Após três anos de trabalho, a Susep e a Fenaprevi lançaram ontem, 18 de março, no Rio de Janeiro, a primeira tábua atuarial “genuinamente” brasileira. Com isso, o País deixa de utilizar o padrão norte-americano (AT-2000) e passa a ser um dos primeiros a ter a sua própria ferramenta para precificar seguros de vida e previdência privada.
A tábua BR-EMS, desenvolvida pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), foi feita com base na consolidação e refinação dos dados dos exercícios de 2004, 2005 e 2006 concedidos por 23 seguradoras que representam cerca de 95% do mercado brasileiro de vida e previdência privada. Foi analisado o histórico de 32 milhões de segurados, sendo 19 milhões do sexo masculino e 13 milhões do feminino. “Isso só foi possível por conta do tamanho do Brasil e do nosso mercado”, enfatizou Marco Antonio Rossi, presidente da Fenaprevi e da Bradesco Seguros durante coletiva de lançamento para jornalistas.
Somente no setor de previdência privada do País, o número de beneficiários saltou de R$ 3 bilhões no ano de 1994 para R$ 170 bilhões atualmente. Segundo Rossi, os consumidores de seguros de vida e previdência privada terão a partir da nova tábua produtos desenhados conforme a realidade de expectativa de sobrevivência e mortalidade brasileira. “Ela coloca o Brasil em outro patamar”, avaliou.
Para o superintendente da Susep, Armando Vergilio dos Santos, a nova tábua biométrica permitirá uma avaliação mais justa da precificação dos seguros de vida e adequação dos planos de previdência privada, pois leva em conta a realidade econômica, social e demográfica do Brasil. “As empresas e consumidores terão mais segurança jurídica nos seus contratos”, garantiu ele.
Na visão do professor Mario de Oliveria, coordenador da nova tábua pela UFRJ, a realidade brasileira é distinta da norte-americana, pois várias curvas na tábua se diferem em diversas faixas estarias. “E isso traz um preço mais justo para os produtos”, corroborou.
Na tábua antiga, a expectativa de vida para homens era de 80 anos e, para mulheres, de 86 anos. Já no formato tupiniquim, a média é de 81,9 anos para o público masculino e 87, 2, para o feminino. Apesar da pequena diferença, no longo prazo os prêmios de seguro de vida podem reduzir entre 10% e 15%. Nos planos de previdência privada, não foram registradas “grandes discrepâncias”.
A nova tábua biométrica será dinâmica, ou seja, a cada ano as seguradoras fornecerão novos dados que serão incluídos a cada cinco anos, atualizando a realidade da população brasileira que consome seguros de vida e planos de previdência privada.
Depois do lançamento da tábua atuarial brasileira para jornalistas durante coletiva, os presidentes da Fenaprevi e da Susep participaram de solenidade para apresentar o novo instrumento a executivos do setor.
Aline Bronzati / Revista Apólice
*A jornalista viajou a convite da Fenaprevi