Ultima atualização 26 de março

Edição 208

entrevista | CNseg

Continuando a mudar

CNseg e federações de seguros empossam novas diretorias e, ao mesmo tempo que pretendem dar continuidade ao trabalho das gestões anteriores, querem mudanças para alcançar a modernização

Amanda Cruz

APÓLICE: Todos os setores da economia procuram se aproximar de processos de modernização. Como a CNseg pretende fazer isso?
Marcio Coriolano: A modernização da CNseg significa, principalmente, dar estabilidade para o quadro de colaboradores. E auxiliar na formação, capacitação e treinamento dos servidores da entidade. Precisamos privilegiar os servidores de nosso quadro e ter capacidade de contratar estagiários e pessoas que possam fazer carreira dentro da entidade.

Outra perspectiva em curso é a área de estudos e projetos, que vai agregar à expectativa que temos de fornecer estatísticas para o mercado. O terceiro pólo de modernização, que talvez seja hoje o mais importante, é a Central de Serviços da Confederação, que são diversos bancos de dados estruturados. Essa Central é fonte de renda e já representa uma etapa da modernização da CNseg.

APÓLICE: Para manter o processo de continuidade almejado, o que precisa ser mudado?
Marcio Coriolano: Não vamos inventar a roda, o mercado segurador já sabe o que quer. A questão é saber priorizar diante de um cenário de dificuldade econômica grave que nós temos hoje. Foi um ano difícil e vai ser mais difícil ainda em 2016. Precisamos unir mais as federações para acelerarmos aquilo que está na Susep, no parlamento, e também na ANS.

As mudanças se darão em propor a melhoria do DPVAT, do DEPEN e do Seguro Rural. Temos que captar quais são as melhores oportunidades nesse cenário sem descuidar do futuro.

APÓLICE: Os cuidados serão mais com os produtos que já estão saindo ou a criação de novos?
Marcio Coriolano: Fundamentalmente, focaremos aqueles que estão prontos. Em período de dificuldade não podemos economizar esforços. Evidentemente, acreditamos que os outros produtos vão acontecer também, mas acho que a principal mensagem que queremos passar é organizar e ir mais forte naquilo que for mais importante no curto prazo.

APÓLICE: Como a CNseg e o mercado, em geral, podem conversar com o governo para se posicionar como um auxílio para esse momento?
Marcio Coriolano: O plano de curto prazo é a estruturação de nosso escritório em Brasília. Vamos colocar mais gente capacitada para poder acompanhar os processos legislativos, unir forças com o poder executivo e ter interlocução com o judiciário, como existe em outras confederações. Acredito que estejamos um pouco atrasados nesse aspecto, mas já tomamos a primeira medida.

Temos que nos aproximar mais desses três poderes com informações. Meu diagnóstico é que eles não entendem ainda muito bem o mercado de seguros e o quanto ele produz e favorece a sociedade. Toda nossa linha será de produção de workshops, seminários, congressos e literatura. Queremos inundar o legislativo e o judiciário com nossas informações. Da mesma forma que queremos fazer na imprensa.

APÓLICE: A fomentação da cultura é uma das esperanças para 2016?
Marcio Coriolano: N ão t enho a menor dúvida. Pretendemos focar e falar de educação do seguro. Uma coisa é educação financeira, que se confunde muito com como você administra seu orçamento, como deve fazer para investir, aplicar para se proteger da inflação etc. Nós queremos levar à população a educação do seguro: a importância da mutualidade, gerenciamento de risco, prevenção. Temos que focar nessas premissas do seguro, dentro do guarda-chuva da educação financeira.

FenaSaúde

APÓLICE: Como a nova diretoria pretende lidar com questões como inflação médica e judicilização nesse momento de crise?
Solange Beatriz: A questão da judicialização nós precisamos combater com informação, quer seja informação para os segurados, para população, quer para a própria magistratura. Essa deverá ser a nossa base, o caminho que temos que adotar para fazer frente a essa questão do judiciário.

Com relação aos custos, nós temos um trabalho intenso em relação às órteses e próteses, esse trabalho vai desde o combate a fraude até a políticas com órgãos reguladores como Anvisa, para promovermos discussão e, também, informação e troca de conhecimento com a cadeia produtiva.

APÓLICE: Quais as principais metas da gestão da FenaSaúde para esse triênio?
Solange Beatriz: Entre as nossas bandeiras de atuação destaco a ampliação das frentes de interlocução com os órgãos de defesa do consumidor, a parceria com as autoridades de mercado e o contato permanente com os veículos de comunicação para esclarecer, ouvir e gerar conteúdo de interesse da sociedade em geral. Intensificar o foco na informação para toda a cadeia produtiva, basicamente. Além de uma política mais estratégica com relação às Órteses, Próteses e Materiais Especiais e modelo de remuneração.

APÓLICE: Em seu discurso de posse, foi enfatizado que é preciso rever o que é pago aos prestadores de serviço. Quais serão as medidas?
Solange Beatriz: Serão sobre o modelo de remuneração. Sempre se adotou o modelo do Fee-for-service, no qual você paga por procedimento (serviço prestado, serviço pago). Isso foi muito tradicional no mercado segurador do mundo todo e aqui também é assim. Em outros países, como EUA, já houve mudanças nesse modelo. Lá, a mensuração se dá por efetividade, por qualidade e é isso que vamos buscar aqui. É difícil. Em vinte anos que lido com mercado de saúde sempre houve essa discussão e ela sempre esteve patinando. Mas agora estamos, efetivamente, mais alinhados e próximos dos prestadores para poder encontrar uma solução.

FenaCap

APÓLICE: O que você acha que a FenaCap precisa fazer para que a população entenda a capitalização como um instrumento de educação financeira?
Marco Barros: Acho que temos que intensificar nosso programa de educação em seguros, logicamente inserindo a capitalização dentro desse contexto. Seja para ações de educação no ato de poupar, de programar, objetivos temporais, criar as poupanças da forma correta para que você possa usar mais adiante.

Entendemos que esse programa é fundamental. Mas ele só não basta. Acho que temos que estar antenados com a demanda da sociedade, com o entendimento das suas expectativas e gerar valor através de inovação, através da entrega de novas soluções em capitalização. Sempre ancorado nesse novo posicionamento, que é da capitalização como solução de negócios com sorteio.

APÓLICE: Acredita que a capitalização tem regulamentação suficiente para ser compreendida no Brasil?
Marco Barros: Essa é o utra discussão que facilita o entendimento da sociedade: redefinir os marcos regulatórios. A gente vem discutindo isso com intensidade há algum tempo, junto com a Susep, e nós temos expectativa que em 2016 possamos estar sentados juntos, criando grupos estratégicos para entender qual o grau de necessidade que o mercado tem, dada à sua maturidade, complexidade e momento econômico. Temos que gerar coisas externas positivas para que possamos alavancar o segmento de capitalização. Aí sim ele será um grande instrumento de educação para a sociedade. Nosso primeiro passo é investir na lógica da formação da poupança, para criar valor por meio da disciplina financeira e entendendo que os objetivos são alcançados com o tempo.

APÓLICE: Quais as expectativas e novidades para 2016?
Marco Barros: Destacamos a definição do novo posicionamento estratégico da capitalização que consiste na oferta de um c onjunto de soluções de negócios com sorteios e atendimento às novas demandas dos consumidores e da sociedade. Temos uma agenda positiva par aos próximos anos’. A educação em seguros continuará sendo a linha de frente das prioridades da FenaCap e ela já prepara uma campanha muito forte para o ano de 2016. Queremos inovar e criar soluções para novas demandas de consumidores, aprimorando nossa comunicação com os consumidores para que eles saibam o que estão comprando. Aperfeiçoar o processo de esclarecimento para consumidores e distribuidores, por meio de um sólido programa de educação em seguros.

FenSeg

APÓLICE: Quais serão as prioridades da gestão da FenSeg?
João Francisco: A prioridade básica da nossa gestão será, realmente, dar continuidade ao bom trabalho que vem sendo executado pela FenSeg durante a gestão do Paulo Marraccini, e que toda a equipe realizou.

Queremos dar ênfase à questão do seguro de auto popular, que está em audiência pública. Nós já fizemos as nossas sugestões, recomendações e esperamos que, em um curto espaço de tempo, este produto possa entrar no mercado para darmos continuidade ao plano de expansão e aumento de penetração da carteira de seguros na base da população e da sociedade no Brasil.

APÓLICE: Para além do que já está sendo feito, quais serão os outros pilares da gestão?
João Francisco: Não menos importante, nós trataremos de outros pilares do segmento de seguros de ramos elementares, como o seguro agrícola, seguro rural, seguros de grandes riscos, principalmente as linhas financeiras, D&O e seguros industriais. O segmento de garantia, que vem se expandindo com taxas expressivas, e também o segmento habitacional.

APÓLICE: Como a entidade agirá dentro do mercado?
João Francisco: Faremos uma aproximação maior da FenSeg com os sindicatos estaduais das seguradoras, fazendo com que nossa pauta se insira mais nas pautas dos sindicatos estaduais e que as necessidades e os problemas estaduais também façam parte da agenda nacional da federação.

FenaPrevi

APÓLICE: Você já fazia parte da gestão de Osvaldo Nascimento. Como será a FenaPrevi daqui em diante?
Edson Franco: O projeto que nós vamos levar nos próximos três anos é de continuidade da gestão anterior. Inauguramos um plano estratégico bastante detalhado que se divide em várias dimensões, produtos e distribuição, com diversos desafios que tratamos junto com os nossos corretores, que são nossas forças de vendas.

APÓLICE: O Universal Life e o Previsaúde estão perto de serem aprovados. Qual será a abordagem da entidade para informar a sociedade?
Edson Franco: Do ponto de vista de produtos, tanto de acumulação como de risco, temos primeiramente que tirá-los da boca do forno e continuar trabalhando nos desafios que nós temos de modernização desse segmento. E, sobretudo, nos apropriarmos da responsabilidade que eu acho que temos de alertar e conscientizar os consumidores brasileiros em relação à importância e urgência de se tratar das questões de proteção financeira familiar e proteção de renda em função, principalmente, das irreversíveis transformações demográficas e econômicas pelas quais nosso país está passando.

APÓLICE: O momento é propício para esses lançamentos?
Edson Franco: Talvez esse não seja o momento mais propício para fazer o lançamento de um produto, mas, no longo prazo, a mudança e renovação do portfólio podem se tornar trunfos importantes. Em um primeiro momento, o impacto que sentimos é o consumo, mas, ao mesmo tempo, as pessoas ficam mais prudentes, pensando mais em proteção para o futuro. Agora, se o País não crescer e se continuarmos com desemprego, isso não é benéfico para nenhum setor da economia, nem o nosso.

 

direto de londres | por Luciano Máximo*

Solvência II entra em vigor

Na coluna Direto de Londres desta edição eu resolvi me aventurar por um tema complexo, mas vital para a operação do mercado segurador europeu a partir deste ano. Desde 1º de janeiro, finalmente começou a valer a regra Solvência II para as seguradoras com negócios na União Europeia. Finalmente porque a Solvência II é uma legislação aprovada pelo Parlamento Europeu em abril de 2009 na esteira da crise financeira internacional de 2008, que devido a um frágil ambiente regulatório provocou quebradeiras generalizadas de instituições financeiras, tendo seguradoras no olho do furacão. Quem não se lembra da quase-falência da AIG nos Estados Unidos ou da necessidade de socorro estatal da gigante holandesa ING Group?

Simplificando, a regulamentação Solvência II, como diz o próprio nome, tem como objetivo tornar as seguradoras financeiramente mais solventes em relação aos riscos segurados em suas apólices. É a mudança mais importante dos últimos 30 anos, desde Basileia I, em termos de regulação do mercado financeiro, incluso o setor de seguros. Solvência II é um arcabouço de regras mais exigentes no que diz respeito à análise de risco e ao cálculo de solvência de capital, além de estabelecer uma supervisão muito mais ativa que os tempos pré-crise por parte dos órgãos reguladores e critérios que trazem mais transparência e governança – os chamados 3 Pilares da Solvência II. Desde a aprovação pelos políticos europeus, como resposta às causas da crise financeira internacional, as seguradoras europeias trabalhavam intensamente para o pontapé inicial da Solvência II a partir de 2016, inclusive passando por muitos testes de estresse feitos por autoridades em níveis nacional e continental (Parlamento Europeu, Banco Central Europeu, por exemplo).

Em resumo, nos últimos sete anos as seguradoras vinham se esforçando para ter uma maior adequação de seu capital em face aos riscos assumidos. Ou seja, se desdobraram para atender às novas e mais complexas exigências de capital: revendo modelos e cálculos de análise de risco, criando novos processos, vendendo ativos, cortando custos, aumentando preços de apólices etc. Por exemplo, Solvência II prevê que o Requisito de Capital de Solvência (SCR na sigla em inglês) seja correspondente ao valor do risco assumido pela seguradora em sua carteira de negócios (Value-at-Risk, VaR), com um nível de confiança de 99,5% para o horizonte temporal de um ano (bem superior ao vigente anteriormente). Prevê também um limite mínimo absoluto para o Requisito Mínimo de Capital (MCR na sigla em inglês) para atuação no setor. Além de todas essas transformações quantitativas, Solvência II introduz também critérios qualitativos de governança e processo de supervisão (exigência de maior transparência na prestação de informação às autoridades reguladoras e “stakeholders”).

“É uma verdadeira renovação com o objetivo de tornar o negócio seguro mais sólido e transparente. Solvência II começa com requerimento de capital, que é uma parte fundamental de um sistema de solvência, pois se caracteriza como instrumento absorvente de choques contra perdas não esperadas e garante cumprimento de obrigações com segurados e financiamento do crescimento da empresa e da economia como um todo. Essa noção de adequação de capital do negócio é complementada por melhores processos internos e mais transparência na operação empresarial e na sua relação com supervisores do setor”, explica Mark Wendan, professor de finanças e especialista em seguros baseado em Londres.

Na prática, a implementação da Solvência II vem sendo gestada desde 2009 e todas as seguradoras europeias já operam conforme a nova regulamentação, das pequenas às multinacionais. As grandes empresas nadaram de braçada nesse processo. Na teleconferência de imprensa que anunciou os resultados de 2015, o diretor financeiro da Allianz, Dieter Wemmer, disse que o nível de capitalização (coeficiente de capital) da empresa, motivado pelas exigências da Solvência II, chegou a 200% no ano – isso quer dizer que a Allianz é solvente o suficiente para cobrir em até duas vezes todos os seus riscos operacionais, capacidade bem superior à exigida pelas novas regras do setor.

“O forte desempenho em nossas operações de seguros, somado às taxas de desempenho em gestão de ativos no quarto trimestre, conduziu nosso resultado operacional do ano todo a um nível próximo do topo da meta estabelecida. A gestão ativa de riscos levou a um forte coeficiente de capital na marca dos 200% sob as regras da Solvência II, nos deixando bem preparados para os mercados voláteis da atualidade”, declarou Wemmer.

Já a realidade das pequenas seguradoras é diferente no contexto da Solvência II e há até uma grita: por terem menos capacidade técnica para implementar mudanças e menos margem financeira para elevar o coeficiente de capitalização, empresas de seguro de menor porte na Europa argumentam que a competitividade do setor estará prejudicada neste ano. E quando o assunto é competitividade, a vantagem no negócio é, claramente, das grandes empresas, como a Allianz. “Nesse contexto, as seguradoras menores estarão permanentemente brincando de caça e caçador com as empresas mais poderosas do mercado”, confidenciou um corretor do Lloyd’s of London.

No estudo “Implicações estratégicas decorrentes da Solvência II”, recentemente divulgado pela KPMG, o responsável global pela área de seguros, Gary Reader, sentenciou que o novo cenário regulatório acelerará incorporações de pequenas seguradoras pelos grandes grupos. “Nosso departamento de fusões e aquisições identificou uma nova tendência num futuro próximo. Solvência II funcionará como um acelerador da dinâmica de consolidação de mercado [fusão e aquisição]. É difícil fazer previsões, mas sem dúvida não haverá surpresas. Agilidade e rapidez de execução serão características decisivas das seguradoras a liderar a indústria nos próximos dois anos”, projeta Reader.

Não se trata apenas de uma grita das pequenas seguradoras. O Banco Central da Inglaterra e o Ministério da Fazenda britânico manifestaram publicamente preocupação sobre o eventual impacto que o novo regimen Solvência II terá em termos de competitividade e, também publicamente, solicitaram revisão das regras aos reguladores europeus.

De acordo com nota oficial do BC inglês, “nossa experiência de aplicação da Solvência II já está levantando questões em torno do impacto do quadro de investimento a longo prazo e da competitividade do setor segurador europeu”. O comunicado oficial da Fazenda britânica foi mais direto: “Qualquer aplicação incoerente irá minar o princípio econômico do mercado único europeu. O impacto da Solvência II sobre a competitividade dos membros da comunidade econômica europeia, na ausência contínua de um padrão global para a regulamentação de seguros, deve ser considerado”.

Não é novidade que uma mudança das proporções do regime de Solvência II, mesmo feita a conta-gotas e ao longo de vários anos, nunca será unanimidade, pois exige trabalho duro e saída da zona de conforto por parte dos atores envolvidos no processo. O momento é de olhar para frente e incorporar mudanças com um olhar positivo e empreendedor, pois melhor um mercado seguro – solvente, de fato – do que reviver incertezas de um tempo não muito distante em que regulação não era um pilar levado muito a sério.

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* Luciano Máximo, jornalista, é repórter licenciado do jornal Valor Econômico, cobriu o setor de seguros e resseguros na Gazeta Mercantil

 

capa | automóvel

Novas alternativas para o seguro de carro

Empresa evolui em sua atuação e busca alternativas para disseminar o seguro de automóvel entre as pessoas que não têm seguro

Kelly Lubiato

O cenário do seguro de automóvel no Brasil sempre patinou na casa dos cerca de 30% de penetração na frota nacional, estimada pelo Departamento Nacional de Trânsito em 88 milhões de veículos (entre carros, motos, ônibus e caminhões). Em outras palavras, a quantidade de veículos com algum tipo de cobertura de seguro, além do oficial, é pequena. Ampliar as opções de produto para o consumidor foi a maneira encontrada pela Ituran de atingir um novo público. A empresa, que atua como solução em rastreamento e recuperação veicular para as operações de seguradoras desde sua chegada ao Brasil em 2000, conseguiu agregar aos seus produtos a cobertura de seguro. “Ainda hoje somos o maior fornecedor de rastreadores para o mercado segurador”, enfatiza Alon Lederman, vice-presidente da empresa.

Há cerca de seis anos, a empresa identificou um mercado inexplorado, com grande potencial: os veículos sem nenhum tipo de seguro. Isso aconteceu porque além das seguradoras, a empresa atende também o varejo de forma geral. O produto Ituran com Seguro surgiu justamente para atender a este mercado. “Em parceria com duas grandes seguradoras internacionais (Mapfre e BNP Paribas Cardif), criamos o produto perfeito para este público”, conta o executivo. Se o veículo for roubado e não recuperado, uma das duas seguradoras parceiras indenizará o segurado em 100% do valor do veículo referenciado na Tabela Fipe.

O público do Ituran com Seguro são os clientes que não querem ficar sem nenhuma cobertura no seu veículo, mas não conseguem pagar o prêmio do seguro tradicional. São, na grande maioria, jovens, moradores de áreas consideradas de maior risco e com veículos com mais de cinco anos de uso.

Ituran com Seguro

O produto é comercializado junto com o rastreador distribuído pela empresa. Com um pagamento adicional, o segurado adquire a cobertura contra roubo e furto qualificado, com indenização de 100% do valor do veículo. Além disso, o segurado ainda tem o direito a fazer cinco acionamentos da Assistência 24 horas durante a vigência da apólice para serviços de guincho, pane elétrica, troca de pneus e transporte alternativo.

No ano passado, a Ituran passou a oferecer aos seus clientes a opção de contratação de coberturas adicionais de terceiros e/ou perda total por colisão pagando apenas R$ 50,00 (cada) a mais na mensalidade, ampliando ainda mais a proteção do veículo e também, se protegendo contra despesas envolvendo terceiros com direito a indenizações contra Danos Materiais (R$ 50.000,00), Danos Corporais (R$ 50.000,00) e Danos Morais (R$ 5.000,00).

É provável que a queda do nível da atividade econômica no Brasil e as constantes retrações na indústria automotiva colaborem para aumentar a penetração deste produto. O próprio mercado segurador busca alternativas para baratear o seu custo, como o seguro auto popular, que permite que sejam utilizadas peças recicladas ou novas sem a marca da montadora. “Acreditamos que o seguro auto popular vai contribuir ainda mais com a expansão do Ituran com Seguro, visto que poderemos agregar ao produto coberturas que hoje não são ofertadas”, esclarece Lederman.

Ao contrário do que acontece com os seguros tradicionais, a cobertura da apólice é para Perda Total decorrente de Roubo/Furto. Se o veículo for recuperado danificado e com partes e peças faltantes com montante superior a 75% do seu valor (o que caracteriza a Perda Total), o cliente será indenizado. Se os danos forem abaixo de 75% (que caracteriza a perda parcial), o cliente não será indenizado.

Produto para caminhões

O produto Ituran com Seguro para Caminhões foi lançado em fevereiro, depois de muita análise de mercado. “Percebemos que este nicho de caminhões carece de uma solução semelhante à que já vínhamos oferecendo aos carros de passeio. Agora os caminhoneiros já podem contratar esta opção com mensalidades a partir de R$ 239,00”, avisa Lederman.

O conceito é o mesmo. A cobertura é contra Perda Total decorrente de Roubo/Furto com indenização de 100% da FIPE em casos de não recuperação do caminhão. O caminhoneiro pode optar por uma cobertura opcional de RCF com indenizações contra Danos Materiais (R$ 100.000,00), Danos Corporais (R$ 100.000,00) e Danos Morais (R$ 5.000,00) pagando apenas R$ 99,00 a mais na mensalidade. Não há cobertura dos implementos adicionados ao caminhão.

Corretores: longa parceria com a Ituran

A parceria com os corretores de seguro é um dos grandes diferenciais da Ituran. A empresa foi a primeira do setor a contar com a força dos corretores para divulgar o produto. “Nossa parceria iniciou-se há 13 anos! Hoje são mais de 3 mil corretores cadastrados e ativos. Os corretores de seguros identificaram na Ituran uma excelente oportunidade para não perder negócios. A famosa “carta na manga”. Ao ver que seu cliente não tem condições de contratar um seguro compreensivo, os corretores apresentam o Ituran com Seguro. Uma opção que não é completa como o seguro compreensivo, mas que garante os principais riscos e garante uma remuneração média de 15% sobre o valor do prêmio”, comenta Roberto Posternak, diretor comercial da Ituran.

Apesar da Ituran ter sido a pioneira deste mercado, já existem outras empresas comercializando produtos similares. O executivo acredita que a maior diferença está nas seguradoras parceiras. “A solidez de duas parcerias comerciais como a Mapfre e BNP Paribas vale muito para a Ituran, corretoras e segurados, nos diferenciando ainda mais dos demais players do mercado”, classifca Posternak. Além disso, a possibilidade de optar por coberturas como RCF e PT Colisão é outro grande diferencial. As condições comerciais, facilidades de pagamento e contratação através da ferramenta de e-commerce completa e simples de usar, contemplando etapas de cotação, cobrança, agendamento, funcionam como um diferencial. “Tudo muito rápido. Todos os corretores recebem um Login e Senha e passam a usufruir da facilidade de contratação com possibilidades de agendamento da instalação do rastreador até para o mesmo dia da venda. Somos pioneiros e únicos em nosso mercado a disponibilizar um sistema com estas características e com possibilidades de integração via webservice com os sites das corretoras, viabilizando vendas on line para os segurados dos nossos parceiros”, aponta o diretor comercial.

Ituran com Seguro é o mais barato seguro do mercado, com valor de mensalidades a partir de R$ 69,90 e pagos em 12 parcelas sem juros. Outro ponto importante é que o atendimento e apoio comercial aos corretores é feito por uma equipe atuante e presente através da qual são feitos treinamentos, capacitações, orientações estratégicas para crescimento em vendas, sem falar em distribuição de material de apoio às vendas.

A empresa conta também com uma equipe estruturada de pós-venda, disponível para atendimentos relacionados aos produtos e a regulação dos sinistros junto às seguradoras parceiras.

Com a palavra, os corretores!

Marcelo Blay, Minuto Seguros

“Começamos a operação com eles mais recentemente, porque dependíamos da integração dos sistemas, dado que nosso processo tem um fluxo operacional. Percebemos que de um curto espaço de tempo para cá, há maior interesse do público pelo produto, porque é um produto que acaba atingindo uma faixa de clientes que não é atendida pelas seguradoras.

Nós não queremos canibalizar os produtos de seguros que temos aqui. Quando percebemos que o cliente não consegue colocar seu risco numa seguradora, ou está com algum problema de falta de dinheiro, nós partimos para um plano B. Temos algumas ofertas neste segmento, mas a Ituran lidera neste nicho.

Este produto não deve ser concorrente do seguro popular, que visa um nicho que busca a cobertura compreensiva. É um produto bastante flexível, porque ele não vê perfil, não verifica Serasa, então facilita o atendimento a uma parcela de clientes.”

Pedro Barbato, presidente da Câmara dos Corretores de Seguros

“O produto atende as necessidades e as exigências do novo consumidor. É um produto inovador, com condições excepcionais para os proprietários de veículos, principalmente para aqueles que não têm condições de contratar um plano completo.

É importante ressaltar que no momento da venda deve ser levada em consideração a credibilidade da Ituran, uma empresa israelense com o propósito de evoluir junto com o mercado de automóvel, proporcionando a novos consumidores a oportunidades de proteger seu bem.”

 

resseguros | mercado

Redesenhando estratégias

Desafios econômicos chegam ao mercado de resseguros levando as companhias a direcionar foco para projetos de longo prazo

Amanda Cruz

O fim do monopólio do mercado de resseguros ainda é muito recente do ponto de vista histórico, embora complete dez anos em 2017. Por isso, é preciso trazer para o setor mudanças estruturais necessárias, um desafio que a situação política e econômica brasileira atual pode retardar ainda mais. Para os executivos do setor, a abertura desse mercado é um processo que deve ser continuado para obtenção de um espaço para transações mais abertas e mais maduras, buscando o aumento da rentabilidade, que sempre foi uma das principais prioridades do setor desde 2007, conforme aponta Marcos Fugise, diretor da AIG Resseguros Brasil. “Assim, novos produtos e serviços poderão ser ofertados, bem como uma melhor qualificação profissional, gestão globalizada, ajudando a geração de novos empregos. Outro movimento fundamental para o setor é o aperfeiçoamento de sua regulamentação, o que passou a ter extrema relevância, uma vez que estabelece a igualdade entre concorrentes e possibilita a consolidação de grandes grupos financeiros”, completa o executivo.

Com base nisso, como será que esse mercado tem encarado as incertezas e oscilações que a política e a economia nacional apresentaram em 2015 e devem continuar mostrando em 2016?

Fugise destaca que, de acordo com levantamento da consultoria Rating de Seguros em parceria com o Sincor-SP, em 2015 (até novembro), o faturamento de resseguro local cresceu 29% em comparação a 2014. Se o foco for para o patrimônio líquido, o crescimento foi de 26% no mesmo período. “É claro que, assim como o próprio mercado de seguros, o Brasil ainda dispõe de grande capacidade para se desenvolver em resseguros nos próximos anos”, afirmou.

Fazendo um raio-x entre resseguradoras locais e estrangeiras, de acordo com dados divulgados pela Susep referentes ao primeiro semestre de 2015, é possível observar alguns dados que demonstram as diferenças entre elas com relação a 2014, como aumento de 3,7% no volume de resseguro cedido pelas companhias brasileiras enquanto o volume de resseguro cedido diretamente a resseguradoras estrangeiras caiu 57%. Outro dado importante é referente ao volume de resseguro aceito do exterior, que passou de R$ 48,5 milhões para R$ 192,4 milhões, um crescimento expressivo de 297%, que, segundo o executivo da AIG Re, “evidencia a estratégia de internacionalização de algumas resseguradoras locais”.

Paul Conolly, vice-presidente de Resseguros do IRB Brasil RE, destaca que o longo prazo é o trunfo do mercado. A resseguradora pretende alinhar seu posicionamento estratégico para manter seus clientes próximos e protegidos de eventuais volatilidades ou interrupções de negócios. “Dessa forma, quando a economia do País voltar a crescer e demandar novas ideias, a nossa visão de longo prazo terá valido a pena. Precisamos, a todo momento, pensar fora da caixa.”

É difícil comparar o mercado brasileiro a qualquer outro mercado internacional, desde a regulação até o envolvimento dos players, a cultura de contratação e os riscos de cada região podem apresentar muitas diferenças. Mas há uma base de amadurecimento que pode servir para tentar apontar o caminho que deverá ser seguido. Conolly acredita que “ainda faltam passos importantes para que o mercado brasileiro chegue a um nível semelhante ao internacional”. Para ele, questões como produtos muito amarrados na maneira como são desenhados, pouco claros, que acabam dando margem a interpretações erradas de cobertura, e algumas estruturas que não são utilizadas no mercado internacional são as lacunas que os resseguradores precisam preencher. “Existe também o fato de que a compra de capacidades para contratos locais são muito maiores do que grande parte da capacidade das companhias internacionais”, exemplifica.

Mercados emergentes

Durante anos, Brasil, Rússia, Índia e China foram observados como as prováveis novas potências mundiais e despertaram interesses também no mercado de seguros. Porém, esse cenário mudou, o ritmo de crescimento dessas economias está mais lento ou até mesmo regredindo. Com ou sem período crítico, o caminho do desenvolvimento do setor não pode ter retrocessos. Sem dúvidas, as oportunidades diminuirão, entretanto, Conollyacredita que a pulverização do resseguro será a salvaguarda nesse momento de turbulência. “O IRB tem 24% de sua receita vinda de resseguros feitos fora do Brasil, em países onde a atual crise não existe ou é bem menor do que vemos aqui”, explica.

Talvez um pouco mais complicadas sejam questões econômicas e financeiras como a alta do dólar, pois, como em todos os outros setores produtivos, produtos de resseguro estão atrelados a custos no exterior e sofrem impactos de depreciação. Áreas como a de Grandes Riscos e Property, que estão atreladas à moeda estrangeira, têm perda de rentabilidade. Mas o que pode parecer mais um obstáculo tem outro lado, conforme destaca Fugise. “No momento, este impacto é favorável às seguradoras brasileiras, pois torna possível comprar a mesma capacidade em reais com menos dólares, já que grande parte dos contratos automáticos de resseguro é feito em moeda local”, destaca. O IRB, por exemplo, não consolida seus resultados no País, então a desvalorização do Real não é sentida.

Oportunidades precisam de espaço

Capacitação profissional também é um tema que toca esse mercado. A criação da primeira certificação para profissionais de resseguros, que é uma espécie de teste de proficiência do conhecimento técnico na área, promovido pela Fenaber em conjunto com a Funenseg e a Escola Nacional de Seguros, são avanços que dão mais credibilidade ao trabalho que é feito no setor. “A partir do momento que o mercado permite uma equidade de concorrência por meio de uma regulamentação avançada, a consolidação do setor se torna evidente. Essas diretrizes oferecem aos grandes grupos financeiros um crescimento ainda mais significativo”, apoia Marcos Fugise, da AIG Re.

A concorrência atrai mais resseguradores a se registrarem no País disputando a mesma fatia de mercado das que já atuam aqui. Essa realidade pede inovação, especialmente na área de produtos, que vêm sendo, aos poucos, apresentados ao mercado. A AIG Re colabora para alavancar as iniciativas da AIG Seguros, como tem feito em produtos de D&O, Ambiental e outros. A linha de Vida vem sendo explorada pelas resseguradoras. O executivo do IRB Re adianta que a companhia tem investidona área com planos de trabalhar produtos alinhados aos conceitos de longevidade para carteira de previdência, além de desenhos sobre um plano de resseguro financeiro para atender situações de grande complexidade.

 

resseguros | mercado

Mercado oportuno

O resseguro se expande cada vez mais. Saiba quais são as tendências do setor e como está a atuação do País junto aos players mundiais

Lívia Sousa

Desde o fim do monopólio do IRB, em 2007, o mercado de resseguros cresceu: dos R$ 8 bilhões somados há oito anos, passou para algo em torno de R$ 9,5 bilhões em 2015 – valor não oficial, mas já estimado pela Federação Nacional das Empresas de Resseguros (Fenaber). “Vínhamos crescendo a dois dígitos anuais e, por conta do cenário econômico atual, esperamos alta de um dígito em 2016”, projeta o presidente da entidade, Paulo Pereira.

Um dos pontos que se destacam nessa evolução é o desempenho dos resseguradores nacionais, que diversificam seus portfólios e se expandem para outras regiões do globo, como a América Latina. A região e outras economias emergentes, onde a penetração de seguro em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) ainda está aquém quando comparado às economias desenvolvidas (na ordem de 4,5%), são uma grande oportunidade para o setor.

“Temos companhias brasileiras com capacidade para atender riscos fora do Brasil, mais especificamente na América Latina, e essa é uma forte tendência”, declara Paula Lopes, diretora de Placement e Resseguro da Marsh Brasil.

Somado a isso, o mercado global de catástrofe, com as mudanças climáticas, urbanização e melhores proteções para os ativos em crescimento podem proporcionar uma nova dimensão de negócios para o segmento. Em solo brasileiro, a observação deste tipo de risco no processo de subscrição tem crescido, visto que mesmo não contribuindo com o câmbio climático o local é um dos mais afetados com as consequências das catástrofes naturais.

Embora haja capacidade internacional disponível e know-how a s er d ividido, no Brasil a oferta de coberturas diretas sobre este tipo de risco ainda é pequeno, e mesmo com uma exposição crescente, a demanda também é pequena. Além disso, o governo, que seria um grande comprador para este tipo de cobertura, paga do próprio bolso o que poderia ser compartilhado com o mercado internacional. “É uma área de grande oportunidade, ainda pouco explorada de forma prática, mas que vem chamando a atenção dos executivos do setor. Para o nosso tipo de catástrofe, como enchentes, inundações e deslizamentos, existem muitos estudos e modelagem catastrófica em criação para tentarmos mensurar de forma mais objetiva a exposição desses riscos”, diz Luiz Araripe, Chief Commercial Officer da unidade de negócio de Resseguros da Aon.

Mesmo sem um modelo avançado como em territórios com exposição catastrófica conhecida, alguns resseguradores já diferenciam certas áreas do País, especialmente na região Sul, devido a exposições a vendavais e enchentes. “Essa é uma tendência que deve ser acompanhada por todos os players do mercado e em breve teremos modelagens de risco ainda mais precisas em relação a exposições catastróficas no território brasileiro, com potencial de agravo de taxas em áreas de maior exposição”, frisa o gerente de Resseguro da Cooper Gay, Frederico Braz.

Onde estão as oportunidades?

O resseguro funciona como porta de entrada tanto para produtos novos quanto para clausulados de produtos tradicionais. “Tudo o que traz beneficio e opções ao segurado é uma oportunidade e deve ser observado com atenção”, destaca Conrado Trajano Malburg, diretor executivo da área de Facultative Reinsurance da Willis Towers Watson. Neste sentido, produtos de necessidade como o Cyber, os novos produtos de vida, além dos segmentos de agricultura, créditos e garantias, podem ser oportunos.

Araripe chama a atenção pelo fato de que muitos players competem por uma fatia de mercado que, embora seja estável e cresça gradualmente, ainda é menor do que a inicialmente projetada na abertura do mercado de resseguros. “Aliado ao fato que os grandes grupos seguradores compram cada vez menos resseguro de forma tradicional, o espaço é pequeno e a competição é acirrada. A inovação é a chave do sucesso aqui. A questão mais crucial não é qual área de atuação em si, mas sim como as empresas vão lidar com essas áreas”, argumenta.

A lista contempla ainda os investimentos em formação técnica, conhecimento e internacionalização das capacidades locais, inicialmente na América Latina e, posteriormente, em outras regiões. “A criação de um novo hub de resseguros mundial será crucial para aumentar a entrada de prêmios nos resseguradores locais e a relevância do Brasil no mercado de seguros global”, declara Braz.

O resseguro também pode ser uma eficiente ferramenta de transferência de riscos e de alavancagem para o mercado financeiro e para as áreas de saúde e previdência. Rodrigo Protasio, CEO da JLT Re Brasil, acredita no potencial da transferência do risco de longevidade, do resseguro da tábua de sobrevivência, assim como do resseguro saúde, para ajudar a proteger os planos de saúde da variação súbita de sinistralidade e para viabilizar os planos de auto-gestão, como substitutivo de capital. Nesta área, o desafio maior será no âmbito regulatório.

Fusões, aquisições e mercado soft

As fusões e as aquisições devem continuar, principalmente com as baixas taxas mundiais de juros. “Este é um mercado em um ciclo longo de soft market, ou seja, mercado leve, onde as taxas caem a cada renovação, que está diretamente ligado às taxas de juros baixas e a anos bons para os resseguradores que tiveram poucas catástrofes naturais nos últimos cinco anos”, aponta Protasio.

Apesar de ainda comportar-se de maneira volátil em relação a sinistros ou adversidades, o mercado ressegurador brasileiro tem uma situação de soft market nunca antes vista. “Para se fazer negócios por aqui, os mercados precisam operar com margens apertadíssimas. E acho que essa situação acaba nos empurrando para uma curva de maturidade mais aberta”, pontua Malburg, da Willis Towers Watson, acreditando que este cenário não deverá mudar acurto prazo.

 

líderes | encontro

O que será do presente?

Personalidades do mercado de seguros se reúnem na Bahia para discutir temas que afetam o setor e todo o País

Amanda Cruz

A Praia do Forte, na Bahia, foi palco para a posse dos presidentes das Federações de Seguros para o triênio 2016- 2019. A cerimônia aconteceu no dia 25 de fevereiro e fez parte do 21º Encontro de Líderes do Mercado Segurador.

A presidência da CNseg passa de Jayme Garfinkel, que assumiu o cargo após a tragédia que acometeu o então presidente Marco Antônio Rossi, em novembro de 2015, para Márcio Coriolano, que presidia a Fenasaúde até então. Garfinkel lembrou conquistas importantes para a Confederação no ano de 2015, como a integração com a Federação Interamericana de Empresas de Seguros (Fides) e com os países Ibero-americanos, o equacionamento das questões financeiras e jurídicas relacionadas ao seguro habitacional e o seguro rural. Além disso, foi destacada a reformulação e ampliação das estatísticas do mercado segurador, com a criação do Caderno de Estatísticas e do Relatório Interativo. “Muitos foram os desafios enfrentados pelo setor de seguros e não podemos deixar de lembrar algumas conquistas.Muitas delas feitas com base na crença de Rossi, a crença que ele tinha na importância do entendimento entre todos e na aproximação do seguro com nossas autoridades e os poderes legislativo, executivo e judiciário”, relembrou.

O superintendente da Susep, Roberto Westemberger, reafirmou o interesse em desenvolver mais produtos junto com seguradores e corretores de seguros, para que a população receba incentivo para continuar acreditando na proteção do setor. Isso pode garantir um crescimento real significativo nos próximos anos”, enfatizou.

O presidente do Grupo Bradesco, Luis Carlos Trabuco Cappi, estava presente para relembrar seus momentos no mercado de seguros. Ele ressaltou o quanto é preciso que cada setor trabalhe e encontre em conjunto uma maneira de contribuir para que o Brasil saia dessa situação crítica.

O ano de 2016 começa com renovações no mercado. Os novos presidentes das Federações do mercado de seguros, juntamente com suas diretorias, foram empossados à frente das entidades, bem como a Confederação Nacional das Seguradoras já conta com novos dirigentes. Duas coisas são certas, diante do que foi dito no discurso de posse de cada um dos novos presidentes: os projetos anteriores foram bem desenvolvidos e consolidados, mas eles estão dispostos a mudar o que for preciso para trazer mais resultados.

O setor, que em 2015 foi responsável pela movimentação de R$ 364 bilhões e teve crescimento nominal de 11,4% e um crescimento real em 1,24%, é também responsável pela discussão de assuntos importantes que dizem respeito ao País. A crise afeta a todos os setores e, embora o mercado de seguros sofra um impacto tardio, os danos poderão se agravar caso nada seja feito. “O setor de seguros mantém crescimento consistente, acima do nível da economia brasileira em geral. Essa resiliência é reflexo do comportamento do brasileiro, de priorizar a proteção de sua saúde e de seu patrimônio”, acreditaCoriolano. Em um momento como esse, a reunião de líderes foi pautada pela discussão do panorama político e econômico. Crescer dois dígitos é a fala comum do setor e continua fazendo parte do discurso otimista de seus principais representantes, mesmo que eles não deixem de ressaltar que o que antes era feito de maneira quase orgânica, agora se tornou um desafio maior.

Sobre os produtos de previdência complementar, Coriolano assegura que o governo ainda não entendeu as novas propostas, tanto do Universal Life quanto do Previsaúde, e que isso tem dificultado uma aprovação mais rápida. “O VGBL Saúde, como é chamado, não é apenas um produto de acumulação previdenciária, mas a principal garantia de que as pessoas com idade avançada tenham recursos complementares para arcar com seu plano de saúde”, destacou.

Apesar de a saúde ter um papel importante na vida de todos, especialmente dos idosos, estes não querem, nem podem, ser vistos como fardos. Mais ativos do que nunca, a jornalista Miriam Leitão, que participou do primeiro painel do evento, cunhou como “talentos maduros” aqueles que envelhecem, mas se mantêm ativos e interessados em se desenvolver. Sem medo de pensar no futuro, ela destacou que “o Brasil irá realizar seu projeto de nação em um mundo complexo, conectado e multipolar, onde as potências médias, antes caladas, agora têm voz”, constatou. Energias limpas e renováveis, como eólica e solar, também farão parte desse processo de amadurecimento, pois o setor de energia é fundamental e as hidrelétricas têm, aos poucos, se mostrado inviáveis ecologicamente. O perfil demográfico dos habitantes, as questões climáticas que demoram a ser resolvidas (e nesse quesito entram vendavais e enchentes que assolam o País há décadas) são temas que, para ela, devem ser encarados.

Mas nem só de fatores ambientais e econômicos vivem os temores brasileiros. A crise política também assombra o País e um novo momento se desenha, no qual os poderes estão em conflito, os projetos colidem e a população tenta acompanhar quais serão os próximos capítulos e como isso afetará o seu dia a dia. Entre pedidos de impeachment e novas descobertas de casos de corrupção, a fala de Miriam não embarca em posturas radicais, ao mesmo tempo em que deixa claro que atitudes precisam ser tomadas. A democracia, para ela, é a única saída para que o País retome seu rumo. “Nada é melhor em uma ditadura”, afirmou para enfatizar que o País tem pouca tolerância com a corrupção e esse momento será decisivo para que novas diretrizes sejam tomadas.

Ainda que esse futuro tão esperado possa ser diferente, ele está sendo moldado não só pelos acontecimentos políticos e econômicos, mas também pelos inesperados casos de saúde pública, como o Zika. Além de se preparar para riscos que podem ser previstos, como as crises econômicas e políticas, mais do que tudo é preciso se atentar para os riscos de baixa probabilidade e grande impacto, como os casos da barragem da Samarco e o mosquito que, ao que tudo indica, pode deixar uma geração de crianças com microcefalia, se a doença continuar a se proliferar. Se for verdade que, mesmo com baixa probabilidade, todo dano que pode causar grandes tragédias deve ser prevenido, o Brasil tem muito dever de casa para fazer, já que o “risco de pandemia” é real, de acordo com subsecretário da subsecretaria de Vigilância em Saúde do Estado do Rio de Janeiro, Alexandre Chieppe, durante painel que abordou o assunto.

A falta de informações sobre o Zika e a chikungunya torna quase impossível o desenho de um plano efetivo para o combate. O que é descoberto deve ser exposto para colaboração da população, o que é mito ou boato, deve ser combatido. Embora o impacto deva ser grande, dar o maior número de informações confiáveis e relevantes para os beneficiários deve ser uma medida imediata das seguradoras. Outra medida, já anunciada pela ANS, é que as operadoras ofereçam aos pacientes os testes para identificar a doença que, se feitos fora do plano podem custar de R$ 800 a R$ 2 mil.

Com a presença do ministro do STF, Luís Roberto Barroso, o último painel discutiu de maneira efetiva o cenário político e econômico brasileiro. Se, por um lado, o primeiro painel, de Miriam Leitão, era realista com traços de otimismo, o encerramento foi realista com grandes doses de preocupação. O economista Gustavo Loyola, por exemplo, explicou que o contexto é difícil para o Brasil por três razões: queda do preço das commodities, queda do crescimento global e depreciação do real.

“O caso é que o Brasil praticou políticas erradas e tem problemas estruturais. No curto prazo, o quadro tende a persistir pelos próximos anos. Não há como gerar medidas que possam trazer mudanças substantivas”. Por outro lado, Loyola diz que o pessimismo de empresários deve se agravar, especialmente pela taxa de desemprego.

O único setor que traz algo de positivo é o externo. O Brasil não corre o risco de ter crise de pagamentos, a posição externa do país é sólida porque vai zerar o déficit existente.

No médio e longo prazo as reformas seriam fundamentais. Passado o período em que o Brasil atravessava um momento favorável por conta de commodities, agora se mostram seus problemas estruturais, que necessitam de mudanças. “Economia com baixa produtividade, cheia de gargalos”.

Fernando Schuler, cientista político, destacou que a agenda é reforma estrutural. “Nós precisamos de uma reforma na estrutura política. Esta crise é do modelo político que o país construiu, presidencialismo de coalizão, e nós vivemos um esgotamento do modelo. Mais de dez por cento dos deputados vai trocar de partido”. Essa situação dificulta a chance de conseguir governar e compor uma maioria nas votações de interesse do País.

A última fala, feita pelo ministro, abarcou pontos importantes do cenário atual, como o processo de impeachment, recusado pelo STF, sobre o qual Barroso afirma que o procedimento adotado foi “seguir rigorosamente as regras do processo de 1992, contra Fernando Collor”, e completou dizendo que a dicotomia com que a política é abordada hoje no País não traz benefícios e que é urgente que a política eleitoral seja revista. O ministro é a favor do fim do voto proporcional, que faz com que os votos excedentes de um candidato migrem para outro do seu partido, possibilitando que ele seja eleito sem que o cidadão tenha, efetivamente, votado e também citou a incompatibilidade existente nos financiamentos de campanha: “Impedir que uma mesma empresa apoie todos os candidatos evita que ela compre ou cobre favores futuros”, pontuou.

 

especial | Dia da Mulher

Elas avaliam o setor

Participação das mulheres no mercado de seguros saltou 8 pontos percentuais em 12 anos. Executivas analisam o impacto da presença feminina no segmento e comentam os desafios para se chegar a cargos de alta direção

Lívia Sousa

Elas são maioria da população brasileira, dos eleitores e cada vez mais ocupam cargos importantes no mercado de trabalho. Ao longo das últimas décadas, as mulheres se tornaram mais independentes, respeitadas e preparadas para conquistar espaço na sociedade e nas empresas. Essa tendência, que ganhou impulso principalmente no final dos anos 60, quando sua aprovação começou a ser marcante nas universidades e nos cursos técnicos, só tem crescido. E a busca por capacitação profissional, formação acadêmica e por oportunidades igualitárias aos homens continua sendo o caminho para atingir este cenário de mudança nas companhias.

Em algumas profissões, elas predominam em relação ao público masculino e, em outras, se tornaram famosas graças à competência e à disciplina. Mas é cada vez mais frequente vê-las assumindo cargos em áreas tradicionalmente ocupadas por eles. O mercado de seguros é uma dessas áreas: de acordo com o estudo Balanço Social, divulgado pela CNseg, entre 2000 e 2012 a participação das mulheres no setor saltou de 49% para 57%.

“No caso específico do mercado segurador, alguns fatores podem explicar o aumento da presença feminina nos postos de trabalho. As profundas transformações pelas quais o setor tem passado nos últimos anos proporcionaram um crescimento sustentável e superior ao de outros setores. Essas mudanças tornam o segmento cada vez mais atraente a uma nova geração de executivas que investiram em capacitação e buscam melhores salários e ambientes que possibilitem oseu crescimento profissional”, explica Fátima Lima, executiva de Sustentabilidade do Grupo BB e Mapfre.

Segundo ela, as empresas já perceberam que o crescimento sustentável do negócio passa, necessariamente, pela implementação de ações e processos que promovam a igualdade de gênero em seu quadro de colaboradores. E esse processo não envolve apenas a ampliação da presença feminina no mercado, mas também o desenvolvimento de mecanismos que permitam que as mulheres cresçam profissionalmente.

Nos seguros, elas também passaram a assumir papeis cruciais e cargos de chefia, como postos de CEO e o comando de grandes empresas. Mas apesar dos números animadores, ainda esbarram em desafios para assumir altos cargos. “São poucas as mulheres que ocupam cargo de alta direção no mercado segurador. Temos inúmeras delas no segmento em cargos gerenciais e diretoria, mas na alta cúpula são poucas as oportunidades”, diz Simone Favaro Martins, segunda vice-presidente Sindicato dos Corretores de Seguros de São Paulo (Sincor-SP).

Patricia Marzullo, diretora regional de Engenharia para a América do Sul da AGCS, também acredita que a presença de mulheres na liderança das empresas possa crescer. “Ainda que na AGCS a presença feminina em altos cargos seja bastante expressiva, em outras seguradoras e resseguradoras é mais frequente encontrarmos mais líderes homens”, declara ela, que foi a primeira executiva a ocupar este cargo na companhia.

Em resseguros, a igualdade já é bem expressiva, tanto em ocupação de cargos quanto em salários igualitários entre homens e mulheres. Mas em curto e longo prazo, a tendência é de que a presença de mulheres aumente ainda mais nas lideranças e suas participações no setor como um todo.

Em contrapartida, no setor de corretoras de seguros, muitas empresas são geridas com sucesso por mulheres. A quantidade de profissionais filiadas aos Sincors, inclusive, aumentou. Em São Paulo, por exemplo, o Sindicato conta com 2.009 associadas de um total de 8.549 corretoras profissionais de seguros, número que Simone considera relevante para o mercado.

Já os últimos registros do Sindicato dos Corretores de Seguros de Pernambuco (Sincor-PE) revelam que dos 1545 corretores de seguros cadastrados no Estado, 395 são mulheres. Ou seja, quase 30% do universo de negócios de seguros locais estão nas mãos do gênero feminino. A presidente da entidade, Claudia Candido, afirma que grande parte dessas profissionais pertence a famílias que atuam no segmento há décadas, mas a maioria é de jovens empreendedoras.

“Vejo com otimismo a presença feminina neste mercado, a curto e a longo prazo. A cada ano, cresce o número de mulheres que se ajustam no setor. Ontem éramos um traço nas estatísticas e hoje marcamos presença em mais de 30% do número de corretores cadastrados na Superintendência de Seguros Privados (Susep)”, diz Claudia, completando que as mulheres romperam a barreira dos preconceitos e estão oferecendo uma contribuição notável ao desenvolvimento político e econômico das nações modernas. “Esse processo é irreversível e a tendência é positiva”.

A visão feminina

A capacidade de liderar, inovar e realizar bons desempenhos de trabalho é indiferente ao gênero. Para Patricia, apesar de mulheres e homens possuírem o mesmo potencial nestas questões, um dos entraves que intimidam o crescimento delas no mercado securitário são as visões pré-estabelecidas.

“Ainda que não seja tão comum quanto no passado, muitos executivos encaram a mulher que ocupa ou está prestes a ocupar um cargo de liderança com julgamentos que não seriam feitos a um homem, como ‘será que ela dá conta?’, ‘tendo uma família, será que ela consegue se dedicar ao cargo e conciliar com a vida pessoal?’ ou ‘será que ela vai conseguir liderar uma equipe predominantemente masculina?”, lembra a executiva.

Algumas profissionais, no entanto, destacam que certas características femininas podem se sobressair neste segmento – como a atenção ao detalhe, a criatividade, o cuidado com a valorização do aspecto social que o seguro proporciona e a capacidade de se concentrar e executar tarefas simultâneas. “Ao mesmo tempo, enquanto se preocupa em fechar uma estratégia, a profissional ainda se preocupa com outros dois, três ou quatro deveres, o que é sempre uma vantagem em uma equipe”, afirma Patrícia. A mulher também tende a possuir uma sensibilidade maior, sem esquecer-se do profissionalismo, que engloba preocupações com o conforto no ambiente de trabalho e com seus colaboradores. Mas mesmo sendo uma vantagem mais atribuída às mulheres, há profissionais homens com estas mesmas preocupações.

Quanto à sua experiência na área, Patricia afirma não ter sentido diferença na tratativa do mercado. “Comecei trabalhando em uma corretora de seguros, que atendia uma das maiores construtoras do País, viajava muito por esses projetos e nunca tive problemas em obras ou nas reuniões que fazíamos, inclusive em cargos que ocupei depois, em outras companhias. Acredito que toda mulher consegue o que quer. Se ela quer investir na carreira e ainda ter sua família, ela consegue. Basta vontade e esforço”.

Já na opinião de Claudia, a disciplina e a serenidade são traços marcantes entre as corretoras de seguros e ajudam na hora em que determinam a cumprir uma meta e traçar um plano. Elas sabem enfrentar as dificuldades e até mesmo antevê-las do mesmo modo como vislumbram as saídas e as soluções. Além disso, são capazes de propor equações ajustadas a cada caso, o que facilita na hora de montar uma estratégia que deixe o cliente satisfeito com o seguro adquirido.

Para Solange Zaquem, diretora da regional Rio de Janeiro/Espírito Santo da SulAmérica, qualquer equipe de trabalho marcada pela diversidade, não apenas de gênero, mas também de perfis e interesses, é mais criativa e inovadora. “Sem a intenção de criar rótulos, já que cada indivíduo é único e pode contribuir de formas diferentes, posso dizer que, na área comercial, noto que as mulheres costumam apresentar uma facilidade fora do comum de gerar empatia em negociações e de adotar uma postura consultiva com o cliente”.

Produtos específicos

Uma pesquisa recente divulgada pelo IFC (Corporação Financeira Internacional, membro do World Bank Group) e desenvolvida pela Accenture em parceria com o IFC e o Grupo Axa, mostrou que elas movimentarão até US$ 1,7 trilhão no setor até 2030. Para aproveitar essa oportunidade de negócios, o mercado segurador tem investido em produtos e serviços voltados especificamente para mulheres.

“Esta ampla oferta de produtos voltados a públicos específicos é muito positiva e demonstra uma mudança de mentalidade das empresas. As companhias que atuam no mercado brasileiro já perceberam que, para crescer em um cenário cada vez mais competitivo, será necessário ampliar os investimentos em pesquisas que visem o desenvolvimento de produtos que atendam a demandas específicas de cada público”, explica Fátima Lima, do Grupo BB e Mapfre. Segundo ela, na prática, isso contribui para a modernização das apólices já consolidadas e permite que os clientes optem por proteções personalizadas.

Mais do que oferecer proteções exclusivas, a maior questão seria levar as necessidades deste público para dentro dos produtos já disponíveis no mercado. Solange acredita o processo envolvido no desenvolvimento do produto, ou seja, se o público-alvo foi ouvido com atenção e teve suas reais necessidades identificadas, é mais importante que o formato final do produto de seguro.

Neste cenário, discute-se também o preço estabelecido para o público feminino. As seguradoras europeias, por exemplo, passaram a comercializar seguros com o mesmo preço para homens e mulheres. No Brasil, algumas proteções contam com descontos para as clientes – como o seguro de automóvel, em que a principal variável que pode interferir no valor está no comportamento diante do volante. Dados de mercado apontam que, por aqui, as mulheres se envolvem menos em colisões do que os homens. Além disso, tendem a buscar alternativas como carona ou táxi quando não estão em condições de dirigir. Já os homens, principalmente os jovens, tendem a adotar uma postura diferente, segundo as mesmas pesquisas.

“Concordo que, havendo estudos estatísticos, comprovando diferenciais para a mulher, deva haver estas distinções. Com comprovação de que mulheres são mais cuidadosas no trânsito, defendo que deve haver um contrato diferenciado. No entanto, não concordo com um cenário no qual a mulher precisa pagar menos só pelo fato de ser mulher. Defendo a igualdade entre os gêneros, dentro e fora do mercado de trabalho”, frisa Patricia, da AGCS.

A superintendente comercial Varejo Minas Gerais da Tokio Marine, Andreia Padovani, entende que variáveis devem ser consideradas para uma boa subscrição. Se a premissa gênero puder contribuir positivamente para melhorar o resultado, seria adequado contemplar condições diferenciadas que sejam favoráveis a essa premissa. Mas de qualquer forma, os resultados podem ser distintos dependendo de locais e culturas diferentes e, desta forma, não é possível ter estereótipo, mas sim pautar essa medida em leitura de resultados.

Em contrapartida, Claudia Candido defende que não há como distinguir gêneros no mercado de seguros, embora sejam oferecidos produtos que eventualmente possam se identificar mais com o temperamento feminino e outros com o masculino. Para a executiva, o seguro é um instrumento de equilíbrio para as famílias, para as empresas e até para as nações. “Os conceitos modernos de seguros enxergam os gêneros dentro de uma mesma ótica de necessidades”, conclui.

Carteiras promissoras

A diversificação da carteira se faz necessária e exige que as profissionais atuantes no setor aprendam a lidar com esta questão e estejam aptas a comercializar todos os segmentos. “A capacidade da mulher lhe permite operar em todas as frentes que desejar”, destaca Andreia. “Entretanto, em virtude da sensibilidade feminina, penso que as carteiras mais promissoras sejam as de linha pessoal e/ou benefícios. Pelo cuidado de trabalhar se atentando ao detalhe, a mulher pode desenvolver carteiras que exijam mais atenção e criatividade, despertando as vantagens de seguros que venham ao encontro de atender as necessidades de todos os públicos”, explica.

Em resseguros, Patricia afirma ser difícil apontar uma área que seja mais promissora, já que todas têm presença forte de profissionais femininas. “Em minha área, que é de Engenharia, já se pode ver muitas mulheres ocupando cargos de Gerente de Projetos, por exemplo, que passam todo o período da obra trabalhando em canteiros de obras, uma área que culturalmente já é associada ao homem. Neste setor, depende mais de qual é a expertise da mulher e de suas escolhas do que uma tendência igualitária específica”, finaliza.

Produtos exclusivos

Elas estão mais dispostas a contratar seguros e, de olho nessa tendência, o mercado cria produtos exclusivos para as mulheres. Veja como funcionam algumas das proteções destinadas exclusivamente ao público feminino:

  • Seguro de Automóvel: geralmente as mulheres contam com algumas vantagens nesta carteira. Por serem mais cautelosas ao volante, registram menores taxas de sinistralidade e, por isso, recebem descontos no valor final do seguro. Para elas, são oferecidos ainda serviços adicionais:

    – assistência 24 horas;
    – motorista disponível caso a cliente não esteja em condições físicas ou psicológicas para dirigir;
    – táxi em caso de acidente ou pane;
    – acompanhante à delegacia em caso de roubo e furto do veículo;
    – desconto em estacionamentos e academias;
    – reparos em eletrodomésticos e serviços emergenciais à residência;
    – troca de pneus e auxílio reboque ilimitados;
    – consulta gratuita para pets;
    – cobertura para cadeira infantil;
    – leva e traz em caso de manutenção do veículo;
    – help desk para tablets, notebooks, smartphones e vídeo game;
    – Central de Relacionamento Exclusiva;
    – serviço de guincho em caso de pane sem limitação de número de eventos por vigência.

  • Seguro para Bolsas: indenização em caso de roubo ou furto qualificado da bolsa ou pasta, a fim de repor os itens perdidos como carteira, documentos, celular, óculos de sol ou de grau, cosméticos, perfume e chaves. Na maioria das vezes, o produto é comercializado por instituições financeiras e lojas de varejo.
  • Assistência à Mulher: conta com alguns dos serviços já oferecidos no seguro de automóvel (como socorro mecânico e reboque, troca de pneus e transportes emergenciais, e chamados residenciais como encanador, eletricista e chaveiro), mas também disponibiliza serviços específicos para a saúde e o bem-estar da mulher. Estão inclusas assistência nutricional e farmacêutica, delivery de medicamentos e descontos em compras de remédios e segunda opinião médica internacional.
  • Seguro de Vida: além das coberturas tradicionais (indenização por invalidez permanente total ou parcial por acidente, por morte natural ou acidental e seguro de assistência funeral), o seguro de vida voltado às mulheres cobre os custos em casos de diagnóstico de câncer de útero, ovário ou mama, capitais que variam de R$ 10 mil a 500 mil (dependendo da seguradora) e sorteios semanais ou mensais em dinheiro. Em caso de falecimento, há a assistência funeral, na qual a família recebe assistência integral e gratuita. Assim como nos serviços de assistência à mulher, oferece segunda opinião médica e assistência nutricional.
    Nesta carteira, algumas companhias disponibilizam ainda descontos em clínicas de estética e beleza, serviço de descarte ecológico a produtos que atingem o fim de sua vida útil, personal fitness e amparo em caso de problemas decorrentes de assalto, agressão, roubo ou furto envolvendo o segurado, seu automóvel ou residência. Além disso, estendem a cobertura de doenças graves como acidente vascular cerebral agudo, cirurgia coronariana tipo Bypass, infarto agudo do miocárdio, insuficiência renal terminal, paralisia total e irreversível, perda total da audição, fala ou visão e transplante de órgãos.

Fontes: Ace Group, BB Seguros, BNP Paribas Cardif, Bradesco Seguros, Brasil Assistência, Mapfre, MetLife, Seguros Unimed e SulAmérica

 

internacional | seguradora

Companhias miram na América Latina

Oscar Schimidt, presidente da MetLife na América Latina, comenta sobre o crescimento do mercado na região

Lívia Sousa

Como pode ser definida a atuação das empresas de seguros latino-americanas e a evolução de seu desempenho?
Schimidt: A América Latina passou por uma etapa do que se chama de “vento em popa”; resultado do aumento do volume dos preços das commodities como o cobre no Chile, o petróleo no México e uma combinação de minérios e agricultura para negócios no Brasil. Os volumes e os preços das commodities exportadas para a China também ajudaram e, com isso, a classe média se expandiu e começou a consumir seguros. Ainda por conta deste efeito, as seguradoras cresceram mais rápido do que o produto e passaram a desfrutar do evento, visto que há mais pessoas consumindo seguros pela primeira vez.

Quais devem ser os pontos que os players precisam ficar atentos ao investir em países latino-americanos?
Schimidt: Em uma região emergente como a América Latina, o crescimento é mais alto do que nos países mais maduros e, consequentemente, os riscos se tornam mais elevados. Eles são fundamentalmente sistêmicos, como a moeda, a taxa de câmbio, a regulamentação (muitas vezes inconveniente imposta pelos governos), além da volatilidade na economia e na política. Por isso, a decisão de se investir no local implica em aceitar e conviver com os riscos e administrá-los. É importante estarmos preparados para conviver com a atividade dos ciclos econômico e político quando acontece esse tipo de coisa.

A agência de classificação de risco Moody’s, assim como a Standard & Poor’s e a Fitch, rebaixaram o grau de investimento do Brasil. Como isso pode afetar o mercado segurador?
Schimidt: O Brasil passa por um ciclo fraco na economia e na política, o que nem sempre é bem vindo, mas esperado, e muitas vezes as pessoas deixam de enxergar que essas coisas acontecem. Acreditamos que o País vai retomar o caminho estratégico e, para nós, o que está acontecendo agora é compreensível. Como investidores, temos que continuar a dar suporte e investir no local.

A Metlife é uma das empresas que administram a previdência obrigatória no Chile, país que adotou a medida como segundo pilar. No Brasil, o que pode ser aproveitado dessa experiência?
Schimidt: Os antigos modelos de seguridade social pública eram viáveis, pois as pessoas trabalhavam até os 65 anos e viviam entre 70 e 75. Hoje elas se aposentam aos 65 e vivem mais 20 ou 30 anos. Quando a população passa a ter menos filhos e a viver mais na Europa e em países como o Brasil, que nunca reformularam o sistema de seguridade social, o défict fiscal cresce e a única forma de reduzi-lo seria aumentar as contribuições dos trabalhadores, diminuir os benefícios para os aposentados ou elevar a idade da aposentadoria, medidas politicamente complexas. Os governos vão adiando decisões porque não querem arcar com o custo e isso cresce como uma bola de neve. Outro problema do Brasil são os sistemas de previdência privada, que apesar de serem uma boa ferramenta são fundamentalmente voluntários. Se as pessoas decidem não se protegerem, mais tarde as consequências passam para a ser de toda a sociedade. Esse espaço deixado pelo voluntariado deveria ser revisado.

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