Ultima atualização 20 de setembro

Boa gestão de risco operacional colabora com resultado das seguradoras

Risco operacional são as perdas derivadas de falhas de processo e pessoas ou devido a eventos externos, definiu Nuno André Vieira, gerente sênior na área de Financial Services da consultoria EY, durante palestra no 7º Seminário de Controles Internos & Compliance, promovido pela CNseg nesta quinta-feira, 19, em São Paulo. O evento teve “risco operacional” como base para todos os painéis.

Vieira, em sua palestra, explicou de que forma as companhias podem fazer a gestão de seus riscos operacionais – assunto relativamente novo no mercado.

“O seguro existe há 600 anos e até hoje estamos aprendendo a gerenciá-lo. O conceito de gestão de risco operacional existe há 10 anos e ainda estamos aprendendo também”, comentou o consultor.

A adequada gestão de risco operacional tem impacto direto sobre os resultados e o capital das empresas, uma vez que a minimização de perdas operacionais afeta os custos da organização.

Vieira mostrou uma pesquisa da associação britânica de seguradoras, na qual os dados coletados mostram perdas de risco operacional em seguradoras. As causas são bastante variadas, mas a principal causa de ocorrência de risco e perdas entre 2009 e 2010 foi erros humanos, gerados, por exemplo, por treinamento insuficiente dos profissionais. Falhas na adequação de processos internos são a segunda causa de perdas. “Tudo isso deriva do risco operacional e geraram milhões de libras de perdas”, disse.

De acordo com o executivo, é importante conhecer as causas e os impactos destes riscos, para definir as ações para mitigá-los e quais deverão ser priorizados. “Conhecendo as causas do risco, atuaremos sobre elas. Quanto mais cedo e quanto mais preventivos formos, mais o nosso nível de risco poderá baixar”, observou Vieira.

Ainda segundo ele, existem estudos que apontam que quanto maior a organização, maior o capital e maior o risco ao qual ela estará exposta.

“Em uma seguradora, o risco operacional faz parte do conjunto de riscos, ao lado dos riscos atuarial, financeiro etc. É importante que todas as áreas tenham uma base comum de entendimento de riscos”, esclareceu.

Ainda conforme a explicação de Vieira, a gestão de risco operacional é importante para a preservação e para a criação de valor nas seguradoras. “A preservação de valor é garantir proteção contra evento de risco”. Ou seja, a capacidade de reação face aos eventos de risco. Quanto mais tempo a empresa demorar para reagir, maior será a perda. “Se a reação for mais rápida, terá vantagem competitiva, além de assegurar a preservação da marca junto aos clientes e ao órgão regulador”, complementou.

Por outro lado, os responsáveis pela gestão de risco operacional podem colaborar com a seguradora na criação de valor, contribuindo para os resultados da companhia. Ou seja, podem auxiliar na elaboração de estratégias para minimizar a perda operacional, alinhado a eficiência aos processos e recursos. Como exemplo de benefício gerado pela correta gestão de risco operacional está a gestão do sinistro, que pode melhorar o índice de sinistralidade de 5% a 10%. “Não é só cumprir normas, mas estar ao lado do negócio e ajudando a pensar, estruturar ferramentas e passar informações para a tomada de decisão”.

Para Luiz Pereira de Souza, responsável pela controladoria da CNseg e moderador de um dos painéis, a gestão de risco operacional não é só custo, mas pode ajudar na geração de valores. “Muitos ainda não conhecem assunto, mas devemos pesquisar e trocar experiências. Para isso, as comissões técnicas da CNseg estão à disposição”, disse.

Souza informou que há um consenso no mercado que as normas existentes hoje no Brasil ainda não atendem todos os objetivos. “Como está construída, a metodologia não consegue captar todos os riscos existentes nas empresas do setor. É uma norma vinda de fora e ‘calibrada’ para captar a nossa realidade. Mas aguardamos uma evolução para que atenda a todas as nossas realidades”, enfatizou.

Já Renato Campos, diretor executivo da Escola Nacional de Seguros, uma das apoiadoras do evento, destacou que a “Escola tem se empenhado para o conhecimento e a divulgação do tema ‘controles internos’, no seu conceito mais amplo, junto aos profissionais que participam dos nossos programas de formação”. De acordo com Campos, o assunto é abordado desde o curso de certificação técnica em controles internos (conforme norma exigida pela Susep), até os programas de graduação e pós graduação, passando também pelo curso de habilitação de corretores.

Na visão de Lúcio Flávio de Oliveira, presidente da Bradesco Vida e Previdência e vice-presidente da FenaPrevi, o assunto ganha importância à medida que as seguradoras buscam maior controle operacional, para ganhar produtividade e ingressar em novos nichos, comprar novos riscos, atuar em canais digitais e buscar novos participantes. “A concorrência está muito acirrada. Considerando esses fatores e o atual cenário da queda de taxas de juros e da redução de margens, certamente controles internos, compliance e governança precisam estar cada vez mais presentes nas diretorias das seguradoras e nas federações”, analisou o executivo.

Jamille Niero / Revista Apólice

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