Ultima atualização 25 de fevereiro

Prejuízo com cancelamento de turnê vai além da bilheteria

Segundo especialista, toda a cadeia precisa ser ressarcida – desde quem comprou os ingressos até dono dos direitos de transmissão dos shows

A turnê “Born This Way Ball”, da cantora Lady Gaga (foto), foi cancelada no dia 14 deste mês, por motivos médicos. Segundo a empresa organizadora, Lady Gaga se submeterá a uma cirurgia no quadril. Cerca de 200 mil ingressos já haviam sido vendidos. A estimativa é que o cancelamento custe € 18,5 milhões (R$ 48,4 milhões).
Este valor é apenas uma parte do prejuízo que a organizadora da turnê pode ter. De acordo com Bruno Amorim, diretor comercial corporate e responsável pelo segmento de Lazer, Esportes & Entretenimento da Aon, o cancelamento pode trazer prejuízos relacionados não só à bilheteria, mas também ao patrocínio e, em alguns casos, aos direitos de transmissão dos shows. “Toda a cadeia precisa ser ressarcida, não apenas quem comprou os ingressos. É um custo que, caso não esteja segurado, recai diretamente sobre os organizadores do show”, explica. A organização da turnê da cantora não revelou qual o prejuízo total.

Segundo Amorim, o seguro poderia cobrir toda a cadeia envolvida, desde o patrocinador que iria expor a marca durante o show até fornecedores de bebidas, passando pelo proprietário do local onde a apresentação ocorreria. Ele observa que, em muitos casos, a bilheteria acaba sendo a menor parte da receita. “Às vezes há mais verbas de patrocínio, anunciantes e com a transmissão”, diz.

O executivo comenta que geralmente o seguro é feito para a turnê inteira, e não para cada show. Para calcular o custo do seguro, levam-se em conta todas as apresentações, locais, público, quantidade de bilheteria, datas etc. “Hoje o que costumamos fazer no Brasil é uma única apólice declarando todas as apresentações na América Latina”. Depende também do que será coberto. Em locais abertos, como arenas ou estádios, há a questão da condição climática e o público, que geralmente é maior e pode haver o risco de tumulto. Em lugares fechados, como casas de shows, não há problemas de uma chuva desmontar o palco, mas pode impedir o público de chegar ao local.

O executivo comenta que há produtoras que fazem o seguro de cancelamento para todos os shows, independentemente do tamanho. Outras fazem apenas para apresentações específicas, geralmente as que atraem grande público, como Lady Gaga. Com isso, a taxa costuma variar de 1,5% a 3% do valor segurado. Artistas como ela, estima Amorim, podem gerar uma receita total equivalente ao dobro da

É um mercado que tem crescido de forma consistente. A carteira de seguro entretenimento da Aon expande de 30% a 35% ao ano desde 2010. Boa parte dos shows que contratam seguro no Brasil são devido à presença de artistas internacionais, já acostumados a protegerem suas apresentações em outros países. “Temos visto que grandes shows geralmente avaliam a receita em 50% proveniente de bilheteria e 50% de patrocínio”, opina.

Conforme dados divulgados pela imprensa, em 2010 o setor de entretenimento movimentou R$ 84 bilhões, valor que pode expandir 200% até 2014. Em 2011, foram 506 apresentações de artistas internacionais, considerando shows individuais e em festivais, aumento de 116% em relação ao ano anterior. Em 2013, este número pode diminuir, mas o Brasil ainda será palco de artistas renomados como Elton John (que desembarca neste mês para cinco shows) e a banda teen Jonas Brothers (que também fará cinco shows no País), sem contar grandes festivais como Lollapalooza e Rock In Rio. Este último teve sua apólice formatada pela Aon em todas as edições, exceto a deste ano que, segundo Amorim, ainda não foi fechada.

Jamille Niero / Revista Apólice

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