Ultima atualização 24 de abril

Regras acirraram a competição no mercado ressegurador

Quase três anos após a publicação das normas 225 e 232, a principal mudança foi o aumento do número de companhias autorizadas a operar como locais

Após a entrada em vigor das resoluções 225 e 232, publicadas pelo CNSP (Conselho Nacional de Seguros Privados) no final de 2010 e início de 2011, respectivamente, muito se especulou sobre a forma que elas impactariam o mercado de seguros brasileiro. A repercussão internacional foi negativa: grupos de seguros da Europa, Ásia e Américas se uniram para tentar convencer o Governo brasileiro a rever as regras.

Hoje, quase três anos após a publicação das normas – que definem uma reserva de mercado de 40% do valor da apólice para as empresas nacionais e permitem as operações intragrupo até o limite de 20% do prêmio correspondente a cada cobertura contratada – a principal mudança no setor ressegurador foi o aumento do número de companhias autorizadas a operar como locais.

Em julho de 2011,o Brasil contavacom 94 resseguradoras, sendo oito locais, 29 admitidas e 57 eventuais, segundo informações do site Tudo Sobre Seguros, da Escola Nacional de Seguros. Hoje, são 103: as locais quase dobraram de número, subindo para 14 empresas, enquanto a quantidade de eventuais (60) e de admitidas (29) permaneceu estável. Outros números confirmam a tese de que o mercado local está “reforçado”. Segundo informações da consultoria Siscorp divulgadas no início deste ano, as resseguradoras locais arrecadaram em 2012 um valor estimado de R$ 3,9 bilhões – crescimento de 21% em relação ao ano anterior. A estimativa é que o volume arrecadado por elas representou 68% do valor destinado ao resseguro pelas seguradoras. Em 2011, essa relação tinha sido de 56%.

Na opinião dos seguradores e corretores de resseguros consultados pela Apólice, as restrições impostas pelo governo, no fim das contas, foi uma medida acertada. Isso porque, alguns anos depois, já é possível notar maior. “As resseguradoras locais são competitivas porque conseguem ‘ganhar dinheiro’ no lado financeiro, ou seja, rentabilizar o capital a 8% ou 9%, diferente do que ocorre no exterior, onde as taxas de juros são baixíssimas. Nos EUA, por exemplo, é de 0,5%”, analisa o vice-presidente da JLT Re, Bruno Motta. Essa diferença, diz ele, possibilita às resseguradoras locais serem mais agressivas devido ao melhor resultado operacional. Outro ponto positivo do País, que ajuda a atrair os resseguradores estrangeiros a operarem como locais, é a falta de catástrofes de grande magnitude. Ou seja, a perspectiva de ter grandes perdas, de repente, é praticamente inexistente por aqui.

Os preços ficaram melhores e a capacidade do mercado também, considerando que os principais resseguradores mundiais estão no Brasil. Para os consumidores diretos do resseguro – as seguradoras – o momento é vantajoso. O Grupo BB Mapfre, por exemplo, é um grande consumidor de resseguros. “Em 2012, dos quase R$ 1,2 bilhão de prêmios de resseguro cedidos, quase 17% foram nossos”, diz o diretor de grandes riscos do Grupo, Wady Cury. Segundo ele, o grupo contrata resseguro preferencialmente das resseguradoras locais. “O risco é menor se fizermos resseguros com as  companhias locais, pois a regulamentação para elas é a mesma para nós”, raciocina.

Na visão de Cury, o “boom” de resseguradores estrangeiros querendo operar como locais já passou. Porém, mais algumas ainda devem ingressar no mercado brasileiro – mas não em quantidade tão expressiva.

Confira a reportagem completa na edição de abril (173).

Jamille Niero /Revista Apólice

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