Ultima atualização 26 de março

Edição 205

entrevista | Thomaz Menezes

Crise traz desafios e oportunidades

It’sSeg completa um ano e seu CEO, Thomaz Menezes, fala sobre os desafios de continuar crescendo; em 2015 a consultoria arrecadou mais de R$ 1 bilhão em prêmios diretos

Kelly Lubiato

APÓLICE: Como foi a integração das empresas para a formação da It´sSeg?
Thomaz Menezes: A integração dos três grupos complementares em uma operação, com muito cuidado desde a concepção do programa, há três anos, não foi difícil. Integramos as áreas de share services – financeira, administrativa, recursos humanos, marketing, tecnologia, gestão de projetos e estratégia e o time de vendas. Além destas áreas, temos também uma única equipe de relacionamento e de vendas. Em um ano fizemos bastante, com avanço do posicionamento da marca.

APÓLICE: Quantas pessoas integram o quadro de colaboradores?
Thomaz Menezes: São 320 pessoas e crescendo, com dois escritórios em São Paulo e um em Manaus.

APÓLICE: Qual é o foco da companhia?
Thomaz Menezes: Somos uma gestora de benefícios que busca a melhor solução aos seus clientes. Temos uma forma de entregar e de gerir o produto diferenciado. Sabemos que o custo é importante, mas queremos mostrar valor nos produtos e serviços. Queremos a excelência, porque estamos em um mercado altamente burocrático, com demanda operacional grande.

APÓLICE: Como é possível desenhar produtos novos em saúde?
Thomaz Menezes: É possível adequar dentro da legislação atual o que melhor atende o seu cliente. É preciso ter a real consciência do custo do seu risco. Estratégias não muito acertadas, que antes era estimulada pelo grande número de operadores, já não são mais a solução. É preciso saber o valor certo do risco, baseado na população, na faixa etária, nos doentes crônicos, enfim, um bom diagnóstico do perfil de risco e de utilização da população. Com o custo correto é possível mapear na população os crônicos, os propensos a se tornarem crônicos, os saudáveis e montar um programa de gerenciamento e acompanhamento de uso de farmácia, saúde ocupacional, programa de qualidade de vida, gestão do dia-a dia. Tem condição melhor de gerir o custo futuro. O ser humano quer viver mais, há novos procedimentos e acesso mais fácil a tratamentos. Isso tudo faz com que a pressão de custo suba mais ainda. Por isso, o programa integrado de gestão de saúde é necessário.

APÓLICE: Um programa deste tipo pode ser aplicado a empresas de que porte?
Thomaz Menezes: A partir de 500 vidas é possível traçar um diagnóstico. Mas atuarialmente falando, sabemos que 5% da população gasta mais do que todos, por conta dos crônicos. A estatística da carteira mostra isso e outros dados.

APÓLICE: Este trabalho é realizado em parceria com os operadores?
Thomaz Menezes: Este é um desafio complexo porque por ter vivido dos dois lados da mesa, sei que não é possível fazer isso sozinho. Se tiver a pretensão de fazer sem o cliente e a parceria da operadora, vai se cometer erros. Da mesma forma que algumas operadoras acham que conseguem fazer isso sozinhas. Se não unir a operadora, o cliente e a consultoria, tudo fica mais difícil, porque buscamos melhor serviço, melhor tratamento para clientes e colaboradores.

APÓLICE: Em um período de crise econômica, a concorrência entre as consultorias de benefícios tende a aumentar? Continua o processo de consolidação?
Thomaz Menezes: A consolidação do mercado é uma conseqüência natural. Todos os setores passaram por isso, porque tamanho é importante, assim como recursos, expertise, acesso a capital, capacidade de investimento, poder de atração e retenção de talentos. A indústria de corretagem de seguros já vem neste movimento. A concorrência é, ao mesmo tempo, um desafio e uma oportunidade, não só os clientes passam por redesenhos de planos e realinhamento de custos, mas também todos olham o que podem fazer melhor, diferente e com mais eficiência.

APÓLICE: Como é o investimento em tecnologia?
Thomaz Menezes: Nesta associação temos uma empresa que trouxe a tecnologia, com sistema proprietário para a gestão do seguro-saúde, que é complicada. Temos o sistema It´sSeg, que faz o mapeamento da carteira. Estamos desenvolvendo um aplicativo para o usuário ter acesso via smartphone aos custos do seu plano de saúde. Queremos que o beneficiário saiba exatamente os custos dos serviços utilizados por ele.

APÓLICE: Uma inovação em saúde seria não deixar as pessoas adoecerem?
Thomaz Menezes: Temos que cuidar dos propensos para que eles não se tornem crônicos. Quando se fala em programa de qualidade de vida é difícil mostrar o que de fato vai influenciar nos custos futuros da carteira. A visão é meio míope, de cuidar da sinistralidade apenas naquele momento.

APÓLICE: Você acha que é possível criar ações efetivas para melhorar a saúde das pessoas?
Thomaz Menezes: Acho que sim. Basta ver os jovens de hoje, a forma como eles se comportam, como se comunicam, o que esperam de empresas sustentáveis. As expectativas deles são diferentes das nossas. Ninguém mais quer uma carreira, entregue por uma empresa. As pessoas querem fazer aquilo que lhes faz bem. Nós temos aqui um projeto novo, com desafio e visão diferentes, com muita gente querendo se juntar a nós.

O elefante

O logotipo da It’sSeg utiliza este grande animal para ilustrar a sua comunicação visual, com valores alinhados à sua filosofia:

√ ele é bem rápido, podendo atingir até 40 km/h;
√ sem predadores naturais;
√ vive em manadas

 

direto de londres | por Luciano Máximo*

Bola de cristal do resseguro mundial

No mercado ressegurador, o futuro é mais que um conceito. É um componente praticamente concreto nos negócios, assim como a assinatura de uma apólice ou a entrega de um serviço contratado. Saber como vai estar o mundo nos próximos meses, nos próximos anos, não é tarefa fácil, mas é fundamental para o sucesso nesse setor, logo profissionais do resseguro estão sempre recorrendo às suas bolas de cristal.

No fim do verão europeu, um grupo global de líderes resseguradores se reuniu no Principado de Mônaco para o tradicional Rendez-Vous Monte Carlo, maior encontro mundial do setor que ocorre desde 1957. A atividade que chamou mais atenção (o hot topic do evento) foi a tentativa de prever como estará o mercado de resseguros em dez anos. De maneira geral, as bolas de cristal de grandes executivos e corretores anteciparam que na próxima década o mercado ressegurador será marcado por movimentos de fluxos de capital e de talentos ainda mais rápidos e que os riscos serão tratados ainda mais como commodity. Além disso, uma resseguradora cumprirá cada vez mais um papel de consultoria aos clientes, não apenas cobrir sinistros, ponto que coloca desafios para o papel corretor de resseguros na cadeia do negócio.

“Dez anos atrás, nós vimos a transição dos sindicatos diretos de resseguros [tradicionalíssimos compartilhadores de grandes riscos que atuam no Lloyd’s of London, por exemplo] e um monte de start-ups de resseguros abrindo capital em bolsas de valores. Isso resultou, agora, num volume enorme de capital de terceiros compondo diretamente os balanços das resseguradoras como subscrição de risco. Em dez anos, o componente câmbio será muito mais interessante que agora para a indústria. Outra coisa que vai ser muito, muito importante, é que o lado consultivo do negócio vai crescer. A gente vai precisar dizer algo que os nossos clientes não sabem se quisermos crescer, temos que apresentar oportunidades que eles não têm. Nesse sentido, o papel do corretor vai mudar significativamente”, projeta David Flandro, chefe de análises da JLT Re.

Davied Priebe, vice-presidente da Guy Carpenter, também foca o lado financeiro do negócio em suas previsões. “Eu acho que continuaremos a ter um processo de transformação do setor, com um mercado cada vez mais dinâmico, com um maior e mais livre fluxo de capital e investidores. Temos que continuar convencendo os investidores que o seguro é um ativo importante e abrangente, do ponto de vista de classe de investimento e de garantia de risco”, prevê Priebe.

De olho no futuro dos fundamentos macroeconômicos do mundo nos próximos anos, o economista-chefe da Swiss Re, Kurt Karl, aposta nos mercados emergentes como grande fonte de receitas para as grandes resseguradoras globais, principalmente China. Ele também vê um cenário com taxas de juros mais favoráveis para os investimentos das companhias. “Não estou esperando que o Fed [Banco Central dos Estados Unidos] suba juros na semana que vem, mas é algo que acontecerá no fim do ano, início de 2016. Isso deve ser acompanhado pelos bancos centrais do Reino Unido e da Europa, mas só irá favorecer os ativos dos portfólios das resseguradoras mais para frente”, acredita Karl.

Já Denis Kessler, CEO da francesa Scor, vê um mercado de resseguros mais consolidado e concentrado em um número cada vez menor de empresas. “Mas isso não ocorrerá apenas via fusões e aquisições, mas porque o fluxo de negócios se encaminhará para cada vez menos players, grandes players. Hoje temos vários gaps que separam as empresas na indústria de resseguros, em termos de tamanho do negócio, expertise, poder de mercado. Então, projetamos o mercado com poucas empresas globais com bastante poder de fogo, oferecendo capacidade e serviços em todas as linhas. Companhias médias menores se manterão no negócio pela expertise, enquanto resseguradores pequenos terão dificuldade de continuar. Basta olhar para o segmento vida de resseguros hoje, com mais de 80% dos negócios nas mãos de cinco, seis companhias. Isso deve acontecer em dez anos, 15 anos, no segmento de propriedades e casualidades”, avalia Kessler.

CEO de um pequeno sindicato recém-aprovado no Lloyd’s of London, David Reeves, do grupo segurador inglês Barbican Insurance, discorda do colega da Scor. “A questão que está na boca de todos do mercado é como os pequenos resseguradores se manterão na ativa com tamanha concorrência. Minha resposta como líder de uma pequena resseguradora é: ‘o detalhe está nos serviços. Onde há serviços a serem prestados, há oportunidade. Onde há oportunidade, há margem. Há espaço para a gente, há um nicho. Nós vamos continuar usando o formato de negócio do Lloyd’s, assim como várias outras empresas, e tenho certeza que os clientes continuarão tendo boas experiências com a gente. Portanto, o mercado em dez anos será excitante. O mercado do Lloyd’s deverá dobrar de tamanho em relação ao fluxo que tem hoje, com cerca de cem sindicatos em operação. Em dez anos, vamos estar bastante orgulhosos das nossas conquistas”, promete Reeves.

>> Mais informações sobre o tradicional encontro de resseguradores Rendez-Vouz Montecarlo acesse: www.rvs-monte-carlo.com/welcome

Governo Dilma e os (re)seguros 1

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, não estava brincando quando colocou o mercado de seguros e resseguros em sua agenda na área econômica. Em várias oportunidades, o ministro destacou a importância desses dois setores num contexto de um desenvolvimento econômico mais dinâmico para o Brasil. Mais especificamente, Levy quer que seguradoras e resseguradoras sejam protagonistas do financiamento do crescimento da economia do país usando seus enormes portfólios de investimento para bancar projetos de infraestrutura.

Levy veio a Londres em maio deste ano e discutiu o assunto com lideranças do setor. O ministro retornou à capital inglesa em outubro e deu um passo mais concreto. Voltou a se encontrar executivos de grandes empresas e representantes do governo britânico, inclusive o ministro das Finanças, George Osborne, para discutir como fazer os mercados de seguros e resseguros dos dois países avançar. Esse compromisso foi formalizado em um documento de intenções produzido pelos dois governos.

“O Brasil e o Reino Unido reconheceram os benefícios do fomento de um setor de seguros e resseguros inovador, além do potencial das tecnologias financeiras como meio para tanto. Ambas as partes comprometem-se a estabelecer um grupo de trabalho integrado por representantes dos governos do Brasil e do Reino Unido, além de lideranças do setor privado. O Reino Unido viu-se motivado mediante as alterações regulatórias recentemente introduzidas pelo Brasil no sentido de liberalizar seu mercado de seguros e resseguros”, declarou Levy.

Governo Dilma e os (re)seguros 2

Em sua segunda passagem por Londres em menos de seis meses, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, também falou sobre o Instituto de Resseguros do Brasil (IRB Brasil Re). Em entrevista coletiva a jornalistas brasileiros e britânicos, Levy disse que a venda ou a abertura de capitais do IRB estão na agenda do governo. O ministro falou, brevemente, que uma transação envolvendo o IRB “será positivo” para o esforço fiscal atual empreendido pela equipe econômica do governo federal como forma de reequilibrar as contas públicas.

* Luciano Máximo, jornalista, é repórter licenciado do jornal Valor Econômico, cobriu o setor de seguros e resseguros na Gazeta Mercantil

 

capa | sustentabilidade

Descarte ecológico auxilia o mercado a preservar o meio ambiente

Seguradoras inovam ao oferecer o serviço de Descarte Ecológico aos seus segurados, resolvendo o problema da destinação dos itens inutilizados de seus clientes e contribuindo com a natureza

Kelly Lubiato

Certamente, você já viu aquele monte de entulho e resíduos descartados em local indevido, como em terrenos baldios, ruas e calçadas. Ou, em uma matéria sobre enchentes na televisão, a cena de um sofá boiando próximo a córregos e rios. Combater esta realidade brasileira é um desafio, até mesmo para os órgãos públicos, e as empresas que buscam se diferenciar no mercado e alavancar as vendas de seguros começam a recorrer a serviços ambientais agregados aos seus produtos.

Diante desse cenário, surgiu o serviço de descarte ecológico, cujo objetivo é coletar e destinar o que for recolhido para não prejudicar o meio ambiente. Um sofá velho, por exemplo, depois de coletado é desmontado, descaracterizado e separado por tipo de matéria. Cada coisa segue seu destino: o tecido volta à indústria têxtil; a borracha é triturada, podendo virar manta asfáltica; a espuma pode ser aplicada em pisos e pistas de atletismo e, a madeira, depois de triturada, pode servir de combustível através de biomassa.

A percursora na utilização deste recurso foi a Itaú Seguros Auto e Residência, que em 2011 incorporou o Descarte Inteligente como serviço de sua apólice do seguro Residencial. A evolução da utilização do serviço cresce a cada ano. De acordo com Ricardo Fernandes, gerente de produto residencial da seguradora, algumas regiões têm apelo maior, seja pela dificuldade em descartar alguns itens ou mesmo pela consciência ecológica. Além de contribuir com o meio ambiente, a Itaú Seguros Auto e Residência foi a primeira seguradora a utilizar o serviço de descarte também para a coleta de salvados provenientes de sinistros residenciais.

Para as seguradoras, aderir a produtos inovadores, que ao mesmo tempo oferecem uma percepção de valor aos seus clientes, é essencial. Ou seja, ofertar produtos aos seus clientes que não tenha apenas cunho ambiental, mas que faça diferença na vida deles, e assim gerar uma experiência positiva na utilização do serviço. O Descarte Ecológico, por exemplo, pode ser oferecido aos segurados em forma de assistência para seguros residenciais, seguros empresariais, seguro auto, seguros de condomínios, além de garantia estendida – ponto de partida da Zurich Seguros, que se tornou pioneira ao lançar serviços sustentáveis no seu produto distribuído por lojas de varejo.

Sabendo de sua responsabilidade em destinar de maneira ecologicamente correta todos os resíduos que são gerados através de suas atividades, a Zurich Seguros passou a coletar e tratar os itens indenizados através do Descarte Ecológico. “Além de diminuir a frequência de sinistros e fraudes, a retirada domiciliar e avaliação do produto sinistrado ajudam nossos parceiros a corrigirem erros do processo de fabricação”, conta Walter Pereira, diretor executivo Comercial e Multirriscos/Equipamentos.

Outra seguradora que inovou e lançou os serviços sustentáveis para um segmento que, até então, não haviam beneficiários, foi a Liberty Seguros, que desde 2013 oferece o benefício para clientes do seguro auto. Os segurados das apólices de seguro residencial e seguro empresarial também contam com o Descarte Responsável. Além do auxílio na destinação correta de móveis, eletroeletrônicos, eletrodomésticos, entulhos e restos de obras, os segurados contam com o apoio de consultores especializados, que irão orientá-los com dicas práticas para o consumo consciente de água, energia elétrica, reciclagem de lixo, entre outras iniciativas.

Alguns materiais têm uma quantidade de retirada maior. Sofás e colchões são itens mais descartados pelos segurados, mas os tipos de resíduos não se limitam a eles. Segurados da Allianz Seguros, por exemplo, assim como de outras seguradoras que aderiram ao produto, podem solicitar o serviço de retirada e descarte de itens como sofás, colchões, móveis, geladeiras, eletrodomésticos, eletroeletrônicos, entre muitos outros. “Caso ainda estejam em condição de uso, são doados a entidades assistenciais previamente cadastradas e aprovadas pela companhia. Já os utensílios que não puderem ser reutilizados são descaracterizados, os seus componentes são separados por tipo e categoria e retornam à cadeia produtiva como matéria-prima ou subprodutos”, explica Mario Ferrero, diretor executivo de Massificados, Saúde e Vida da Allianz Seguros.

Os materiais que não puderem ser reaproveitados são destinados de maneira ambientalmente adequada. Ferrero acrescenta que, no final do processo, a seguradora emite um certificado em nome do segurado garantindo que os bens coletados seguirão as mais rigorosas normas de sustentabilidade.

A Allianz Seguros, que foi a pioneira no lançamento dos serviços sustentáveis para os seguros de condomínio e seguro empresarial, também foi a primeira seguradora a realizar a ação do Fim de Semana Sustentável, na qual, em parceria com a Ecoassist (empresa especializada neste serviço), são dedicados um ou dois dias para que o condomínio segurado e seus moradores possam descartar objetos inutilizados de seus apartamentos. Vão desde itens volumosos como sofás, armários e geladeiras, até itens portáteis como celulares, cafeteiras e demais resíduos, além de revistas, roupas, entulho e restos de obras. Os condôminos podem descartar de forma correta tudo aquilo que não utilizam mais e o corretor de seguro da apólice do condomínio tem a oportunidade de manter contato e oferecer novos seguros aos moradores. “Apesar de ser mais comum acontecer em condomínios, essa ação também está disponível às empresas”, esclarece Ferrero.

O que realmente garante a boa utilização do serviço é a sua divulgação. Por isso, é fundamental que o corretor explique ao seu segurado que o Descarte Ecológico está disponível na sua apólice, isso poderá fazer a diferença na hora de vender o produto. Aquele que tiver maior valor agregado será preferido pelo consumidor. “Oferecer seguros que tenham essa preocupação com o meio ambiente é fundamental. Além de ser uma inovação, resolver um problema real do consumidor é de extrema importância” diz Walter Nemer Júnior, diretor da Nemer Corretora de Seguros.

Arma contra fraudes

No mercado de seguros é difícil estimar quanto é perdido por conta das fraudes. A maioria dos pequenos delitos não são percebidos pelas seguradoras. Neste ponto, o Descarte Ecológico também pode se tornar uma ferramenta capaz de diminuir a quantidade de fraudes e, portanto, pode melhorar o resultado das seguradoras.

José Augusto Garutti, Sócio Fundador da Ecoassist, destaca que, de acordo com a Susep, a partir do momento que a seguradora indeniza o segurado, torna-se responsável pelo salvado. Assim como nos seguro auto e de garantia estendida, no seguro residencial, empresa e condomínio, também, existe a necessidade de recolher os salvados provenientes dos sinistros. “Nestes casos, o Descarte Ecológico entra como parte da regulação do sinistro. Ele deixa de ser um custo e passa para a conta de resultados das companhias”, avalia o executivo.

A especialista

Com sede em São Paulo e atendimento em todo o território nacional, a Ecoassist Serviços Sustentáveis, presta serviços ambientais como o Descarte Ecológico. Desde 2009, atua junto às seguradoras para dar um destino àquilo que os segurados não utilizam mais.

Através da central telefônica, o segurado recebe todas as orientações necessárias para a realização do Descarte Ecológico. As coletas são feitas através de agendamento de acordo com a necessidade do solicitante. Após o agendamento, para maior segurança, o cliente recebe por e-mail, uma ordem de serviço com os dados e foto do motorista e do ajudante que realizarão a retirada.

O serviço oferece total comodidade ao segurado, que não precisa se preocupar para se desfazer de seus itens inutilizados. “O atendimento é realizado em todo território nacional. Todo item coletado é trazido para um de nossos galpões em São Paulo, onde recebem tratamento e destinação adequada”, explica Garutti. Segundo o executivo, para uma empresa atuar corretamente neste setor, ela precisa de todas as licenças ambientais necessárias, além de se enquadrar na Política Nacional de Resíduos Sólidos, que envolve todos os setores, inclusive a área de seguros.
Garutti destaca que o Descarte Ecológico é um serviço capaz de tornar tangíveis as apólices de seguros. “Além disso, valores como sustentabilidade e comodidade estão cada vez mais em alta no conceito dos consumidores”.

“Hoje, coletamos desde pequenos itens, como celulares e eletroportáteis, itens de grande porte, como sofás, geladeiras, fogões, até resíduos automotivos provenientes de sinistros e reparos em oficinas, evitando assim que as peças sejam reparadas e vendidas no mercado paralelo, conclui o executivo.

Precursora no descarte de automóveis

Outra empresa inovadora e com o cunho ambiental é a Renova Ecopeças, que recicla os veículos irrecuperáveis da Porto Seguro, Azul e Itaú, processando e destinando peças ou outros subprotudos decorrentes da desmontagem automotiva.

Atualmente, a empresa recicla 200 veículos por mês. Para ilustrar e trazer esse número para a nossa realidade, apenas um carro reciclado significa deixar de emitir 3.700 Kg de CO2, o que equivale ao que sete árvores neutralizariam durante toda a sua vida.

“Temos em vista uma segunda fase do projeto quando expandiremos o conceito, desmontagem e destinação ambientalmente correta dos veículos para produtos como eletrodomésticos e eletrônicos”, afirma Fabio Frasson, diretor.

Solução para o cliente final

Estima-se que, mensalmente, no Brasil sejam comercializados mais de 13 milhões de produtos novos, como sofás, geladeiras, maquinas de lavar, televisores, computadores, entre outros. O que fazer com os produtos antigos, sem uso, quebrados ou obsoletos?

O Descarte Ecológico é a solução adequada para este tipo de problema. Alguns varejistas já oferecem este serviço aos seus clientes, como benefício dentro das apólices de seguros residenciais e de garantia estendida comercializados em suas lojas e sites. O serviço se tornou um forte aliado na argumentação de vendas de seguro no varejo.

O varejista pode, ainda, comercializar o Descarte Ecológico separadamente no momento da venda do item novo, resolvendo, assim, um problema do consumidor que não tem o que fazer com o item velho.

De acordo com PNRS

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela Lei nº 12.305/2010, estabelece regras para a destinação e disposição correta de todos os tipos de resíduos gerados em diversos setores da economia. Ao incentivar uma gestão integrada entre os participantes da cadeia produtiva, a PNRS promove o compartilhamento de responsabilidades e, com isso, a geração de novos desafios e oportunidades. Para o setor de seguros, o conceito da corresponsabilidade é um desses desafios. Isso porque os papeis e deveres das seguradoras nesse novo cenário podem variar de acordo com cada situação.

“Cada vez mais, as seguradoras estão percebendo que é estratégico integrar a sustentabilidade no centro de sua atuação e manter um olhar atento para as questões socioambientais, econômicas, geopolíticas, tecnológicas e de governança corporativa”, explica Fatima Lima, presidente da comissão de Sustentabilidade da CNseg.Pesquisa realizada pela CNseg com 20 seguradoras, que representam quase 80% do mercado segurador brasileiro, revela que três das quatro metas para a concretização dos Princípios para Sustentabilidade em Seguros (PSI) foram alcançadas um ano antes do prazo previsto:

>> Meta 1: 40% das seguradoras integrarão as questões ASG (ambientais, sociais e de governança) em sua política de subscrição de riscos

>> Meta 2: 30% das seguradoras terão um programa de engajamento de corretores nas questões ASG

>> Meta 4: 50% das seguradoras reportarão questões ASG

“Esse fato mostra o alto grau de comprometimento das companhias de seguros brasileiras, que estão trabalhando para a integração dos aspectos ambientais, sociais e de governança em sua política de subscrição de riscos e em seus programas de engajamento para os corretores, além de estarem comprometidas com a publicação dessas iniciativas em seus relatórios”, define Fátima.

A presidente aponta que é muito importante para as seguradoras estarem atentas às legislações, buscando conhecer e se atualizar constantemente. “É preciso conhecer as operações dos clientes, seus resíduos, fluxos e riscos. A subscrição é uma etapa fundamental, pois neste ponto é que os riscos de geração e destinação de resíduos devem ser corretamente mensurados e avaliados”, conclui.

Números que o Meio Ambiente agradece

+ de 3,6 MIL toneladas de resíduos sólidos coletados e destinados de
forma ecologicamente correta;

+ de 33 MIL descaracterização e viabilização de reciclagem de poltronas
e sofás;

+ de 110.540 kg de CO2 foi evitado que chegassem a atmosfera;

+ de 30 MIL clientes foram orientados a economizar cerca de 8.512.000 kw
de energia e 986.000 m³ de água com o serviço de Consultoria Ambiental

 

especial riscos diversos | evento

O seguro em tempos de crise

Especialistas apontam soluções para que o Brasil volte a prosperar. Pouco atingido pelas instabilidades política e econômica, mercado securitário permanece otimista

Lívia Sousa

Em meio ao descompasso entre os poderes Legislativo e Executivo, da economia dependente do Congresso e da judicialização da política, a pergunta da vez é: há luz no fim do túnel? Especialistas da área política e econômica acreditam que sim. Acreditam, inclusive, que o País pode sair mais forte da crise atual.

Durante a Zurich Corporate Conference 2015, realizada pela seguradora no Guarujá (SP), especialistas apontaram possíveis soluções para os riscos em curto prazo, sendo uma delas a renúncia da presidente da República, Dilma Rousseff. “Diante da situação praticamente insustentável, isso facilitaria a solução do atual entrave político. Mas, pessoalmente, entendo que seja pouco provável. Tudo indica que a presidente vai permanecer no cargo, se possível, completando inteiramente o seu mandato”, disse a ministra Ellen Gracie, frisando que a renúncia voluntária não significaria uma condenação por mal feitos ou irregularidades.

O impedimento perante o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) seria a segunda alternativa, seguida do impeachment, visto por Ellen como a última saída. No entanto, a ministra deixou claro que “a solução para a crise é muito mais política do que jurídica”.

O Brasil, que atravessou épocas de redemocratização, de estabilização econômica e política e de melhoria social, econômico, razão que, para o jornalista político Gaudêncio Torquato, faz desta a maior crise da contemporaneidade. “Temos problemas na área da política, da gestão, da economia e na área social. Essa conjugação de fatores resulta na crise mais grave já enfrentada pelo País”, pontuou. O especialista acredita que o quadro se agravará ainda mais quando os efeitos da deterioração da economia começar a aparecer mais fortemente no bolso dos cidadãos, principalmente das camadas mais carentes.

Amplificada em função da Operação Lava Jato, a crise atual também permitirá, na visão dele, um impacto sobre a esfera política que poderá gerar lições positivas. Uma profunda reforma nas áreas partidária e eleitoral, além da gestão mais transparente e do choque de ética e moral na política com a conscientização da sociedade para a democracia participativa, levarão o Brasil a fazer reformas fundamentais.

Para o economista Paulo Rabello, o Brasil está devendo a si mesmo este salto. Entretanto, é preciso analisar o timing da explosão de frustrações que o País enfrenta e entender a consequência da transição da explosão econômica para a política. “Temos um custo financeiro explosivo no governo e no setor privado e este talvez seja o maior combustível de todo o processo. Com o desgoverno em alta e a arrecadação em baixa, Estados encontram crescente dificuldade em honrar compromissos e os consumidores desaparecem”, explicou.

“Desengavetar” o Brasil seria uma solução? Para Rabello a medida é válida, desde que executada fora deste cenário: a previsão é de que, ainda em 2015, a dívida pública alcance a marca R$ 530 bilhões, valor que corre o risco de dobrar no ano seguinte, caso a situação persista.

“Quem se preocupou com o investimento de uma Copa do Mundo agora terá que se preocupar com o valor de 21 Copas do Mundo em um único ano”, comparou, apontando como único caminho um balanço fiscal total igual a zero, com equilíbrio orçamentário. “A estrutura e a composição do endividamento público brasileiro, adiada desde o governo de Fernando Henrique Cardoso, é a grande revolução a se fazer. Os partidos políticos não estudaram essas alternativas e até o momento não há nenhum programa organizado”.

Seguro Garantia e investimento

O Brasil teve sua nota de crédito rebaixada por duas agências de classificação de risco. A primeira foi em setembro deste ano, quando a Standard & Poor’s retirou o selo de bom pagador do País. No mês seguinte, a Fitch também colocou o rating sob perspectiva negativa, mas manteve o grau de investimento do Brasil.

Com a credibilidade em baixa, o ramo securitário também é atingido. Indiretamente, isso afeta na queda do número de apólices de performance, principalmente as ligadas a contratos públicos. Mas a mesma crise fez com que as empresas busquem formas de economia nas garantias judiciais.

Por outro lado, o cenário atual afeta as companhias no que tange aos seus balanços e as apólices de seguro garantia judicial levam em consideração o resultado financeiro das empresas. Uma vez o balanço afetado, os resultados pioram e as seguradoras ficam mais tímidas em relação a assumir riscos de crédito e riscos judiciais. “A balança se contrapõe a todo momento: aquece e desaquece, está desta forma. É uma busca constante pelo seguro garantia judicial com o desaquecimento das garantias de performance”, explica Rodrigo Loureiro, diretor de garantia – Surety Bonds da Willis, que esteve presente no XI Seminário Internacional da Associação Brasileira de Gerência de Riscos (ABGR), em São Paulo.

Já o mercado securitário, como um todo vai na contramão deste cenário: projeções feitas pela CNseg e divulgadas em setembro deste ano apontam que o segmento deverá atingir 12% de crescimento até o final de 2015. “O seguro passa a ter mais apelo em momentos de crise, pois é nessa hora que as empresas e os investidores têm interesse em transferir tudo o que conseguem”, justifica a diretora de M&A, Privaty Equity Financial Institutions da JLT Brasil, Lygia Muriel.

Os investidores, aliás, continuam de olho no Brasil, que de janeiro a agosto somou 513 transações de fusões e aquisições, sendo 49% deste volume oriundas de capital estrangeiro – a maioria dos Estados Unidos. “Para os Estados Unidos, Europa e outros países o Brasil está barato, então mesmo com as incertezas ainda é um País que tem apelo. Os estrangeiros compram setores bem específicos. Vemos uma movimentação muito forte em tecnologia e os asiáticos olhando para investimentos em infraestrutura. Com todo esse cenário de empreiteiras, construtoras, e o Brasil um país do tamanho que é, a única certeza é de que sem obra de infraestrutura não dá para ficar”.

 

especial riscos diversos | evento

As novas preocupações do mercado

Empresas sentem o impacto direto de uma das piores crises hídricas do Brasil. Ao mesmo tempo, são ameaçadas pela violação de dados, mas ainda encaram com resistência a cultura de seguros ciberméticos

Lívia Sousa

Os ataques cibernéticos se tornam cada vez mais frequentes no Brasil. Segundo um estudo realizado pela empresa americana de tecnologia Akamai Technologies, somos um dos países mais atingidos pela prática, recebendo 7% de todos os crimes cibernéticos mundiais. Outro levantamento, da PWC, mostra que apenas em 2014 estes ataques cresceram 48%.

Apesar de o Brasil estar entre os países mais visados no que diz respeito à violação de dados, a demanda por seguro cibernético é baixa. Detentoras de informações confidenciais, as empresas acabam sendo as grandes afetadas pela prática e, ainda assim, poucas contam com apólices de cyber segurança. “O principal motivo é a falta de conscientização sobre o tamanho e impactos do risco cibernético”, afirma Flavio Sá, gerente de Linhas Financeiras da AIG Brasil.

Vale frisar que, mesmo sendo um importante componente para salvaguardar empresas, a cobertura de seguro não substitui a necessidade de uma política de segurança cibernética para organizações. Por isso, é necessária a conscientização interna de que segurança é uma responsabilidade de todos e não apenas questão a ser tratada pelo departamento de Tecnologia da Informação. “Ter diferentes áreas de negócios envolvidas na gestão de riscos cibernéticos fortalece a defesa de uma companhia contra ameaças”, alerta Ana Canovas, International Financial Lines do XL Catlin.

O planejamento de contenção de crises deve envolver ainda um treinamento aos colaboradores sobre como tratar informações confidenciais, onde estão as principais ameaças, como utilizar o ambiente cibernético corporativo e, inclusive, como responder a um incidente, além de mapear vulnerabilidades e definir o nível de tolerância da companhia frente a um ataque.

O caminho parece simples, mas o ceticismo quanto à existência de exposição e de perigo dificulta a tomada de medidas de prevenção e proteção por parte das empresas. De acordo com Sá, as empresas precisam desenvolver a cultura de gestão de risco, ao passo que a regulamentação do Marco Civil da Internet é um fator recente, com a implementação ainda em curso. No entanto, ele acredita que fatores como o desenvolvimento deste novo regulamento, a educação para ajudar as empresas a responderem ameaças por meio da transferência de risco, o desenvolvimento de capacidades específicas para enfrentar os riscos em evolução e a exposição que muitas companhias brasileiras têm quando fazem negócios com outros países (os quais têm leis rigorosas de proteção de dados e de privacidade) ajudarão a aumentar a consciência sobre os riscos cibernéticos e a demanda pela cobertura será adequada.

Para Ana, o quadro já começa a mudar com a demanda por conhecimentos cibernéticos e oferta de produtos cada vez maior entre as empresas brasileiras, que querem entender melhor os riscos cibernéticos e até que ponto seus negócios podem ser afetados. “Estamos convencidos de que o interesse na proteção cibernética vai continuar a aumentar nos próximos meses e anos”, diz a executiva.

Crise hídrica

No Brasil, a crise hídrica prevalece como um risco provável de alta severidade há pelo menos dois anos, impactando diretamente no custo dos produtos, na lucratividade e nos planos de crescimento e desenvolvimento das empresas. De acordo com Carlos Cortés, Head of Risks Engineering da Zurich Brasil, o País ainda ocupa uma posição privilegiada quanto a este assunto, em comparação com outras regiões do mundo, mas o tema não deve ser desconsiderado.

Nos negócios, as empresas com alta dependência da água começam a vivenciar a desaceleração de operações. Em um futuro mais longo, pode-se pensar inclusive na ameaça da resiliência dos negócios, em custos de realocação para áreas que tenham uma crise hídrica mais branda.

“Os setores mais impactados pela crise hídrica são as companhias de manufatura de produtos básicos, as de utilidades e as empresas de geração de energia. Uma minoria delas está saindo da caixa e incluindo a comunidade e os demais usuários da água para avaliar o risco dos outros players”, diz Cortés, completando que essas avaliações ainda estão muito fechadas e não consideram aspectos internos relevantes.

A falta d’água preocupa não apenas as empresas em funcionamento no Brasil como também aquelas que pretendem se instalar no País, sendo que os futuros investidores já estão de olho nas medidas realizadas pelas companhias para driblar a crise hídrica. Como este não é um risco nominado e sim uma falha do fornecimento de água, não há cobertura de seguros – um grande motivo para que as empresas avaliem possíveis riscos antes de iniciar suas atividades no local.

 

especial riscos diversos | D&O

Compliance: aliado do D&O

Boas práticas de governança podem garantir a proteção dos executivos das companhias

Amanda Cruz

Deixando os aspectos econômicos temporariamente de lado, as questões políticas são talvez o ponto de maior destaque da crise que o Brasil enfrenta nos últimos anos. Segundo um estudo feito pelo Valor Econômico, a corrupção no Brasil consome 2,3 pontos do PIB anual, incluído nessa conta um montante considerável de gastos do poder público para tentar prevenir essa prática. Mesmo se tirarmos da conta as questões financeiras, casos de corrupção podem afetar diversos mercados e prejudicar seriamente empresas estatais, as que têm grande parte do seu faturamento vindo de contratos públicos e principalmente aquelas que têm histórico de investigação de irregularidades ou até mesmo algum sinistro na apólice de D&O. “Uma cotação de seguro novo ou de renovação para empresas com esse perfil se tornam um pouco mais difíceis, porque as seguradoras acabam fazendo mais perguntas do que faziam antes”, destaca Celso Júnior, da Zurich Seguros.

A lei anticorrupção, criada em 2013 e que entrou em vigor no início de 2015, traz à tona a necessidade de proteger empresas e estar atentas às possíveis fraudes que possam comprometer a imagem de uma companhia, mas vai muito além disso. Como proteção para as empresas, todas as atividades mais complexas, envolvendo um maior volume de valores de dinheiro, sejam sempre tomadas com mais de uma pessoa. Os próprios contratos sociais já devem trazer restrições. A partir do momento que a decisão não pode ser de apenas uma pessoa na qualidade de gestor, já se divide a responsabilidade. Até mesmo as chamadas comfort letters, cartas que as empresas outorgam, dão a seus administradores uma promessa de que elas assumem a responsabilidade por toda e qualquer indenização que eles venham a pagar a terceiros, desde que estejam agindo no exercício regular de suas funções.

Por que a Lei Anticorrupção é importante

O Brasil aprovou a lei em uma época em que uma série de países também está aprovando. O País não está atrasado, já que EUA e Inglaterra também aprovaram suas leis recentemente e as três são bastante similares. “Mesmo assim, com o cenário recessivo e de buscas por resultados, muitos gestores confessam que se sentem pressionados a corromper de forma a conseguir os resultados efetivamente exigidos pelas suas corporações”, conta Marcia Cicarelli, advogada do Demarest. As punições se dão por comprovação de atos lesivos à administração pública nacional ou estrangeira, não prevendo a corrupção privada. “Os crimes previstos na lei são amplos justamente para que todo e qualquer tipo de corrupção, envolvendo a organização pública, estejam previstos e possam ser enquadrados facilmente dentro dessa tipologia”, elucida. Os crimes ocorridos contra administrações públicas estrangeiras também devem ser penalizados e abrangidos.

Segundo ela, os programas de compliance, que visam combater a corrupção nas empresas aliados a boas práticas de governança corporativa, podem ter a possibilidade de reduzir em até 50% o índice de corrupção.

A Lei trata apenas de duas esferas: a responsabilização da administrativa e civil das pessoas jurídicas, não se confundindo com a responsabilização penal. A novidade é que ela se incumbe de responsabilizar as Pessoas Jurídicas, ou seja, a empresa, o tomador do seguro D&O. Para que isso ocorra, é exigido que exista a cobertura do administrador sejaela por ação ou por omissão e negligência, mas quem responde é a companhia. “Ela trouxe a noção de que se houver efetivamente um ato de corrupção, a empresa será responsabilizada objetivamente, independentemente da culpa dela, responderá pelo administrador que for o agente corruptor da empresa”, explica Márcia.

Entre as principais infrações que podem ser cometidas e punidas pela Lei Anticorrupção estão questões como: oferecer ou financiar vantagens indevidas, ocultação ou dissimulação de interesses, fraudar a licitação e dificultar investigações. A multa para esse tipo de conduta é bastante alta, sendo um percentual do faturamento e nunca inferior à vantagem auferida. “A vantagem que se busca nesse procedimento é que vai ser o principal ponto a ser considerado na aplicação da multa”, diz Márcia.

Aplicação no D&O

Todas as seguradoras estão tendo de lidar com o aumento de sinistralidade da carteira de D&O, é um movimento uniforme em todo o mercado, ainda mais porque empresas contratantes de grande porte não têm seus riscos alocados em uma única seguradora. “O que acontece nessa situação é que a subscrição precisa de mais cuidados, ser mais detalhada. A situação que existia há alguns anos, de soft market, ou seja, de condições abertas e preço caindo, é muito diferente agora”, analisa Júnior. Ele percebe que as seguradoras estão adequando sua precificação e focando principalmente nos programas existentes de compliance antes de abraçar o risco. Essa aferição leva também à aplicação de algumas cláusulas excludentes na apólice. “Escuto de corretores e clientes que o mercado está muito restrito, que eles não conseguem colocar uma empresa de capital aberto, que seja estatal, ou que tenha contratos com governos”, conta o executivo. Mas, ao que parece, as empresas também têm se dado conta da delicadeza do assunto e se preparado mais para evitar esses acontecimentos.

Algumas exclusões em apólices de D&O advêm da análise do subscritor. Se ele identificar algum indício histórico, uma investigação contra a empresa ou até mesmo a volatilidade de seu setor, tentará se proteger ou aplicar uma excludente de cobertura. Além disso, irregularidades de processos e práticas anticoncorrenciais também acendem o sinal amarelo na cabeça do subscritor. O conhecimento desse profissional proporciona a tomada de medidas necessárias de acordo com cada caso, como a exclusão absoluta, que pode ocorrer por causa do setor em que a empresa atua, ainda que as respostas sejam satisfatórias ou a inversão do adiantamento de custos de defesa, no D&O esse pagamento é adiantado e se no final do processo for verificado algum excludente de cobertura, a seguradora tem direito ao regresso, mas nos casos de risco maior, o contratante tem que arcar com essas despesas e após comprovar sua inocência, recebe o pagamento retroativo.

Como experiência, Júnior conta que um de seus clientes estava envolvido nesses escândalos recentes de corrupção, mas precisava das apólices de proteção para casos futuros. A seguradora teve, então, que estudar uma maneira de dar a ele a apólice sem comprometer a saúde da carteira. “Fizemos muitas perguntas e percebemos que a empresa estava fazendo um esforço muito grande para a implementação de práticas de compliance. Então, chegamos ao acordo: iniciar excluindo riscos, já que não podíamos visualizar se esses esforços estavam dando resultados e, em seis meses, fazer uma nova discussão sobre o avanço dessas práticas, da conscientização dentro da companhia e a construção de um novo cenário”, exemplifica.

Se o programa de compliance existe, outras questões são levantadas, por exemplo, quais são os canais de denúncias, se eles existem, são internos ou independentes e a quem eles são ligados. Porque código de ética e conduta muitas empresas têm, mas a implementação dele e o treinamento da força de trabalho é fundamental. Ao observar isso, percebe-se que as próprias empresas estatais de capital aberto não têm essas questões bem estabelecidas, que seriam as maiores interessadas. Que dirá se isso for transportado para empresas privadas, de capital fechado e que muitas vezes têm como acionistas componentes de uma mesma família. A instalação da área de compliance e risco é obrigatória e muitas empresas ainda não têm. “A nossa distância é muito grande. A realidade do mercado brasileiro, onde grande parte das empresas é de capital fechado, então ainda há muito chão para correr”, salienta.

A conclusão apresentada na paletra da ABGR é a de que é preciso atenção do mercado para empresas que constituem relações com estatais, seja como clientes ou fornecedores, intensificando a fiscalização e o controle dessa relação. “Esse é o grande desafio que nós temos. As leis anticorrupção e a postura das seguradoras hoje em dia precisam contribuir para que a implementação dessas políticas e dessas novas práticas ocorram de maneira bem sucedida”, finaliza Júnior.

 

especial riscos diversos | benefícios

Redução de custos

Companhias, que recorrem aos planos de saúde para atrair e reter talentos, necessitam mitigar o risco do Capital Humano e seus impactos financeiros

Lívia Sousa

A assistência médica continua sendo um dos mais importantes meios para se atrair e reter talentos dentro das empresas: um estudo realizado pela consultoria Aon aponta que o benefício é concedido por 99% das companhias em todo o mundo. “Um dos desafios das empresas está na escolha da contratação do plano, pois esse momento exige atenção dos Recursos Humanos (RHs) para avaliar se a operadora possui a capacidade necessária para atender o volume de demandas da carteira com qualidade e excelência”, lembra o diretor de Projetos de Saúde e Odonto da SulAmérica, Roberto Cardoso.

Segundo o executivo, o desafio da saúde suplementar no Brasil é enorme e tem como um dos entraves a atuação como gestores de saúde para a melhora de hábitos da população e também para a sustentabilidade dos negócios. É justamente por isso que, ao mesmo tempo em que lidera a preferência dos colaboradores, o plano de saúde demanda considerável desembolso. Para se ter ideia, os custos das operadoras de planos de saúde com consultas, exames, terapias e internações, apurado pelo Índice de Variação de Custos Médico-Hospitalares (VCMH) do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), cresceram 15,4% nos 12 meses encerrados em março de 2015. O crescimento é bastante superior à variação da inflação geral no País, medida pelo IPCA, que registrou alta de 8,1% no mesmo período.

Agora, com a crise instaurada, o modelo de coparticipação (em que o funcionário paga uma parte da consulta médica) tem sido ainda mais procurado, com o crescente reajuste também repassado à classe funcionária. “Qual empresa suporta um crescimento no reajuste quando, na folha de pagamento, o funcionário recebe 7% de aumento de salário, mas é repassado 20% a mais no valor de um plano de saúde?”, questiona Maurício Vinhão, diretor de Desenvolvimento de Novos Negócios da Willis Brasil. “É uma sensação de perda, uma conta que não fecha”, argumenta o executivo. É preciso, então, controlar o risco e o sinistro para se reduzir o reajuste sem impactar no bolso dos trabalhadores – a principal dificuldade das organizações. Entretanto, a gestão deve ser compartilhada e não mais uma tarefa isolada da área de Recursos Humanos: os setores de compras, de gerenciamento e a área médica também estão envolvidos no processo, que busca equilibrar os custos, a qualidade e a satisfação dos funcionários.Para Vinhão, apenas será possível reduzir e controlar sinistros quando todas essas peças estiverem “encaixadas”, incluindo o usuário final.

“O quadro não mudará enquanto o funcionário não entender que ele é quem financia os aumentos, consequentes do mau uso do plano de saúde. Por isso, esses setores devem fazer a ‘lição de casa’, que é justamente engajar os colaboradores, criar programas preventivos e dar abertura para que seguradora e corretora implementem essas medidas”, explica o executivo “Quanto mais tivermos as equipes integradas e cada um fazendo o seu papel dentro da empresa, conseguiremos efetivamente, em 12 ou 24 meses, alcançar este resultado”.

Programas de prevenção

Segundo o diretor, cerca de 10% da massa apresenta excesso de consultas e, por isso, é imprescindível ter um plano de controle de atestados e um programa de medicamento, que podem ser traçados por meio de entrevistas com o usuário, aplicados por um questionário. Mas somente o questionário não identifica se o paciente fuma ou é sedentário, por exemplo, até porque muitos omitem informações ao preencher o documento.

“É necessário mapear o perfil de vida dele para saber seus riscos nas outras pontas: se ele toma alguma medicação, o que mais utiliza no plano de saúde ou se já se encaixa em uma classificação de patologia”, explica Vinhão.

Não menos importante é o incentivo ao check up, que negligenciado pelos colaboradores pode se tornar um grande aliado tanto às faixas-etárias que necessitam de exames preventivos; como às empresas, que desembolsam menos ao identificar o problema do paciente logo no início.

Também merece destaque o redesenho de plano e de gestão de saúde, que analisa o contrato e a prestadora ideais para cada empresa, visto que em algumas situações esta é a principal causa do alto custo das empresa. “Quando falamos em redesenho de contrato, não falamos em só fazer uma cotação de mercado para tentar reduzir o custo e apresentar uma faixa menor ao cliente. Primeiro, temos que entender como os sinistros se comportam e quais riscos se têm no contrato. Depois, olhar as tendências, porque não adianta falar que a empresa vai pagar um determinado valor hoje se, após 12 meses, haverá outro reajuste”, finaliza Vinhão, reiterando que a ideia do mapeamento é justamente mostrar como o futuro do usuário está projetado nos próximos anos.

 

especial riscos diversos | ABGR

Gerenciamento pelo mundo

O momento não poderia ser mais propício para o bom gerenciamento do risco, sejam eles de engenharia ou dos desafios de multinacionais

Amanda Cruz e Kelly Lubiato

O mercado de Engenharia não vive seus melhores dias no Brasil. Como sempre é otimista, o mercado ainda vê possibilidades de ampliação com novas obras que deverão surgir nos próximos anos, mas o alerta é claro: os números deverão cair com o impacto do momento atual. Conforme Enzo Ferracini, diretor Comercial da JLT, explicou em sua apresentação durante a ABGR, sem essas obras, o PIB da construção deverá cair 8,6% e a indústria prevê fechamento de mais de 610 mil vagas no ano de 2015.

Mesmo assim, os riscos que cercam essa área ainda precisam ser muito bem estudados e levados em conta. Se o bom gerenciamento já é crucial em todos os casos de apólice, o mercado deve entender que quando está mais volátil esse cuidado deve ser ainda maior. “É preciso compreender tecnicamente o projeto a ser implantado, fazer a organização de dados e informações, identificação de todos os riscos que envolvem o projeto”, explicou o executivo. E esse, segundo ele, é o papel do consultor, que deverá também analisar a possibilidade de aproximação entre segurador e ressegurador, além das coberturas e limites que cabem ao projeto, corrigindo possíveis desvios de padrões identificados na execução. Tudo isso é feito visando “evitar surpresas em eventual sinistro”.

Estudo de caso

Durante sua apresentação, Ferracini mostrou estudos de caso para explicar melhor o que pode acontecer no mercado. Um dos exemplos foi um caso de incêndio com prejuízo de R$ 4 milhões causada por um ato doloso, mas a apólice foi emitida com uma cláusula particular de exclusão para perdas e danos causados por ou devido à sabotagem e atos dolosos. Como resolver essa questão? “Identificada a possibilidade de falta de cobertura, atuamos perante a seguradora para demonstrar que essa cláusula particular adicional às demais exclusões da apólice, não fazia sentido devido os riscos expostos do segurado e o momento que estávamos vivendo no país, com diversos tumultos ocorrendo nos canteiros. Assim, demonstramos que a cláusula era nula e de pleno direito. A regulação do sinistro transcorreu normalmente”, contou.

É verdade que a situação poderia ter sido evitada se essa possibilidade tivesse sido analisada e levada em consideração anteriormente. Mas o caso serve para demonstrar que o mercado pode apresentar alguma flexibilidade.

“Há sempre uma margem de risco imperceptível que surge no momento do planejamento ou da execução do projeto”, alertou o head de Engenharia da Axa, Gerson Raymundo, também presente no evento. O executivo falou sobre o momento do Brasil, afirmando que “o crescimento que o mercado terá dependerá da escolha de prioridades. Principalmente de grandes projetos que dependem de aprovação do governo. A expectativa existe e o futuro próximo nos dirá como será”, disse e ainda completou: “o investimento é uma questão política que foge do nosso controle, mas novos projetos estão preparados para o futuro, permitindo a nós oferecer soluções corporativas.”

O mercado está alinhado e as preocupações durante a ABGR tinham muito em comum. Raymundo puxou um gancho que também foi abordado em outra ocasião do evento: a internacionalização das empresas. “Acredito que o mercado de engenharia, mundialmente, tende a se internacionalizar, principalmente tendo coberturas em comum. É uma cultura que deve amadurecer com a abertura do mercado, porque o comportamento tende a ficar igual no exterior, mas num futuro próximo a cultura de seguro vai ser igualitária no mundo”, constatou.

A cultura das multinacionais

As maiores empresas no mundo são multinacionais. Isso significa que elas têm que desenvolver um programa global para que suas pretensões de vender seus produtos e serviços em qualquer lugar do mundo se tornem uma realidade efetiva e lucrativa. O desenvolvimento desse programa requer a colaboração conjunta de seguradoras, brokers, gerentes de risco, além de consultores internacionais sobre finanças e taxas. É preciso também que ele seja baseado em um cenário onde todos os participantes tenham plena compreensão da operação em caso de sinistro.

Durante o Seminário da ABGR, Kevin Strong, diretor de programas globais e network da XL Catlin, afirmou que esses programas são baseados em quatro palavras com c: consistência, cumprimento, custos e controles. Strong citou o exemplo de uma fábrica na África que teve um sinistro em sua apólice de seguro contratada em sua matriz em Londres. “O sinistro foi pago, mas apenas um terço da indenização chegou ao destino final, porque as autoridades locais entenderam que o dinheiro estava entrando capital”, contou.

A lição que fica é a da necessidade de estar atento à legislação dos países onde a companhia atua. Ainda que a matriz possua uma apólice suficiente para abranger diversos sinistros, cada nação tem a sua particularidade legal que quando não é observada pode causa prejuízos maiores, que vão além do sinistro. No caso brasileiro, Strong ressalta que “Se houver perda que não possa ser coberta localmente, as autoridades brasileiras podem taxar o valor da indenização como aporte de capital. Por isso, é necessário fazer uma adequação legal para que o dinheiro seja pago diretamente à unidade que sofreu o dano”, esclareceu.

A ONU afirma que existem 100 mil empresas multinacionais no mundo, sendo o setor da construção civil um dos mais importantes. Agora é tempo de começar a expandir horizontes e sair dos eixos conhecidos para essas grandes empresas, conforme afirma Angel Torres, head de multinacionais na AIG América Latina. “Temos que começar a pensar na África, no sudeste da Ásia, porque nos próximos dez anos esses locais estarão em fase de desenvolvimento. Muitas companhias com menos de 500 funcionários já não se concentram mais em seu próprio mercado”, afirmou.

Torres acredita que nada é mais importante do que está no país do cliente, com pessoas e especialização necessárias para atendê-los. “Empresas multilatinas e multinacionais dependem de várias linhas de negócios e temos que entender todas. Cliente e empresa deveriam montar o programa global para ser cumprido”, aconselhou.

Dentro desse contexto, ressalta-se que mais de 50% das maiores empresas multinacionais da América Latina são brasileiras. Isso dá ao mercado muita visibilidade, o que acabou fazendo dele o de maior interessa para a Mapfre fora da Espanha, de acordo com Alfredo Arán Iglesia, gerente geral da Mapfre Global Risks. “O maior problema são os riscos regulatórios. É preciso cumprir as condições das apólices locais, porque se for algum problema pequeno podemos questionar, mas se ocorrer um grande risco vira um problema quase insolúvel”, afirmou. O executivo disse ainda que é preciso considerar também as questões de linguagem, o controle e a verificação de riscos nas apólices.

Riscos em projetos de engenharia

• Riscos de Construção
• Riscos Ambientais e Sociais
• Riscos Financeiros e de Viabilidade
• Riscos Contratuais
• Riscos de Fornecimento e Transporte
• Riscos de Design do Projeto
• Riscos a Pessoas e Terceiros

 

memória | homenagem

Seguros em luto

Mercado perde Marco Antonio Rossi e Lucio Flávio Condurú, executivos do Bradesco, em acidente aéreo. Jatinho da companhia, que seguia de Brasília para São Paulo, caiu em divisa de Minas Gerais com Goiás

Amanda Cruz e Lívia Sousa

Às vésperas de fechar esta edição, a Revista Apólice, assim como todo o mercado segurador, foi surpreendida pelo trágico acidente que vitimou Marco Antonio Rossi e Lucio Flávio Condurú de Oliveira. Os dois executivos atuavam no Grupo Bradesco como presidente de Seguros e presidente da divisão de Vida e Previdência, respectivamente, e viajavam a bordo de um jatinho modelo Citation 7 (prefixo PT-WQH), que caiu em uma fazenda na cidade de Guarda-Mor, na divisa entre Minas Gerais e Goiás, na noite do dia 10 de novembro. Rossi e Condurú estavam acompanhados por dois tripulantes: o piloto Ivan Morenilla Vallim, de 63 anos, que trabalhava para o Bradesco há 33 anos; e o copiloto Francisco Henrique Tofoli Pinto, de 32 anos.

Pertencente ao Bradesco, a aeronave saiu às 18h39 do aeroporto de Brasília com destino a São Paulo e desapareceu dos radares do controle de tráfego às 19h04, segundo informações da Força Aérea Brasileira (FAB). O Registro da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) atesta que o jatinho, com capacidade para transportar oito pessoas, estava com todas as licenças em situação regular. As causas do acidente ainda estão sendo apuradas.

A Bradesco Seguros divulgou uma nota de pesar na manhã seguinte ao acidente, declarando que “reconhecidos pelo talento, competência e entusiasmo no trabalho, fraternal convivência com suas equipes e plena dedicação às suas famílias, eles [Rossi e Condurú] cumpriram carreiras brilhantes. Os desaparecimentos prematuros interrompem tragicamente trajetórias profissionais marcadas por vitórias e conquistas, exemplares para todos os que com eles conviveram e que serão referência para as nossas novas gerações”.

Trajetórias de sucesso

Nascido em 7 de março de 1961 em Bariri, no interior de São Paulo, Marco Antonio Rossi somava comandos simultâneos ao currículo. Além de estar à frente da Bradesco Seguros, o executivo ocupava a vice-presidência do banco e presidia a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg). Em outubro passado, Rossi deixou a presidência da Federação Interamericana de Seguros (Fides), cargo que ocupava desde novembro de 2013. Foi também diretor-presidente da Bradesco Seguros S.A. e da BSP Affinity Ltda.

Formado em Tecnologia em Gestão de Marketing, com Pós-Graduação Lato Sensu em Gestão de Cliente pela Universidade Paulista (UNIP), e em Altos Estudos de Estratégia e Geopolítica pela Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), Rossi iniciou suas atividades no Bradesco aos 20 anos, na Bradesco Vida e Previdência, passando por todos os escalões da carreira e eleito diretor, em 1999.

Em 2013, foi homenageado pela Revista Apólice no Prêmio Melhores do Seguro por sua atuação à frente da CNseg, e atribuiu o reconhecimento ao trabalho de toda a diretoria da CNseg e da Bradesco Seguros. “Nossa missão é continuarmos crescendo, desenvolvendo o mercado de seguros e ocupando um espaço”, declarou ele, completando que a mídia especializada “também tem um papel importante para que possamos pavimentar este crescimento e desenvolvimento”.

Na edição comemorativa de 20 anos da publicação, o executivo fez um balanço do mercado de seguros nas últimas décadas e revelou o que esperava do segmento pelos próximos 20. “Os avanços do setor estão sempre muito ligados às dinâmicas do cenário contemporâneo mundial. Os desafios impostos pela globalização, os novos meios de comunicação que transformaram as relações de consumo, as mudanças climáticas e os movimentos que emergem no cotidiano das grandes cidades estão entre os fatores que se impõem como agentes para a constante inovação das operações do mercado”.

A trajetória de sucesso fez com que, internamente, Marco Antonio Rossi fosse cotado para suceder o atual presidente do banco Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, em 2017. Rossi deixa esposa e quatro filhos.

Já Lucio Flávio Condurú cursou Gestão de Pessoas pela FIB Administração e ingressou na empresa como assistente de vendas. Antes de ser escolhido para presidir a divisão de Vida e Previdência da companhia, comandou os segmentos de Previdência e de Seguros de Vida, além da diretoria executiva. Além disso, era vice-presidente da FenaPrevi da atual diretoria (2013 a 2016). Nascido em Belém (PA) em 17 de janeiro de 1961, Condurú deixa esposa e seis filhos, entre eles uma filha sete anos e outra recém-nascida, de quatro meses.

Um dos últimos compromissos que cumpriu em sua agenda foi o 19º Congresso Brasileiro dos Corretores de Seguros, promovido pela Fenacor em Foz do Iguaçu (PR), em outubro passado, quando debateu sobre longevidade. Na ocasião, ele disse que a preocupação com o futuro começa apenas para pessoas em torno dos 50 anos e destacou a necessidade que o País tem de trazer produtos inovadores para o portfólio, como o Universal Life, essencial para uma população que está envelhecendo. “Quando falamos de vida, saúde e previdência nós estamos falando de produtos de longo prazo. Precisamos construir uma proposta de sustentabilidade”.

Acidentes aéreos com executivos do setor não são inéditos

Camillo Marina, então com 53 anos e vice-presidente da Generali Brasil, foi uma das vítimas do Fokker 100 da TAM, vôo 402, que seguia de São Paulo para o Rio de Janeiro e caiu no bairro residencial de Jabaquara, na zona sul da cidade, segundos depois de decolar do Aeroporto de Congonhas. 90 passageiros, seis tripulantes e três pessoas em solo morreram. Falhas mecânicas foram apontadas como a causa do acidente.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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