Ultima atualização 23 de outubro

Gestão de risco na indústria farmacêutica: desafio para empresas e resseguradoras

Executiva da AGCS explica que, muitas vezes, responsáveis pela compra do serviço não estão no dia-a-dia do gerenciamento dos seguros no ramo. No Brasil, mitigações de risco de incêndio também estão aquém das normas internacionais

O Brasil está entre os países que mais produzem remédios. No ano passado, ocupamos o sexto lugar no ranking do mercado farmacêutico mundial divulgado pela consultoria internacional de marketing farmacêutico IMS Health, ficando à frente do Canadá, da Itália e da Inglaterra. Os atuais hábitos da população – como sedentarismo, má alimentação e estresse – contribuíram para que o País atingisse este patamar.
Juliana Alves“A indústria farmacêutica é um segmento sensível, pois os produtos são destinados aos seres humanos. Os riscos são altos e os problemas que as empresas enfrentam são grandes”, declara Juliana Alves, diretora regional de Responsabilidade Civil da resseguradora Allianz Global Corporate & Specialty (AGCS). A executiva explica que, no Brasil, as ações judiciais destas companhias ficam entre R$ 200 e R$ 300 mil, enquanto na Europa e nos Estados Unidos o valor ultrapassa facilmente os US$ 500 milhões. “Mas, nos últimos cinco anos, temos notado um aumento considerável da sinistralidade da carteira por aqui”, completa.
Até então utilizada com frequência pelos ramos alimentício e aeroespacial, a gestão de risco chegou às indústrias farmacêuticas em 2003, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS), junto com o International Conference on Harmonisation of Technical Requirements for Registration of Pharmaceuticals for Human Use (ICH) e o International Organization for Standardization (ISO), adaptou e integrou a medida ao segmento.
De lá para cá, produtos como o seguro de property (para quebra de máquinas e incêndios), de Responsabilidade Civil (que ampara possíveis danos a clientes), de Teste Clínico (que no Brasil ainda é recente), assim como o seguro de transporte (destinado aos fabricantes e comerciantes) e o seguro D&O (voltado aos executivos) passaram a ser oferecidos às indústrias do ramo. Hoje, são os serviços para incêndio e transporte que ocupam a liderança de procura, seguidos de Responsabilidade Civil e D&O.
Ao contrário dos demais segmentos, em que a conversa com o cliente é feita pela seguradora, na indústria farmacêutica a medida é realizada pela própria resseguradora, visto a complexidade do ramo. Segundo Juliana, normalmente as seguradoras autorizam o diálogo direto com o contratante justamente para entender como a indústria se protegeria em situações específicas.
Apesar da flexibilidade, as resseguradoras encontram desafios para gerenciar riscos no setor, sendo o acesso à informação entre segurados e clientes o maior deles. “Muitas vezes os responsáveis pela compra não estão no dia-a-dia do gerenciamento dos seguros na indústria farmacêutica”, diz Juliana, completando que, por aqui, as mitigações de risco de incêndio estão aquém das normas internacionais.

Lívia Sousa
Revista Apólice

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