Ultima atualização 21 de janeiro

Gestão de risco indo por água abaixo

Por Claudio Dodt*

Quem quer que tenha tido a oportunidade de ter aulas básicas de geografia sabe que o Brasil é um país continental. Possuímos uma extensão tão grande que no território caberiam nações imensas, como a Índia e Austrália. Levando tal fator em consideração, o que poderíamos esperar de uma nação com uma das maiores reservas de recursos naturais, que vão do petróleo, ao ferro e, em especial, as bacias hidrográficas?

Em janeiro de 2013, vivemos novamente o drama das enchentes que devastam cidades como Xerém, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. E, parece uma piada de mau gosto que o nível médio dos reservatórios das regiões Sul e Sudeste, que correspondem por 70% da produção de energia hidrelétrica no país, apresentem uma queda de 28,54% na capacidade, considerada como pré-racionamento de energia.

É terrível cair novamente no chavão “esse é o país que vai sediar a Copa do Mundo”, mas é impossível não sentir um gosto amargo quando vemos o descaso com que os governantes tratam a infraestrutura básica e comprometem áreas essenciais, não se resumindo apenas a produção elétrica, mas também aos segmentos como transporte e saúde.

Quebrando o círculo vicioso

Infelizmente, este tipo de acontecimento não é de forma alguma uma novidade. No início da década passada, registramos um índice praticamente igual. Em dezembro de 2000, a capacidade dos reservatórios era de 28,52% e, em janeiro de 2001, o racionamento foi decretado pelo Governo.

O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico tem uma reunião marcada para esta quarta-feira, (09/01/2013) data em que é provável que adotem como solução paliativa o aumento no uso de energia gerada por térmicas, que além de ser mais cara para o consumidor, são provenientes de materiais como óleo, gás e carvão, produzindo mais poluição. Em outras palavras, vamos pagar mais, ter um impacto maior no meio ambiente, e ainda assim o problema não será solucionado de forma definitiva.

Enquanto o governo garante que a situação não é preocupante, chegamos ao ponto em que nossa presidente declarou ser “ridículo” dizer que o Brasil corra risco de falta de energia. Enfim, é notório que precisamos buscar soluções que sirvam mais do que pura e simplesmente como um tapa buraco.

A última década mostrou que nosso país está cada vez mais maduro em um contexto internacional, já que atraímos os holofotes e olhos do mundo. Além disso, vamos sediar nos próximos anos eventos em uma escala global. Chegamos na hora em que é necessário adotar uma postura cada vez mais estratégica, se quisermos garantir esse crescimento.

Não existe um Deux Ex Machina para apresentar uma solução mágica, mas começar a adotar de forma séria disciplinas como a Gestão de Risco, em áreas básicas, é um passo essencial para qualquer nação que deseja crescer de forma sustentável e segura. Enquanto não fizermos isso, bem, pelo menos jantar a luz de velas ainda é algo romântico.

* Claudio Dodt é consultor e gerente regional da Daryus Consultoria, no Nordeste. Profissional certificado em CISA, CRISC, CISSP, ISO 27001 LA, ITIL V3 EXPERT, atualmente é Business Continuity & Security Senior Consultant, atua na área de tecnologia há mais de 10 anos, exercendo atividades como técnico e analista de suporte, Analista de Segurança Sênior, Security Officer e Supervisor de Infraestrutura e Segurança. 

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