Ultima atualização 21 de maio

Escassez do Sistema Cantareira preocupa empresas

Momento crítico no abastecimento do estado de São Paulo pede que empresas revejam gastos e planejem maneiras de garantir a continuação de suas atividades

Desde a última quinta-feira (15), o volume morto do reservatório de água do Sistema Cantareira está sendo utilizado para o abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo. Isso gera um alerta que atinge também as indústrias do estado.
Por conta disso, há o temor de que muitas companhias sejam afetadas na continuação de seus negócios. A escassez de água e um possível racionamento podem causar danos de produção, logística e de imagem em empresas que deixem de cumprir as etapas de seu funcionamento.
O cenário do momento serve como uma avaliação severa da gestão de riscos que as empresas têm desenvolvido ao longo dos anos para enfrentar momentos de crise.
A Revista Apólice conversou com Alexandre Botelho, diretor da área de Consultoria em Gestão de Riscos da Aon Brasil, para saber as implicações desse quadro dentro das empresas e, de acordo com o executivo, muitos clientes da corretora estão partindo para planos efetivos de gestão de continuidade de negócios. Todas as empresas dependem de energia elétrica e água, mas em momentos críticos é necessário avaliar a prioridades de cada setor e fazer manobras que possam mitigar os prejuízos possíveis no futuro. “Dependendo do setor, a preocupação aumenta ou diminui. Então se faz necessário pensar em algo mais estruturado, ações efetivas para que o impacto seja minimizado”, afirma Botelho.
Algumas medidas básicas podem ser tomadas no momento, independentemente de maior ou menor preparo para enfrentar a situação. Atitudes como economias pontuais em setores que não estejam no topo da lista de prioridades da produção, conscientização, utilização de poços artesianos, mais tanques de armazenamento e redução de consumo são algumas delas.
A análise de impacto deverá ser base de adaptação das empresas, já que a área em que atuam ou seu porte também devem influenciar na maneira como poderão lidar com a situação. Fornecedores de grande porte, por exemplo, podem redirecionar seu processo de produção para filiais de outros estados que não estão sendo prejudicados com a escassez de água. “Os empreendimentos que têm uma cadeia mais flexível tendem a ter mais capital para fazer frente a uma emergência, tendo mais flexibilidade. Já empresas menores, que trabalham com uma unidade e fluxo de caixa apertado, podem enfrentar diversos problemas”, pondera o consultar da Aon.
Empresas fornecedoras, que participam da logística de distribuição de água, energia elétrica e saneamento básico, também devem se confrontar com o planejamento da gestão de riscos que fizeram até o momento. Entre as decisões que devem ser tomadas estão fatores como quais demandas devem ser atendidas primeiro, envolvendo questões éticas como a priorização no atendimento de hospitais e locais que estejam diretamente envolvidos com os cuidados básicos da população, mas também é preciso olhar para a cadeia.
Além dessas diversas complicações, ainda há outro fator de extrema importância com o qual as companhias devem se preocupar: a reputação. A má gestão pode transparecer quais empresas têm pouco preparo para lidar com momentos críticos. “O que é ameaça pode ser também oportunidade. A empresa que estiver mais preparada poderá ficar com a fatia de mercado do outro. Uma ameaça pode ser oportunidade pra quem está bem preparado”, enfatiza Botelho.
O gerenciamento de riscos ainda é uma questão delicada, tanto no Brasil como no resto mundo. Apesar de sua boa aplicação poder garantir a continuidade de um negócio, um estudo realizado pela corretora Aon em parceria com a Universidade Wharton, da Pensilvânia (EUA), apontou diferenças entre empresas que faziam um bom gerenciamento e as que não faziam. Em escala de 1.0 a 5.0 as 500 empresas analisadas no mundo representaram um índice de 2.5 em seus cuidados com o risco. A análise individualizada mostrou que enquanto a economia ia bem todas as empresas acompanhavam o bom momento e suas ações também cresciam e obtinham bons resultados entre os anos de 2011 e 2012. No entanto, quando o quadro de recessão atingiu o mercado, apenas empresas com níveis entre 4.0 e 5.0 em gestão de riscos tiveram retornos positivos.
Para as companhias que atuam em São Paulo, o momento é crítico e deve ser enfrentado com cautela e medidas que possam mitigar os riscos que as empresas correm.  A escassez no reservatório da Cantareira pode deixar uma lição que se encaminhe para a disseminação da importância do planejamento e da avaliação de riscos, fatores podem ser cruciais para o futuro de muitas empresas.

Amanda Cruz
Revista Apólice

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