O reajuste médio dos planos de saúde corporativos voltou a subir em 2017, chegando a 17,91%. O número é um reflexo da inflação médica, que chegou a 18%. O índice está 14% acima da inflação geral, que de acordo com dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) está em 3,9%.
Para os planos individuais, a inflação médica 2017 foi de 13,55%, cinco pontos percentuais abaixo dos planos coletivos. Nos últimos cinco anos o acumulado da inflação médica registrou 145,43%, enquanto que a inflação geral foi de 96,7%.
Segundo Rafaella Matioli, diretora de Consultoria em Saúde e Benefícios da Aon Brasil, a previsão é que o índice de variação dos custos médicos continue a aumentar.
“Alguns fatores como os avanços tecnológicos, a judicialização, desperdícios na utilização dos planos, fraudes e o envelhecimento da população, são os principais motivos da escalada dos custos da saúde”, explica.
Os altos custos com a saúde não são um problema exclusivo do Brasil. A inflação médica é um fenômeno observado mundialmente. Porém, a média do índice brasileiro é superior a todas as outras regiões do mundo. Em 2017, a inflação médica foi de 17,91% no Brasil, 14,3% no Oriente Médio e na África, 14,2% na América Latina e no Caribe, 8,9% na Ásia, 6,3% na América do Norte e 5,7% na Europa.
O número de portadores de doenças crônicas é outro fator que impacta os custos da saúde. A gestão desses pacientes nos planos é uma preocupação das operadoras de saúde e das empresas.
“Os custos crescentes e o aumento da prevalência de doenças crônicas são um fenômeno mundial e, se essa tendência se mantiver, independentemente do sistema de saúde, as empresas sofrerão custos corporativos adicionais e perda da competitividade da força de trabalho. Precisamos, com urgência, desenvolver um modelo assistencial que priorize a saúde e não a doença”, alerta Rafaella.
Para a executiva, a diminuição do índice de inflação médica depende também da conscientização de todos os beneficiários do sistema de saúde suplementar sobre a sua parte na manutenção dos custos.
“É importante mostrar para o beneficiário como os seus hábitos podem impactar diretamente no plano de saúde, pois um fator importante que eleva a inflação médica é o desperdício” comenta.
Gestão da saúde
Para realizarem uma gestão melhor dos planos de saúde e evitarem o crescimento dos custos médicos, as empresas precisam desenvolver ações estratégicas.
“Bienalmente a Aon realiza uma Pesquisa de Benefícios, que tem como objetivo identificar e analisar mais de trinta benefícios concedidos pelas empresas. A última edição, lançada em maio deste ano, revelou que no último ano 70% das companhias redesenharam o benefício saúde. Além disso, 40% consideram importante rever todos os anos as características da assistência médica”, explica Rafaella.
O estudo também mostrou que o plano de saúde é um dos principais benefícios para atração e retenção de talentos, sendo o terceiro item de maior desejo pelo trabalhador brasileiro. Por isso, a assistência médica é o benefício com maior prevalência nas empresas: 100% das companhias pesquisadas oferecem seguro saúde aos colaboradores e, na mesma proporção, aceitam os cônjuges e estendem o benefício aos filhos.
Depois do salário, o plano de saúde representa o maior gasto que as empresas têm com funcionário. “Considerando a escalada dos custos da saúde, esse gasto vem aumentado ano após ano. O levantamento da Aon apontou que para 36% das empresas a assistência médica representa de 5% a 10% da folha de pagamento”, complementa a executiva.
A pesquisa contou com a participação de 536 empresas, totalizando 2,1 milhões de funcionários. A maior parte da amostragem (65,9%) representa empresas brasileiras. Mas também foram ouvidas multinacionais dos Estados Unidos (12,9%), França (4,2%), Alemanha (2,8%), Japão (1,9%) e outros países (12,3%).