As empresas acreditam que apenas tecnologias emergentes e novos produtos levam às inovações disruptivas. Mas não é bem assim, pois muitas novidades vem da evolução de tecnologias existentes. É a inovação de melhoria continua.
Durante o Zurich Corporate Conference, realizado no Guarujá, em São Paulo, Carlos Cortes, diretor da riscos da companhia, mostrou exemplos de inovação a partir do carro autoguiado. 90% dos acidentes automobilísticos são causados por erro humano. US$ 9 mil é o custo médio de um carro por ano nos EUA. No Brasil é R$ 15 mil. Ele é usado apenas 4% do tempo, passa 30% do tempo estacionado, ocupando espaço. A taxa de ocupação dos veículos nos EUA é de 1,02 ocupantes. No Brasil, é 1,04. As novas tecnologias podem causar mudanças neste cenário.
“A mistura de carros auto-dirigíveis e compartilhamento pode reduzir a frota de 250 milhões para 25 milhões nos EUA. Os acidentes cairiam de 8 milhões para 1,1 milhão de acidentes de trânsito, com queda do consumo de combustíveis de 36 bi de litros para 760 milhões de litros por ano”, demonstrou Cortes.
Neste contexto, o seguro de casco não seria tão relevante quanto o seguro RC, bastando definir de quem é esta responsabilidade. Entretanto, este cenário impacta em várias indústrias. Os riscos associados para a sociedade, como roubo, sequestro, terrorismo, acidentes simultâneos e responsabilidade civil ficam muito mais plausíveis de acontecer. As possibilidades são infinitas, ficam exponenciais, pois os carros autônomos podem ser hackeados.
Em outro setor, a Qualcomm iniciou um projeto para criar o Tricorder, um aparelho que vai monitorar pressão arterial, batimentos cardíacos, diabetes, anemia etc, que já está em fase de testes e deve ser anunciado no primeiro semestre de 2017.
“Todas estas tecnologias dependem de uma plataforma, que é a rede. O custo anual dos crimes cibernéticos é de US$ 100 bilhões. 59% dos ex-empregados admitiram levar informações para outras empresas. As corporações devem monitorar este setor, investir em inovação com capital de risco, mantendo os disruptores longe do core business”, avisou Cortes.
O executivo avisou que a gestão corporativa de riscos de inovação deve rever seu perfil de tolerância de riscos para um processo inovador. Os modelos de gestão de riscos com muitos controles (que visam proteção da empresa, produtos e investidores) devem ser revisados. “Passamos por processo de inovação em etapas. Ao final, são aprovadas ideias de baixo risco e, consequentemente, de baixo retorno”, lamentou.
Kelly Lubiato,do Guarujá
Revista Apólice