Ultima atualização 23 de outubro

Perspectiva de mudança no setor de saúde ainda é pequena

Os problemas do setor de saúde suplementar brasileira não são muito diferentes do mercado americano, conforme mostrou o especialista Robert Pearl

As mudanças do setor de saúde devem partir do ganho de eficiência das operadoras de saúde, em conjunto com os beneficiários, principalmente aqueles do setor corporativo. Os problemas do mercado brasileiro são semelhantes ao americano, conforme mostrou o diretor executivo e CEO do The Performance Medical Group, Robert Pearl. Ele apresentou os dilemas da assistência à saúde no mundo e disse que as formas de resolução, ou mitigação, destes problemas passa por quatro pilares.

O primeiro é a integração entre prestadores de serviços, para que eles atuem em sintonia, principalmente médicos e hospitais. “No mundo inteiro estas informações estão fragmentadas, com pagamentos pelos serviços”. Ele acredita as disciplinas semelhantes devem atuar de forma conjunta, com a mudança da forma de remuneração para um sistema que contemple o pagamento pela performance e resultados.

O segundo pilar é a integração entre médicos da mesma especialidade e pacientes que sofrem das mesmas enfermidades. “Devemos deixar de enxergar o outro como concorrente para focar na resolução do problema do paciente”. O terceiro pilar é o da tecnologia, que deve investir no prontuário médico eletrônico, principalmente porque as informações já estão disponíveis no consultório médico, mas não são compartilhadas. “De posse destas informações é muito mais fazer investir em prevenção e doenças e os diagnósticos são muito mais rápidos. Se aumentarmos o acesso às informações, conseguimos controlar melhor a saúde”, prevê Pearl.

Por último, o professor acredita que deve haver maior intercâmbio entre médicos e administradores, com maior diálogo entre os líderes do planejamento em sáude. “Precisamos de líderes médicos para desenvolver equipes e grupos que pensem não só na doença e no tratamento específico, ma sim no paciente, na gestão do sistema através de um olhar global”, finalizou Pearl.

Economia e Saúde no cenário Brasileiro

No primeiro debate do dia, Marcos Lisboa, diretor-presidente do Insper, sintetizou as necessidades do setor em uma única palavra o “diálogo”. Para ele, uma real mudança na economia e saúde no Brasil só acontecerá com uma conversa entre todos os setores. “Sem diálogo, sem sentar com judiciário e com os reguladores, não tem caminho possível”, afirmou.

Ele fez um amplo panorama dos desafios do Brasil nos próximos anos, ressaltando o grave problema fiscal, a necessidade urgente da reforma previdenciária, além da acentuada crise dos governos federal, estaduais e municipais. “Falta dinheiro para infraestrutura, saneamento, investimentos em todos os setores. Isso é resultado de dez anos de desonerações, benefícios e subsídios para o setor privado. Protegemos setores e criamos distorções tributárias. A crise fiscal significa menos hospitais, menos dinheiro para a educação, menos investimento para o país”, afirmou.

Para Lisboa, na área da Saúde Suplementar o maior problema é a falta de diálogo. “O judiciário toma decisões que não são viáveis. As regulamentações são feitas sem debates necessários com o setor. O Brasil está encolhendo. Temos que tratar os problemas com maturidade. Não é um momento de otimismo, mas precisamos enfrentar os problemas de desperdício e má gestão. Temos que ter uma agenda para melhorar a eficiência dos gastos. Há necessidade de reestabelecer o diálogo. Os problemas são grandes, mas cabe a nós resolvermos tudo com muito debate”, finalizou o diretor-presidente do Insper.

Durante o debate, todos os participantes concordaram que existem muitos problemas no setor, que a fragmentação é um grave problema é que o paciente deve ser o centro do debate. Para Manoel Peres, diretor-presidente da Bradesco Saúde e Mediservice, o empoderamento individual do médico, sem pensar no coletivo não é factível para a solução do problema do paciente. O que foi reforçado por Romeu Cortes Domingues, presidente do Conselho de Administração da DASA, que complementou que há necessidade também de combater as práticas inadequadas. “Temos que mostrar o custo para o paciente. Temos que ter critérios e mudar a prática médica. Se o profissional for cobrado pelo resultado e pensando no paciente vai ajudar. Temos que usar a tecnologia de forma sustentável”, explicou Domingues.

A insatisfação do setor envolve todos os setores. Para Eduardo Amaro, presidente do Conselho de Administração da Associação Nacional de Hospitais Privados (ANAHP), a judicialização, o aumento da frequência, a falta da atenção primária, entre outros problemas fazem com que existam dificuldades em toda a cadeia da Saúde Suplementar. “Precisamos de mais protocolos dentro dos hospitais para uma medicina mais adequada e racionalizada”, afirmou.

Já Leandro Fonseca, diretor-presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), afirma que há necessidade de um olhar sobre o todo. “O pagamento por procedimento reforça a fragmentação, traz desalinhamento de interesse entre operadoras, prestadores e o beneficiário. O setor está em risco devido a escalada de preços. É necessário discutir o Rol, mecanismos financeiros e colocar o beneficiário no centro do sistema para entregar valor ao paciente. Isso vai permitir que a oferta seja direcionada para entrar em um círculo virtuoso de melhor entrega de saúde”, concluiu.

*Com informações da CNseg

Kelly Lubiato, do Rio de Janeiro
Revista Apólice

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