Ultima atualização 23 de abril

A ausência de seguros para food truck

Segmento cresce e se mostra cada vez mais promissor, mas mercado securitário esbarra em dificuldades no desenvolvimento do produto

Os chamados Food Trucks se tornaram tendência no Brasil. Mas, ao contrário do que se pensa, este tipo de estabelecimento não surgiu há pouco tempo. Já comum fora do País, o primeiro restaurante sobre rodas foi inaugurado em 1872, nos Estados Unidos, e nasceu da necessidade de se comercializar comidas rápidas e baratas para operários. Estacionado em frente às fábricas, tinha no menu apenas tortas e sanduíches e, agora, oferece desde o tradicional hot dog ao temaki.

De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), hoje os trabalhadores deste segmento representam cerca de 2% da população. Entre eles está Tiago Rizzato, gerente comercial do festival Calçadão Urbanóide Comida de Rua, em São Paulo. Rizzato cuida do trailer Lox Deli, que comercializa sanduíches gourmetizados. Em dias movimentados, o estabelecimento chega a servir cerca de 200 porções.

“Já temos um restaurante há quase dois anos, também em São Paulo, e há seis meses o proprietário do estabelecimento resolveu trazê-lo em formato de food truck”, diz ele. Além da unidade ancorada no Calçadão Urbanóide, há um trailer destinado a eventos em diferentes locais.

Rizzato afirma que o veículo já foi adquirido pronto, com todas as adaptações necessárias para a função. Já o outro passou por uma espécie de transformação personalizada, ação que demandou um investimento médio de R$ 40 mil a R$ 50 mil. No entanto, nenhum deles possui seguro.

“Até o momento não acompanhei nenhuma negociação desse tipo, mas acho importante o mercado de seguros começar a focar nesse segmento. Acredito que isso seja bem importante, porque muitos food trucks estão sempre nas ruas, fazendo evento em vários lugares e tem uma rotação alta de acordo com a semana. No nosso caso só ficamos nesse espaço, que inclusive pertence ao dono do truck, mas a maioria dos expositores que recebemos aqui também vão para outros lugares”.

Gargalos

Ao mesmo tempo em que o ramo se mostra cada vez mais promissor, a discussão sobre soluções para food truck é praticamente inexistente no ramo securitário. Para se ter uma ideia, até o momento apenas a corretora TRR Securitas afirmou oficialmente que já desenvolveu um produto voltado aos restaurantes itinerários, mas que aguarda “sinal verde” da Superintendência de Seguros Privados (Susep) para lançá-lo no mercado.

Carlos Alexandre Gomes, sócio-fundador da San Martin Corretora de Seguros, diz que a empresa se prepara para tratar do tema com duas grandes seguradoras. Na visão do executivo, esta ausência é resultado de fatores complexos. “Esbarramos em algumas dificuldades. O seguro para food truck necessita de coberturas que as cláusulas de um seguro de automóvel tradicional não oferece: não se tem cobertura para transporte de substâncias inflamáveis e o mesmo acontece quando o veículo é adaptado, como os food trucks são”, explica.

Segundo ele, as coberturas para restaurante também devem ser consideradas. Assim como o estabelecimento fixo, o veículo necessita estar assegurado quanto à possível explosão de um botijão de gás ou até mesmo nos casos em que o cliente apresenta intoxicação alimentar. “Precisamos de um seguro de Responsabilidade Civil que não tenha endereço fixo. É um pouco complicado, porque dependemos da autorização da Susep”, frisa ele.

É preciso acelerar

Gomes teme que o mercado nacional demore a mirar nos food trucks, abrindo espaço para que corretoras estrangeiras se antecipem e passem a ofertar, em solo brasileiro, produtos específicos para este nicho. “Temos que ter respostas e não podemos nos calar para as necessidades das pessoas, dos profissionais e das empresas. Neste caso, são profissionais autônomos que em sua maioria tem o food truck como principal fonte de renda. Estabelecimentos deste tipo são vulneráveis a vários problemas e o seguro não pode virar as costas para isso”, declara.

No entanto, os comerciantes terão que se preparar financeiramente. A partir do momento em que o ramo driblar todos os gargalos e passar a comercializar este tipo de seguro, é bem provável que o produto chegue ao mercado com uma infinidade de exclusões a um preço “salgado”.

Lívia Sousa
Revista Apólice

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