Ultima atualização 03 de maio

Para aumentar produção agrícola, Brasil deve investir no seguro rural

Seguradoras pedem cadastro único do produtor agrícola e mais clareza na definição de quem receberá subvenção do governo

Em 20 anos o Brasil dobrou a produção de grãos. Um estudo atualizado anualmente pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) projetou, na sua última edição, publicada em abril do ano passado, que até 2021 o Brasil deverá chegar a 68 milhões de hectares cultivados. A produção de grãos deve atingir 176 milhões de toneladas e a produção de carne deve aumentar 26% ou mais. Para que o País possa atingir os objetivos e concretizar os números, existem dois temas importantes: o crédito e o seguro. Estes foram os temas abordados no seminário “Instrumentos de crédito e seguro para o agronegócio”, realizado na última quinta-feira, 26 de abril, em São Paulo, pela Associação Brasileira de Agronegócio (ABAG). “O produtor precisa ter segurança na mitigação dos riscos”, avaliou Ricardo Conceição, sócio-diretor da RiCon Consultoria e Assessoria, um dos painelistas do seminário.

Segundo ele, a aprovação da criação do fundo de catástrofe foi uma vitória extraordinária, porém, pouco se falou sobre o assunto depois e é algo que está parado. “O fundo de risco e o seguro agrícola são fundamentais para tornar o setor agrícola mais atraente e menos vulnerável para a colocação de recursos. As fontes para recursos estão escassas. A palavra chave é mitigação de riscos”, definiu.

Seguro

Para especialistas do mercado de seguros, hoje o seguro agrícola não atinge a amplitude necessária. De 1995 a 2001 os prêmios recebidos foram R$ 135 milhões e os sinistros pagos somaram R$ 240 milhões. Em 2005 iniciou-se o programa de seguro rural e os prêmios e sinistros cresceram, além do valor subvencionado pelo governo.

De 2006 a 2011, a somatória dos sinistros pagos é praticamente igual ao valor subvencionado pelo governo. Esses dados foram apresentados pelo presidente da comissão de seguro rural da FenSeg, Luiz Roberto Foz. “Hoje a distribuição do seguro agrícola é maior no Sul e no Sudeste. Mais de 80% do seguro é destinado ao Sul, São Paulo e Minas Gerais”, esclareceu Foz.

De acordo com ele, de 2009 a 2010 subvenção diminuiu e, este ano, o valor destinado pelo governo foi R$ 174 milhões e mais R$ 100 milhões serão liberados. “Mas ainda é pouco”, reclamou.

Foz explicou que, atualmente, apenas cinco seguradoras operam com seguro rural no Brasil. “É muito pouco para a extensão territorial do Brasil”, comentou. O motivo para o baixo interesse das seguradoras para atuarem no setor é que falta política de proteção climática e de preço, além da baixa subvenção, tornando o risco muito grande e, portanto, o seguro caro. “Queremos uma definição clara de qual é a parceria público-privada. Quem será atendido por política pública? Porque com mais clareza os agricultores vão saber qual caso será o seu e o dinheiro da subvenção será destinado a quem realmente precisa. É necessária uma avaliação de interesse socioeconômico e político. Também é preciso levar em conta as regiões e culturas”, pediu Foz. Segundo ele, os recursos são distribuídos por seguradora, dificultando para o produtor rural comprar o produto adequado ao seu perfil e sua produção. “Ele acaba comprando o seguro de quem tem subvenção. O produtor deveria poder escolher onde fará seu seguro”, opinou.

Outra solicitação do presidente da comissão de seguro rural da FenSeg é o cadastro único do produtor. De acordo com ele, é importante para diminuir as taxas. A FenSeg já está trabalhando com o Mapa para criar esse banco com informações que sirvam para seguradoras, financiadores e monitoramento.

Jamille Niero

Revista Apólice

Compartilhe no:

Assine nossa newsletter

Você também pode gostar

Feed Apólice

Ads Blocker Image Powered by Code Help Pro

Ads Blocker Detected!!!

We have detected that you are using extensions to block ads. Please support us by disabling these ads blocker.

Powered By
Best Wordpress Adblock Detecting Plugin | CHP Adblock