Ultima atualização 24 de julho

Ataques cibernéticos vão aumentar, dizem especialistas

Avanço da conectividade e desconhecimento do usuário sobre como lidar com a tecnologia contribuem para essa expansão

ataques

O avanço da internet das coisas, em que tudo está interligado, amplia as oportunidades para os invasores, mas o maior facilitador desse trabalho são os próprios usuários que não são educados para lidar com a tecnologia. A afirmação foi unânime entre os participantes do Cyber Security View, encontro sobre riscos cibernéticos da corretora de seguro e resseguro JLT Brasil, realizado em São Paulo no dia 20 de julho.

O consultor em segurança cibernética Greg Epiphaniou afirmou que as pessoas são o elo mais frágil na cadeia que as une à tecnologia. Apenas 10% dos 100 mil novos usuários que chegam diariamente na Internet se comportam de forma segura online.

“Até 2020, teremos 50,1 bilhões de aparelhos conectados, então o vetor dos ataques cresce exponencialmente. O avanço da mobilidade aumenta a complexidade e segurança detesta complexidade. Os criminosos cibernéticos são organizados, por isso, precisamos também organizar a defesa e fazer uma reengenharia na nossa segurança”, sinalizou.

Em um teste de intrusão, o mestre em computação forense, cibersegurança e contra-terrorismo, Rafael Narezzi, pode demonstrar em 15 segundos uma variável de ataque virtual e alertou para a facilidade de contratação de programas e de serviços desse tipo.

“A vulnerabilidade mais comum entre os usuários é deixar as senhas salvas, por exemplo. Facilidades desse tipo criam oportunidades e podem fazer dele uma porta para o roubo de dados não só dele, mas de uma empresa ou instituição”, explicou.

Para ele, assim como para os outros palestrantes, não é possível estar 100% seguro. “A vulnerabilidade faz parte do mundo online, mas a segurança tem que estar na essência do processo de inovação. Essa exigência também tem que partir dos consumidores porque hoje pela Internet é possível contratar uma invasão ou um software para isso”, completou.

Ao falar sobre o cenário de risco no Brasil e o que é necessário para a previsibilidade no ambiente de negócios, o especialista em segurança cibernética, Ricardo Tavares disse que nos próximos três anos o crime cibernético vai provocar um prejuízo anual no mundo na ordem de 6 trilhões de dólares e que as empresas não devem negligenciar os problemas por menores que sejam.

“Os impactos são causados em vários processos de negócios paralisando o faturamento, a logística, a operação e, principalmente, afetando a imagem da companhia porque há riscos que são intangíveis”, afirmou.

Tavares revelou que o Retorno do Investimento (ROI – na sigla em inglês) do crime organizado virtual é de 1.500%. “Nenhum negócio é tão rentável quanto esse. Para cada dólar investido, são ganhos 1.500 dólares. Então vemos crescer uma indústria criminosa global, que tem financiadores e bandidos migrando do crime físico para virtual porque as penas e os riscos são menores.”

As principais consequências dos riscos cibernéticos para as empresas são: perda de reputação, interrupção do negócio, danos que serão pagos por perder dados e clientes e perda de segredos comerciais. Estudos apontam que os funcionários são os responsáveis por causarem os maiores riscos paras as companhias, o que demonstra a ausência de uma consciência digital. Ao mesmo tempo, uma pesquisa global da KPMG mostra que 74% das empresas admitem não estar totalmente preparadas para uma eventual violação de dados pelos próprios colaboradores. E isso pode acontecer em empresas de qualquer porte.

“Informações geram vantagens competitivas. O roubo de base de dados entre concorrentes já aconteceu no Brasil e tende a aumentar. A educação digital para a adesão de um comportamento seguro é uma das formas de diminuir a exposição das companhias. O usuário costuma clicar antes de pensar. Por isso, a segurança tem que fazer parte do processo da gestão das empresas”, disse Tavares.

Risco corporativo

A atuação de terroristas virtuais e hacktivistas (ativistas políticos do mundo cibernético) também é uma das grandes ameaças contra as empresas. O ataque aos ativos intangíveis de uma companhia tem relação direta com os tangíveis em uma época de automação de todos os sistemas. A especialista em gestão de risco cibernético da JLT Brasil, Marta Schuh, deu o exemplo de uma comporta de hidrelétrica que, controlada por um sistema, se for invadido pode inundar uma cidade.

Ela lembrou que o ataque do Wannacry gerou resgates baixos em bitcoins; em compensação as perdas globais foram em torno de 4 bilhões de dólares, decorrentes da interrupção de negócios durante dias. “Muitas vezes quando há um ataque de ramsonware a perda da empresa não está no valor do resgate, mas na consequência da interrupção de serviços prestados a seus clientes. O seguro pode ajudar a mitigar esses prejuízos”, explicou.

O seguro não substitui a segurança. “A apólice de seguro estrutura as perdas financeiras geradas pelo ataque, sejam elas por interrupção do negócio, por restituição dos dados e serviços ou em perdas consequente de litígios. O seguro vai cobrir danos a terceiros e à empresa, como despesas de investigação, danos à reputação, custos de notificação, perda de receita, restauração de dados, pagamento do resgate e danos físicos ”, concluiu Marta.

L.S.
Revista Apólice

Compartilhe no:

Assine nossa newsletter

Você também pode gostar

Feed Apólice

Ads Blocker Image Powered by Code Help Pro

Ads Blocker Detected!!!

We have detected that you are using extensions to block ads. Please support us by disabling these ads blocker.

Powered By
Best Wordpress Adblock Detecting Plugin | CHP Adblock