Ultima atualização 21 de janeiro

Desempenho da indústria no segundo semestre de 2014 é pior em cinco anos

Segundo sondagem da Fiesp e do Ciesp, 84,4% das empresas não pretendem contratar nos primeiros seis meses de 2015

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Um levantamento feito pela Federação e o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp) mostrou que a performance do setor manufatureiro paulista foi pior no segundo semestre de 2014 ante o mesmo período de 2013.

De acordo com a pesquisa, intitulada como “Rumos da Indústria Paulista” e que teve como tema o balanço do ano passado e expectativas para o próximo ano, para 58,2% das empresas sondadas, o segundo semestre de 2014 foi pior em termos de atividade econômica do que nos últimos seis meses de 2013, enquanto 21% dos entrevistados afirmaram que o desempenho foi igual e outros 19,6% disseram ter sido melhor.

As entidades ouviram 424 indústrias na primeira quinzena de dezembro do ano passado em todo o Estado. Da amostra, 59,4% são empresas de micro e pequeno porte (até 99 empregados), 32,1% de médio porte (de 100 a 499 empregados) e 8,5% de grande porte (500 ou mais empresários).

Ao comparar a situação da indústria no segundo semestre de 2014 com anos anteriores, o Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon), responsável pela pesquisa, apurou que este é o pior balanço desde 2009, início da sondagem. O resultado de piora é superior ainda ao verificado no mesmo período em 2012, quando 44,3% das empresas consultadas informaram ter tido um desempenho pior comparativamente ao ano anterior.

“A indústria está em uma condição muito ruim, seja no desempenho do semestre já ocorrido, seja com relação a expectativa do que vai ocorrer. E isso ainda temperado com uma mudança de governo”, avalia Paulo Francini, diretor do Depecon.

O volume da produção teve queda, ou queda acentuada, nos últimos seis meses de 2014 para 58,7% das empresas consultadas. Com relação às vendas no mercado interno, 59,6% das companhias informaram queda ou queda acentuada, enquanto 50,3% das companhias exportadoras também anotaram queda ou queda acentuada em suas vendas externas. Produção e vendas no mercado interno também apresentaram os piores resultados desde 2009. Quanto às exportações, o resultado só não foi pior do que 2009, quando 59,1% das empresas indicaram queda ou queda acentuada.

Baixa expectativa

Com relação ao primeiro semestre deste ano, as expectativas de empresários gravitam entre queda e estabilidade. Segundo o levantamento, 39,1% acreditam que seu volume de produção será igual em comparação com o primeiro semestre de 2014. Já 36,3% dos entrevistados esperam queda ou queda acentuada nesse quesito para o período.

No que diz respeito às vendas no mercado interno, 36,8% esperam queda ou queda acentuada, enquanto 35,6% acreditam que as vendas serão iguais em comparação com igual período de 2014.

A pesquisa apurou ainda que 40,2% das empresas acreditam que o movimento de suas exportações será igual no primeiro semestre de 2015 contra 2014. E 30,2% das organizações consultadas projetam uma queda ou queda acentuada de suas vendas externas.

As expectativas das empresas paulistas para produção e vendas internas para 2015 também são as mais baixas registradas pelo levantamento da Fiesp desde 2010. Para as exportações, as expectativas de queda só não são maiores que 2011, quando o percentual foi o mesmo (30,2% de expectativa de queda ou queda acentuada).

Menos emprego

O levantamento das entidades apurou ainda que a contratação de novos empregados será bem menor no primeiro semestre de 2015 ante igual período de 2014. Das empresas que participaram da pesquisa, 84,4% não pretendem contratar nos primeiros seis meses do ano, o pior resultado desde 2010.

Expectativa com governo

Das indústrias sondadas, 50,9% acreditam que o novo governo federal não mudará nada o rumo econômico do País. A mesma pergunta foi feita no início do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, em 2011, e 28,2% das empresas consultadas afirmavam que o governo da ocasião não mudaria o quadro.

Segundo Francini, “a grande questão é o que o governo pensa a respeito da indústria. Temos escutado vários comentários das intenções do governo com respeito a medida para reformar uma coisa ou outra, muitas delas dirigidas a questão fiscal”. “Tudo isso é importante. Porém, o que a indústria pode esperar enquanto a intenção que o governo tem reservado para ela?”, questiona o diretor do Depecon.

O executivo também reitera a importância da criação de um projeto de crescimento do Brasil. “A indústria considera que para o País sua atividade é absolutamente indispensável e que o Brasil não tem futuro de nação desenvolvida se não tiver indústria forte e sólida. Essa é a visão da indústria. Mas essa é também a visão do governo? Não sei”, argumenta.

Ele pondera, no entanto, que “não é obrigatório pensar desta ou daquela maneira, mas precisamos saber qual é o pensamento e todo país necessita de um projeto. A existência de um plano dá pelo menos aos setores econômicos a visão de qual é o seu papel dentro de um projeto de nação. E não ter ideia de tal projeto coloca muito em dúvida se você é ou não dispensável como atividade”.

Inflação e câmbio

Para 79,2% das empresas ouvidas, o governo deve se valer do aumento de juros como instrumento para conter a inflação. Já 11,6% acreditam que a atitude do governo será o corte de gastos públicos.

Quando o assunto é a taxa de câmbio, 49,1% estima que o governo deve tomar medidas, mas o Real se desvalorizará pouco, enquanto 16,3% acreditam que o governo tomará medidas e o Real vai se desvalorizar muito.

Carga tributária e incentivos

Quando comparadas as expectativas do final de 2014 com as do início do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff em 2011, as empresas, agora, estão esperando que o governo promova um maior aumento da carga tributária e uma redução de incentivos. As consequências disso, segundo as expectativas das empresas que participaram da pesquisa, são o encarecimento da energia elétrica, dos combustíveis, do cumprimento das normas e regulamentações ambientais e até, em menor escala, da folha de pagamentos. Ao mesmo tempo, espera-se menos incentivos para investimentos fixos e inovação, e quase metade das empresas não sabe o que esperar do governo em relação ao custo e ao acesso a crédito.

No começo da semana, o governo anunciou o aumento de tributos sobre combustíveis, produtos importados e, também, sobre operações de crédito. O reflexo dessas medidas foi antecipado pelo empresariado paulista no ano passado em sua perspectiva de baixo desempenho para 2015.

L.S.
Revista Apólice

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