Ultima atualização 19 de julho

Perdas globais devido às catástrofes naturais chegam a US$ 26 bi

Valor é relativo a primeiro semestre de 2012, segundo relatório da Munich Re

As perdas globais por catástrofes naturais somam US$ 26 bilhões até o final de junho deste ano, aponta um relatório publicado nesta semana pela Munich Re. Deste número, aproximadamente US$ 12 bilhões estavam segurados. As estatísticas de perda foram dominadas por desastres naturais nos EUA, onde, devido a tornados e incêndios florestais, quase 85% do total de perdas seguradas em todo o mundo foram registradas.

As perdas até o final de junho estavam bem abaixo da média de semestres anteriores. As perdas globais para os primeiros seis meses de 2012 foram de US$ 26 bilhões, em comparação com uma média de dez anos de US$ 75.6 bilhões para o período correspondente. Perdas seguradas para os primeiros seis meses de 2012 totalizaram US$ 12 bilhões, em comparação com uma média de US$ 19.2 bilhões em dez anos. Embora tenham ocorrido cerca de 3.500 mortes até o momento devido a catástrofes naturais, o número está bem abaixo da média dos últimos dez anos (53 mil).

Ainda segundo o relatório, houve, ao todo, cerca de 450 perdas devidos a desastres naturais nos primeiros seis meses de 2012, número ligeiramente acima da média de seis meses (395). No entanto, em meados do ano, não houve grandes catástrofes como em 2011. O ano anterior foi marcado pelas enormes perdas do terremoto no Japão e uma série de terremotos na Nova Zelândia. Perdas globais para o primeiro semestre de 2011 já totalizaram US$ 302 bilhões e perdas seguradas de US$ 82 bilhões.

“As perdas no primeiro semestre de 2012 foram relativamente baixas. Está em linha com as expectativas que anos extremos e moderados vão equilibrar-se mutuamente ao longo do tempo”, comentou Torsten Jeworrek, membro do conselho da Munich Re e responsável pela área de resseguro global. “O papel das seguradoras é criar prêmios adequados aos riscos a longo prazo, tendo em conta todas essas flutuações. A este respeito, as seguradoras podem também fazer algo para atenuar os encargos das perdas, fornecendo informações completas e oferecendo incentivos específicos de prevenção para reduzir a vulnerabilidade dos edifícios e infraestrutura”.

As estatísticas para os primeiros seis meses – até o final de junho – foram dominadas por perdas de eventos climáticos extremos nos EUA. Cerca de 85% de perdas seguradas em todo o mundo e 61% das perdas totais foram na América, principalmente nos EUA – em comparação com uma média anual de 65% e 40%, respectivamente, desde 1980.

A temporada de tornados nos EUA começou mais cedo do que o habitual. No início da primavera, em particular, houve surtos de tornado do meio-oeste até o sul, e alguns ainda geraram perdas na faixa dos bilhões. O evento mais evero foi uma linha de instabilidade que cruzou diversos estados entre 2 e 4 de março. Em torno de Ohio e Tennessee apenas, cerca de 170 tornados foram contados e uma série de pequenas comunidades foram quase completamente destruídas. Cerca de 180 mil casas foram danificadas. As perdas globais somaram US$ 4 bilhões, dos quais US$ 2,3 bilhões estavam segurados. Mais de 40 pessoas foram mortas.

Segundo Peter Hoppe, chefe da unidade de pesquisa geo e riscos da Munich Re, no geral, a maioria das tempestades relacionadas com furacões afetaram uma área limitada e podem causar sérios danos localmente, mas não são comparáveis ​​em escala de eventos como furacões. “No entanto, devido ao número de eventos, as perdas anuais podem atingir o nível de um grande furacão, como visto no ano anterior”, analisa.

O fator que desencadeou o grande número de tornados na primavera foi, provavelmente, o inverno quente que ocorre em algumas partes dos EUA e da atividade do fenômeno climático La Niña. Como parte dessa oscilação natural do clima, perturbações atmosféricas – como o ar muito frio do noroeste movendo-se entre os estados centrais dos EUA e reunindo-se com o ar quente e úmido nas regiões mais ao sul e ao leste. Estas condições aumentam a probabilidade de tempestades extremas. Embora o número de tornados nos primeiros meses foi próximo ao nível recorde de 2008, a atividade de furacão enfraqueceu a partir de abril, com o fenômeno La Niña retirado gradualmente.

“Um fato que se destaca nas estatísticas é o aumento no número de tornados registrados conforme o tempo passa, mas isso é principalmente devido a uma melhor forma de documentar. Nos EUA, no entanto, ao longo das últimas quatro décadas, podemos ver um aumento nas perdas de eventos convectivos, ou seja, eventos climáticos severos com ventania, raios, tornados, granizo e chuva torrencial – mesmo quando os valores são ajustados para levar em conta fatores como concentrações crescentes de valores e de inflação. Uma possível explicação poderia ser as mudanças nas condições meteorológicas e da umidade atmosférica, em especial o aumento também em parte devido à mudança climática”, continuou Hoppe.

Dado ao alto potencial de perda devido a vendavais e clima severo nos EUA, Hoppe salientou a necessidade, sobretudo nas regiões expostas, para reduzir a vulnerabilidade dos edifícios e infraestrutura. “Por isso, desde 1998, nossa subsidiária nos EUA, a Munich Re America, tem apoiado o Instituto de Seguros para Segurança de Negócios & Residência (IBHS, na sigla em inglês), que está desempenhando um papel fundamental na melhoria dos padrões de construção com o seu túnel de vento no condado de Chester, na Carolina do Sul, utilizado para testar a resistência dos edifícios em relação a vendavais e incêndios”, comentou Hoppe.

Na Europa, as catástrofes naturais também causaram perdas mais baixas do que o habitual no primeiro semestre. Apenas 10% (US$ 1,3 bilhão) de perdas seguradas em todo o mundo e 16% (US$ 4 bilhões) de perdas totais ocorreram em países europeus. O evento mais grave foi a tempestade de inverno Andrea, com rajadas de mais de 200 km/h e fortes nevascas na primeira semana de janeiro, que resultaram em perdas totais de US$ 700 milhões (€ 540 milhões). Perdas seguradas giraram em torno de US$ 400 milhões (€ 335 milhões). Além disso, a região de Modena, na Itália, sofreu tremores de terra de magnitude 6,0 e 5,8 em maio e 18 pessoas perderam suas vidas. Muitos edifícios historicamente importantes desabaram ou sofreram grandes danos.

Houve um número relativamente grande de perdas menores na Ásia e na região do Pacífico no primeiro semestre do ano. Uma inundação afetou diversas províncias chinesas, em maio, causando perdas totais na ordem dos US$ 2,5 bilhões.

Jamille Niero

Revista Apólice

Compartilhe no:

Assine nossa newsletter

Você também pode gostar

Feed Apólice

Ads Blocker Image Powered by Code Help Pro

Ads Blocker Detected!!!

We have detected that you are using extensions to block ads. Please support us by disabling these ads blocker.

Powered By
Best Wordpress Adblock Detecting Plugin | CHP Adblock