Ultima atualização 05 de julho

Sistemas de proteção infantil previnem até 90% das lesões graves e mortais

Segundo estudo da Fundación Mapfre, Brasil é um dos mais avançados na América Latina nesse assunto

Especialistas apontam que as chamadas “cadeirinhas” previnem entre 50% e 90% de todas as lesões graves e mortais. Com a aprovação da lei que torna obrigatório o uso da cadeirinha para transporte de crianças de até sete anos e seis meses em carros de passeio, o Brasil avançou na prevenção de mortes e lesões graves em crianças que sofrem acidentes de trânsito. “É um dos poucos países que mostra tecnicismo homologado e completo. É uma necessidade básica que todos os países deveriam ter. O Brasil também tem apoio técnico de efetividade e segurança das cadeirinhas”, avaliou Julio Laria Del Vas (foto), diretor do Instituto de Segurança Viária da Fundación Mapfre Espanha e autor de um estudo que avaliou como a população de países da América Latina e Caribe está utilizando a cadeirinha de segurança infantil para transportar crianças. O levantamento, que ainda levou em conta os países Portugal, Espanha e Suécia, foi apresentado no dia 27 de junho, em São Paulo.

A pesquisa apontou que o Brasil é um dos países mais avançados na América Latina quando o assunto é mecanismos de proteção de crianças em relação a acidentes de trânsito, apesar de ser um país com alto índice de mortes infantis (cerca de 1.500 em 2009). Porém, quando a análise leva em conta o número de mortes por milhão de habitantes, o Brasil tem uma taxa relativamente baixa: são 32 mortes de crianças por cada milhão de habitantes, em uma escala que vai de 15 mortes por milhão de habitantes a 95 mortes por milhão de habitantes. Na União Europeia, a taxa media é de 11 crianças mortas por milhão de habitantes. Na Ibero América, a taxa é de 42.

Somente três países da América Latina contam com legislação técnica específica para sistemas de proteção infantil. Entre eles, estão Porto Rico e Brasil, que tem legislação mais completa nesse sentido. “Por esses avanços na legislação, o Brasil deveria liderar os países da América Latina no sentido de melhorar ações e criar outras iniciativas para diminuir o número de mortes e lesões graves em crianças devido a acidentes de trânsito”, apontou Del Vas.

Entraves

Segundo o especialista, há falta de dados sobre acidentes de trânsito (especialmente em relação a crianças) em alguns países e os dados encontrados são muito heterogêneos. Essas foram algumas das dificuldades encontradas para comparar a situação em cada país. “Há países onde praticamente não há dados nem legislação sobre sistemas de retenção infantil”, destacou Del Vas.

O estudo também analisou o papel dos pais no uso dos sistemas de retenção infantis. Em vários países, 77% dos pais dizem que tem bastante interesse em que a escola ensine educação viária, mas metade não sabe se escola realmente oferece aulas sobre o tema. “Os pais, como cuidadores dos filhos, demonstram pouco interesse no processo educacional na escola nesse aspecto. Com isso será difícil chegar ao triângulo perfeito, com escolas preocupadas, pais preocupados e crianças seguras. Estamos fracassando no primeiro degrau, que é o conhecimento dos pais”, observou.

No quesito “porque não usam sistema de proteção infantil”, os pais alegaram que “trajetos muito curtos” e “preguiça”. 40% dos acidentes analisados ocorrem próximo a residência familiar, a menos de 50 km do domicilio. “Devemos, portanto, desarticular que trajetos curtos não são perigosos, como ir da escola para casa, e da casa para a casa dos avós”, indicou Del Vas.

A preguiça é outro conceito bastante enraizado nos pais. Quase 20% dos acidentes com crianças mortas foram provocados justamente por essa causa. “Ou seja, vemos que quase 60% dos falecimentos ocorreu por causa da preguiça de usar sistemas de retenção ou nos trajetos curtos”, define o especialista.

Lesões

Nas crianças, 21% das lesões graves acontece na região da cabeça. Mais de 30% no rosto e pescoço. “É a região mais vulnerável, porque crianças pequenas têm cabeça e pescoço pouco desenvolvidos e assim não há proteção total”, pontuou.

Proposta de ação

“Não precisamos investir muito em infraestrutura, o que precisamos são campanhas e legislação mais específica. São ações de baixo custo. Se conseguíssemos reduzir as taxas, a cada ano salvaríamos a vida de 5 mil crianças”, complementou o especialista. Ele ainda listou algumas ações:

– melhorar as estatísticas da polícia, polícia de trânsito e de saúde. se houver fonte única disponível para todos acessarem, melhor;

– padronizar a definição de morte no trânsito, especificar acidentes de transporte e trânsito;

– colocar à disposição dos cidadãos e pesquisadores informações anteriores;

– incluir na legislação nacional requisitos técnicos das cadeirinhas;

– campanhas permanentes sobre benefícios dos sistemas de retenção;

– melhorar a fiscalização;

– promover transferências de boas práticas.

Jamille Niero

Revista Apólice

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