Ultima atualização 17 de abril

Edição 182

entrevista | Margo Black

Ao completar 150 anos, a Swiss Re esbanja disposição para abraçar novos estudos e mostrar ao mundo onde o risco está. A presidente da companhia, Margo Black, fala sobre as perspectivas para os próximos anos

Kelly Lubiato

Estudando o passado para pensar o futuro

APÓLICE: Qual é o reflexo, para a Swiss Re, de todos os estudos e pesquisas que a empresa realiza pelo mundo?
Margo Black: Somos reconhecidos como uma empresa com liderança de pensamento na indústria

APÓLICE: Quais são os maiores riscos brasileiros da atualidade?
Margo Black: As enchentes são um problema para o país e estamos tentando ajudar o mercado brasileiro com um modelo de precificação e uma solução de seguro para este tipo de risco.

APÓLICE: O risco político brasileiro ainda é uma ameaça?
Margo Black: É um elemento a ser considerado na gestão de riscos. O atraso no programa de investimentos em infraestrutura é preocupante porque a realização desses projetos é essencial para o Brasil continuar avançando.

APÓLICE: Vocês pensam em elaborar estudos específicos sobre o Brasil?
Margo Black: Em setembro lançamos um estudo sobre a defasagem na proteção das famílias. Agora estamos trabalhando em uma pesquisa sobre as percepções de riscos e as atitudes de compra dos consumidores de seguros de Vida e Saúde no Brasil. Ele será lançado no primeiro trimestre de 2014.

APÓLICE: Mudanças na economia brasileira ainda assustam empresas estrangeiras?
Margo Black: Não posso falar por todos, mas no caso da Swiss Re temos um plano consistente para o mercado brasileiro nos próximos anos.

APÓLICE: Como será o resultado da filial brasileira da Swiss Re em 2013? Quanto ela representa no mix da matriz?
Margo Black: Teremos que esperar o fechamento do balanço para ter essa resposta, mas posso adiantar que o resultado estará dentro de nossas expectativas. Os mercados emergentes, incluindo o Brasil, representam cerca de 10% dos resultados globais do Grupo Swiss Re e esperamos dobrar essa fatia até 2020.

APÓLICE: Quais serão as oportunidades de negócios em 2014? Infraestrutura sairá do foco do resseguro? E longevidade?
Margo Black: Vejo muitas oportunidades que fica até difícil de escolher. Infraestrutura continua sendo nosso foco, assim como seguros para enchentes, Vida e RC Ambiental. Longevidade é para o futuro.

APÓLICE: A Swiss Re terá algum tipo de participação decisória dentro da SulAmérica?
Margo Black: Somos acionistas minoritários e a compra de ações da SulAmérica refere-se apenas ao portfólio de investimentos do Grupo Swiss Re, não havendo interesse em destacado envolvimento na gestão.

APÓLICE: Quais benefícios este negócio traz para a resseguradora?
Margo Black: Como parte de sua atividade a área de investimentos da Swiss Re está sempre em busca de oportunidades atrativas dentre as companhias líderes globalmente. E, demonstrando nosso compromisso com os mercados emergentes, especialmente o Brasil, esse tipo de transação é realizado nesses países.

APÓLICE: A Swiss Re preparou alguma comemoração especial pelos seus 150 anos?
Margo Black: Foram realizados três grandes eventos em nossas sedes regionais: Zurique, Londres e Nova York. O elemento central da nossa celebração é a criação de uma plataforma de diálogo sobre relevantes temas, tanto para o mercado de seguros, como para a sociedade. Temos até um blog: https://openminds.swissre.com e um microsite: http://150.swissre.com/.

APÓLICE: Quais serão os maiores riscos globais para os próximos 5 anos?
Margo Black: Segundo o nosso Global Risk Report 2012: grave disparidade econômica, desequilíbrios fiscais crônicos, emissão e gases contaminantes, quebra no suprimento de água e gestão errada do envelhecimento da população.

APÓLICE: O que podemos fazer para nos preparar para eles?
Margo Black: Gerir os riscos econômicos e os riscos da natureza requer uma abordagem holística. Essa é a chave de uma gestão de riscos inteligente.

especial perspectivas | riscos e oportunidades

Prevendo o futuro

Mesmo com desaceleração da economia brasileira, país deve continuar a ser alvo do investimento dos players do mercado de seguros, que acreditam no poder de consumo da classe média e de projetos como a exploração do pré-sal

Jamille Niero

Prever o futuro é arriscado, mas as empresas que
deixarem de olhar para frente certamente ficarão

Prever o futuro é arriscado, mas as empresas que deixarem de olhar para frente certamente ficarão para trás em um mundo globalizado e cada vez mais competitivo. Esta é uma das conclusões do relatório global “Business Pulse”, produzido pela Ernst & Young, no qual a consultoria lista os 10 principais riscos e oportunidades de 2013 a 2015 (confira a lista nas próximas páginas).
O relatório, que entrevistou empresas de 21 países e de vários setores da indústria, aponta que a mudança de pensamento é evidente no ambiente empresarial. Ao invés de esperar os mercados maduros se recuperarem da crise financeira global ocorrida entre 2008 e 2009, as empresas agora aceitam que a duração da crise é incerta. A diferença é que elas demonstram estar mais uma vez à procura de oportunidades de crescimento.
A profunda recessão na zona do euro continua a ser uma ameaça com o continente lutando para lidar com suas dívidas. Mas, em outros lugares, como os países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), já ocorre desaceleração do crescimento.
Com o crescimento “anêmico” do mercado maduro, o mundo há muito tempo procura novos mercados, em busca de oportunidades de expansão. Para 2013-14, o Fundo Monetário Internacional (FMI) espera um crescimento de 5% a 6% entre as economias de crescimento rápido, índice superior ao encontrado em economias maduras.
A desaceleração do crescimento na China continua a ser um grande perigo, aponta o relatório, mas algumas outras opções permanecem. No entanto, para explorar estes mercados de rápido crescimento, as empresas devem relacionar as oportunidades diretamente ao seu grau de tolerância ao risco, analisa o líder de risco global da consultoria, Randall J. Miller. “Não é uma questão de entrar, mas sim como ganhar”, analisa.
Dois terços dos gastos mundiais dos consumidores vêm de mercados de rápido crescimento. E o número de pessoas de classe média nos países em desenvolvimento está crescendo rápido, o que significa que a demanda por bens de consumo deve subir acentuadamente ao longo dos próximos 25 anos. O número de famílias em mercados de rápido crescimento que ganham acima de 30 mil dólares irá mais do que dobrar, para 149 milhões em 2020, ultrapassando tanto os Estados Unidos (120 milhões) quanto a Zona do Euro (116 milhões).
No Brasil, a classe média deve continuar colaborando com o consumo. Apesar de os brasileiros reduzirem a confiança no tocante à intenção de gastos e apresentarem uma crescente preocupação com as perspectivas de emprego para o próximo ano, boa parte deles mantém a intenção de consumo. Segundo a pesquisa Global Sobre a Confiança e Intenções de Gastos do Consumidor, realizada pela consultoria Nielsen e divulgada no começo de dezembro, 41% dos brasileiros ainda estão dispostos a gastar com entretenimento fora do lar e 40% com roupas novas. Percentuais acima da intenção de pagar dívidas, com 38%. No primeiro semestre do ano a intenção era de, respectivamente, 36%, 33% e 39%.
Ainda de acordo com o levantamento, o índice de confiança do consumidor diminuiu de 110 pontos (2º trimestre de 2013) para 109 (3º trimestre de 2013). Em relação ao emprego, até junho deste ano 24% da população considerava não tão boa a situação de emprego. Em setembro, o índice pulou para 34%.

Impactos no mercado de seguros
Na avaliação de Nelson Uzêda, professor da Escola Nacional de Seguros em Salvador, as principais oportunidades no mercado de seguros em 2014 deverão ser em microsseguro, vida, previdência, seguro garantia, responsabilidade civil e riscos de engenharia. “As seguradoras e corretores deverão encontrar um mercado mais disputado e competitivo nestes segmentos, contudo isso exigirá dessas empresas e dos profissionais uma melhor preparação técnica e comercial para fazer frente a essa demanda, que com certeza será uma das grandes dificuldades a que estarão expostos”, analisa. Para driblar esse cenário, os players do mercado deverão direcionar suas ações para o aperfeiçoamento do material humano e tecnológico, que
consequentemente refletirá em melhor prestação de serviços aos seus clientes, sugere Uzêda.
Para Luiz Macoto, diretor vice-presidente da Yasuda, o que deverá impulsionar o mercado de seguros será a classe média e a exploração do pré-sal. “Não acho que o foco do mercado será tanto em obras de infraestrutura, como aconteceu em 2012 e 2013. Felizmente, o que tem acontecido, apesar de certa instabilidade da economia, tem propiciado o aumento da participação e do interesse da classe média por riscos pessoais, como auto, vida e saúde. E também o crescimento de seguros para pequenas e médias empresas (PME)”, resume o executivo.
De olho neste nicho, Macoto conta que a seguradora desenvolveu produtos específicos para cada segmento, como restaurantes, padarias etc. Com isso, conseguiu crescer 37, 53% (conforme dados de outubro) em seguros empresariais, ao passo que o mercado registrou índice de expansão de cerca de 20% no segmento.
“É importante levar em conta que o Brasil continua sendo visto como local de investimento. Não estamos tendo um crescimento espetacular da economia, mas o Brasil continua com a classe média em alta e uma baixa penetração de seguros”, considera o diretor da Yasuda.
Outro tipo de produto que deverá impulsionar o mercado em 2014, e nos próximos anos, é o seguro auto popular, que em breve poderá ser mais um tipo de proteção securitária para o consumidor (saiba mais sobre o que falta para a aprovação do seguro auto popular na página 32).
“Há uma grande expectativa no mercado com relação ao que se convencionou chamar de seguro popular. Se for aprovado pelos órgãos competentes, um novo mercado se abrirá. Outras oportunidades são os novos produtos de seguro. A abertura do mercado de resseguro possibilitou o desenvolvimento de inúmeros produtos”, reflete Claudia Papa, diretora executiva comercial da Generali.
Ela comenta que o mercado brasileiro tem espaço e demanda para as companhias inserirem novos produtos. No caso da Generali, ao longo de 2013 foram lançados os seguros Stop Loss, Fine Arts, para equipamentos na exploração de Óleo e Gás, Garantia Mecânica Adicional para veículos, entre outros.
“Temos ainda as oportunidades que surgem com a evolução tecnológica, como os cyber risks, e econômica, que trazem para o mercado de seguros novos clientes, além de ampliar a necessidade de coberturas dos clientes que evoluíram seus patrimônios”, considera a executiva.
Claudia concorda que o aumento de renda da nova classe média e o crescimento de PME (pequenas e médias empresas) devem continuar influenciando na expansão da economia e no avanço do mercado de seguros no próximo ano. Isso porque a necessidade de proteção cresce junto com as empresas e a renda familiar, seja pelo aumento da exposição, seja pelo aumento do patrimônio.
Entre as oportunidades para o próximo ano ainda está a exploração do pré-sal, uma vez que em outubro houve leilão para a exploração da área de Libra, na Bacia de Santos. O vencedor foi o consórcio formado pelas empresas Petrobras (40%), Shell (20%), Total (20%), CNPC (10%) e Cnooc (10%). Segundo estimativa da Agência Nacional de Petróleo, Gás Nacional e Biocombustíveis (ANP), Libra será capaz de gerar cerca de R$ 300 bilhões em royalties ao longo de 30 anos de produção.
“Emitimos a apólice de garantia para o leilão de Libra para uma das empresas do consórcio. É um setor onde vemos grandes perspectivas, especialmente em resseguro”, conta o diretor executivo da JLT Brasil, Alvaro Daudt Eyler.
Segundo ele, no segmento de clientes que abrange as grandes empresas, os ramos de seguros que devem ter expansão são o seguro ambiental e a garantia judicial. “Estamos focando também em soluções customizadas de logística, principalmente para clientes que tenham operações de estoque em armazéns de terceiros, principalmente empresas de commodities. Também será foco o operador portuário, tendo em vista investimento do governo de R$ 30 bilhões nessa área”, revela Eyler.
Riscos para o setor
O próprio mercado de seguros não está isento de riscos que influenciem sua operação. O aumento da concorrência, por exemplo, tanto entre seguradoras, quanto entre os corretores, representa um grande risco. Os impactos sobre as receitas decorrentes da maior concorrência interferem diretamente nas margens dos players, avaliam os entrevistados.
O endurecimento da regulamentação do setor, com novas regras estipuladas pelos órgãos reguladores, é outro fator que eventualmente pode interferir na operação das companhias. Para Claudia Papa, da Generali, “grande parte das seguradoras que atuam no Brasil é ligada a multinacionais. Ou seja, são empresas que já estão inseridas em contextos de maior regulação em suas matrizes”, o que não deve propiciar muitas dificuldades na atuação das companhias em terras brasileiras.
Na visão de Luiz Macoto, da Yasuda, “o mercado de seguros é um espelho do sistema bancário”. Como ambos (seguradoras e bancos) administram recursos que não são deles, são dos consumidores, a função do órgão regulador é garantir a solvência. Por isso “a regulação tem que ser forte”.
Para as corretoras, um grande risco é o desenvolvimento dos concorrentes digitais – no caso dos seguros massificados-, que ano a ano consolidam sua posição como alternativa para os consumidores. Nas demais linhas, a continua necessidade de atualização, para acompanhar os novos produtos e necessidades dos clientes, compõem o painel de dificuldades e oportunidades. Certamente, aqueles que saírem na frente terão maiores chances de êxito.
“Cada vez mais os corretores de seguros deverão estar atentos às oportunidades de fusões e aquisições no mercado. Nos próximos dois anos ocorrerão diversas negociações de compra e venda e fusões entre pequenos e médios corretores no Brasil, gerando valores em torno de 400 milhões em negócios”, comenta Carlos Oliveira, idealizador do Projeto Incubaseg.
Entre os principais riscos e dificuldades aos quais os players do mercado de seguros (corretores e seguradoras) estarão expostos em 2014 (e como driblar esses entraves para o crescimento), Oliveira dá a dica: “a falta de conhecimento do próprio negócio e da definição de uma estratégia de longo prazo ainda serão os maiores entraves para o crescimento e/ou sobrevivência dos pequenos e médios corretores em um mercado cada vez mais competitivo”.
Os seguradores entrevistados reiteram que uma boa estratégia para o corretor é focar em algum nicho e se especializar nele. É uma tendência de mercado mundial, apontam os entrevistados.

Saúde suplementar
O ramo, que inclui assistência médica e odontológica, deve crescer por volta de 4% neste e nos próximos anos, segundo o presidente da FenaSaúde, Marcio Coriolano, em conversa com jornalistas no começo de dezembro.
Segundo ele, “2013 não foi tão turbulento para o setor, pois houve expansão, embora menor do que em anos anteriores”.
Conforme dados de setembro (estatística mais recente, já que o balanço de 2013 deverá ser divulgado apenas em março do ano que vem), a expansão de beneficiários da saúde suplementar ficou na faixa dos 2,7%. “O número é menor do que o registrado nos últimos cinco anos, mas se considerar que a população brasileira cresce menos, ainda é uma taxa forte”, justifica Coriolano.
“A saúde suplementar é parecida com os outros ramos de seguro, ou seja, é um setor impulsionado por emprego e renda”, analisa o presidente da FenaSaúde. Com isso, apesar da desaceleração do ritmo de crescimento da economia brasileira, a recente ascensão da classe média e sua vontade de consumo devem continuar sendo os motores do crescimento da saúde suplementar. Os planos coletivos – especialmente os focados nas pequenas e médias empresas (PME) – devem colaborar para a manutenção do crescimento, uma vez que estas empresas oferecem a assistência médica privada objetivando a retenção dos profissionais.
Para Vera Bejatto, presidente da consultoria Victory, o mercado de saúde suplementar terá como desafio a forte tendência de elevação nos custos dos planos de saúde, seja pelas novas coberturas que entram em vigor em janeiro de 2014 (87 novos procedimentos de custos elevados), como também pela renovação dos contratos em 2013 não estarem em conformidade com os orçamentos das empresas. “Isso vai exigir do corretor um enorme desdobramento em serviços e consultoria para mitigar a elevação da sinistralidade e, consequentemente, os valores das mensalidades dos planos de saúde”, analisa.
O plano de saúde, comentou Coriolano, ainda figura entre os três maiores desejos da população brasileira. Perde apenas para habitação própria e educação – este último conquistou o segundo lugar entre os maiores desejos do brasileiro recentemente.
O executivo comentou ainda sobre a oferta de planos individuais. De junho de 2005 a junho de 2013, o segmento de planos individuais cresceu 14,8%, considerando dados de todas as operadoras do mercado de saúde suplementar. No mesmo período a população brasileira cresceu 9,1%. “É uma prova de que não há desabastecimento de planos individuais”, comenta.
A grande dificuldade das operadoras para oferecer este produto é o reajuste das mensalidades, regulado pela ANS. Conforme a explicação de Coriolano, a inflação médica cresce acima da inflação e a agência reguladora não permite repassar os custos para o consumidor. O rol de procedimentos obrigatórios, atualizados a cada dois anos, também colabora para aumentar os custos. “O consumidor deveria poder escolher para quais doenças quer contratar cobertura”, sugere Coriolano. “Nosso sentimento é que as seguradoras e operadoras de saúde vão ficar cada vez mais seletivas”, observa Vera, da Victory.
Ainda na avaliação de Coriolano, o setor continuará se consolidando nos próximos anos, pois muitas empresas estão ficando insolventes. Deverão ocorrer muitas fusões e aquisições na próxima década. “O setor ainda é muito pulverizado. Mas precisa de escala para diluir o  risco”, considera.

especial perspectivas | tendências

O que esperar de 2014?

O próximo ano chega trazendo grandes eventos e mexendo com o mercado de seguros brasileiro

Amanda Cruz

No próximo ano, o país terá o desafio de receber o Mundial de Futebol, realizar suas eleições e certificar-se de que os projetos de crescimento não serão abandonados.
Muitas são as apostas, mas ainda há mercados que preocupam.

O famoso ramo Auto
Apenas 30% da frota brasileira está segurada. Pensando nisso, as seguradoras pretendem continuar investindo, mas precisam alterar a maneira de pensar sobre esse ramo. O seguro auto popular, que pretende baratear os custos da apólice, pode ser de grande ajuda para quem atua com automóveis (veja mais sobre a lei na página 32).
Os corretores que têm esse seguro como carro-chefe de suas carteiras dificilmente a abandonarão para dedicarem-se a outras, porém é necessário abrir o leque. Aliar a oferta do seguro de automóveis com outras proteções é um dos caminhos. As pessoas que possuem automóveis também têm outras preocupações de seguro, como residência, vida e previdência, por exemplo. Muitas vezes, a chave que está faltando para abrir essas portas é manter uma relação mais próxima com os clientes e perceber o que eles realmente precisam.
Levar em conta a carteira que mais traz lucro é importante, mas entender e modificar o motivo pelo qual as outras não têm um desempenho tão bom é uma das armas para manter-se competitivo nas mudanças que vêm se desenhando no mercado.

Pensando em vida
Os seguros de vida hoje se apresentam por meio das empresas que o oferecem como benefício, ou são vendidos pelo banco, no momento da abertura de contas e contratação de outros serviços financeiros.
Talvez, entre todas as carteiras, essa seja a que mais merece uma venda consultiva para a escolha das coberturas corretas. Tomar uma decisão errada pode trazer grave consequência em caso de sinistro.
As empresas que ainda não oferecem esse benefício provavelmente passarão a pesquisar e cogitar a contratação. É o que acredita Ricardo Lobão, CEO da UIB Benefícios: “Seguro de vida já é commodity dentro do mercado. Se for pra empresas grandes, quase 100% tem planos de vida. As micro e pequenas empresas agora pensam em oferecer o seguro de vida também”, afirma.
A previdência privada também é um segmento que aparece com frequência na lista de benefícios e promete continuar se desenvolvendo. Os funcionários que estão há muito tempo em uma mesma empresa preocupam-se em ter a certeza de que estarão seguros no futuro. A procura pela previdência em casos particulares ainda é uma questão cultural, pouco enraizada no país. O próximo ano pode se apresentar como um caminho para mudar essa mentalidade.

Transportes merece atenção
O ramo de transportes dentro do seguro é chamado de “nobre”, porque a ação das transportadoras no país, que leva suas mercadorias especialmente por meios rodoviários, tem impacto direto sobre o custo de nossos produtos, tanto nas prateleiras nacionais, quanto no que é exportado.
“É uma carteira que precisa ter mais profissionais técnicos e, por isso, apostamos muito no treinamento de novos colaboradores. É preciso acreditar no produto e nós fazemos isso”, declara Robert Hufnagel, vice-presidente da Berkley.
O executivo também acredita que a carteira é uma espécie de termômetro. “A área de transporte equilibra a economia. Por ela sabemos se a economia está ruim ou boa”, afirma. Se o ramo de transportes vai bem é porque a roda econômica também está sendo movimentada, produzindo e fazendo com que os produtos cheguem a seus destinos nacionais e internacionais.

Grandes eventos
O Mundial de Futebol já bate à porta brasileira e as Olimpíadas, quando menos se esperar, já estarão alterando todo o cotidiano no país. As eleições também prometem ter grande impacto na rotina do próximo ano. Todos esses eventos precisam contar com seguro antes e durante sua realização.
Antes, as obras que precisam ser feitas para sediar os espetáculos aquecem o mercado de construções, consequentemente, também incentivam a contratação de seguros como o de Responsabilidade Civil e D&O. O primeiro, em caso de acidente com envolvidos nas construções e o segundo protegendo os executivos das empresas de possíveis erros cometidos, dentre outras coberturas que as modalidades oferecem.
“Acreditamos que o mercado deverá ser favorecido pela crescente percepção da importância da preservação do patrimônio conquistado pelos consumidores brasileiros nos anos recentes, com perspectiva positiva em relação a um maior fluxo de negócios e maior atividade econômica em 2014, pelo impacto tanto da Copa do Mundo quanto das eleições”, afirma Carlos Ronaldo Paes Ferreira, diretor da Rodobens.
A visão dos corretores também é muito importante para melhor compreensão das esperanças de mercado. Lidando diretamente com o cliente eles avaliam melhor quais são as tendências de consumo.
Os desafios são muitos e as empresas têm estratégias traçadas para aumentar sua capacidade de produção. Há ainda o interesse em conhecer melhor os mercados ainda não explorados pelo país. Mesmo com dúvidas, Hufnagel acredita que o seguro garantia, ramo principal de atuação da companhia, conseguirá obter bons resultados.

Um olhar para a saúde
A aposta é de que esse será o ramo com menos propensão ao crescimento em 2014, no que diz respeito à conquista de novos clientes.
Embora o mercado fique difícil por um lado, Lobão, da UIB, acredita que as empresas de benefícios se sairão bem se ficarem atentas ao que pode ser oferecido. “A falta de opções pelo mercado individual faz com que as empresas sofram uma pressão maior dos funcionários, não há como negar a relação direta”, explica.
A saúde dentro das empresas é o segundo maior gasto do RH [perdendo apenas para o próprio salário]. Há muita preocupação com essa questão para a empresa, conta Lobão, que acredita que será preciso mudanças de comportamento do usuário.

Classe C ainda é aposta
Os executivos são unânimes em afirmar que a classe média continua crescendo e que, enquanto isso ocorrer, ainda que em menor escala, muitas serão as oportunidades de mercado. Mesmo quem não lida diretamente com o consumidor final pode ter boas notícias.
O mercado de seguros poderá se destacar se os corretores e seguradoras se empenharem para desvendar as necessidades de seus clientes que ainda precisam ser supridas, pois a nova classe média já deixa de ser uma “novidade” e demandará, cada vez mais, produtos adequados ao seu estilo de vida.

sindicato | confraternização

Sindseg encerra as atividades do ano

O Sindicato das Seguradoras de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e do Distrito Federal reuniu, em confraternização, 120 convidados entre diretores, associadas, representantes de outras regiões e entidades parceiras.
Na ocasião foi entregue a Medalha do Mérito Segurador 2013 a Roberto Silva Barbosa, presidente do Instituto Brasileiro de Autorregulação do Mercado de Corretagem de Seguros, de Resseguros, de Capitalização e de Previdência Complementar Aberta (Ibracor); e José Pereira Lima, profissional que, há mais de 60 anos, atua no mercado e tornou-se referência pelo seu comprometimento, dedicação e competência. Membros das comissões técnicas e especiais do Sindicato foram homenageados pelo empenho e frequência, recebendo placas.
Para o Presidente do Sindseg, Augusto Frederico Costa Rosa de Matos, “o mercado segurador evoluiu muito nos últimos anos. Isso só foi possível graças aos relevantes projetos desenvolvidos por personalidades e entidades que contribuem efetivamente para esse crescimento. E a Medalha do Mérito Segurador é uma forma de reconhecimento a essas iniciativas”.

especial perspectivas | reciclagem

Data do óbito: desconhecida

Indústria de desmontagem de veículos ganhará força com a promulgação do seguro popular, que permitirá o reuso de peças não ligadas a itens de segurança

Kelly Lubiato

O mercado de seguros está se voltando para uma nova oportunidade de negócios que, além de marketing positivo, pode trazer lucros. De olho no seguro de automóvel popular, algumas seguradoras já começam projetos de desmontagem própria de veículos sinistrados. Segundo dados divulgados pela Secretaria de Segurança Pública, de janeiro a julho deste ano ocorreram 122 mil casos de furtos e roubos no Estado de São Paulo, representando um crescimento de 5,8% em relação ao mesmo período do ano passado. Os Estados de São Paulo e do Rio Grande do Sul já trabalham com leis para a legalização dos desmanches. Em nível federal, há uma lei do deputado Armando Vergílio que está no Senado aguardando aprovação.
Enquanto isso, o mercado de seguros busca alternativas para dar um destino aos automóveis sinistrados, pois os veículos têm data de nascimento registrada, entretanto, a data do óbito é sempre desconhecida. E a frota de veículos brasileira só cresce. Segundo dados da Anfavea, no acumulado dos dez primeiros meses do ano, a produção de veículos no país teve alta de 12,4% sobre o mesmo período de 2012, com a fabricação de 3,17 milhões de unidades. Por isso, dar um destino para estes é tão necessário e premente.
Por sua liderança no seguro de automóvel, a Porto Seguro optou por investir em sua própria empresa de desmonte de veículos. A Renova Ecopeças está sendo estruturada para dar um destino aos veículos sinistrados da seguradora que tenham sofrido perda total.
Como o seguro auto popular é ancorado na utilização de peças usadas, porém originais, a aposta na reutilização de partes parece ser o melhor caminho. “Todo o processo de aproveitamento de peças passa pela homologação e certificação”, explica Luiz Pomarole, diretor geral da Porto Seguro. Segundo ele, a proposta da nova empresa é propiciar ao mercado peças que estejam em excelente estado para aproveitamento em outros veículos.
As peças que podem ser reaproveitadas são aquelas que não envolvem o sistema de segurança do veículo, como partes da lataria. Baterias, fluídos e óleos devem ter uma destinação específica. No caso da Porto Seguro, eles são retirados pelas empresa EcoPlace.
A ideia da Renova nasceu a partir da ideia de alimentar o seguro auto popular. Todas as peças reutilizadas terão rastreabilidade, no intuito de não fomentar o desenvolvimento do mercado paralelo.
Vale ressaltar também que as peças de segunda mão somente poderão ser utilizadas na reparação de veículos ligados à carteira do seguro auto popular. “De acordo com a legislação, temos a obrigação de reparar os carros de seguro auto convencional com peças novas e originais. Isso está no contrato”, esclarece Pomarole.
A empresa está em fase de estruturação. A comercialização de peças poderá ultrapassar a barreira do Grupo Porto Seguro e chegar até os consumidores. “Esta empresa, além de servir de base para a estruturação do seguro auto popular poderá também ser uma forma de inclusão social, pois a desmontagem de veículos requer mão de obra, e visa a sustentabilidade, pois dá destino a um material que antes ficava à margem do mercado”, enfatiza Pomarole.
O maior desafio da nova empresa será atender às demandas sociais, ecológicas e financeiras. Afinal, ela terá que apresentar resultados favoráveis aos investidores também.
Apesar destas iniciativas, vale lembrar que tudo ainda não passa de um exercício para tentar aumentar a penetração do mercado de seguros. Marcelo Goldman, diretor de automóveis da Tokio Marine, lembra que a legislação dos desmanches é apenas um primeiro passo. “A taxa do seguro para veículos acima de 5 anos é alta e ainda não sabemos ao certo quanto ela poderá cair com o seguro auto popular”. A seguradora não pretende desmontar seus veículos, mas admite utilizar peças de parceiros. “Podemos atrair mais de 10 milhões de novos consumidores”, ressalta Goldman.
A norma do seguro popular que está sendo estudada pela Susep prega que a seguradora seja a responsável pela empresa que desmonta o veículo, como forma de controlar a origem das peças. De acordo com o diretor de automóveis da SulAmérica, Eduardo Dal Ri, que também faz parte do Grupo de Trabalho da Susep que trata do tema, o seguro auto popular poderá sair ainda no primeiro trimestre de 2014. “É importante lembrar que nenhuma empresa estará plenamente preparada para atuar neste setor porque é necessário um estoque de peças de todos os veículos. Há modelos e marcas com menor sinistralidade e por isso, acho que a plena utilização de peças recicladas levará algum tempo”, estima Dal Ri.
A SulAmérica já trabalha com a possibilidade de ter sua própria empresa de reciclagem, seja sozinha ou com outras seguradoras parceiras.
A preocupação do setor vai além das ações internas das seguradoras, porque elas dependem do atendimento ao cliente que é realizado na ponta. Por isso, um dos pontos críticos deste serviço são as oficinas credenciadas, que também devem se responsabilizar pelo descarte dos fluídos inutilizados dos veículos.
Dal Ri conta a experiência da seguradora que investiu no projeto para incentivar as oficinas referenciadas SulAmérica a migrar da atual tecnologia de pintura com tintas à base de solvente para uma tecnologia ecologicamente mais eficiente, conhecida como tinta à base de água. Esta nova linha de tintas reduz significativamente a participação de solventes em sua composição, diminuindo as emissões de compostos orgânicos voláteis (VOC) no meio ambiente e reforçando o comprometimento da seguradora com a sustentabilidade.
Este projeto inclui um programa que envolve toda a gestão da oficina, com valores de horas trabalhadas mais altos, valorizando o empresário que investe no modelo novo. “Já temos 23 oficinas referenciadas participantes e mais de 3755 veículos pintados com a nova tecnologia”, contabiliza Dal Ri.

Modelo estruturado
O Grupo BB e Mapfre é o que possui um modelo de reciclagem de veículos mais avançado. Há duas ações que já estão em franco desenvolvimento: uma é o escoamento de todos os líquidos dos salvados; a outra é a separação do que é salvado e do que é sucata. O salvado vai para leilão e a sucata passa por triagem para retirada de tudo que possa ser reaproveitado.
O processo de reciclagem começa após o carro ser encaminhado para uma das oficinas parceiras da seguradora. Nesse local, o veículo passa por uma avaliação de um perito da companhia e, uma vez definida a perda total por incêndio ou colisão, o automóvel é encaminhado para um dos pátios do Grupo.
O processo gera um benefício para toda a cadeia, já que cada tonelada de aço produzida com sucata evita a extração de 1.140 quilos de minério de ferro e de 154 quilos de carvão, e consome apenas um terço da energia que seria usada na produção da mesma tonelada gerada a partir do minério de ferro. Além disso, a iniciativa reduz em mais de 70% o consumo de água e a emissão de CO2 – 1,44 toneladas de CO2 por tonelada produzida.
“Sabemos que a nova regulamentação permitirá o reuso de peças mais abrangente do que fazemos atualmente. As peças reutilizadas não podem envolver itens de segurança do veículo”, conta Jabis Alexandre, diretor Geral de Automóveis do Grupo BB e Mapfre.
Alexandre acredita que ainda não é possível afirmar que o seguro auto popular será tão positivo quanto é alardeado pelo mercado. Para ele, a experiência do passado mostra que a reparação com peças usadas traz uma imagem negativa para o setor. “A diferença é que esta regulamentação que estabelece o produto já deixa claro que a reparação pode ser feita com peças usadas. Na hora de comprar o consumidor poderá escolher”, pondera Alexandre.
O executivo do Grupo BB Mapfre ressalta que não existem tantas peças usadas no mercado que garantam a reparação de todos os veículos. “Tudo irá depender da adesão ao produto”.
A seguradora já atua no mercado de reciclagem de produtos automotivos, sempre com foco em sustentabilidade. “Hoje, o processo ocorre como uma coleta seletiva”, observa Alexandre.

Uma realidade
Expert no assunto, Fátima Lima, diretora de sustentabilidade do Grupo BB Mapfre, conta que estudou a reciclagem de veículos e salvados na Europa, Estados Unidos e Japão.
Com o crescimento constante da frota de veículos é um desafio reciclá-los. Existe uma grande oportunidade sobre este tema. Mas existe também a responsabilidade gerada pelas novas regulamentações sobre a destinação das sobras. Os países que mais reciclam chegaram a este patamar a partir de legislações austeras. No Brasil, A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) é o começo.
Fátima afirma que o Brasil é o 4º país em produção de automóveis, mas não tem ações no sentido de “terminar” a vida útil do veículo. O que se tenta agora, com a PNRS, é fazer com que os fabricantes sejam responsáveis pela destinação dos resíduos. “No Japão, por exemplo, se cobra uma taxa de reciclagem no momento do licenciamento do carro”, expõe.
Nos Estados Unidos, o mercado de reciclagem de veículos representa US$ 32 bilhões em faturamento e emprega mais de 140 mil pessoas, observando uma taxa de 95% de reciclagem dos veículos.
“Temos que ver a cadeia do setor e começar a pensá-la no todo e não em partes”, sugere Fátima. Com a PNRS as empresas começaram a pensar em sua cadeia e a fazer a gestão integrada de resíduos perigosos.
A executiva acredita que a indústria de seguros tem que estar preparada para atender aos PSI (Princípios de Sustentabilidade em Seguros, em português) de forma completa, e não apenas periférica. “A empresa tem que ter vontade e olhar a sustentabilidade como estratégia de longo prazo. Isso, efetivamente, começa a acontecer no mercado de seguros”.
Segundo Fátima, a finalidade social do seguro acaba levando o setor naturalmente para atividades sustentáveis. “Temos a responsabilidade de levar informação de relevância para a sociedade, com muita transparência. Assim, temos que oferecer soluções para as grandes causas, como a reciclagem de veículos”, conclui.

especial perspectivas | contratações

13º pode alavancar vendas no fim do ano

Benefício pode ser utilizado pelo consumidor para contratar plano de previdência privada ou para seguros como o automóvel, residencial e, até mesmo, vida

Jamille Niero

Conforme estimativas do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o pagamento do 13º
salário aos brasileiros deve movimentar mais de R$ 143 bilhões neste ano. A cifra equivale a cerca de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Receberão o 13º salário por volta de 82 milhões de trabalhadores do mercado formal, beneficiários da Previdência Social e aposentados e beneficiários de pensão da União e dos Estados. Aos aposentados e pensionistas da União, caberá o equivalente a R$ 7,2 bilhões (5% do total) e aos aposentados e pensionistas dos Estados, R$ 6,3 bilhões (4,4%).
Muitos indivíduos aproveitam o 13º para saldar dívidas ou adquirir novos bens, como automóveis. Historicamente, a venda de veículos novos cresce nos meses de dezembro e janeiro. Muitas montadoras remodelam suas linhas e fazem diversas promoções, conquistando o consumidor. Apesar de o setor automotivo registrar ligeira queda nos licenciamentos em novembro (0,8%), a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) ainda mantém expectativas positivas de expansão das vendas para este ano – de 1% a 2%.
Outro fator que deve colaborar para o pico de vendas em dezembro é a já prevista alta de custos, redução de estímulos do governo e bancos pouco interessados em ampliar o crédito em 2014.
O fato é que muitos consumidores acabam adquirindo o seguro ao comprar o novo automóvel. Muitas apólices também são renovadas nesse período.
“São dois meses que envolvem o período de férias e têm maior índice de renovação e contratação de novos seguros. São meses atípicos porque a movimentação é maior, os clientes adquirem novos veículos, portanto novos seguros”, comenta Elisabeth Gonçalves, gerente de contas da carteira de produtos patrimoniais da Chubb Seguros. Na companhia, o índice de aumento de novas apólices de auto, residência e iates em dezembro e janeiro costuma ser de 15% a 20%.
Em tempos de festas e férias escolares, há muitas pessoas viajando e as residências tornam-se alvo de furtos e roubos. Com isso, a tendência é aumentar também a procura por proteções securitárias para moradias.
O número de roubos e furtos a residências no período de férias/festas de final de ano também é elevado. “A frequência de sinistro chega a dobrar”, revela Elisabeth.
Além desse fato, as renovações dos seguros automotivos e a chegada do 13º representam bons argumentos para o corretor oferecer o seguro residencial ao seu cliente da carteira de automóvel. A dica, aponta Elisabeth, é entrar em contato com o segurado de 20 a 25 dias antes da expiração da apólice para fazer a renovação e, de quebra, oferecer seguros como o residencial. “A renovação antecipada é boa para o segurado viajar tranquilo. Além disso, possibilita, muitas vezes, um desconto para o cliente”, sugere a gerente.
O risco de oferecer a renovação mais “em cima da hora” é perder o prazo e gerar a necessidade de fazer uma nova contração, perdendo possíveis bônus.

Previdência privada e vida
O 13º pode ainda ser utilizado para investimentos, como a aquisição de planos de previdência complementar. Os especialistas consultados pela Apólice relatam que o mês de dezembro costuma atrair os recursos para esta modalidade de investimento em razão da possibilidade de realização do abatimento fiscal do IR, nos casos onde o proponente realiza deduções fiscais quando faz sua declaração no modelo completo de imposto de renda. “No entanto, esse abatimento fiscal só pode ser realizado quando o plano de previdência é na modalidade PGBL, uma vez que a dedução só é permitida nesta modalidade. Já no produto VGBL, só há incidência de IR sobre o que rendeu. Desta forma, esta modalidade de plano não permite o abatimento fiscal”, considera Cícero Reis, atuário, gerente executivo da Nunes & Grossi e do BuscaPrev.
A possibilidade de pagar menos Imposto de Renda se configura nos casos em que o cliente atinge o limite de até 12% da renda bruta anual tributável, permitido para abatimento máximo do IR no ano. No entanto, para aqueles que já contribuíram com o teto permitido de 12%, a sugestão é utilizar esta renda extra para adiantar ou quitar o seguro do carro, por exemplo, ou ainda, contratar um seguro de vida e ter a tranquilidade de aproveitar as férias com segurança e equilíbrio financeiro.
“Em anos anteriores, notamos que geralmente dobra ou triplica o número de novos clientes que adquirem previdência privada neste período”, relata Marcio Magnaboschi, diretor técnico de Vida e Previdência da SulAmérica.
Segundo ele, é essencial para o corretor esclarecer o cliente justamente sobre as vantagens que a contratação ou complementação do plano de previdência vigente têm para o consumidor.
No entanto, alerta Maísa Serra, executiva da Vida Livre Seguros, “não temos a cultura da educação financeira familiar. Fim de ano é esperado para comprar aquela TV nova, celular ou vários outros itens que nos bombardeiam pelos meios de comunicação”. Dados da Icatu Seguros revelam que sete a cada 10 brasileiros não costumam poupar. Além disso, 35% da população realizam-se em gastar o dinheiro imediatamente do que poupar e torná-lo uma garantia familiar. “30% das pessoas gastam por impulso”, observa Maísa.
“O grande desafio como segurador é mobilizar o corretor na venda de seguros individuais”, reflete Magnaboschi. E o grande desafio do corretor é explicar ao seu cliente a importância de se ter uma proteção ou investimento que garanta seu padrão de renda lá na frente.
As seguradoras, como a SulAmérica, prometem avançar na simplificação de contratação de seguros pessoais, facilitando também o trabalho do corretor. “Relançamos dois produtos em outubro – o vida simples e o acidentes pessoais”, comenta o diretor da companhia. De acordo com ele, a estratégia é melhorar os produtos de varejo para permitir que o corretor especializado em auto tenha facilidade em comercializar seguros de vida e previdência. Ou seja, ao renovar o seguro do automóvel do cliente, o corretor pode aproveitar a oportunidade para falar sobre previdência, seguro de vida etc.
Já em relação aos seguros empresariais, com foco nos funcionários, dificilmente acontecem renovações (ou negociações com esse objetivo) em dezembro e janeiro. “O mês de dezembro normalmente é um mês em que a área de recursos humanos se envolve com demandas específicas relacionadas ao fechamento do ano das empresas, programas de avaliação, festividades, dentre outras atividades. Já o mês de janeiro sempre acaba afetado por conta das férias de executivos, que normalmente se envolvem nas negociações destes contratos”, aponta Maurício Amaral, vice-presidente de Vida & Privada Corporativa da Zurich Seguros.
Por isso, a sugestão é que negociações para renovação de contratos nesse período sejam iniciadas com antecedência, preferencialmente nos meses de outubro e novembro. “Assim, gestores de recursos humanos conseguem avaliar melhor as propostas, sem perder de vista o planejamento que precisam trabalhar para o ano seguinte”, reforça o executivo.

campanhas | vendas

Seguradoras investem e incentivam corretores

Para estreitar o relacionamento e ter o corretor como colaborador, companhias do mercado apostam em premiações

Amanda Cruz

O corretor de seguros muda gradualmente sua relação com a profissão e procura se especializar em vendas consultivas, dedicando-se a conhecer melhor seus clientes. Para fazer isso, conta com a ajuda das seguradoras, que devem dar a base para que eles possam oferecer produtos confiáveis e com qualidade, fidelizando seus clientes.
Uma das medidas que as seguradoras adotaram para estreitar o relacionamento com o corretor e, ao mesmo tempo, impulsionar as vendas, são as campanhas de incentivo. Elas servem para que o profissional tenha motivação suficiente para se empenhar em se tornar parceiro. Esse é um assunto que as seguradoras levam cada vez mais a sério. “Para nós, é como se fosse um oxigênio para o modelo de vendas, porque trabalhamos com corretores autônomos que não têm nenhuma obrigação de vender para uma companhia determinada”, afirma Luis Felipe Maciel, superintendente comercial da Mongeral Aegon. Cada empresa lida de uma maneira diferente com as metas traçadas para envolver o corretor, mas o objetivo principal é fazer com que eles entendam a importância dessa cooperação. “Enxergamos uma campanha de incentivo como estratégia de vendas, sendo parte do processo de comercialização e uma oportunidade de melhor negociação e incentivo ao corretor de seguros”, conta Fernando Cantreras, coordenador de Marketing da Argo Seguros. “As campanhas de incentivo estreitam o relacionamento entre a operadora e o canal de distribuição, mantendo próximos àqueles que nos ajudam a proporcionar o crescimento responsável das vendas”, enfatiza o diretor Corporativo da Amil, Norberto Birman.

As estratégias
Saber o posicionamento das companhias é importante para o corretor decidir livremente com quem irá atuar. Esse tipo de iniciativa tem um grande valor, pois une o trabalho cotidiano a recompensas que ele não teria em outros lugares. Muitos modelos de campanhas são desenvolvidos e aprimorados todos os anos. A diversidade na abordagem possibilita que os resultados sejam variados, dando chances a todos os corretores de concorrerem de maneira igualitária. Para Cantreras há um modo simples de fazer com que a campanha tenha um bom resultado: “As campanhas com melhores resultados são aquelas com regras claras aos corretores e que tenham atrativo de metas justas, sejam elas individuais ou competitivas”, afirma. Isso porque nem todas as campanhas envolvem todos os corretores de uma vez. Além disso, algumas companhias desenvolvem outras maneiras de incentivar o corretor sem fazê-lo competir diretamente com os outros. É o caso da Mongeral Aegon, que
desenvolveu um programa de fidelidade para o corretor que funciona da seguinte maneira: caso o profissional atinja um bom patamar de produtividade, tanto em volume de vendas quanto em retenção de clientes, ele poderá trocar “pontos” por abatimentos nos valores de aparelhos como notebooks, ultrabooks, smartphones, além de descontos em planos de saúde e seguros de vida. O plano de saúde é o mais procurado, especialmente pelo alto custo e a dificuldade em encontrar um produto individual disponível no mercado. “Quanto mais o corretor vende, mais subsídio ele consegue. Aqueles que são altamente produtivos podem ter cerca de 70% de abatimento”, conta Maciel.
Não é apenas a competição que estimula, mas certamente elas são as mais difundidas no mercado, praticadas pela maioria das companhias. Ver outro corretor vencer certamente incentivará a busca por conquistas, assim todos saem ganhando. Para a Amil, as respostas trazidas por essas campanhas são muito positivas. “Entendemos que o corretor que é estimulado consegue adequar facilmente os nossos produtos às necessidades do mercado, gerando resultados satisfatórios”, afirma Birman, que completa: “Para que isso ocorra, é importante haver total integração em diversas áreas, desde a comunicação que apoia as campanhas até os treinamentos desenvolvidos para todo o canal de distribuição”.
Quando os corretores são reconhecidos, mesmo que fiquem em segundo ou terceiro lugar, por exemplo, sentem que a próxima campanha poderá trazer mais recompensas. A Mongeral costuma atuar dessa maneira. “Os profissionais que são destaques de vendas, quando há a convenção, ganham passagem para um resort na festa de premiação. Lá, cada um recebe uma medalha. Isso dá um gosto para eles do que é chegar perto da conquista. Eles voltam às sucursais e ajudam muito, porque vão propagando essa vontade de vencer”, destaca Maciel.

O que fazer para vencer
Pode parecer que não há segredos, que basta vender mais que os concorrentes ou superar suas próprias marcas e levar o prêmio. Mas trilhar esse caminho requer alguns cuidados, alertam os seguradores, que dão algumas dicas básicas para que os corretores aproveitem melhor as oportunidades. A principal indicação é ter foco, além de conseguir traçar metas e seguir
uma rotina de vendas desde o início da campanha. “É primordial que o corretor seja disciplinado e siga um processo de venda”, explica o executivo da Mongeral. Colocar em prática as noções de venda que ele já possui e usar a técnica a seu favor é muito importante. Tentar mudar por uma campanha faz com que ele perca de vista o principal interessado no final das
contas: o cliente. “O corretor deve vender com responsabilidade. Na nossa experiência, o vendedor bem sucedido é aquele que constrói junto aos seus clientes uma relação de credibilidade, atraindo cada vez mais novos interessados”, ensina Birman, que ainda reforça: “o erro mais comum é tentar vender somente para fazer parte das campanhas. O corretor competente é aquele que percebe a necessidade do cliente”.
Com isso, a satisfação vem de clientes, corretores e das seguradoras, contribuindo para que o trabalho seja melhor. É uma cadeia que conta com o mutualismo para funcionar bem.
Outra dica importante é a atenção com as regras que todas as campanhas oferecem. “Ter entendido as regras da campanha é objeto para alcançar a meta estabelecida. Também é preciso estar sempre atento às informações disponibilizadas por todo o período”, reforça Cantreras.
Para conseguir esses resultados, as companhias começam o trabalho antes de lançarem as campanhas. Muitas disponibilizam cursos de capacitação e atualização para corretores desenvolverem suas práticas. “Tivemos neste ano quase três mil corretores treinados, o que resulta em um grupo qualificado e bem comissionado”, conta Birman.
As campanhas de 2013 estão se encerrando. Com elas os corretores aprenderam novas práticas. As campanhas de 2014 começarão e, seguindo as dicas e desenvolvendo práticas individuais, os corretores que ainda não tiveram a oportunidade poderão encerrar o próximo ano com um prêmio nas mãos. Rivaldo Leite, diretor executivo de Produção da Porto Seguro, deixa a recomendação final para os competidores: “Não adianta o corretor querer ganhar todas. Ele precisa primeiramente identificar aquela oportunidade que se enquadra mais com o seu perfil e sua vocação. Uma vez identificada,
entenda bem as regras do jogo, estude os adversários, monte sua estratégia e parta para o ataque com muita determinação e, principalmente, muito foco”. Veja a seguir algumas premiações feitas pelas seguradoras.

pesquisa | seguros

Mulheres são maioria, mas ainda encontram dificuldades

Participação feminina entre os securitários chega a 57%, aponta estudo

Amanda Cruz

A atuação da mulher no mundo dos negócios é assunto que vem ganhando cada vez mais espaço em debates, assim como elas têm feito em diferentes mercados. Porém, muitos são os desafios enfrentados pelo sexo feminino no mercado de trabalho.
Focando nisso, a Escola Nacional de Seguros realizou uma pesquisa para tratar do papel feminino no mercado segurador. O resultado foi apresentado por Maria Helena Monteiro, diretora de Ensino Técnico da Escola e Francisco Galiza, economista, em 26 de novembro, em São Paulo.
É possível destacar na avaliação realizada que as mulheres hoje têm se dedicado mais a galgar posições dentro do mercado, investindo em estudos e desenvolvimento para que isso aconteça. Apesar dos esforços, o tratamento dado às mulheres securitárias, segundo elas, ainda não é satisfatório.
Em 2000, a participação feminina nas companhias era de 49%. Em 2012, a atuação atingiu 57%. Mesmo sendo hoje a maioria no setor, as funcionárias das seguradoras raramente ascendem para cargos acima da área de gerência. Elas acreditam que isso se deve ao enraizamento da cultura, na qual os executivos geralmente são homens.
A pesquisa demonstra que as chances dadas às mulheres de mostrarem seu potencial profissional dependem de como a cultura da empresa funciona e do quão empenhadas as seguradoras estão em diminuir a discrepância que há entre os gêneros no mercado de trabalho. Segundo os dados, entre os funcionários que recebem os cinco maiores níveis salariais das companhias, 70% são homens. Já entre os 10 ganhos salariais mais baixos, 70% são das mulheres. Isso acontece mesmo existindo números que mostram que o nível de ensino é o mesmo e sem variação da faixa etária.
Maria Helena enfatiza que o espaço que a mulher tem hoje foi conquistado por mérito delas e que a presença feminina no mercado não deverá recuar. “Acho que as seguradoras que não têm visão quanto a isso estão perdendo dinheiro e oportunidades”, comentou.

As corretoras
As mulheres que optam pela corretagem, segundo a pesquisa, geralmente o fazem depois de ter trabalhado no mercado segurador em outros cargos. O que ocorre com frequência é que em algum momento da carreira essas mulheres decidiram engravidar e precisaram se afastar do trabalho. Quando retornam, sentem-se defasadas. Assim, encontram na correta-

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