Ultima atualização 01 de novembro

Função social é o destaque do microsseguro

Embora as informações sobre essa modalidade de proteção ainda sejam poucas, as ferramentas utilizadas para vendas e os impactos econômicos já são pauta para debates
Eugênio Velásquez, Dilmo Bantim Moreira e Mario Sérgio de Almeida Santos

A função social do seguro costuma ser um tema amplamente abordado pelo mercado. Por isso, a criação do microsseguro e a forma como ele será distribuído para a população tornaram-se pautas cada vez mais recorrentes no setor. O público alvo dessa cobertura são pessoas de baixa renda, majoritariamente vivendo em comunidades carentes que muitas vezes não têm familiaridade com esse tipo de contratação.
Para debater este tema, o Clube Vida em Grupo de São Paulo convidou Eugênio Velásquez, presidente da comissão de Microsseguros da CNseg. Iniciando seus argumentos, Velásquez ressaltou que a utilização de internet, por meio de computadores, tablets e smartphones ou contratação diretamente pelo controle remoto de uma operadora de TV à cabo, por exemplo, não tira o espaço do corretor de seguros dentro da transação. Para ele, esse profissional continuará atuante, mas precisará encontrar maneiras de se relacionar com essas plataformas que já se fazem presentes no cotidiano. “O surgimento de algo não define a morte de outro. Nós tivemos um exemplo disso quando as seguradoras internacionais entraram no Brasil”, afirmou Velásquez referindo-se a um bom relacionamento de competição entre diferentes companhias de seguros atuantes no país.
A tecnologia é ágil e transformadora, hoje não há como se abster de seu uso. O que irá definir se esses meios serão ferramentas ou canais efetivos de vendas, para ele, é o modo como seguradores, corretores e consumidores lidarão com elas. Velásquez acredita ainda que hoje os consumidores estão refinando seus interesses,  procurando como aliar as três questões mais importantes para eles: comodidade, conveniência e preço. Para ele o momento é de “aliar-se a tecnologia”, isso determinará a permanência no mercado.
Mario Sérgio de Almeida Santos, presidente do Sincor-SP, concordou que o uso de ferramentas como a internet é inevitável e já faz parte da vida de muitos corretores de seguros, mas colocou um contraponto sobre a questão: quem está por trás dessas contratações não presenciais? Que tipos de profissionais farão a mediação entre o produto e o consumidor final? “Somos o melhor canal e vamos continuar trabalhando para ser”, pontuou. Ele acredita que alguns cuidados são primordiais nessa comercialização e exemplificou com o fato da formação para ser correspondente de microsseguros contar com um curso de 30 horas, o que, para ele, é pouco. “Não interessa a origem do comprador, a preocupação é a orientação que ele irá receber“, opinou reiterando a crença de que não se pode deixar que as vendas sejam feitas por pessoas despreparadas.
Outro ponto levantado pelos participantes foi a amplitude de mercado. A questão é entender se realmente existem compradores para sustentar carteiras de profissionais que se dedicarão a isso. O microsseguro seria um tipo de atendimento social que não se sabe a viabilidade para o corretor.
O setor ainda é pequeno e o público para o qual ele se dirige é delicado. A compreensão da compra é um princípio básico para a certeza de um bom negócio. Velásquez conta que há dedicação das seguradoras em compreender o meio em que estão tentando se inserir. O principal temor de quem mora em comunidades carentes são suas contas a pagar, muito mais do que sua preocupação com saúde, por exemplo.
O profissional precisa entender as limitações e não pode forçar essa venda, tendo consciência do contexto social inserido na questão. Uma saída seria usar os cursos de capacitação para transformar moradores locais em corretores de microsseguros, com comprometimento das seguradoras que desenvolvem os produtos de oferecer suporte a eles. Ao mesmo tempo, é preciso não perder de vista as questões de importância capital que, como qualquer produto, os microsseguros também carregam.
As questões de prêmios recebidos, divisões de mercado e impacto nos lucros deverão, por enquanto, aguardar uma melhor definição desse produto que começa agora a ganhar forma.

Amanda Cruz/Revista Apólice

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