Ultima atualização 13 de setembro

Modelo de atendimento de saúde privada deve mudar em menos de 10 anos

Modelo vigente pode parecer um grande benefício, mas na prática causa desgaste aos beneficiários, além de não ser sustentável

Já começa a ser oferecido pelos planos de saúde uma opção de contratação que tem como base o modelo de saúde europeu, no qual o paciente conta com a assistência primária de um profissional que pode ser um médico de família ou um clínico geral. É esse profissional que irá cuidar e gerir a saúde desse usuário e é ele quem tem a decisão de encaminhar para um especialista ou para exames, quando necessário.

Hoje, o modelo vigente privilegia os especialistas e dá ao paciente a possibilidade de marcar consultas e exames sem indicação médica para isso. A princípio pode parecer um grande benefício, mas na prática é um modelo que causa um grande desgaste aos beneficiários, além de não ser sustentável. Por este motivo, está fadado ao fracasso a curto prazo e médio: em menos de 10 anos o modelo deve ser gradativamente substituído.

Contar com um médico acompanhando sua saúde e de sua família ao longo da vida traz inúmeros benefícios. Muitos casos simples são resolvidos conhecendo o histórico de saúde e familiar do paciente. Por exemplo: uma dor de cabeça será investigada por um neurologista com exames, mas o médico de família pode facilmente diagnosticar que se trata de um caso tensional, eliminando consultas e exames desnecessários.

Cadri Massuda

Em outro exemplo, um adulto de 40 anos que tem se preocupado recentemente com a sensação de fisgadas no peito terá que escolher entre o cardiologista, o ortopedista, o gastroenterologista e, ainda, se uma consulta eletiva ou de urgência. Todos esses profissionais, por mais qualificados que sejam, atuarão com o objetivo de excluir se a causa do sintoma está relacionada à sua especialidade ou se é um caso urgente. Isso quer dizer que não necessariamente irão se preocupar em compreender de forma ampla o problema do paciente.

Estudos como os realizados pela pesquisadora Barbara Starfield nas décadas de 1990 e 2000, comparando sistemas de saúde de diversos países mostraram a diferença entre esses dois modelos, o com acesso direto aos especialistas focais e aqueles com o médico de família como referência central para o cuidado. Nesse último, indicadores de saúde como os de internações por condições sensíveis à atenção primária e mortalidade infantil, dentre outros, são melhores e os custos mais baixos.

Os pacientes avaliam bem esse modelo, porque passam a contar com um profissional acessível e de referência para a maioria das suas dúvidas e problemas de saúde. Passam a ter a ajuda de um profissional capacitado para indicar quando é realmente necessário encaminhar para especialistas, solicitar exames mais detalhados ou mesmo indicar procedimentos. Sobretudo, passam a ter a segurança de saber que sua saúde está sendo avaliada de forma global, e não fragmentada, como é feito nos dias de hoje.

Sobre o autor

Cadri Massuda, presidente da regional PR/SC da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge)

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