Ultima atualização 22 de junho

Ciberataque acende o alerta das organizações brasileiras

Mercado segurador brasileiro já começa a reagir ao episódio, que afetou mais de 300 mil computadores em 150 países no último mês

ciberataque

Após afetar mais de 300 mil computadores em 150 países no último mês, o megaciberataque WannaCry acendeu o alerta das organizações mundiais e deixou claro que a violação de dados não acontece só com as empresas ao redor. Se nem mesmo o sistema americano – considerado o mais restrito, protegido e blindado que existe no mundo – escapou, por que outras nações estariam 100% seguras?

Toda organização está exposta a esse tipo de ameaça, não importa seu tamanho nem o setor em que atua. “Para cada segmento da indústria haverá informações e riscos que serão mais importantes. Existem informações relevantes no sistema financeiro, mas também em indústrias do segmento de energia”, declarou Sergio Kogan, sócio-líder de cibersegurança da EY, durante um fórum sobre riscos cibernéticos realizado pela AIG, em São Paulo.

Neste cenário, os hospitais são considerados a nova mina de ouro dos hackers. Estudos mostram que no mercado negro a informação médica vale cerca de dez vezes mais que a informação bancária, justamente por ter longa vida útil.

O que também preocupa é a demora das companhias em identificar que sofreu um ataque. As instituições financeiras, hoje as mais maduras com relação à proteção, levam em média sete dias para essa detecção. No segmento de varejo, o tempo chega a ser o dobro.

Proteção de dados

Um dos mais famosos ataques cibernéticos ocorreu com um site de relacionamento extraconjugais canadense. Oficialmente as informações eram confidenciais, mas os hackers invadiram o sistema e solicitaram aos donos da empresa que retirassem a página do ar. Caso contrário, publicariam os dados dos milhares de usuários. O pedido não foi atendido e as informações vieram a público.

‘Uma pasta em uma gaveta é proteção de dados. Se eu quiser ter acesso a esses dados, tenho que me identificar. Os hackers são invisíveis e podem estar no seu laptop a todo momento”, alertou Thales Dominguez, advogado da Demarest e especialista em riscos cibernéticos. Segundo ele, apesar de no Brasil ainda não existir uma obrigação para comunicar ao usuário final de que ocorreu um vazamento, as empresas podem adotar melhores práticas para tentar diminuir a responsabilidade no processo judicial. “Desde os anos 90 o Código de Defesa do Consumidor tem dentro dos seus princípios a informação. De certa forma, existe ali uma obrigação de informar os consumidores dos riscos a que você está o expondo.”

Prejuízos em números

Estimar o custo médio de um ataque cibernético não é uma tarefa fácil. No caso do WannaCry, especificamente, cerca de US$ 100 mil haviam sido contabilizados por meio de resgate em bitcoins até duas semanas atrás. “Pesquisas de mercado mostraram que esse ataque poderia chegar a US$ 4 bilhões não só a nível de resgate, mas de tudo o que gera o ataque por ransomware. Para titulo de comparação, em 2016 esse tipo de ataque gerou prejuízos de US$ 2,5 bilhões. Um ataque gerar US$ 4 bilhões é muita coisa”, disse o especialista em Cyber Risks da AIG Seguros, Tiago Lino.

O seguro no Brasil

Em 2012, quando o primeiro seguro para riscos cibernéticos foi apresentado ao mercado brasileiro, boa parte das empresas ainda não tinha um nível de maturidade para discutir o assunto. Hoje o tema faz parte das pautas não só dos setores de Tecnologia da Informação, mas também do conselho de administração das grandes corporações.

“Tivemos um crescimento muito grande e já há apólices com prêmios milionários, mas ainda trabalhamos para ter uma maior penetração de acordo com a maturidade do cliente”, avaliou Flávio Sá, gerente de Linhas Financeiras da AIG Seguros. “Quando comparamos o seguro brasileiro com os de outras legislações, temos um produto bem interessante. Claro que o mercado ainda está se desenvolvendo por aqui, mas já é realidade. Nosso seguro não é a solução do problema cibernético. Ele é mais uma camada de proteção do que ‘a bala de prata’ para resolver todos os problemas.”

Perspectivas

Dados apontam que o mercado global de seguros cibernéticos é de US$ 5 bilhões em prêmios (90% deles concentrados nos EUA), com expectativa de crescimento de US$ 20 bilhões até 2020. “Existem oportunidades não só no Brasil, mas também na Europa. A perspectiva é que isso se expanda”, pontuou Tiago. Estudos indicam que, por aqui, o produto pode passar o seguro D&O.

De acordo com o executivo, o mercado segurador brasileiro já começa a reagir positivamente ao episódio. A começar pela procura, que aumentou 270%. “Isso já mostra um amadurecimento, mostra que as empresas estão nos procurando para saber mais sobre o seguro. Claro que ninguém acorda de um dia para o outro querendo comprar um seguro cyber, mas isso serviu para começar a reforçar o tema, reforçar a mensagem de que tem solução.”

Lívia Sousa
Revista Apólice

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