Ultima atualização 18 de dezembro

As férias chegaram! É hora de relaxar, mas com seguro

Descansar não é sinônimo de abandonar algumas responsabilidades cruciais para a segurança, como o seguro viagem

férias

O ano de 2017 foi marcado por reviravoltas políticas e crises econômicas que pesaram também no setor de turismo. Mas a chegada de dezembro anima agora os agentes de viagem e também aqueles que esperaram o ano inteiro por um descanso. Só que descansar não deveria ser sinônimo de abandonar algumas responsabilidades cruciais para a segurança, como o seguro viagem. Turistas brasileiros, algumas vezes, se esquecem deste produto que pode ser contratado tanto para viagens nacionais quanto internacionais. No País, apenas 30% dos viajantes contratam o produto.

Muitos desconhecem a necessidade e até a obrigatoriedade de ter a proteção, mas o setor batalha nessa carteira para que isso mude. “A conscientização vem ganhando força. Com mais pessoas viajando, inevitavelmente, sinistros acontecem. Quando as pessoas se deparam com um problema em uma situação de maior vulnerabilidade, fora de sua residência, elas passam a valorizar mais o seguro”, comenta Marcio Magnaboschi, diretor Comercial de Vida, da Axa.

Há no Brasil a cultura do “não vai acontecer comigo”, especialmente no que diz respeito aos momentos de lazer com os quais as pessoas não gostam de associar a riscos, mas imprevistos estão por todas as partes. “Ano a ano há diversas notícias sobre sinistros. Os que viajam sem seguro são pessoas inexperientes, que precisam de explicações mais elaboradas para saberem para que serve e quais são os riscos. Isso muda com a experiência, embora nem mesmo os viajantes experientes contratem sempre o seguro”, elucida Rafael Turra, diretor Operacional e de Produtos da Vital Card. De acordo com levantamento da empresa, realizado em outubro de 2017, são os viajantes entre 35 e 50 anos que principalmente contratam a proteção. Os destinos com maior percentual de segurados são Europa (40%) e EUA (31,5%), com outros países somando 24% e as viagens nacionais com apenas 5% de contratações.

Esses números levam em conta uma série de fatores, como o da obrigatoriedade do seguro para viagens à Europa e o fato de que quanto mais perto a viagem, menos as pessoas temem os riscos e menos contratam. “O viajante que está começando vai optar pelo que é mais barato, mas é justamente nesse momento que ele pode ter problemas, se a cobertura contratada não for suficiente”, comenta Turra.

De acordo com dados fornecidos pelo Ministério do Turismo à Revista Apólice, anualmente cerca de 60 milhões de pessoas viajam dentro do Brasil e um dos grandes desafios continua sendo ampliar o turismo no País, seja trazendo mais visitantes internacionais para cá, seja fazendo com que o setor de viagens e turismo fique mais acessível a um maior número de brasileiros. “A expectativa da Pasta é incluir mais 40 milhões de brasileiros no mercado de viagens domésticas e ampliar de 6,5 milhões para 12 milhões o número de estrangeiros, nos próximos cinco anos. Com essa movimentação de turistas, a expectativa é gerar cerca de 2 milhões de empregos extras pelo turismo e injetar quase US$ 13 bilhões na economia com o turismo internacional”, informa em nota.

O que cobre?

Aqui no País, as pessoas se sentem em casa e, de fato, quem tem um seguro saúde com abrangência nacional, por exemplo, tem seus motivos para se sentir mais tranquilo caso necessite de um atendimento. Mas nem só de atendimento médico vive o produto. Há outras coberturas que podem ser contratadas que evitam muitas despesas. “Alguns planos de saúde não contemplam uma cobertura nacional para urgência e emergência”, alerta Magnaboschi. Ele explica ainda que o valor do produto na viagem nacional é menor que 5% do total da viagem. “O seguro viagem nacional é muito barato e se uma pessoa for, por exemplo, para o nordeste, e precisar voltar para a sua cidade mais cedo, o seguro pode cobrir”, completa.

Hoje, as agências de viagem já têm plena consciência da necessidade do seguro e são bons agentes na hora de orientar seus clientes. Carolina Beloni, coordenadora de atendimento da Adventure Club, afirma que o seguro é sempre oferecido a todos os seus viajantes. “Cerca de 70% dos clientes perguntam se o seguro está incluso, e cerca de 10% perguntam sobre as coberturas”, calcula.

As apólices normalmente incluem, além da médica, coberturas como extravio de bagagem, atraso de voo e cancelamento de viagem, por exemplo. Mas é preciso estar atento ao que se compra. Não é porque algo está disponível no mercado que é válido para determinada contratação. “Se a pessoa contrata um plano básico, olhando apenas para o preço, ficará sem essas coberturas extras. Isso gera dúvidas, porque só durante a viagem é que ela descobre que não temesse direito”, diz Turra.

A falta de conhecimento sobre seguros gera também confusões sobre diferentes produtos, conforme explica o executivo da Axa: “Muitas pessoas acabam confundindo seguro viagem com planos de saúde. O seguro viagem é utilizado somente para urgências e emergências, diferente do plano de saúde, que suporta consultas de rotina, ambulatoriais, checkup etc.”.

“No pacote que fechamos com as operadoras, são elas que incluem o seguro de acordo com o roteiro. Quando fazemos por aqui, passamos duas ou três opções de planos e deixamos que o cliente escolha”, afirma Carolina. Entre os que contratam, só 5 a 10% têm algum tipo de dificuldade com a seguradora para utilizar o produto.

O que mais pode dar errado, ainda, é o plano ser básico demais para o destino. Levando-se em consideração um dos principais destinos dos brasileiros, os EUA são um bom exemplo de como uma simples consulta ou uma doença mais séria podem levar ao fim da viagem. Os preços salgados, de acordo com a publicação The New York Times, têm curativos pequenos custando até US$ 2 mil em hospitais como o Califórnia Pacific Medical Center, além de uma diária de internação que custa no país, em média, US$ 4 mil. “O custo médico lá fora, mesmo para uma doença não muito grave, fica facilmente mais do que US$ 30 mil”, comenta Turra.

De todas as coberturas, a médica ainda é a mais acionada – principalmente por conta de intoxicações alimentares; em seguida vem o cancelamento de viagens – que pode ser feito por conta de doença, morte de parentes do passageiro, demissão ou cancelamento de férias por parte do empregador; e o terceiro lugar de sinistros fica com o extravio de bagagens. Comprar com antecedência, portanto, é a chave da contratação, se algo acontecer e o cliente não puder viajar, com a apólice garantida ele poderá fazer o cancelamento sem prejuízos.

A carteira

Como toda carteira de seguros, o Viagem também passou e deverá passar por diversas transformações, mas como elas serão? Magnaboschi tem alguns palpites sobre o futuro. Para ele, o seguro viagem deverá ser modular, com cada consumidor escolhendo valores de coberturas e quais itens gostaria de adicionar, além dos obrigatórios estipulados pela Susep, de acordo com suas necessidades.

Já quando o assunto é legislação, o executivo acredita que a CNSP 315/2014 cumpriu o papel de regular o mercado informal da venda dos “vouchers de viagem”. “Algumas empresas acabavam expondo os beneficiários a riscos, pois estes achavam que estavam cobertos em suas viagens e, no momento de um imprevisto, percebiam que não era bem assim ou que o limite de capital era global para todas as coberturas exibidas no voucher. A Susep recebia muitas reclamações, mas não tinha como atuar, pois essas empresas não estavam regulamentadas pelo órgão”, explica.

Mesmo com os piratas longe dessesmares, o seguro viagem é tradicionalmente oferecido como benefício em outros mercados, como com cartões de crédito e planos de saúde. “O modelo de negócio é bem diferente da venda de vouchers de viagem, onde ainda restam gargalos. “Pela legislação atual é obrigatória a emissão de um bilhete de seguro individual e as bandeiras de cartões de crédito não têm acesso aos dados pessoais dos titulares dos cartões. Com isso, para se adequar à nova legislação, foi necessário mudar o fluxo operacional destes benefícios”, destaca Magnaboschi.

A experiência muda tudo

Para quem acha que o seguro é um exagero e que tudo bem viajar sem contratar nada, dois casos mostram como o seguro pode ser útil.

Renata Sirtoli, de 29 anos, foi à Alemanha, que faz parte do Acordo de Schengen, mas sequer se preocupou com essa questão, pois a agência de intercâmbio havia estudado o caso para ela, que viajava como estudante. Mesmo assim, ela afirma: “tive total ciência do que estava coberto e dos valores de indenização, pois eram pontos importantes para aprovação do visto”.

Já por lá, Renata ficou doente e não teve dúvidas: recorreu ao hospital e foi prontamente atendida, sem nenhum percalço. “Não paguei nada a mais pelo atendimento e o valor dos remédios foi reembolsado pela seguradora”, afirma. Renata é um exemplo de viajante que já tem a cultura, pois afirma que nunca viajou sem contratar proteção, que considera importante. “Tenho medo que aconteça alguma coisa e a gente nunca sabe como é o atendimento público em outros países. Além do mais, sei que o seguro cobre extravio de malas e outros problemas durante a viagem”.

O intercâmbio, sonho de muitos jovens, parece ser uma boa entrada para o consumidor de seguro viagem, pois foi nessa situação que Rafael Perez, 23 anos, teve seu contato com o setor, ao viajar para Buenos Aires, Argentina, para fazer trabalho voluntário. “Fiz a contratação, pois eles exigiam o seguro. Escolhi a companhia que tinha a melhor cotação, R$ 200 para os 47 dias”, explica. Com o inverno argentino, Rafael adoeceu por problemas respiratórios e ao chegar ao hospital, não pode ser atendido, pois descobriu que seu nome estava com a grafia errada na apólice de seguro. Apesar da recusa, Rafael recorreu à seguradora e, nesse caso, o atendimento fez a diferença. “Eles prestaram um atendimento muito bom e consertaram o erro. Voltei ao hospital e fui atendido sem problemas. A assistência prestada e o hospital foram excelentes”, lembra. Essa experiência serviu ao estudante para entender duas coisas: que imprevistos acontecem, sim, e que o seguro não é tão caro quanto imaginava, embora ele confesse que o preço é um fator de muito peso para a contratação. Em 2018, Rafael está indo a um novo intercâmbio, dessa vez na Espanha, e já está ciente: para além da exigência, contratar um seguro é crucial. “Os planos para a Europa são mais caros, mas li e pesquisei bastante sobre o assunto. Sei que vale muito a pena, pois se não fosse o seguro, não sei como eu estaria lá devido à doença”, diz.

A cultura do seguro chegou tanto para Renata quanto para Rafael, o que pode deixar esse nicho de mercado animado. As viagens, sejam a trabalho ou de férias, são sonhos e momentos de realização, especialmente para uma geração que cresceu e a que vem chegando e abraçando modos devida que priorizam mais experiências do que bens materiais.

Amanda Cruz
Revista Apólice

* matéria originalmente publicada na edição 228 (dezembro/2017)

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