economia em recessão, a renda se exaure, fica difícil pagar a entrada.

Como os corretores não tinham tanto interesse nas vendas de unidades, as construtoras superestocadas montaram as suas próprias empresas de corretagem, as chamadas “houses”. O segmento de corretagem piorou, e a mão de obra foi dispensada.

Nota-se que os lançamentos de imóveis, por parte das construtoras, começam a retomar timidamente. As corretoras sabem que são importantes para dinamizar a venda em lançamentos, apesar de as construtoras terem sua força de venda interna. Antigas alianças que ficaram esquecidas estão sendo retomadas. O setor de corretagem imobiliária tende a se beneficiar do bom momento esperado pelas construtoras em 2019.

Um PIB só não faz verão

O investidor brasileiro, ao contrário do alegado ‘descolamento’ do mercado doméstico e internacional visto no rally de janeiro, estão correlacionados; na ausência de drivers inequívocos para alta das ações, como PIB e resultados para cima e juros para baixo, o que é ruim pode ficar ainda pior. O fraco PIB brasileiro do quarto trimestre trouxe o desempenho consolidado do ano para um avanço de apenas 1,1% contra 2017.

Além disso, a temporada de resultados corporativos com fracos crescimentos de lucros na margem deixou valuations com limitado upside e a sensação de que falta impulso para o mercado voltar a deslanchar. Como contraponto, o viés no cenário externo se parece mais favorável, com os EUA e a China aparentemente mais próximos de um acordo comercial positivo. O anúncio pela China de uma nova rodada de estímulos fiscais para a dinamização dos negócios de pequenas e médias empresas privadas e a concessão, pela União Europeia à Grã-Bretanha, de maior prazo para negociação ou mesmo reversão de um acordo para o Brexit, bem como um alívio nas tensões geopolíticas. Os índices acionários nos EUA, China e Grã-Bretanha responderam de acordo e recuperaram terreno, operando próximos das máximas em três meses.

Já no Brasil, o Ibovespa teve recuo semanal na casa de 3%, enquanto o dólar avançou próximo de 1%. Nesta semana mais curta, destaque para a repercussão das novas medidas de estímulo anunciadas no Congresso Nacional do Povo na China e para falas de membros do Federal Reserve e os dados da produção automotiva no Brasil.

T.P.
Revista Apólice

Compartilhe no:

Assine nossa newsletter

Você também pode gostar

Feed Apólice

Ads Blocker Image Powered by Code Help Pro

Ads Blocker Detected!!!

We have detected that you are using extensions to block ads. Please support us by disabling these ads blocker.

Powered By
Best Wordpress Adblock Detecting Plugin | CHP Adblock