Ultima atualização 25 de maio

Suspensão da venda de planos de saúde divide opiniões

Para alguns corretores, medida pode “assustar” consumidor e gerar desconforto para quem comercializou produto, mas direito do usuário deve ser garantido

A suspensão, por parte da ANS, da comercialização de 268 planos de saúde de 37 operadoras, divide a opinião dos corretores. Para alguns profissionais entrevistados pela Apólice, a medida pode “assustar” o consumidor e gerar desconforto para quem vendeu. Porém, o direito do consumidor deve ser garantido. Outros ainda acreditam que a suspensão acabará deixando o mercado nas mãos de poucas companhias, diminuindo a concorrência.

“Com raras exceções, nenhuma operadora de peso e de representação nacional foi envolvida”, aponta o corretor Luiz Carlos Hodas, da Plaven Corretora. Em sua opinião, a suspensão trará para o corretor benefícios no médio prazo, “pois fortalecerá as operadoras mais ‘afinadas’ com a classe”.

Já para o corretor Newton Siqueira, da Ransom Seguros, a notícia repercute negativamente. Ele acredita que, para o usuário, a preocupação é latente e, para o corretor que ofertou o produto, gera uma posição de desconforto. “Seria bem mais prudente a ANS ser mais rigorosa com as operadoras, mas não deixar chegar ao extremo. Acredito que a Agência poderia punir as operadoras e exigir a regularização de outra forma, sem o estardalhaço da divulgação”, comenta. De acordo com ele, sua corretora tem clientes entre as operadoras que estão na lista, mas como são poucos, sua produção não foi afetada.

A corretora Patricia Collese afirma que de certa forma foi prejudicada, pois estava em negociação com dois clientes para fechar um dos planos afetados pela suspensão. “Por outro lado, acho que as operadoras têm que respeitar o cidadão que paga por um plano e não obtém o retorno esperado. Prefiro que meus clientes aguardem um pouco do que comprem um plano de saúde e não tenham o atendimento que merecem”, pontua.

O corretor Gil Arquimedes Cones, da WA World Assistance, vê como positiva a intervenção da ANS. “Acredito que realmente a ANS está cumprindo seu papel, modelo este que a Susep deveria seguir. Esta atitude gera para nós uma tranquilidade ao oferecer produtos na área de saúde”, destaca.

Por outro lado, ele acredita que, com a suspensão, o seguro saúde ficará cada vez mais concentrado nas mãos de poucas companhias.

Outras operadoras

Operadoras que não foram afetadas pela suspensão comentaram o ocorrido. O diretor de Operações e Credenciamento do Inpao Dental, José Henrique de Oliveira, comemora a ausência de planos odontológicos na lista de suspensões.

“O fato dessa relação da ANS não constar nenhuma empresa de assistência odontológica demonstra que o setor está capacitado para suprir as necessidades dos beneficiários atuais com qualidade e margem para a sua ampliação”, diz. Na visão dele, a principal consequência será a busca por mais transparência nos processos internos das companhias, tanto na área financeira, quanto no operacional. “Se a capacidade financeira de honrar compromissos é importante, o atendimento de qualidade aos beneficiários também deve ser a prioridade de qualquer empresa de assistência que atua na saúde”, complementa.

Já para o diretor comercial da Ameplan, Laureci Zeviani ,ainda é precoce especular sobre a reação dos consumidores, mas gera uma oportunidade para as operadoras que não foram afetadas. “Isso vai alterar, pelo menos neste período, a participação no share das operadoras porque os representantes comerciais vão buscar outras opções para manter os seus negócios ativos”, prevê.

Histórico

As operadoras afetadas encaixaram-se nos critérios estabelecidos pela ANS para a suspensão dos produtos, já que foram reincidentes no não cumprimento da Resolução Normativa nº 259, que determina prazos máximos de atendimento para consultas, exames e cirurgias.

As operadoras foram notificadas e os produtos ficaram proibidos de ser comercializados desde sexta-feira passada (13) até a próxima avaliação trimestral, que será divulgada em setembro.

A ANS ainda determinou que os beneficiários que possuem planos cuja comercialização está sendo suspensa não terão seu atendimento prejudicado. Para que o plano possa voltar a ser comercializado, é necessária a adequação, por parte da operadora de saúde, do acesso dos beneficiários à rede contratada, o que favorece aqueles que já estão no plano.

A lista com os planos que tiveram sua comercialização suspensa pode ser encontrada no site da ANS, no endereço www.ans.gov.br.

Procurada pela reportagem da Apólice, a FenaSaúde, que representa 15 grupos de operadoras privadas de assistência à saúde, divulgou uma nota dizendo que “aguarda que as operadoras atingidas pela medida se pronunciem para então se manifestar”.

Jamille Niero

Revista Apólice

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