Ultima atualização 02 de julho

Situação financeira das empresas chinesas está estabilizada

Estudo realizado pela seguradora Coface ainda aponta que as companhias encontram dificuldades no acesso ao crédito

Apesar da desaceleração da atividade econômica em 2011 devido à paralisação no pacote de estímulo, política de aperto monetária e queda na demanda externa, o comportamento de pagamento das empresas chinesas se manteve em geral satisfatório, com as vendas a crédito crescendo fortemente. No entanto, problemas com ativos em dinheiro, forte concorrência e maior dificuldade de acesso a financiamento para pequenas empresas, que foram os principais motivos dos atrasos de pagamento em 2011, devem continuar a afetar a solidez financeira das corporações em 2012. Medidas de estímulo orçamentário, porém, devem atenuar os riscos econômicos e sustentar a atividade.

Estes dados constam em um estudo realizado pela seguradora Coface para fornecer um melhor entendimento do comportamento de pagamento doméstico das empresas chinesas. Esta é a nona edição do estudo. A Coface entrevistou mais de 1300 empresas de diversos setores e de diferentes perfis legais entre outubro e dezembro de 2011.

Transações a crédito

As vendas a crédito se tornaram a principal fonte de financiamento para empresas na China desde a crise de 2008. A proporção de empresas usando este método chegou a 90% em 2011, em comparação a apenas 65% quatro anos antes. O fenômeno pode ser atribuído à necessidade de lidar com a forte concorrência (para 53% das empresas que responderam à pesquisa) e à maior confiança entre os parceiros de negócios (23,5% dos que responderam). Menos empresas são forçadas a oferecer termos de pagamento a crédito devido a problemas com ativos em dinheiro enfrentados pelos seus clientes (17% em 2011, comparado a 25% em 2010).

Apesar das vendas a crédito estarem se disseminando, os prazos de crédito se retraíram em 2011. Quase 75% das transações são negociadas para 60 dias (ou menos), o que atenua os riscos, enquanto as transações para 90 dias ou mais são cada vez mais raras e se referem principalmente a contratos únicos.

Uma das consequências lógicas do aumento das vendas a crédito é que as empresas chinesas sofrem mais frequentemente com atrasos de pagamento dos compradores locais. Isto ocorre com 79% das empresas, em comparação a 67,4% em 2010. Deve ser notado, no entanto, que em 2008 mais de 90% das empresas tiveram pagamentos vencidos.

Por outro lado, os atrasos de pagamento são por períodos mais curtos. Apenas 10% excedem 90 dias após a data de vencimento. 36,5% das faturas são pagas em até 30 dias após o vencimento, um número que vem aumentando, sem interrupção, desde 2008.

Três setores vulneráveis são uma exceção a esta tendência: construção, aço e têxteis, nos quais os atrasos de pagamento são em geral superiores a 60 dias. A indústria de energia solar também deve ser monitorada devido à sobrecapacidade e sobreprodução de novas fontes de energia. Está em pleno crescimento, apesar do baixo consumo no mercado doméstico devido aos preços excessivamente altos e ausência de qualquer subsídio do governo.

Como foi o caso no ano passado, a principal causa dos atrasos de pagamento continua sendo a situação financeira difícil dos clientes, que foi notada por 63% das empresas, devido à combinação de problemas de fluxo de caixa, concorrência e falta de acesso a financiamento externo.

Preocupações em 2012

Em 2012, o crescimento chinês deve continuar mais lento e ficar na faixa de 8% ao final do ano. A experiência da Coface na China indica que o acesso a financiamento bancário é cada vez mais limitado para empresas do setor privado e particularmente para pequenos negócios. Isto também é indicado pelos resultados do estudo: quase um terço das empresas participantes da pesquisa disse que o principal perigo em 2012 é o acesso insuficiente a facilidades de crédito.

Como o financiamento bancário é garantido em grande parte às empresas do setor público (60% dos financiamentos sendo alocados para empresas controladas pelo Estado e autoridades locais), as pequenas empresas precisam recorrer para fontes alternativas de financiamento, como os  “bancos-fantasmas”. Este mercado de crédito informal tem crescido como resultado das distorções no mercado de crédito geradas pela atual organização do setor financeiro chinês, mas é muito frágil. As falências ocorridas em Wenzhou no último mês de outubro se espalharam rapidamente por todo o setor e exacerbaram as dificuldades das empresas.

J.N.

Revista Apólice

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