Os fãs ficam tristes, mas não há melhor marketing para o produto de “no show” das seguradoras do que o cancelamento ou adiamento de grandes shows.
Os cariocas amantes de Guns N’ Roses vão ter que esperar provavelmente até abril para ver Axl Rose subir ao palco da Praça da Apoteose. Marcado para ocorrer no último domingo, o show foi adiado depois que um temporal derrubou parte do palco e machucou duas pessoas da equipe organizadora.
O seguro dos shows da banda no Brasil foi feito pela Allianz com a corretora Aon, segundo fontes do mercado. Procuradas, elas não se pronunciaram por questões de confidencialidade que mantêm com os clientes. A Aon, inclusive, também fez todos os seguros da turnê da Beyoncé no Brasil. A Time 4 Fun, que produziu as apresentações do Guns, não respondeu ao pedido de entrevista até o fechamento dessa edição. O nicho de entretenimento é hoje disputado por seguradoras mais especializadas, como Ace, Allianz, Chubb e Liberty, além das corretoras Aon e Marsh.
Os tipos de coberturas mais comuns nas apólices de eventos são os de acidentes pessoais (obrigatório quando os ingressos são cobrados), responsabilidade civil (que cobre danosmateriais ou corporais a terceiros) e “no show” – que cobre as despesas com cancelamento ou adiamento do evento. “A procura por seguros para eventos aumenta bastante quando incidentes como o do showdo Guns acontecem”, comenta Jeferson Bem, superintendente de Responsabilidade Civil Geral da Ace, que entre outros participou dos seguros dos shows do Rolling Stones e do carnaval do Rio de Janeiro e Salvador. Este é um mercado que está aquecido, mas ainda tem muito potencial de crescimento. “Muitos não contratam seguro de cancelamento ou porque acham caro ou por não saber da sua existência”, explica Juliana Sabrina dos Santos, executiva de contas da linha de entretenimento da Chubb. Segundo ela, a apólice custa entre 1% e 2% do orçamento do evento.
É necessário fazer desenhos de coberturas específicas de acordo com as características da apresentação. “Um show com a estrutura do AC/DC, com pirotecnias e uma locomotiva no palco, é diferente da de um show do Coldplay”, exemplifica Bem, da Ace. A seguradora tem contratos de resseguros com cobertura de até US$ 50 milhões.
Alta velocidade
Na apólice de cancelamento da Fórmula Indy, por exemplo, foi incluída a cobertura adicional de “condições climáticas adversas”, pelo possibilidade de alagamento da pista, por conta das fortes chuvas em São Paulo e pela prova ter sido realizada próxima da Marginal Tietê.
“Para a primeira etapa da Fórmula Indy, foram fechadas três apólices: responsabilidade civil, riscos diversos e ‘no show’, com cobertura para até R$ 105 milhões”, conta Marco Aurélio Batista, diretor da Keta Consultoria, responsável pela formulação dos seguros da corrida.
Thais Folego – Brasil Econômico
