Ultima atualização 24 de setembro

Brasil precisa investir mais em prevenção e bem-estar

Pesquisa da SulAmérica aponta melhora em hábitos saudáveis entre os mais velhos, mas jovens devem ficar atentos para não se tornarem doentes no futuro
O executivo Mauricio Lopes durante apresentação da pesquisa
O executivo Mauricio Lopes durante apresentação da pesquisa
Mauricio Lopes durante apresentação da pesquisa

Como estabelecer as prioridades de investimento em gestão da saúde? Como incentivar a sociedade a discutir formas alternativas para tornar o sistema de saúde mais sustentável? De que forma os hábitos das pessoas em relação à sua saúde impactam a precificação do seguro? Foram essas as principais questões levantadas pelo vice-presidente de Produtos Saúde e Odontológico da SulAmérica, Mauricio Lopes, ao apresentar os resultados do IV Estudo Saúde Ativa.

O levantamento, realizado entre 2010 e 2012 com quase 42 mil pessoas de 240 empresas clientes da seguradora, obteve dados sobre a relação entre os ramos de atividade econômica e as condicionantes de saúde ou de doença da população pesquisada.

“A amostra é um retrato fiel da população que possui planos de saúde em grandes regiões metropolitanas. Apenas 25% da população brasileira hoje têm plano de saúde – a maioria por meio de planos empresariais -, estão em locais com grande concentração de indústria e comércio. É, ainda, uma população majoritariamente urbana, com poder aquisitivo mais alto que a média brasileira”, explicou Lopes.

A pesquisa faz parte do Saúde Ativa, programa que reúne ações voltadas a prevenção de doenças e ao bem-estar dos beneficiários. Programa que, em 2012, recebeu investimentos de mais de R$ 25 milhões, atendeu cerca de 100 mil pessoas e 500 empresas.

“Falta no Brasil a cultura e o espaço para investirmos em prevenção. E ainda é algo caro, mas necessário”, analisou o executivo. Isso porque a população brasileira envelhece duas vezes mais rápido do que a população dos EUA envelheceu e três vezes mais rápido do que a Europa. “A diferença é que esses outros países já estão mais avançados no quesito prevenção de doenças e promoção da saúde”, avaliou Lopes.

Resultados

Foram analisados indivíduos de 10 ramos de atividade econômica diferentes. O grupo que apresentou os piores índices – 8 em 16 variáveis analisadas – foi o de “Transportes”, que concentra profissionais como motoristas. “É um reflexo das condições de trabalho dos motoristas brasileiros, que passam longos períodos longe da família, dormem poucas horas e dirigem por rodovias muitas vezes em estado precário”, acrescentou o executivo da SulAmérica.

Por outro lado, a surpresa veio do grupo “Indústria da Transformação”, que não apresentou nenhum “pior índice”. Há alguns anos, esse ramo computava elevados índices de acidentes e isso mudou. “Percebemos que as empresas desse setor investiram em prevenção e conseguiram reduzir o número de acidentes. é um ramo que vive de escala e produtividade, por isso precisa diminuir o absenteísmo e o presenteísmo”, observou.

Outro dado que chamou a atenção foi o sedentarismo. Todos os grupos pesquisados apresentaram elevados índices, entre 54,6% e 69,5%. Já os índices de tabagismo ficaram entre 2% e 11,1%, abaixo dos 12% de fumantes brasileiros declarados em pesquisa recente do Ministério da Saúde.

“A classe trabalhadora está mais sedentária, estressada e com peso acima do normal, mas também esta menos fumante. O tabagismo tem diminuído ao longo do tempo. Se investirmos e educarmos a população e encontrarmos os ‘gatilhos’ corretos para essa mudança, conseguiremos direcionar ações adequadas para diminuir esses índices”, destacou Lopes.

O executivo ainda destacou dois dados que chamaram a atenção. Quanto mais jovem é a população que forma o ramo de atividade, piores são os hábitos de saúde dessa população. Quanto mais maduro, melhoram os hábitos de saúde reportados. Ou seja, ramos compostos por populações mais jovens – de 20 a 39 anos -, apesar de registrarem bons índices de saúde (como IMC, pressão arterial, glicemia e colesterol total), não apresentam hábitos e comportamentos tão saudáveis (sedentarismo, tabagismo, estresse e consumo de álcool) quanto as populações mais velhas – idade igual ou superior a 40 anos. É uma informação que deve ser levada em conta, pois apesar de ser saudável agora, se continuarem nesse caminho, no futuro serão os doentes crônicos. “Como fazemos com que eles se cuidem mais? Como desarmar essa ‘bomba- relógio’ de alguns ramos para os profissionais terem melhores condições de saúde lá na frente?”, refletiu.

Segundo o executivo, há alguns assuntos mais fáceis de serem trabalhados. Por exemplo, a luta contra a obesidade é algo que está “na moda”, ou seja, as pessoas estão querendo emagrecer e são incentivadas a isso. O programa dominical Fantástico, exibido pela TV Globo, por exemplo, tem um quadro que incentiva o emagrecimento saudável. Já assuntos como o alcoolismo, por exemplo, são mais complicados. É difícil para as pessoas assumirem o problema nesse caso, especialmente no ambiente de trabalho.

Outro dado curioso é o que envolve a comparação dos índices de homens e mulheres. Eles apresentam os piores índices em quase todos os indicadores –sobrepeso e obesidade; pressão arterial elevada e diabetes, além de beberem e fumarem mais. Já elas realizam menos atividade física e apresentam índices mais elevados de estresse moderado ou alto.

Jamille Niero / Revista Apólice

 

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