Ultima atualização 05 de fevereiro

Resseguro: crescimento pode chegar a 20% este ano

No terceiro ano desde a quebra do monopólio estatal para o setor de resseguro no Brasil, a tendência é que o mercado cresça a uma taxa que pode alcançar 20% no ano. A estimativa é do presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNSEG), antiga Fenaseg, João Elisio Ferraz de Campos. Ele lembrou que, em geral, o mercado cresce de duas a três vezes acima do Produto Interno Bruto (PIB). Os últimos dados do ano passado, de janeiro a novembro, mostram que o setor cresceu 18% em relação a igual período do ano anterior, segundo levantamento da Superintendência de Seguros Privados (Susep).
Se no ano passado, que foi um ano de crise e que a taxa de crescimento do PIB foi zero, nós crescemos 18%, este ano, com as perspectivas de expansão de 5% a 6% para o PIB, nosso mercado poderá crescer muito mais. Isso me faz acreditar que 20% para 2010 é um percentual bem razoável, afirmou Campos, durante visita ao Jornal do Commercio, na última quinta-feira.
Campos explicou que mesmo com a abertura do mercado, em 2007, quando caiu a obrigatoriedade de as resseguradoras repassarem parte do risco de seus contratos ao IRB Brasil Resseguros, instituição estatal criada no início da década de 40, o governo ainda domina o volume total de prêmios do setor.
De janeiro a novembro de 2009, de acordo com dados da Susep, 78% dos prêmios emitidos pela resseguradoras locais (nacionais e internacionais com escritórios no Brasil) foram feitos pelo IRB. Isso dá um montante de R$ 2,58 bilhões.

Crise
Na avaliação de Campos, um dos motivos para esse percentual ainda elevado a despeito da extinção do monopólio do IRB, foi que durante a crise mundial seguradoras e resseguradoras no Brasil optaram por repassar parte de seus riscos à instituição estatal, que, por estar apoiada no governo, apresentava mais segurança frente às americanas e européias. No auge da crise, a American International Group (AIG), uma das maiores seguradoras do mundo, teve de ser socorrida pelo Federal Reserve, o banco central americano, sob risco de falência.
De acordo com Campos, mesmo com a crise e com as instituições no exterior em dificuldade, o setor apresentou um bom desempenho no Brasil. A previsão de Campos é que o mercado segurador brasileiro feche 2009 com crescimento de 16%. Não tivemos absolutamente nenhum problema com a crise. Isso se explica porque a maior parte das nossas reservas está em títulos públicos, afirmou Campos.
Ainda assim, avaliou, o País não tem um mercado condizente com a sua economia. Por conta de o Brasil ter vivido várias décadas de hiperinflação, disse Campos, o setor nunca teve possibilidade de decolar. A inflação é a maior vilã do seguro. A estabilidade econômica, desde a criação do real, está permitindo que o mercado se fortaleça. De lá para cá, o setor quase triplicou de tamanho.
Campos lembrou que recentemente o País foi classificado como a oitava economia do mundo, mas no setor de seguros, porém, ele ocupa a décima quarta colocação. O presidente da CNSEG ressaltou, contudo, que o cenário desfavorável ao longo dos anos não impossibilitou que fossem criadas grandes empresas seguradoras no Brasil, que não deixam nada a desejar às estrangeiras. O argumento de Campos é corroborado pelo fato de a líder do setor no Brasil, a Itau-Unibanco, ser nacional.

Grandes nomes
Temos grandes resseguradoras no Brasil, como Itaú-Unibanco, Bradesco, JMalucelli, Porto Seguro, Sulamérica, entre outras, que são competitivas frentes às gigantes estrangeiras, que no Brasil ocupam posição de destaque, mas sem a liderança, disse.
O fim do monopólio estatal, avaliou, possibilitará que o mercado avance mais rapidamente, em todas os segmentos de resseguro. Antes de 2007, lembrou Campos, 50% dos prêmios eram repassados ao IRB e 50% ficavam com as instituições privadas, fato que reduzia a possibilidade de crescimento e a atratividade do setor. De acordo com ele, o seguro garantia, que é o que garante obrigações contratuais, é um dos ramos que mais tem espaço para crescer por conta dos grandes projetos de infra-estrutura que estão sendo realizados no País. As perspectivas para a realização de novos projetos no Brasil vão possibilitar a expansão do segmento, afirmou Campos.

Microsseguro tem grande potencial
O público potencial de consumidores de microsseguro no Brasil é 120 milhões de pessoas, segundo o presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNSEG), Joao Elisio Ferraz de Campos. O volume, informou, é o número de brasileiros com renda de até três salários-mínimos. Campos explicou que o microsseguro é caracterizado não pelo baixo valor da apólice, mas pela faixa de renda para quem se destina o produto. O governo federal está desenvolvendo a regulamentação deste tipo de seguro, que é novidade no Brasil, mas já é realidade em países como Índia e China.
Para apressar a criação da legislação específica, a CNSEG sugeriu ao governo a inclusão de um tipo de microsseguro no programa Bolsa Família. A ideia, afirmou Campos, é vender apólices, subsidiadas pelo governo, de auxílio funeral. No caso de morte do chefe de família, a apólice cobriria um funeral e mais seis meses de cesta básica à família. O seguro seria pago pelo governo em parceria com um pool de seguradoras.
O potencial de alcance desse produto, segundo Costa, é de 35 milhões de pessoas. A nossa ideia é o governo ou subsidiar a compra desse seguro ou conceder incentivos fiscais às seguradoras que operam o produto.
Campos explicou que com a melhora de renda das classes C e D o mercado potencial para o microsseguro aumenta muito. De acordo com ele, os ramos que melhor se adaptariam às necessidade desse segmento são o auxílio funeral, acidentes pessoais, seguro desemprego, o garantia estendida (que estende a garantia de bens, como eletroeletrônicos) e o prestanista (que garante o pagamento de prestação em caso de o contratante não ter condições de pagar). O microsseguro não se caracteriza somente por uma apólice de baixo valor. Até porque isso já existe no mercado. O microsseguro se destina às pessoas de classe de renda mais baixa. Campos disse que a CNSEG fará uma experiência na comercialização do microseguro no Brasil. A instituição firmou parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), que destinou R$ 1 milhão para um teste na comunidade Santa Marta, no Rio de Janeiro.

Lucas Vettorazzo
Jornal do Commercio

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