Ultima atualização 20 de outubro

Seguradoras devem limitar impacto da inflação sobre retornos de investimento

Os picos atingidos recentemente pelos preços das commodities e o afrouxamento atual da política monetária intensificaram os temores de inflação. Muitas seguradoras identificaram estas circunstâncias como um de seus principais riscos.
O mais recente estudo sigma da Swiss Re “O impacto da inflação sobre as seguradoras” sugere às seguradoras limitar o impacto da inflação sobre os retornos dos investimentos, avaliações de ativos e compromissos futuros de seguros aplicando hedging de inflação, incluindo cláusulas de indexação aos contratos e adquirindo resseguro.
A inflação é o fenômeno econômico de aumento dos preços de bens e serviços. Ela influencia as despesas com reclamações de sinistro e despesas em geral, o valor dos passivos e, menos diretamente, o valor dos ativos. Em termos históricos, o aumento dos custos das reclamações de sinistro ultrapassou a inflação devido a fatores adicionais conhecidos como “escaladas dos custos sociais” que, somadas aos custos da inflação, incluem os efeitos do aumento do número de litígios, mudanças nas normas sociais e crescentes despesas com tratamento médico.
A inflação afeta as seguradoras de vida e não-vida de diferentes maneiras. Para as do ramo não-vida, uma inflação súbita leva a maiores custos de reclamações de sinistro, minando sua rentabilidade. “Períodos prolongados de inflação galopante são problemáticos sobretudo para os segmentos de negócios long-tail”, comenta Thomas Holzheu, um dos autores do novo estudo Sigma. Ainda segundo ele, “as seguradoras podem atenuar o impacto ajustando as taxas de prêmio; porém, às vezes isto não é possível se as regulamentações ou o ambiente competitivo não permitirem tais ajustes.”
Para as seguradoras de vida, tanto a inflação quanto a deflação constituem riscos. Geralmente a inflação vem acompanhada de um aumento das taxas de juros, o que reduz o valor das garantias de retorno. Uma inflação em alta pode ter efeito negativo sobre a demanda, podendo levar a cancelamentos de apólices pelos tomadores de seguro, bem como acarretar crescentes custos para as seguradoras.
Em caso de deflação, ou se uma inflação muito baixa persiste, as taxas de juros tendem a cair. “Isto dificulta às seguradoras de vida, com grandes carteiras de produtos de poupança com garantia de taxa de juros mínima, obterem o retorno esperado dos ativos”, analisa Kurt Karl, economista chefe da Swiss Re nos EUA e um dos autores do estudo.

Opções para atenuar o risco de inflação
As seguradoras preocupadas com o risco de inflação podem atenuar este risco de diversas maneiras. Para David Laster, um dos autores do estudo, “quanto aos ativos, as seguradoras podem investir em commodities, imóveis e títulos indexados à inflação, que consideramos os hedges (operação que tem o objetivo de proteger o valor de um ativo contra uma possível redução de seu valor numa data futura). Tais investimentos têm obtido bom desempenho durante períodos de inflação alta”.
As seguradoras também podem modificar os contratos de seguro para encurtar o prazo e, consequentemente, reduzir o risco de desenvolvimento. Segundo Holzheu, “as seguradoras podem introduzir apólices ‘claims made’ ou cláusulas ‘sunset’ para solucionar a questão de sinistros latentes, além de poderem incluir cláusulas de indexação vinculando prêmios, limites e dedutíveis/retenção a um índice atrelado
à inflação.”
O resseguro também pode oferecer às seguradoras proteção contra surpresas inflacionárias, o que se revela particularmente útil em mercados emergentes, onde o risco de inflação alta é mais elevado.

Ameaça no médio prazo
Para Karl, embora as políticas monetárias agressivas e os gastos públicos em nível recorde tenham causado inquietações com a possibilidade de um crescimento inflacionário, é improvável que isso ocorra nos próximos um a três anos. Segundo ele, os motivos são que as taxas de desemprego estão elevadas e há poucas restrições de capacidade. “No entanto, a inflação poderá aumentar se o afrouxamento da política monetária for mantido por muito tempo e se houver forte aceleração no crescimento”, acrescenta o economista.

J.N.
Revista Apólice

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