Ultima atualização 29 de setembro

O futuro é promissor, mas mercado precisa reagir rápido

Presidentes e CEO's das principais seguradoras debatem como a tecnologia deve influenciar o setor daqui em diante. Será que os agentes do mercado estão preparados?

Conec 2018 – O mundo evolui rapidamente. O consumidor também, na mesma velocidade. É preciso reagir e aproveitar as capacidades que a tecnologia proporciona para saber como os novos clientes preferem ser atendidos e o que eles querem. “Somos a primeira geração que atende a todas as outras gerações”, lembra Luís Gutiérrez, CEO do Grupo BB e Mapfre. Por isso, é importante que todos estejam juntos e escutem o mercado. “Se continuarmos como estamos fazendo, o mundo vai nos deixar para trás”, sentencia.

Mas, será que a velocidade com que a tecnologia avança é a mesma com que o mercado segurador caminha? O segurado está, de fato, preparado para essa nova realidade? Vinicius Albernaz, presidente do Grupo Bradesco Seguros, conhece bem “o outro lado da mesa”. O executivo, que ocupou o cargo de diretor da Bradesco Asset Management (gestora de fundos de investimentos do grupo), lembra que há uma camada distinta do produto financeiro puro que envolve o relacionamento com o cliente. Apesar de existirem novos modelos de distribuição, o mais importante é pensar sobre a camada de tecnologia por trás dos serviços envolvidos no seguro. “É um processo no qual estamos sujeitos a novas formas de relacionamento com os clientes, que vêm de uma nova geração, e que será mais lento do que no setor financeiro”, diz.

Os desafios do ramo Auto

As mudanças já começam a aparecer na carteira de automóvel. É possível, por exemplo, observar um novo conceito entre os jovens, que substituem o carro próprio por aplicativos de transporte. Nos próximos 15 anos, não só o futuro do seguro Auto como o mercado de automóvel não será mais o mesmo. Em breve, a tecnologia embarcada vai reduzir o risco. Assim, a natureza dos riscos que as seguradoras terão que cobrir também mudará e tanto as seguradoras quanto os corretores terão que se adaptar aos novos produtos.

“O pagamento por uso ou por comportamento de uso está chegando. Essas talvez sejam as duas mudanças mais óbvias e rápidas. Ainda estamos na superfície do que vai acontecer em termos de mudança de produtos e de distribuição, que será cada vez mais digital, o que não significa que seja uma tendência de desintermediação”, pontua o CEO da Zurich Brasil, Edson Franco. Segundo ele, especialmente no Brasil, os riscos de natureza mais complexas continuarão sendo intermediados pelo corretor, mas não necessariamente no modelo adotado hoje. Para corretor e segurador, o desafio será calibrar esse processo de transição e estar preparado para responder às mudanças na medida que elas vão acontecendo.

Outro desafio é o envelhecimento da frota. Enquanto há cinco anos os veículos em circulação no país eram zero quilômetro ou seminovos, hoje têm, no mínimo, cinco anos de uso. “Carro antigo era sinônimo de consumidor de menor renda. A crise veio e temos agora uma supersafra de carros antigos. Diferente do passado, esses consumidores têm renda”, atenta Murilo Setti Riedel, CEO da HDI Seguros. As seguradoras continuam com estratégias claras de vendas para consumidores de carros mais novos, mas precisam mudar a arquitetura de seus produtos para que as pessoas tenham acesso a soluções mais adequadas e com preço acessível. “Peças compatíveis são obrigatórias. Rede credenciada é fundamental. É o que falta para essa equação ser completa”, diz Riedel.

A Porto Seguro já realiza algo nessa direção, oferecendo o Auto Popular. Entretanto, o presidente da empresa, Roberto Santos, acredita que as normas estabelecidas pela Susep ainda não são suficientes para resolver o problema. “Não chegamos a 5% de redução de preço por uso de peça não genuína. Infelizmente as vendas do seguro Auto Popular ainda não são tão boas. Estamos trabalhando para desenvolver um produto com condições de alcançar essa camada da população que precisa de cobertura”, afirma o executivo.

Oportunidades não faltam

O mercado segurador ajudou e ainda ajuda a construir o Brasil. Prova disso é que tem sobrevivido a uma série de crise econômicas – e muito desse sucesso se deve aos corretores. “Vi crises quando os bancos começaram a vender seguros. Falavam que o corretor ia acabar. Ele não acabou, mas não podemos negar que a mudança está acontecendo. A tecnologia veio de uma forma que hoje não conseguimos viver sem ela. Com o ciente não será diferente”, diz Gabriel Portella, presidente da SulAmérica. Ele destaca ainda que o país conta com apenas 43 milhões de segurados em seguro saúde.

“No Brasil, a única palavra comum em todos os ramos de seguros é ‘só’. Agradeçam por estar nesse país e no mercado segurador, porque o potencial é enorme e ele depende muito de nós”

Gabriel Portella

Neste cenário, a Tokio Marine aposta na inovação em produtos e como o corretor pode focar mais na venda. “Criamos novas ferramentas para que o pequeno, médio e grande corretor possa vender mais e reduzir seu operacional”, explica José Adalberto Ferrara, presidente da seguradora. Embora o seguro Auto ainda ocupe o protagonismo do setor, ele alerta que os seguros de Vida, Cyber Risks e soluções voltadas ao agronegócio terão espaço garantido no mercado.

Trabalho de conscientização

Os corretores e o próprio mercado investem pouco em educação em seguros. É o que aponta Francisco Caiuby Vidigal Filho, presidente da Sompo Seguros. “A cultura do seguro é feita por nós. Vemos um trabalho muitas vezes solidário na Escola Nacional de Seguros no sentido de fortalecer essa cultura. Fora isso, são ações mais isoladas”, observa. E deixa um recado: “O setor passou de 1% para 4% do PIB, com possibilidade de dobrar esse percentual nos próximos anos. É importante que o mercado ande de mãos para fazer com que essa participação dobre o mais rápido possível”.

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Lívia Sousa
Revista Apólice

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