Ultima atualização 05 de março

Capacidade do resseguro corre risco no pré-sal

A exploração de petróleo na camada do pré-sal brasileiro poderá sobrecarregar a capacidade atual de resseguros no mercado internacional, estimada em US$ 1,8 bilhão a US$ 2 bilhões. “Esse valor é o das resseguradoras especializadas (em energia). É possível ampliar essa capacidade em mais US$ 1 bilhão, contratando cobertura com o mercado não especializado”, disse Carl Day, engenheiro inglês, executivo da corretora Hiscox, pertencente ao Lloyd’s de Londres, centro de subscrição de riscos mais importante do mundo.
Day definiu o pré-sal como “um enorme desafio” durante uma conferência de profissionais dos mercados de seguros e energia promovido pela Jardine Lloyd Thompson Ltd (JLT), de Londres, e sua filial brasileira, a resseguradora JLT Re.
Segundo o executivo da Hiscox, o mercado segurador internacional tem experiência na cobertura de exploração de petróleo em águas profundas. No entanto, serão necessárias informações mais detalhadas sobre o pré-sal, que permitam às seguradoras e resseguradoras calcularem o risco que estarão correndo com o maior grau possível de precisão.
Para conhecer melhor o programa de exploração de petróleo, a JLT chamou para a conferência Luiz Octávio P. de Mello, gerente de seguros, planejamento financeiro e gestão de riscos da Petrobras. Ele foi claro em dizer que os estudos estão em andamento.
“Acho que o maior desafio é a instabilidade do solo na área do pré-sal, ainda desconhecida”, disse Carl Day . Ele explicou que, embora as seguradoras conheçam o risco da perfuração e construção de plataformas em alto mar, a dificuldade no pré-sal é o terreno instável e o controle dos poços em relação a possíveis desmoronamentos.
Rodrigo Protasio, vice-presidente da JLT Re, disse que o histórico de sinistros na área de energia (que inclui petróleo e gás) é baixo em todo mundo. Porém, um único acidente pode causar prejuízos até acima da capacidade de resseguro do mercado.
Mesmo prevendo uma possível necessidade de expansão da capacidade de resseguros, o executivo da Hiscox não vê dificuldades: “O mercado está interessado no (risco) Brasil, não vejo problemas para segurar os riscos desde que tenhamos as informações necessárias”. Segundo ele, a Petrobras é reconhecida como empresa com grande capacidade tecnológica de perfuração em águas profundas. “Estamos certos de que ela vai encontrar soluções para os desafios que vão surgir da exploração na camada de pré-sal”.
Isabel Braga coordenadora de seguros da divisão Óleo e Gás do grupo Queiroz Galvão também atestou o interesse do mercado no risco petróleo brasileiro. A Queiroz Galvão, que participa dos projetos de exploração da Petrobras fornecendo sondas e equipamentos, já tem US$ 1,6 bilhão em riscos “off shore” colocados no Lloyd’s, e até o ano que vem deverá dobrar esse valor com a chegada de três novas sondas que estão em construção nos estaleiros de Cingapura e Abu Dabi. “Em 2008 quando fizemos o primeiro ‘road show’ em Londres apareceram 20 underwritters (corretores de resseguros). Quando voltamos em 2009 apareceram 60”, contou Isabel.

Janes Rocha / Valor Econômico

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