Ultima atualização 02 de julho

Healthtechs são mais do que apenas uma opção

Atendimento público não supre demanda da população, que busca na tecnologia a chance de ter um serviço de qualidade
(Crédito: Israeltradeca.org)
(Crédito: Israeltradeca.org)

A grande demanda e a carência na área de atenção básica à saúde e as limitações de recursos para atender à população fazem com que as healthtechs, startups que desenvolvem soluções para a área de saúde, tenham mais espaço para criar produtos e serviços para o mercado.

Uma pesquisa de 2015 do Ministério da Saúde, realizada em parceria com o IBGE, revela que 71,1% da população nacional foram a estabelecimentos públicos de saúde para serem atendidos. Do total de entrevistados, apenas 33,2% conseguiram pelo menos um dos medicamentos que precisava no SUS e 21,9%, por meio do Programa Farmácia Popular.

Com a dificuldade do sistema público de atender a demanda de toda a população, o Brasil conta com mais de 47 milhões de beneficiários dos planos de saúde, de acordo com a ANS, um prato cheio para que as healthtechs trabalhem em conjunto com grandes operadoras para ganhar espaço.

Gilberto Takata

Gilberto Takata, CEO da Predict Vision, empresa de tecnologia que desenvolve modelos de machine learning treinados por médicos e especialistas para suporte a diagnósticos por imagem e laudo, acredita que as falhas do atendimento público em regiões específicas são alguns dos fatores que impulsionam as startups no setor. “Com a escassez, todos são forçados a buscar novas soluções de forma criativa, o que acaba beneficiando o surgimento de novas ideias e soluções que antes não eram necessárias”, declara. “O problema da saúde não é a falta de verba, mas a má utilização dela. Um fato importante é que as startups fazem muito com pouco dinheiro”, exalta o executivo.

“A saúde no Brasil é muito cara. Utilizamos  ferramentas do século passado para alguns procedimentos que são simples. A mudança é gradual”, exalta Rui Brandão, CEO da Zenklub, plataforma online que conecta pessoas a especialistas de bem-estar emocional. “Por exemplo, alguém com uma amidalite, uma doença simples, vai ao Pronto Socorro. O médico que vai atender esse paciente não sabe o seu histórico e acaba pedindo mais exames do que o necessário. Tudo isso encarece o processo”, explica.

As soluções apresentadas pelas empresas de tecnologia são as mais variadas. Enquanto algumas oferecem atendimento via aplicativos, com serviços concierge para o agendamento de consultas, outras vão além e abusam da inteligência artificial até mesmo para a realização da “autoconsulta”, que é realizada pelo próprio paciente.

Rui Brandão

Takata diz que “hoje, as healthtechs ajudam empresas farmacêuticas a desenvolverem novos remédios mais rapidamente, facilitam o acesso remoto a médicos através da telemedicina, além da Inteligência Artificial (IA), que ajuda os médicos a diagnosticarem melhor, algo que era impensável há quatro ou cinco anos”.

A qualquer hora e em qualquer lugar

Além da dificuldade do Governo para suprir toda demanda pelos serviços de saúde, outro fator que impulsiona as healthtechs é a diminuição de custos e a aceleração dos processos para as empresas que atuam em parceria. As ferramentas digitais diminuem a burocracia e oferecem ao cliente, que muitas vezes está debilitado, a facilidade de ser atendido a qualquer momento.

“Acredito que a maior mudança que as healthtechs trouxeram para o setor foi a da mentalidade das instituições de saúde e até mesmo dos médicos que hoje têm uma conscientização maior de que a tecnologia se tornou necessária para o dia a dia, tanto operacional quanto para o paciente”, diz Takata.

Brandão acredita que o País tem uma divisão bem acirrada entre o setor de saúde pública e a privada. “Há uma partição muito evidente, o que impulsiona a entrada e o desenvolvimento de serviços e produtos com empresas privadas. A maior preocupação, nesse caso, deve ser em relação aos fluxos de pagamento. Como uma operadora paga um hospital; como a startup paga um médico e vice-versa”, ressalta o executivo.

Para o CEO da Zenklub, o médico ainda é uma figura resistente à inovação. “No setor bancário, por exemplo, temos a chegada das fintechs, que já discutem o blockchain, novas formas de crédito sem as tradicionais taxas, além disso, as próprias instituições financeiras já desenvolvem tecnologias de ponta. Mas, no setor médico, ainda estamos falando de tirar a burocracia do papel e passar para o computador”, opina.

Quanto fica?

A medição de batimentos cardíacos, o acompanhamento diário da alimentação do paciente, o atendimento de prontidão oferecidos pelos robôs, tudo corrobora para a redução de custos. “Isso não vale apenas para os hospitais ou médicos. Com essas ferramentas, as operadoras de saúde podem precificar melhor seus produtos. Além disso, a fidelidade dos dados tornará o negócio menos burocrático e mais ágil”, diz Brandão.

Maike Silva
Revista Apólice

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