Ultima atualização 27 de agosto

Planos individuais de saúde em extinção e a falta de diálogo com a ANS

por Alexandre Camillo*

A crise do seguro saúde é global, por que aqui seria diferente? Mas é preciso analisar o problema pela perspectiva do corretor, com apoio e mediação das entidades de classe, buscando diálogo com a Agência Nacional de Saúde (ANS) com o objetivo de superar as adversidades atuais e colaborar para o avanço do mercado.
A verdade é que o corretor não tem mais planos individuais de saúde para vender. Esse é só o sintoma mais grave e evidente de que existe algo muito errado no segmento. Complicando ainda mais o cenário, muitos planos individuais estão disfarçados de contratos de adesão. A estratégia é adotada por associações ou grupos de pessoas sem nenhum vínculo que querem escapar do controle da ANS, oferecendo opções 30% a 40% mais baratas – e também mais arriscadas, pois com a atual regulamentação do setor, a Agência não pode impedir a rescisão desses contratos, nem atuar sobre os aumentos abusivos.
A própria ANS, através de declarações do diretor de fiscalização, reconheceu que é comum receber denúncias de consumidores que contrataram um plano coletivo por adesão, pensando que se tratava de plano individual. É por isso que há registros de planos coletivos com apenas cinco pessoas em que basta o uso mais frequente de apenas um integrante para ser considerado desvantajoso, sofrendo reajuste acima do normal ou até sendo rescindido.
No meio dessas incertezas, com um órgão fiscalizador sem amplo poder de fiscalização e autuação, o corretor fica confuso e indefeso. E o que é ainda pior: diante de regras imprecisas, que mudam a toda hora ou que não têm garantia de manutenção, o corretor ainda pode ser visto como vilão e ser sempre responsabilizado, ainda mais que cada companhia tem um critério diferente em relação ao número de vidas e correção de reembolsos, mencionando aqui somente situações corriqueiras de um amplo espectro de problemas cujo diagnóstico geral não traz nada positivo para a nossa categoria.
Será que não é o momento de propor um debate franco e sincero com a ANS? Talvez seja a hora de fazer também um acordo com o governo, pois o seguro saúde desonera a administração pública. Mas o que ganhamos com isso? Pelo menos nos procedimentos mais caros, as seguradoras poderiam receber ressarcimento do Sistema Único de Saúde (SUS), mesmo que parcialmente?
Por que os líderes da classe fogem dessa discussão ou, pelo menos, não se posicionam, mesmo vendo o corretor cada vez mais fora desse mercado?

Alexandre Camillo tem mais de 30 anos de experiência no mercado de seguros e é mentor do Clube dosCorretores de Seguros de São Paulo (CCS-SP).

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