Ultima atualização 02 de dezembro

Chape: pane seca barraria pagamento de seguro às famílias

Apólice contratada pela LaMia tem duas cláusulas que eximiriam pagamento da cobertura em caso de negligência ou omissão do operador da aeronave

chape

Se confirmada a informação de que houve pane seca no voo da LaMia que transportava a Chapecoensepara Medellín, os familiares das vítimas não deverão receber indenização proveniente do seguro da companhia aérea.

A apólice contratada pela empresa boliviana tem duas cláusulas chamadas de exclusão, que eximiriam pagamento da cobertura em caso de negligência ou omissão do operador – neste caso, o piloto Miguel Quiroga, o que pode ficar configurado com a abertura das caixas pretas.

A provável influência da falta de combustível foi reforçada por autoridades do setor aéreo da Colômbia, para quem já é possível afirmar “claramente” que o tanque do avião estava vazio no momento do impacto no chão.

A classificação se daria porque, a partir dos primeiros indícios, Quiroga teria corrido riscos ao decidir não fazer escala para reabastecer ou por ter comunicado tardiamente a gravidade da situação à torre de controle.

Só será possível saber as causas do acidente após investigações que podem demorar meses.

A Folha obteve informações que constam da apólice que a LaMia firmou com a resseguradora Tokio Marine Kiln. Os valores do acerto são considerados irrisórios dentro do segmento aéreo.

Acidentes aéreos são de responsabilidade, inicialmente, das companhias aéreas.

O seguro para ocorrências de terceiros contratado pela LaMia é de US$ 25 milhões (R$ 87 milhões), muito inferior ao US$ 1 bilhão (R$ 3,4 bi) que as empresas do setor costumam acertar habitualmente em coberturas amplas.

Com as cláusulas de exclusão do acordo, a seguradora deve exercer a opção de não liberar qualquer quantia. Ainda assim, o valor ratificado em apólice seria insuficiente para as indenizações.

O mais surpreendente é que a cobertura da LaMia não protege nem sequer a própria aeronave Avro RJ85, que era a única de sua frota e tinha capacidade de transportar de 85 a 100 passageiros.

O fato de a empresa não protegê-la não configura ilegalidade, mas evidencia falta de precaução e atitude fora da praxe de mercado. O modelo, construído no Reino Unido, parou de ser fabricado em 2002 e hoje atende apenas empresas regionais.

Para Caio Timbó, diretor da corretora LTSeg, é “muito provável” que a seguradora não pague a indenização e que não ter uma apólice mais robusta nem cobrir sua própria aeronave indica que a LaMia queria reduzir custos.

“No meu entendimento, um valor de apólice deste limite [US$ 25 milhões] é muito baixo”, disse Timbó, que lida com seguros de companhias aéreas. Ele contou que trabalha com companhias que fazem seguros de US$ 170 milhões.

“Mesmo se não se tratasse de times de futebol, ainda assim a proteção é muito pouca”, afirmou.

As legislações podem variar em cada país, porém, geralmente, apólices de seguro de companhias aéreas tratam de duas vertentes: da aeronave e de ações de responsabilidade civil, como danos (materiais e morais) a viajantes e pessoas afetadas em solo.

Caso se confirme o não recebimento de indenização da seguradora, o caminho das famílias será acionar judicialmente a LaMia, que dificilmente terá liquidez ou patrimônio para ressarci-las.

A solução mais provável, então, será que recorram a ações judiciais. “O que surge é uma disputa muito longa e difícil”, afirmou Timbó.

A Folha procurou a Tokio Marine no Brasil, mas foi informada por sua assessoria de imprensa que a posição oficial só seria dada pela matriz, em Londres, que não enviou respostas até o fechamento dessa edição.

CBF e Chapecoense

Apesar da possível dificuldade que as famílias terão para receber indenização da companhia aérea, a CBF e a Chapecoense informaram que vão cobrir as mortes dos jogadores. Ambas bancarão despesas de enterro.

Pelo clube, a base para calcular o valor pago é de 28 vezes o salário de cada jogador.

A seguradora da Chapecoense deve desembolsar em torno de R$ 2,5 milhões para quem detém o teto salarial – cerca de R$ 90 mil.

No caso da CBF, o valor máximo pago pela seguradora ficará em torno de R$ 1,1 milhão para cada família de atleta. Pelo acordo, a apólice da confederação pagará 12 vezes o salário do jogador.

Fonte: Folha de S.Paulo

L.S.
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