
Em março de 2017 a Prevent Sênior, que havia deixado de atuar com corretores de seguros em 2015, anunciou que deveria voltar a contar com esses profissionais. A decisão serviria para impulsionar as vendas da operadora e fazer crescer a carteira de corretores. Mas, após a proposta feita pela companhia, os profissionais da corretagem de seguros sentiram-se ofendidos.

Eles afirmam que o comissionamento oferecido pela Prevent Sênior está extremamente descolado da realidade: a comissão para plataformas e corretores seria, respectivamente, de R$ 300 e R$ 100 e, para os planos de apartamento, R$ 350 e R$ 150. “Isso não chega nem a 50% de comissão para a plataforma de vendas que trabalha com a operadora e que ainda deverá repassar o valor referente ao corretor. Eu não aceitaria esse tipo de proposta. Vender um plano de saúde para o cliente é uma grande responsabilidade. É preciso ser adequadamente remunerado para isso. Fiquei admirado que algumas plataformas tenham se sujeitado a isso”, aponta Roberto Beijato, corretor de seguros que já trabalhou com plataformas de venda de planos de saúde.
A presidente da Associação dos Corretores de Planos de Saúde – Acoplan , Rosa Antunes, repreendeu a proposta. Ela afirmou que a Prevent Sênior cresceu com a colaboração dos corretores especializados na saúde suplementar. “Em São Paulo, estimava-se serem 10 mil vendedores que comercializavam o produto. Pensamos [a profissional e a diretoria da entidade] que é uma falta de ética e um desrespeito estabelecer um valor fixo aos profissionais de vendas que sempre receberam por resultado”, pontua.
A corretora Nayara Gouveia também considera a comissão oferecida “ofensiva por desmerecer o trabalho do

corretor que age adequadamente. No passado, a suspensão da comercialização desses planos foi feita pela empresa cometendo abusos”, aponta. A corretora afirma que não se coloca, de maneira alguma, a favor da prática de remuneração da empresa, mas pondera que muitos beneficiários, que afirma serem bem atendidos pela companhia, optam por continuar no plano e isso deve ser levado em consideração por ela.
Outros problemas foram identificados pelos corretores. Um deles é a falta de ética na prática de alguns corretores de seguros que, segundo ela, fraudavam documentos para burlar as regras da operadora. “Esse é o argumento que a Prevent Sênior utiliza para justificar a baixa comissão oferecida. Reafirmo que comercializaria apenas na necessidade do meu cliente e quando não houvesse alternativas satisfatórias para ele”, reitera Nayara.
O sentimento dos corretores é que foram subestimados pela companhia tanto quando foram cortados das vendas quanto agora que a operadora retorna ao canal.
Histórico traz implicações

Em meados de 2004, a Prevent Sênior chegou ao mercado de saúde suplementar ocupando um nicho no qual as demais operadoras de saúde não queriam atuar: atender planos de saúde pessoa física para indivíduos acima de 59 anos. “A operadora ficou com um mercado muito grande e ganhou a simpatia dos corretores. Não cobrava um preço absurdo, absorvia a carência de forma integral e atendia os clientes muito bem”, afirma Roberto.
A companhia ganhou muito mercado e a simpatia dos profissionais. “Ao entrar nesses nichos, a companhia ficou bem à frente das outras e se colocou muito bem no mercado. Especialmente por ter um trabalho de prevenção”, comenta outro corretor que também trabalhou com a operadora, Cassiano Santana. Após quase dez anos, essa parceria se rompeu. Primeiramente, a Prevent Sênior decidiu reestruturar o seu setor de comercialização de produtos e, depois disso, passou a internalizar as vendas, contando com uma equipe própria e dedicada a isso. Os corretores de fora já não tinham mais acesso à oferta do produto para o público.
Em nota oficial, a Acoplan afirmou que “é bom lembrar que a Prevent Senior surgiu em 1997, cresceu e se apoiou até 2015 com esse mesmo canal de vendedores e corretores, deixando o mercado no segundo semestre de 2015”.
“A situação se torna mais difícil devido a plataformas que aceitaram distribuir o produto, ampliando o descaso com seus vendedores e parceiros. Há boatos de que a Prevent Senior ainda estaria tentando contaminar o mercado, apresentando a referida proposta a outras empresas do setor. Os profissionais temem que tudo isso sinalize um movimento no sentido de diminuir o comissionamento.
Mas, nenhuma crise enfrentada – pelo mercado ou mesmo pelo Brasil – justifica a desvalorização dos profissionais, que construíram sua carreira e se aprimoraram por anos para oferecer sua expertise no segmento de venda de planos de saúde. E agora, mais do que nunca, os corretores devem se unir para boicotar esse produto, demonstrando a força da categoria.” – Nota Oficial Acoplan
Esse foi o histórico que trouxe a companhia a esse cenário. O grande temor dos profissionais é que essa decisão de comissão abra precedente para os demais atores do setor comecem a pagar menos por perceberem que os profissionais estão dispostos receber essa remuneração menor com outra operadora do setor.
Cassiano enxerga agravantes para esses cenários e, entre eles, estão a falta de representatividade dos corretores individuais em detrimento às corretoras PJ e a baixa profissionalização dos corretores desse nicho. “Quando comecei, muitos corretores estavam no mercado a procura de emprego para ganhar melhor. O mercado estava cheio de pessoas que não era profissionais, mas quem quis continuar precisa ter formação. Precisamos voltar a formar corretores, oferecer cursos”, acredita.
Problemas
Nayara aponta a regulação como outro fator que atravanca a comercialização. “A ANS deveria facilitar as exigências de comercialização para que não haja tantas fraudes de operadoras, corretores e agenciadores. Devido às normativas, a população está sem opção de produtos e não tem escolhas de coberturas”, revela. A corretora acredita que cada operadora faz o que é possível para ser eficiente e competitiva no mercado, assim como os corretores e que essas ações são o reflexo do caos no qual se encontra o mercado. “Todos [corretores] autônomos precisam lidar com despesas altíssimas”, opina.
Para Roberto Beijato e outros corretores que opinaram pelas redes, o boicote à operadora deveria ser feito. “O corretor deve virar as costas para a operadora que já virou as costas para ele. O corretor sério precisa ser bem remunerado e é preciso lembrar que é ele que conduz o cliente e mostra qual a melhor opção. Isso é venda consultiva”, finaliza.
ATÉ O FECHAMENTO DESTA MATÉRIA, NA TARDE DE 30/03, A OPERADORA PREVENT SÊNIOR NÃO RETORNOU AS TENTATIVAS DE CONTATO PARA PRESTAR ESCLARECIMENTOS E SE POSICIONAR SOBRE O TEMA.
Amanda Cruz
Revista Apólice
Eles começaram um hospital caindo as pedaços se não fossem os corretores ele não creseriam como eles estão
Da mais valor aos corrrtores
As corretoras deveriam ignorar a Prevent Sênior que descartou a categoria por achar que não precisaria mais. E agora com a necessidade voltar a exergar o profissional pra alavancar suas vendas.
É um grande desrespeito esse tipo de proposta feita para o voltarmos a operar com essa operadora
Exatamente. Vamos valorizar nosso trabalho, pois exige muita dedicação e responsabilidade.
Sou a favor do boicote, essa empresa só cresceu por causa dos corretores e esta tentando voltar, por que precisa dos profissionais do setor.
E concordo, batalhamos muito e temos muita responsabilidade para sujeitar essa miséria.
Caros senhores, uma duvida, eu fui Técnico de seguros desde 1978, Ramos elementares, a 10 anos no mercado de plano de saúde, eu sei que para venda de seguros o corretor é formado pela FUNENSEG, onde ganhamos a habilitação, ou SUSEP, para comercializar seguros, pergunto o corretor de planos de saúde carece de habilitação, ele pode ser autônomo ou free lance, as operadoras de planos, poderiam boicotar esses produtores e plataforma, como fez a PREVENT, ou existe uma legislação que proteja os corretores de plano de saúde, ao contrario que acontece com os corretores de seguros. Grato.