Ultima atualização 04 de agosto

O que está em jogo no Rio de Janeiro?

Um evento como as Olimpíadas envolve riscos que preocupam organizadores e empresas. Como o mercado de seguros pode ajudar a minimizá-los?

Olimpíadas Rio de Janeiro

Olimpíadas 2016 – A expectativa de receber cerca de 400 mil turistas, 25 mil jornalistas e 10 mil atletas durante os jogos olímpicos e paralímpicos, no Rio de Janeiro, está movimentando empresas que têm a possibilidade de
contribuir com produtos de proteção para patrimônio e pessoas.
Os organizadores deste grande evento estão preocupados com a possibilidade de ataques terroristas, após o que aconteceu na França, Bélgica e Estados Unidos. Jean Paul Laborde, chefe de estratégia da ONU para o combate ao terrorismo, alertou que o Rio de Janeiro corre o risco de se tornar alvo fácil. “A lógica de que
o Brasil não tem problemas com o terrorismo não é a abordagem correta, pois o problema são as pessoas
que vêm para o País com esta intenção”.
O Brasil tem certa fragilidade em suas fronteiras e, na realização de um evento grande, o controle realizado pela
Polícia Federal pode não ser suficiente. Há também um relatório da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN)
sobre essa preocupação e o País já recebeu ameaças em alguns sites do Estado Islâmico, em língua portuguesa, sobre esse assunto.
O diretor de Riscos Corporativos da Willis, Alvaro Igrejas, afirmou que a corretora está alertando seus clientes
sobre a exposição a este risco pelo tipo de atividade, principalmente para que elas procurem medidas preventivas. Algumas empresas estão preocupadas, pelo seu tipo de exposição. Há ainda embaixadas, consulados e outros órgãos governamentais que irão receber chefes de estado, atletas e autoridades de seus
respectivos países. “Toda a área ligada a transporte (aeroportos, metrôs, terminais rodoviários) receberá
um grande volume de pessoas, além, é claro, das arenas esportivas e espaços olímpicos. Haverá também
maior concentração de pessoas nos monumentos e pontos turísticos”, calcula Igrejas. Há ainda  outros espaços com risco potencial maior, como shoppings, hotéis, hospitais, estações de tratamento e abastecimento de água, além de áreas de armazenamento de produtos inflamáveis, ou até marcas icônicas ou uma empresa de  um determinado país contra o qual o EI tem uma luta direta. “Estamos alertando estas empresas sobre a sua exposição ao risco”, observa Igrejas.
O executivo explica que o trabalho de gerenciamento de riscos não é específico para um evento deste tipo, mas segue num contexto perene. O que a corretora está fazendo, agora, é manter contato com os clientes que já contrataram o seguro e aqueles que ainda procuram por algum tipo de proteção. “Estamos discutindo com os clientes este trabalho de gerenciamento de risco mais focado no terrorismo”.
A maioria dos contratos de seguro patrimoniais já cobre os riscos de danos materiais e de outros decorrentes de atos terroristas. A cobertura específica de terrorismo tem algumas particularidades. Em média, o atendimento é feito até 72 horas após o ato para cobrir os danos sofridos por ataques terroristas, envolvendo a parte de remoção de entulho, proteção dos salvados e a estrutura
de salvamento (contratação de bombeiros especializados, por exemplo) e a cobertura de danos materiais para
o segurado ou terceiros. Nas apólices também está incluída a cobertura para interrupção de negócios, que
envolve lucros cessantes.
Por enquanto, a aquisição desta cobertura ainda não explodiu, mesmo porque ela representa um custo adicional
para as apertadas contas das empresas. “O empresário avalia com muita atenção, porque este é um momento em que as pessoas estão tentando reduzir custos. Os executivos procuram formas de acertar os gastos para encaixar a cobertura no orçamento”, avalia Igrejas, acrescentando que a proximidade do grande evento deve
fazer a procura crescer. As contratações devem ficar dentro dos limites da capacidade do mercado brasileiro.
Por outro lado, algumas empresas multinacionais já possuem esta cobertura em seu pacote global de seguros. Entretanto, neste caso é necessária uma avaliação da forma como
se deve proceder a questão do pagamento de indenizações. “Para o dinheiro chegar ao Brasil, em caso de sinistro, tem a questão dos impostos. Estamos apresentando isso aos nossos clientes
e deixando que eles avaliem se devem ou não adquirir uma apólice local”.
Esta aproximação com os clientes envolve uma conversa com aqueles que tem potencial de risco, porque a
exposição será grande. Além da cobertura de terrorismo, as coberturas para tumultos e greves também
podem ser mais utilizadas.
O Brasil está passando por um momento de transição, de mudança na forma de fazer negócios e de como
encarar a exposição aos riscos cotidianos. “Apesar de vivermos em algumas cidades com uma série de situações de
insegurança, ainda não se vê a questão do ato de terrorismo. Se formos avaliar, o Brasil com toda a sua diversidade religiosa, é um
país bastante tranquilo. Só que agora estamos em um momento em que vamos trazer para o Rio de Janeiro os conflitos do mundo inteiro”, enfatiza Igrejas.

Onde o mercado pode investir?

Outros produtos do mercado de seguros podem ser mais oferecidos e utilizados pelos cidadãos e empresas que passarão pelo Rio de Janeiro no mês de agosto. Os seguros de engenharia já foram bastante utilizados no momento de preparação da infraestrutura para os jogos. Agora, é a vez das cobertura de Responsabilidade Civil, linhas financeiras e seguros ligados às propriedades. Mas, aqueles que vêm assistir, ainda devem trazer o seguro viagem. Como serão realizados muito eventos paralelos (diversos países criarão suas “casas” para receber turistas, autoridades e atletas), vale se precaver.
Giuliano Maisto, gerente de Linhas Financeiras da AGCS, uma das resseguradoras da apólice de E&O do Comitê Olímpico, ressalta que nem só os turistas estarão expostos aos riscos. “ Os atletas, delegações olímpicas, integrantes do Comitê Olímpico, autoridades que participarão das cerimônias de abertura e encerramento estão expostos. Há também os cerca de 25 mil profissionais de imprensa que vão trabalhar na transmissão, como repórteres, operadores de
câmera, por exemplo e os 40 mil voluntários. As forças de segurança devem ultrapassar a marca de 25 mil pessoas. Não podemos esquecer também da própria população da cidade do Rio de Janeiro, que faz parte desse grande público que participa do evento”.
A apólice de E&O do Comite Olímpico cobre tanto erros e omissões durante a transmissão dos Jogos Olímpicos quanto dos Paralímpicos. A nossa apólice de E&O cobre o Comitê Olímpico durante ambos os eventos. Importante ressaltar que a AGCS é uma das resseguradoras dessas apólices e não exclusiva”, explica Maisto.
As coberturas são as mesmas de todos os contratos de E&O. O objeto do contrato é o mesmo. O que ocorre é que devido à proporção e tamanho de um evento como as Olímpíadas, em que a exposição ao risco é maior o que em situações convencionais, as coberturas acabam sendo maiores para custos de defesa, riscos de reputação etc. Mas trata-se apenas de uma questão de valor de cobertura devido à grandiosidade e exposição internacional de um evento como esse.
“Outro ponto importante que podemos destacar é que o mercado segurador local ganhou força e amadureceu para atender às demandas das Olimpíadas. Para fazer parte desse evento e fornecer soluções que atendam às demandas do Comitê Olímpico, a cultura do seguro é uma premissa fundamental”, completa
Maisto.

Movimentos planejados

Receber esta quantidade de strangeiros,  sejam  turistas, atletas, jornalistas etc, vai requerer  um esquema especial também das empresas de assistência 24h. O planejamento envolve desde
equipe de atendimento bilíngue até o reforço das equipes de campo.
Estela Pletsch, gerente executiva de operações da Europ Assistance explica que a empresa aumentou a quantidade de prestadores de serviços disponíveis. Foram cadastradas mais ambulâncias
e hospitais, trabalhando com o posicionamento estratégico de reboques e estabelecendorotas
para os deslocamentos mais difíceis. “Temos que pensar no alinhamento dos prestadores, treinamento e aumento da rede”.
Segundo a executiva, a empresa de assistência projeta aumento de 20% dos atendimentos, com a maior demanda partindo dos atendimentos médicos. “Como será um período de férias escolares, o trânsito deve ficar mais tranquilo, mas calculamos aumento da demanda também para o atendimento de automóveis”.
Além dos atendimentos para fatos já ocorridos, Estela acredita que haverá bastante trabalho também para o serviço de concierge. Para atender a estes clientes do mundo inteiro que estão vindo para o Brasil, a empresa
prepara um roteiro turístico e cultural da cidade sede do evento.
A rede médica que atenderá tanto aos turistas como as delegações e atletas de todo o mundo cobertas pela Europ Assistance foi ampliada. Além dos médicos do chamado “homecare”– que vão
até o local da ocorrência para prestar o atendimento – serão mais de 40 ambulâncias à disposição dos clientes
e 37 hospitais cadastrados no Rio de Janeiro e em cidades que receberão os jogos de f utebol. O atendimento saúde é um benefício que traz tranquilidade ao cliente que está fora de seu país de origem. Ele está atrelado a  contratos de seguro saúde internacional e seguro viagem internacional e sua contratação é feita nos países de residência, com cobertura para a localidade de destino”, completa.

Kelly Lubiato
Revista Apólice

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