Ultima atualização 26 de junho

Sustentabilidade ambiental nas operações de seguros

Mudanças climáticas fazem com que o setor tenha que se adequar. Novos riscos surgem e trazem desafios para seguradoras, resseguradoras e corretores

O homem a todo o momento é confrontado com a fatalidade, sempre havendo a necessidade de se proteger, proteger seu patrimônio dos riscos, do imprevisto. Nesse sentido, podemos afirmar, que o seguro é, por natureza, o centro das atividades humanas. O seguro existe justamente para garantir ao homem que sua vida, a de seus familiares e seu patrimônio estarão garantidos. Nesse trilhar, as seguradoras precisam estar atentas aos desafios da vida em sociedade. Devendo sempre permanecer bem posicionadas para antecipar- se à evolução, para apreender riscos e imaginar soluções sustentáveis. Requer, então, das empresas do ramo de seguros, permanente inovação para atender às
realidades de hoje.

Claudia Sousa

Nesta ordem de ideias, as seguradoras têm como missão fundamental antecipar-se aos riscos, controlá-los e gerenciá-los, devem estar bem posicionados para atingir o desenvolvimento sustentável em todas as suas dimensões: econômica, social e ambiental. Sendo capazes de acompanhar novas expectativas e as preocupações de seus clientes.

Vislumbra-se que, o desenvolvimento sustentável, deve atender às necessidades do presente, sem comprometer a capacidade das futuras gerações, e, cada vez mais as empresas do ramo de seguros estão interessadas nas questões relacionadas à sustentabilidade. Mudanças de estilo de vida impacta direta e profundamente nas seguradoras, pois gera novos riscos e as empresas deste ramo precisam se adaptar, dando a proteção que as pessoas buscam.

Nessa perspectiva, podemos afirmar que o desenvolvimento sustentável tornou-se uma realidade no ramo das empresas de seguros. As seguradoras têm a missão de gerenciar os riscos ao longo do caminho, ou seja, enfrenta enormes desafios relacionados às novas linhas de produtos, políticas de compromisso que se desenvolvem na sociedade, e, garantir às pessoas e às suas propriedades um
ambiente habitável para as gerações futuras.

Neste contexto, as seguradoras estão diretamente envolvidas na promoção de princípios de desenvolvimento sustentável, quando diz respeito à prevenção. No entanto, de outra ponta, as seguradoras demoram para responder as necessidades do cliente, mas podem incentivá-lo a um comportamento responsável através de produtos e serviços em todos os ramos do seguro.

A título de ilustração, com relação ao seguro de propriedades e acidentes, as seguradoras podem e devem estimular a prevenção, fazendo propagandas educacionais e mudando os preços para aqueles que possuem uma postura ambientalmente aceitável, dando incentivos na compra de carros híbridos ou na construção de casas com dispositivos de poupança de energia.

Ainda corroborando com a ideia, no seguro pessoal, os de prevenção na área da saúde, por exemplo: o tabagismo, o combate ao câncer ou eventos cardiovasculares são e devem ser, prioridades estratégicas marcados pelo desenvolvimento sustentável. No que tange ao tabagismo, as empresas de seguros podem se antecipar e criar medidas anti-tabagismo, através da criação de preços adequados para não-fumantes, mas também, podem criar medidas mais abrangentes em termos de saúde, incluindo apoio nutricional e prevenção no campo da obesidade.

Os desastres e os recursos naturais têm um impacto direto nas operações das empresas que lidam com o seguro. Podendo até mesmo levar à falência, na ausência de um resseguro. As seguradoras têm tido grande dificuldade com relação às mudanças climáticas, até porque o seguro e resseguro são diretamente afetados por essas mudanças. As chuvas fortes, inundações, tempestades e o oposto, as secas são prejudiciais à saúde e à segurança das pessoas. Não se trata apenas de garantir a segurança de seus clientes, mas também a própria segurança financeira das seguradoras.

Além disso, as seguradoras estão adotando cada vez mais práticas para integrar o desenvolvimento sustentável em suas operações, como: a política de investimento, política de compras, gestão e recolha de resíduos, recuperação, reciclagem, dados ambientais, eletricidade verde, recuperação de calor, o consumo de papel feito de fibras naturais renováveis e recicláveis.

O  desenvolvimento serve para abrir uma gama de possibilidades que são oferecidos a todos, e, esse desenvolvimento deve levar apoio para uma melhor qualidade de vida a todos e de modo equitativo para as gerações futuras.

Guillaume Sainteny, diretor de estudos econômicos e avaliação ambiental na França, elenca alguns princípios fundamentais que fluem do desenvolvimento, são eles:

  • o princípio da precaução, segundo o qual a falta de certeza, considerando o conhecimento científico e técnico não deve atrasar a adoção de medidas efetivas, proporcionadas para evitar o risco de grave  e irreversível ao meio ambiente a um custo econômico aceitável;
  • o princípio do poluidor-pagador;
  • o princípio da reversibilidade das decisões – escolhas;
  • o princípio do acesso à informação;
  • o princípio de integrar o meio ambiente nas políticas públicas.

Tais princípios são de suma importância para que se possa garantir o equilíbrio de todas as partes envolvidas, sempre pensando nas gerações que estão por vir. De certo, que o seguro desempenha um papel de liderança no desenvolvimento sustentável.

A mutualização dos riscos, é de fato, órgão vital nos negócios do seguro, e possui um papel estabilizador em lidar com riscos pesados, incluindo desastres naturais ou tecnológicos. O seguro sempre deve incentivar os beneficiários a adotarem comportamentos dinâmicos para melhor controlar e gerenciar seus riscos.

No que tange aos riscos climáticos, uma das grandes preocupações das seguradoras são: os desastres naturais e a prevenção de danos ao meio ambiente. Seguradoras e resseguradores estão na linha de frente das consequências e dos efeitos nocivos do aquecimento global.

Evidências científicas que foram reunidas nas últimas duas décadas ajudaram a construir um consenso cada vez mais amplo sobre a magnitude das mudanças climáticas globais em andamento. Tanto as empresas criadoras de riqueza e consumidores de recursos têm uma forte capacidade de intervenção em prol do desenvolvimento sustentável.

Vale salientar, sobre a responsabilidade social corporativa. As companhias de seguros, em particular, participam diretamente no desenvolvimento econômico através de seus investimentos e garantias que eles fornecem para proteger a riqueza das pessoas. O desenvolvimento sustentável deve ter visões estratégicas das empresas. Então, a passagem do discurso para a ação é óbvia e deve ocorrer. O desenvolvimento sustentável está agora na visão de valores dos líderes. A ideia é complementar com a missão de proteção o papel social da seguradora.

Pelo exposto, podemos entender que, o desenvolvimento sustentável é um movimento inevitável e está na conjuntura entre desenvolvimento econômico e social e o respeito à natureza. O desenvolvimento sustentável não durará se o homem, vulnerável por natureza, for ameaçado em escala planetária. É sobre a modificação duradoura de comportamentos, padrões de consumo e produção, que devem ser exibidas nas políticas efetivas.

Neste contexto, qualquer pessoa natural e empresa devem assumir sua responsabilidade, qual seja, a de respeitar os equilíbrios biológicos, que moldam os recursos de que dependem, usando-os sem excesso e garantindo sua sustentabilidade. O desenvolvimento sustentável é, portanto, um desafio, um instrumento para os gestores de riscos, para melhorar sua imagem, muitas vezes negativa diante das reivindicações, para restaurar a confiança do segurável, que são assim guiados no conhecimento de seus riscos e dos meios de prevenir ou mitigar os efeitos.

As companhias de seguros estão enfrentando mudanças e, se elas querem permanecer competitivas, devem superar os desafios do crescimento sustentável. Assim, o desenvolvimento sustentável permite que as empresas melhorem seu desempenho, ganhem novos clientes e mostrem melhores resultados tendo em conta regulamentos e prevenção. Portanto, a elaboração de planos efetivos de gestão de riscos e a formulação de estratégias de resposta viáveis devem envolver a contribuição de entidades privadas, instituições financeiras, governos e organizações internacionais.

Sobre a autora

Claudia Sousa, advogada. Mestre em Direito. Atua nas áreas do Agronegócio, Securitário e Tributário.

Compartilhe no:

Assine nossa newsletter

Você também pode gostar

Feed Apólice

Ads Blocker Image Powered by Code Help Pro

Ads Blocker Detected!!!

We have detected that you are using extensions to block ads. Please support us by disabling these ads blocker.

Powered By
Best Wordpress Adblock Detecting Plugin | CHP Adblock