Ultima atualização 23 de fevereiro

Mercado precisa ser atrativo para investidores

O ritmo de abertura de capital deve bater todos os recordes em 2011. São esperados valores superiores aos registrados na captação dos IPOs (Ofertas Públicas Iniciais de Ações) em 2007, ano que antecedeu o estouro da crise financeira que estremeceu a economia mundial. O levantamento “Year-end Global IPO Update”, feito pelo time global da Ernst & Young, mostra que essas operações devem alcançar cifras totais de mais de US$ 300 bilhões ao redor do mundo. Apesar de na América Latina os números até novembro último não terem ultrapassado o volume de recursos arrecadado por IPOs em 2009 – são US$ 8 bilhões contra US$ 13 bilhões -, o Brasil se destaca na região. Foram 11 aberturas de capital no ano passado, liderando o ranking dos países latinos, com o maior montante de captação (US$ 6 bilhões), seguido pelo México, com cinco operações. Uma delas foi a Brasil Insurance. Depois de negociar com 100 empresas ao longo de 2009, adquiriram 27 corretoras de seguros que, posteriormente, deram origem à primeira holding brasileira de corretoras de seguros com capital aberto.
Entre as empresas consultadas está a Brasil Brokers.
Além de ser a única empresa do segmento listada, a Brasil Insurance saiu na frente no movimento de consolidação que atingirá o setor de corretagem no País. “A empresa deve gozar de uma vantagem por seu pioneirismo, pois ela adquire e consolida corretoras num mercado altamente fragmentado”, reforça um relatório do HSBC publicado recentemente. Para o sócio da área de IPOs da Ernst & Young, Paulo Sérgio Dortas, este movimento se fortalecerá em 2011 e nos próximos anos acompanhando o crescimento do mercado de seguros brasileiro. “O setor não vai fugir das muitas demandas que não ocorreram até agora e são realidade com o maior acesso ao consumo por parte das classes de menor renda. A bolsa é uma oportunidade não só de financiar a expansão das empresas, mas também viabiliza a consolidação das mesmas”, raciocina.
Em se tratando de um mercado tão pulverizado, principalmente no âmbito das corretoras de seguros, faz todo sentido. Segundo a análise do HSBC, apenas duas corretoras (ligadas a grandes empresas americanas) têm apenas 1% de participação de mercado. “A Brasil Insurance oferece um meio atrativo de se apostar no crescimento do setor de seguros no Brasil, alicerçada por fatores estruturais e econômicos favoráveis, sem os riscos de subscrição (underwriting) assumidos pelas seguradoras”, ressalta o estudo do HSBC Securities.
As projeções positivas são sustentadas pelo consumo crescente e a melhoria na renda disponível do brasileiro. A maior demanda por produtos, seja por parte de Pessoas Físicas ou Jurídicas, intermediada por corretoras de seguros, beneficiará mais receita, lucros e caixa positivos. Esse cenário deve ditar, inclusive, os resultados das ações das companhias do setor já listadas e são os principais atrativos para os investidores optarem pelo mercado de seguros. Embora a participação do setor no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro ainda esteja na casa dos 3,5% – dados da Susep de 2010, os números são animadores. Segundo a superintendência, o segmento apresentou expansão de 17,6% em 2010 perante o exercício anterior, com faturamento de pouco mais de R$ 90 bilhões, sem contabilizar o seguro saúde, que está sob o escopo da Agência Nacional de Saúde Suplementar. Somado a isso, o País tem em seu calendário de grandes acontecimentos a Copa do Mundo em 2014, as Olimpíadas em 2016, Pré-Sal, PAC (Plano de Aceleração do Crescimento), além das várias obras de infraestrutura que estão acontecendo em todo o território nacional. “Há ainda a crescente oferta de educação financeira, a possibilidade das pessoas começarem a planejar a sua vida para a melhor idade e novos milionários comprando jatinhos e alavancando o mercado imobiliário”, acrescenta Alan Soares, sócio da Trader Brasil Escola de Investidores.
Como o seguro está ligado ao consumo, na visão do especialista, as variadas opções de proteção oferecidas pelo mercado viabilizaram muitas oportunidades que antes só ficavam no desejo da população brasileira. “Há mais de 100 milhões de potenciais consumidores não só de um produto de seguros no Brasil, mas dos diversos produtos ofertados pelo segmento”, pontua.
Esse cenário macroenocômico positivo é o grande atrativo para o setor experimentar com mais intensidade os benefícios da abertura de capital. Para Dortas, da Ernst & Young, apesar do número de operações registradas em 2007 (64 IPOs) não se repetir neste ano por conta da excessiva euforia ocorrida na época, são esperadas mais de 30 operações de abertura de capital no Brasil em 2011. E o mercado de seguros, que até o momento só conta com três empresas listadas – Brasil Insurance, Porto Seguro e SulAmérica – , pode ser um dos setores a se fortalecer na bolsa de valores. O Barclays Capital, em relatório divulgado em outubro do ano passado, recomendou tanto Porto Seguro como SulAmérica, com projeção de 21% e de 60%, respectivamente, no segundo semestre comparado com o resultado obtido no primeiro semestre de 2010.
André Pimentel, sócio-diretor da Galeazzi & Associados, destaca que os principais pontos para uma empresa se tornar atrativa para os investidores são a transparência e o potencial de crescimento. “A capacidade do mercado de seguros de elevar seus ganhos é muito grande. Isso é música para os investidores”, compara ele.
Para alguns críticos, os resultados do setor ainda têm de suprir alguns gargalos para convencer os investidores a apostar no mercado de seguros. Devem estar na lista de deveres das empresas que desejam ir para a bolsa um maior investimento em tecnologia da informação, redução do custo da venda e das fraudes, mais transparência na comercialização, barateamento do processo de fusões e aquisições, entre outras tarefas.

Aline Bronzati e Denise Bueno
Revista Apólice

Confira a matéria completa na edição 148 da Revista Apólice

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