Ultima atualização 20 de julho

Instabilidade política gerou altos níveis de riscos e violência

Probabilidade de conflitos entre estados, envolvendo até mesmo grandes potências, é a maior desde o fim da Guerra Fria

Violência Política: A probabilidade de conflitos entre estados, envolvendo até mesmo grandes potências, é a maior desde o fim da Guerra Fria. A crescente competição geopolítica e a liderança frágil na diplomacia internacional contribuíram para o aumento dos riscos de conflito armado.
Terrorismo: Em 2017, houve o dobro de ataques terroristas nos países ocidentais, somando 204 no total, enquanto que em 2016 o numero alcançou a 96, embora o número de vítimas tenha sido similar. Além disso, várias zonas de guerra ainda são consideradas como “incubadoras” do terrorismo internacional, mesmo que a ameaça global do Estado Islâmico pareça estar diminuindo.
Risco Político: No ano passado, o risco político aumentou em 11 países, com o enfraquecimento da condição fiscal decorrente de mudanças climáticas ou impacto dos preços das commodities, aumentando o risco da violência política e ruptura das cadeias de suprimento.

O Mapa de Risco Político 2018 da Aon que aborda Risco Político, Terrorismo e Violência Política, elaborado em parceria com a Continuum Economics e o The Risk Advisory Group, apontou que este ano há a maior probabilidade de novos conflitos entre estados desde a Guerra Fria.

Terrorismo e Violência Política

Os riscos de violência política estão crescendo cada vez mais devido às tensões geopolíticas, o enfraquecimento da democracia liberal e a repercussão dos efeitos dos graves conflitos em todo o mundo.

Pelo terceiro ano consecutivo, houve mais países com taxas de risco crescentes (17) do que decrescentes (6).

Este ano:

  • 40% dos países estão classificados como expostos ao risco de terrorismo e sabotagem;
  • 60% expostos ao risco de tumultos civil;
  • 33% expostos ao risco de insurreição, guerra ou golpe político.

Atualmente, 46 países ou territórios possuem risco alto ou grave, representando 22% do total global.

A probabilidade de conflito entre estados, envolvendo até mesmo grandes potências, é a maior desde o fim da Guerra Fria. No último ano, a crescente competição geopolítica e a fragilidade de lideranças na diplomacia internacional contribuíram para a permanência ou aumento dos riscos de conflito armado. O crescimento da polarização em questões políticas, econômicas e sociais em democracias maduras, e divisões entre potências ocidentais frente às ameaças e riscos complexos também contribuíram para o agravamento da segurança global e maior incerteza estratégica.

Em 2017, o número de ataques terroristas nos países ocidentais mais que dobrou (204) em relação a 2016 (96), porém manteve um número similar de vítimas fatais (1.092 em 2017), indicando redução da letalidade dos ataques.

É notável que a difusão da ameaça do Estado Islâmico diminuiu – mas ainda não cessou. O EI realizou ataques terroristas em 29 países nos cinco continentes em 2017, o mesmo número de países em relação a 2016 e 19 países a mais em relação a 2015. No entanto, o alcance global do EI parece ter atingido seu máximo e, provavelmente, o número de países onde é capaz de executar ou inspirar ataques será menor em 2018.

Especificamente, o setor de turismo está, hoje em dia, enfrentando um aumento dos riscos gerados pelo aumento do terrorismo, pois o setor se tornou um alvo altamente atrativo para algumas organizações terroristas. Em 2017, houve pelo menos 35 ataques em todo o mundo, direcionados a setores comerciais essenciais à indústria do turismo, como hotéis e resorts, casas noturnas, aviação civil e atrações turísticas.

Risco Político

No último ano, o risco político cresceu em 11 países e diminuiu apenas em dois países, indicando a persistência do risco político no mundo, marcado pelo aumento da violência política e da interrupção da cadeia de fornecimento. Em muitos países, o risco de interrupção da cadeia de fornecimento aumentou devido aos impactos climáticos e ao enfraquecimento da situação fiscal.

Na América Latina, os riscos políticos crescem frente a uma temporada eleitoral movimentada, com o atraso das grandes reformas no Brasil e alimentando temores quanto ao cancelamento de reformas no México. Os maiores países estão sob risco de eleger governos populistas, e os países menores também estão passando por agitações políticas.

No Brasil, os problemas enfrentados com a crise da cadeia de suprimentos e o baixo crescimento econômico, diante das dificuldades em aprovar as reformas necessárias, acabam gerando um cenário de difícil previsibilidade para as próximas eleições. O Governo se mostra enfraquecido e provavelmente conduzirá o País sem força até que o próximo candidato assuma. O País encontra-se muito polarizado, e as instituições permanecem funcionando democraticamente. O País precisa realizar investimentos importantes em infraestrutura para resolver os gargalos existentes, e o quadro atual não é favorável para que isso ocorra no curto prazo.

É importante observar que, no último ano, os acordos comerciais dos países asiáticos foram direcionados à China, e não mais aos EUA. Isso se deve ao desenvolvimento econômico da China e sua ascensão como um gigante comercial. Em meio à alta da China, as exportações da Ásia para os EUA reduziram 23% em relação a 2000 e permaneceram em torno de 12% nos últimos anos. Por outro lado, as exportações para a China mais que dobraram na última década, ou seja, 23% atualmente.

De forma mais ampla, a região que mais sofre é a África. Os conflitos frequentes, a perda da governança democrática e os escândalos de corrupção cada vez mais frequentes causaram cada mais violência política. Enquanto isso, grupos como o EI e o Boko Haram se beneficiam das instituições frágeis e fronteiras vulneráveis. Em outra região, o Oriente Médio contém alguns dos países de maior risco no mundo: Iraque, Síria, Iêmen e Egito. A instabilidade e a violência na região chegaram aos países vizinhos, prejudicando o comércio e o turismo.

Mark Parker, chefe de Propriedade, Acidentes e Gestão de Crises da Aon Global Broking Center, declara: “O ambiente geopolítico global permanece instável. Isso se reflete nos Mapas de Risco de 2018, com as ameaças interligadas representadas pelo crescimento da Violência Política e dos Riscos Políticos. Dado esse nível elevado de risco e o cenário de rápida evolução na qual as empresas atuam, é essencial que as empresas compreendam seus níveis de exposição e o potencial de impacto da instabilidade política em seus funcionários, propriedades e cadeias de suprimento. Assegurar as soluções corretas para reduzir e transferir riscos é essencial para as empresas que atuam internacionalmente.”

Paulina Argudin, diretora de Modelos de Risco Nacional, Continuum Economics, afirma: “O Mapa de Risco 2018 da Aon captura as mudanças de riscos políticos para as empresas em países emergentes e fronteiriços. No ano passado, vimos o risco político crescer em vários países, impulsionado principalmente pelo aumento da violência política e interrupções de cadeias de suprimento. A persistência e o aumento do risco político em todo o mundo demonstram a importância das empresas identificarem e monitorarem fatores específicos de risco político nos países onde operam.

Henry Wilkinson, Chefe de Inteligência e Análise, The Risk Advisory Group, afirma: “O Mapa de Terrorismo e Violência Política 2018 da Aon aponta para as tensões interestatais que aumentam os riscos de violência política de longo prazo e diversificam as ameaças terroristas, principalmente no Ocidente. Os riscos geopolíticos se tornarão a tendência de longo prazo dos agentes não estatais, sendo uma preocupação predominante de violência política na maioria das regiões. Esses são ameaças maiores às empresas e exigem um enfrentamento a nível de diretoria. Em um ambiente tão instável, é necessário que as empresas invistam em programas de gestão de risco e crise mundial liderados pelo setor de Inteligência, planejados e adaptáveis a mudanças rápidas”.

M.S.
Revista Apólice

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