Ultima atualização 16 de março

Primeiro balanço das perdas

A cobertura contratada pela Tokyo Electric Power Co, empresa responsável pela usina nuclear Fukushima Daiichi danificada pelo terremoto seguido de tsunami que atingiu o Japão, é de US$ 2,2 bilhões. No entanto, a apólice não cobre danos causados por terremotos - incluindo impactos e incêndios, ambos excluídos em termos de danos físicos e responsabilidade civil. Portanto, quem deverá arcar com os custos deste sinistro é o governo japonês. A apólice de Property também exclui contaminação nuclear.
Este é outro dano que afeta diretamente o mercado de seguros. Após uma nova explosão atingir os reatores da usina na manhã de ontem, 16 de março, o temor é que aumente o risco de contaminação radioativa entre a população japonesa. Com isso, as ações de algumas companhias de seguro de Vida e Saúde dos Estados Unidos com operações no Japão caíram muito.
A maior atingida seria a companhia de seguros Aflac, que vende no país asiático uma linha popular de seguros conta câncer, entre outros produtos de vida e saúde. Suas ações caíram 9,2% na terça-feira e fecharam em US$ 50,89, 5,58% baixo do registrado na segunda-feira (US$ 53,90). Cerca de 75% da receita da Aflac foi proveniente do Japão no ano passado. “O mercado está olhando para tudo que está exposto no Japão, e nós somos parte disso”, afirmou a porta-voz da Aflac, Laura Kane, em entrevista ao jornal The New York Times. Ela também disse que a companhia não está esperando um fluxo muito grande de reivindicações e não pretende mudar suas projeções financeiras por causa dos problemas no Japão.

Cenário geral
A estimativa inicial, anunciada pela AIR Worlwide, é de que as perdas econômicas do desastre no Japão atinjam US$ 100 bilhões. O custo das indenizações deverá alcançar a casa dos US$ 35 bilhões, levando em conta apenas o terremoto - sem considerar o tsunami nem os seguros de vida, informou a instituição. De acordo com Gustavo Mello, professor da Funenseg e diretor da Correcta Seguros, os US$ 35 bilhões ainda devem subir muito.
Em relatório divulgado na terça feira (15/03), a Fitch Ratings afirmou que as perdas abrangem desde simples apólices de automóvel até a contaminação nuclear e os lucros cessantes da maior montadora de veículos do mundo. Entre os segmentos mais afetados estão os seguros residenciais e comerciais, com danos aos imóveis, energia, marítimo, veículos, além do seguro de vida – que é o maior na região e movimenta prêmios de quase US$ 1 trilhão.
Segundo a Fitch, o governo tem capacidade de US$ 52 bilhões para danos causados por terremotos a residências. Esse apoio é resultado do seguro ser muito caro no país e mesmo assim ter restrições. Com isso, o número de moradias japonesas que têm seguro privado para danos causados por terremoto às residências fica entre 14% e 17%.
Ainda é preciso levar em conta que o epicentro do terremoto está localizado longe de cidades como Tóquio ou Osaka. As áreas afetadas têm menor penetração de seguro.
“A indústria de seguros irá cumprir com seu tradicional de papel como a primeira resposta econômica, ajudando o Japão a se recuperar do devastador terremoto, exatamente como fez na Nova Zelândia e no Chile”, disse o economista e presidente do Insurance Information Institute, Dr. Robert Hartwig. Segundo ele, o que torna este desastre tão extraordinário é o fato de quatro entre cinco dos mais caros terremotos e tsunamis dos últimos 30 anos terem acontecido nos últimos 13 meses, incluindo este. Anteriormente ao terremoto do Japão, as perdas seguradas com os outros terremotos somavam US$ 23 bilhões.

Ações
O mercado de ações entrou em alerta com o desastre no Japão. Tóquio, por exemplo, chegou a recuar cerca de 10%. Para acalmar o mercado financeiro, o governo japonês colocou mais de US$ 85 bilhões para capitalizar as instituições financeiras, informou o site Viver Seguro. Segundo Mello, da Correcta Seguros, as bolsas devem perder US$ 14 bilhões de investidores institucionais relacionados a seguros.
As resseguradoras também sofreram alterações nas bolsas de valores. As companhias Munich Re, Swiss Re, Hannover Re e o grupo francês Scor perderam entre 3,5% e 5,3% na sexta-feira passada.

Com informações do The New York Times e Insurance Information Institute

Jamille Niero
Revista Apólice

Foto: Reprodução

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