Ultima atualização 29 de setembro

Procura de idosos por fundos de aposentadoria privada cresce 60%

O sonho de uma aposentadoria mais tranquila tem aumentado a procura por planos de previdência privada mesmo por quem já está perto de abandonar a rotina do trabalho. Segundo um estudo da Icatu Seguros, as contratações de planos por pessoas com mais de 60 anos subiram mais de 60% nos últimos cinco anos.
São poupadores atraídos por uma renda complementar, benefícios fiscais ou que simplesmente nunca acumularam dinheiro. Especialistas em finanças, no entanto, sugerem sempre avaliar, caso a caso, outras possibilidades de investimento.
Segundo o estudo, o volume de entrada (valor inicial aplicado pelos poupadores) desse público no ano passado foi quatro vezes maior do que em 2005, um aumento de 310%. No último ano, por exemplo, percebe-se o maior movimento: o volume de entrada em 2009 praticamente dobrou em relação a 2008.
?O crescimento do volume de entrada é expressivamente maior do que o número de clientes, o que significa que o tíquete médio dessa faixa é elevado e está aumentando?, diz Aura Rebelo, diretora de Marketing da Icatu Seguros.
Isso ocorre, em parte, porque quem chega aos 60 anos sem acumular recursos terá menos tempo de contribuição. Quem começar a poupar em fundos de previdência nesta idade, com a expectativa de receber R$ 5.000 por mês a partir dos 70 anos, precisará contribuir com R$ 3.069 por mês. Quando começar a receber o dinheiro aplicado, terá acumulado R$ 473.827, segundo o site Com Dinheiro.

Especialista recomenda fundo de ações e renda fixa
Para se ter uma ideia de como o valor é elevado, quem começar a contribuir aos 40 anos para receber a mesma quantia aos 70 anos precisaria desembolsar apenas R$ 581,12 por mês. Já a partir dos 20 anos, seriam R$ 180 mensais.
Para alguns especialistas, no entanto, o peso da taxa de carregamento (cobrada em cada aplicação) de 3% em média e de administração (cobrança anual) de mais ou menos 2% ao ano tiram atratividade dos planos de previdência para quem quer aplicar em um prazo de 10 anos. Seria, portanto, mais interessante de um modo geral aplicar em um fundo de renda fixa.
Alexandre Espírito Santo, professor da ESPM e economista da Way Investimentos, sugere um mix de aplicação entre renda fixa e variável. Nas contas dele, quem aplicar R$ 100 mensais em um fundo de ações e R$ 200 em renda fixa terá R$ 62.400 em dez anos. Ele considera um retorno líquido médio de 0,856% ao mês, somados os dois rendimentos.
“Quem chega a essa idade sem ter poupado não fica com o tempo a seu favor. E os planos de previdência exigem tempo para que o poupador se valha dos benefícios fiscais”, explica Espírito Santo.
Myrian Lund, da Fundação Getulio Vargas (FGV), frequentemente presta consultoria para pessoas acima de 50 e 60 anos que começam a poupar. Ela também sugere diversificar entre renda fixa e ações.
“Normalmente esse grupo acaba se aposentando mais tarde. E, nessa fase da vida, quem ainda não poupou nada, deve procurar uma forma mais agressiva. Na renda fixa o ganho será pequeno. Para quem não tem nada a perder, vale correr mais risco”, afirma.
Constança de Brito Lefévre, de 62 anos, começou a aplicar em um plano de previdência cinco anos atrás. Estilista de uma loja de vestidos que pertence à sua filha, Constança explica que nunca tinha feito poupança.
“Eu passeei por todos os planos econômicos. E naquela época a percepção era que quem guardava dinheiro sempre perdia. Mas agora, perto da aposentadoria, percebi que poderia ser um peso para meus filhos. Então decidi juntar dinheiro”.
Para compensar o curto período de contribuição, pessoas como Constança têm realmente adotado um perfil agressivo de investimento. Segundo a Icatu, em 2005 a carteira de quem tinha mais de 60 anos era dividida entre 67% dos planos com renda fixa e 32% com renda variável. No último ano, a renda fixa representava 56% e a variável 44% da carteira.

VGBL tem sido usado para transmissão de herança
Arizoly Rodrigues Pinto, superintendente comercial da Brasilprev, acredita que a maior parte desses aplicadores, no entanto, recorre aos planos de previdência para desburocratizar a herança. A modalidade Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL), por ser classificada como seguro, não implicando gastos com advogados para o inventário:
“Em 30 dias a família começa a receber os recursos”, diz.
E muitos também adotam o Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL), outra modalidade de previdência privada, para se valer da possibilidade de abatimento de Imposto de Renda em até 12% da renda bruta, o que vale para declaração completa.

Bruno Villas Bôas
O Globo

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