Ultima atualização 10 de maio

Golfo do México dá lições de gestão de riscos

O vazamento de óleo na costa dos Estados Unidos é um bom exemplo para gestores de riscos do mundo inteiro e deixa claro o quanto ser transparente e respeitoso com os meios de comunicação, responsáveis por manter a sociedade informada, pode gerar bons frutos. A conta deste acidente deve superar os US$ 10 bilhões, segundo o professor da Escola Nacional de Seguros, Gustavo Cunha Mello, e sócio da corretora Correcta Seguros. Desde valor, apenas algo entre US$ 2 bilhões e US$ 3 bilhões vão ser indenizados pela indústria de seguros. O restante corre por conta das empresas, que já perderam um bom valor de mercado nas bolsas.
O acidente começou com o naufrágio da plataforma Deepwater Horizon, em operação pela British Petroleum (BP), que por sua vez alugava a plataforma por US$ 533 mil ao dia à proprietária Transocean. A BP é dona de 65% do poço, enquanto a Anadarko Petroleum Corp. possui outros 25%. Ou seja, muitos são os envolvidos e todos têm apólices de seguros.
Segundo levantamento de dados feito por Mello, a cotação da ação da Transocean na Bolsa de Nova York, com código de RIG, no dia 20 de abril superava US$ 90. Já está em US$ 72,74. Sendo o valor de mercado da Transocean de US$ 23,4 bilhões, a desvalorização das ações já chega a US$ 4,68 bilhões. As ações da BP recuaram 13% desde o dia do acidentes, contabilizando uma perda de US$ 20 bilhões. Esse foi o custo, até aqui, do acidente.
Analistas acreditam que o custo para a BP em termos de capitalização no mercado financeiro chegue a US$ 10 bilhões, com parte recuperada quando a empresa estancar o vazamento, recuperar os estragos no meio ambiente e indenizar os terceiros prejudicados, como a indústria pesqueira da Lousiana e a indústria turística da Flórida, ambas com custos estimados em US$ 2,5 bilhões e US$ 3 bilhões, respectivamente.
Segundo série histórica do estudo da Swiss Re, o acidente mais caro para a indústria de seguros até agora foi o do navio Exxon Valdez, que derramou 250 mil barris de petróleo no Alasca. O vazamento diário de petróleo no Golfo do México está em cinco mil barris. Segundo a BP, demorará três meses para estancar o vazamento. ?E assim, muito infelizmente, poderemos ter um novo recorde desagradável nos EUA?, analisa Mello.
O lado positivo, cita o professor, é que muitas lições foram aprendidas. O governo Barack Obama está empenhado em auxiliar na solução e a BP está gastando muito dinheiro e agindo muito rápido, utilizando toda tecnologia possível para mitigar os danos. Além disso, as empresas mostraram ter um gerenciamento de crise de sucesso. Além de atender a jornalistas, dar entrevistas e informações, a BP criou um site sobre os trabalhos de recuperação e solução do vazamento no golfo (http://www.deepwaterhorizonresponse.com), página no facebook (Deepwater Horizon Response) e notícias rápidas pelo twitter (www.twitter.com/Oil_Spill_2010) para que todos possam acompanhar os esforços na recuperação dos estragos gerados pela explosão da plataforma.
Em termos de seguro, o mercado estima prejuízos de até US$ 2 bilhões. Segundo pesquisa de Mello, a Transocean possui uma apólice de US$ 10 milhões por ocorrência para acidentes pessoais afetando a sua tripulação e cobertura de outros US$ 5 milhões para cobrir danos a terceiros, onde se inclui os 11 funcionários mortos e 17 feridos, sendo que destes três estão em estado grave. Tem também cobertura de até US$ 950 milhões para qualquer dano a terceiros. ?Lembrando aqui que multas por danos ambientais não são cobertos em nenhuma apólice de seguro no planeta?. Mas há cobertura, por exemplo, para a indústria pesqueira da Louisiana que está estimado em US$ 2,5 bilhões, e para o turismo na Flórida estimado em US$ 3 bilhões.
A plataforma em si está coberta pela apólice de riscos de petróleo da Transocean com valor de US$ 560 milhões, embora estima-se que o valor atual de reposição de uma plataforma idêntica esteja em US$ 700 milhões. A Partner Re já anunciou US$ 60 a US$ 70 milhões em perdas com a Deepwater Horizon, a Hannover Re, US$ 53 milhões com o acidente, a exposição da Munich Re é de US$ 100 milhões, entre outras inúmeras seguradoras que completam a colocação destes seguros no mercado.

Denise Bueno
Sonho Seguro

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